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BioFAO: uma medicina para um novo tempo PDF

185 Pages·2018·9.542 MB·Portuguese
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UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO Míria de Amorim Lorem ipsum dolor sit amet, consectetuer adipiscing elit, sed diam nonummy nib Lorem ipsum dolor sit amet, con se ctetuer adipiscing elit, sed diam nonum my nibh euismod tincidunt ut laoreet dolore magna aliquam erat nnvolutpat.Ut wisi enim ad minim nnnveniam, quiss nostrud exerci tation ullamcorper suscipit lobortis nnnnisl ut aliquip ex ea commodo nconsequat. Duis autem vel eum iriure dolor in nhendrerit sssin vulputate velit esse molestie consequat, vel illum nnnndolore eu feugiat nulla facilisis nat vero eros Dedico este livro às minhas três netas, et accumsan et iusto odio dignissim qui blandit praesent nnnluptatum Luisa, Sofia e Julia, as três mais novas zzril delenit augue duis dolore te feugait nulla facilisi. nnnNam liber estrelas dos céus de minha alma. tempor cum soluta nnobis eleifend option congue nihil nnimperdietnnn doming id quod nnmazim placerat facer possim nnnassumicus, qui seq uitur nnnnnnnmutationem consuetudium lec nnntorum. Mirum est notare quam littera gothica, quam nunc putamus parum\ litterarum formas humanitatis per seacula quarta decima et quinta decima. Eodem modo typi, qui nunc nobis videntur parum clari. Erorero idi si nus, incto Da que pe ped maxim UMA MEDICINA molorepti ipient voluptatur earunduntur reiur ma volorem aci beate venis solorrovit quos vidi id ullit illor sandeni sciume PARA UM etur? Im esserup icienis estis solestiori que am laborem dit el illores non et eos sim fuga. Ucipsanti tentibus. NOVO TEMPO sundit estia nonet liciam re Pudam, sim voloribusa perum nes plicit labor repersperum aliquunt autem exerupt ibust, Míria de Amorim Fictasperia core et Pieturita aliquam, simus exerferum namusdandis porerferoria nobis ilitia et dit repta nimporiant quam acerro earci reptis et volorum volumquation eaquatus rehent paris vent elique doloreiur sitas erum quo mi, aut excestis es quati corrovi delesequam is dere re dolupta dolor apicit nosam ut et que si ut que vitem consequas voloressiti que cupti asperum aliquiam coribus alibus dolor apelibus et et poratqui ressum ratur rem. Ut omnis am doluptatus saperum audit ullorecabo. moluptatium fuga. Ad eos et Ibus cusciae. Itaerum nullo dolor a nost, quiat que rerit, eri autemporum reius, eum, expernatis amusdam quissunt eosse pero tem dolectem digenist fuga. quam et quostrundae abor Um seque nim aut endus alignist, ellaut ute nem renit, nullab imperum que veribus. officipic tempore ctaque Iqui suntur res rectur ad qui peria expediam quodi sus ute blabo. Sum ea venestotam, remporum utatur? ut eturiaspere postius Imus ut accus aspicil int doluptam, ommolorum ipsus aut eum et et arcienis untiam enit de plantureste expliquis velessi voluptasi simagniam nos sint qui doluptustiis id mi, quiae si tem volupta volendae quame plandit assincto nos consequ iandigent et cuptaspellab inullup ieniet expligniene plaborestrum accus nate consercia ea corerionsed undi con pre nist, quodis intur, sit, quatem con nestibusam, eritas cor asperibus audictam et AgrAdecimentos Este é um espaço verdadeiramente sagrado neste livro, pois, sem à minha filha Branca, que, da Austrália, há anos vem se preparando referências do mundo físico e do mundo espiritual, esta obra não para auxiliar no intercâmbio que será necessário em breve para a teria sido viável. As malhas luminosas tecidas pelas geometrias expansão do trabalho. do grande mistério da vida me permitiram caminhar, e a essa hie- Um especial agradecimento a Maristela Barenco, minha rarquia luminosa coloco meu reconhecimento mais profundo neste orientadora nos últimos anos, por suas correções amorosas, sua espaço dedicado à gratidão. Todas as coisas do céu e da terra que fala instigante e assertiva e seu dom nato de ensinar sobre ques- me foram delicadamente oferecidas através de sincronicidades têm tões da vida. Uma das coisas que me dava mais prazer nos últimos o meu reconhecimento: sem isso não teria sido possível costurar anos eram nossas trocas filosóficas sobre as questões da vida e com a criatividade, de forma a manter aceso o grande propósito nossos cafés, pensando em caminhos para a humanidade. Maristela do meu coração. e minha filha Eline, nessas conversas sobre a vida, ensinaram-me Quero agradecer Àquele que mora no fundo da minha alma que os remédios, sozinhos, não curam ninguém. Os realinhamentos e que me sustentou com Sua luz e com o Seu amor todas as vezes energéticos nos processos de cura trazem as pessoas certas e, na que bifurcações difíceis me convidavam a desistir. Agradecer tam- realidade, são os grandes amigos que vão nos curando de todas bém a mim mesma, por ter ouvido e acatado a minha própria luz. as feridas que trazemos quando retornamos ao cais, depois de Reverencio os meus ancestrais e esta terra mágica do Brasil, longas viagens existenciais. Fui muito bem cuidada e agradeço que eu amo tanto, este país que ancorou essa energia de trans- imensamente às duas por isso. mutação como uma possibilidade para a humanidade. É do meu Agradeço ao corpo de médicos e médicos veterinários, que desejo que, no processo de cura, os brasileiros possam um dia considero verdadeiros heróis, pois atravessaram comigo desertos reconhecer a grandeza desta terra e amar este país como ele me- onde o maná caía do céu através do BioFAO, mas sabíamos ter sob os rece, reconhecê-lo essencialmente. Enquanto não reconhecemos nossos pés a dureza desértica do mundo da polaridade existencial. o que temos, nada temos. Traziam com eles milhares de pacientes que nos acompanharam Agradeço à minha família. Aos meus pais, que plantaram se- por muitos e muitos anos. Sabíamos que estávamos fazendo uma mentes de muita luz na minha alma. Ao meu esposo, José Luderitz, grande travessia e essa história daria verdadeiramente outro li- que sustentou o Ting durante todo o processo. Não é por acaso vro. Gratidão a toda essa gente iluminada, a todos que cruzaram que, ao final, com sua arte, elaborou em sua alma de artista as a caravana em tantos e significativos momentos. Um dia a gente gravuras das etapas e dos sinais mais marcantes dessa trajetória. entende que a polaridade inclui o bem e o mal, senão não seria Ele esteve sempre no barco comigo, e sou profundamente grata polaridade, e que ela apenas nos convida a ir além. Portanto, aquilo a esse amor. Meus filhos Sergio, Mainni e Eline, que deram toda a tudo foi necessário e cada encontro e cada fato foi exatamente o sustentação que o trabalho exigia ao longo dos anos para viabilizar que precisávamos viver. a condução dos processos e tornar possível que essa metodologia Agradeço (in memorian) a Heloisa Pacheco-Ferreira, minha chegasse às pessoas de forma justa e bem estruturada. Agradecer orientadora de mestrado na UFRJ, que por muitos anos chefiou o Ambulatório de Toxicologia do HUCFF/UFRJ. Eu a vi muitas vezes medicina até a finalização deste projeto, reconhecendo o apoio que enfrentando brigas e oposições no meio acadêmico, buscando abrir recebi de muitos colaboradores e amigos. Saliento neste espaço espaço para essa nova forma de abordar a saúde. Era uma grande que nem todas as pesquisas realizadas e os casos relatados neste guerreira, e deixo aqui minha profunda reverência e minha saudade. livro têm o aval da UFRJ, mas tão somente a pesquisa realizada no Um reconhecimento muito especial a Maria Izabel de Frei- período 2006-2007, no Ambulatório de Saúde Ambiental e Ocu- tas Filhote, coordenadora adjunta do Programa de Formação de pacional (Toxicologia Clínica) do HUCFF/UFRJ, com os pacientes Recursos Humanos de Vigilância em Saúde Ambiental LABEAD/ intoxicados cronicamente por agrotóxicos e solventes. IESC/UFRJ, pela parceria durante muitos anos no Ambulatório Deixo aqui, e de forma muito especial, um agradecimento, do Hospital Universitário e pelo seu empenho na orientação e com muita emoção, aos meus pacientes, por toda a força e apoio organização dos dados nas pesquisas realizadas no HUCFF/UFRJ. em todos esses anos, à população do Matutu, na serra da Manti- Gratidão imensa a Haydée Moreira, bióloga da Faculdade queira, em Minas Gerais, e aos pacientes queridos do Ambulatório de Medicina de Marília que, no momento em que a universidade da UFRJ, cujo sofrimento me ensinou muito sobre o poder imenso exigiu a pesquisa básica para que eu pudesse continuar o trabalho que existe no coração de todos os seres humanos de se manter em humanos, se prontificou a realizar uma linha de pesquisa com no caminho luminoso, apesar de tudo. resultados em várias patologias e classes de intoxicação química. Se não fosse a ajuda dessa grande alma, não teria sido possível prosseguir. A agricultura ganhou uma fada madrinha, Marli Ranal, pes- quisadora da Universidade Federal de Uberlândia que trabalhou quatro anos em canteiros experimentais da universidade e com trabalhadores de campo, na forma de mandalas, legitimando a esfera deste trabalho para a área ambiental. Nosso encontro foi marcado por uma linda sincronicidade e agradeço imensamente a esse grande coração humano. Reconhecimento imenso a Manuela Ribeiro, que vem traba- lhando há anos com pesquisadores na área vinícola de Portugal, e a Vilson Pigatto, um agricultor brasileiro de Caxias do Sul que colaborou fortemente para a observação dos resultados na área da agricultura. Agradeço à Universidade Federal do Rio de Janeiro, por todo o caminho que me permitiu percorrer desde a minha graduação em sUmÁ rio 12 PREFÁCIO 22 INTRODUÇÃO 36 PARTE 1: NAs TRilhAs dA síNTEsE 38 1.1: Partindo do um 56 1.2: Desvelando a “matriz de vida”: o Biocampo 75 1.3: Projeto Biocampo e as geometrias multidimensionais 130 PARTE 2: Do outro laDo Da linha 132 2.1: Referenciais quânticos para uma nova medicina 169 2.2: Novos saberes instituídos pela Práxis 181 PARTE 3: PERsPEcTivA ciENTíficA: PRojETo BiocAmPo 182 3.1: Metodologia dos Fatores de Auto-Organização do Biocampo (BioFAO): uma visão holoinformacional da saúde 201 3.2: Acompanhamento de pacientes com intoxição crônica por agrotóxicos e solventes com as ultradiluições homeopáticas na metodologia BioFAO, no período de 18 meses, no ambulatório do HUCGF 230 PARTE 4: REsulTAdos E cAsos clíNicos NA mETodologiA BiofAo 232 4.1: Acompanhamento de pacientes com intoxição crônica por agrotóxicos e solventes com as ultradiluições homeopáticas na metodologia BioFAO no período 2006-2017, no Ambulatório do HUCGF 245 4.2: Respostas observadas na prática clínica com médicos colaboradores da metodologia 326 4.3: Respostas observadas na prática clínica com médicos veterinários colaboradores da metodologia 339 PARTE 5: o ciRcuiTo coERENTE PARA A AuTo-oRgANizAção 348 PARTE 6: A BioARcA PreFÁcio BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 13 Maristela Barenco Corrêa de Mello Tive o grande privilégio de conhecer a Dra. Míria de Amorim atra- PROFESSORA ADJUNTA NA INFES vés de um amigo de infância que há anos cuida de sua saúde com UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ela, mas, até que a conhecesse de fato, algumas boas surpresas Petrópolis, verão de 2018 aconteceram. Entre elas, uma ocorreu ao final do meu processo de doutoramento em Meio Ambiente, quando esse amigo me ofertou o seu livro, intitulado Holismo, homeopatia, alquimia: uma sincro- nicidade para a cura. Bastou que eu começasse a folheá-lo para que uma energia amorosa fosse acionada, a partir do reconheci- mento do valor daquela obra e da identificação com suas ideias, postulados, referenciais teóricos. No Meio Ambiente, eu estudava a supressão da subjetivida- de na epistemologia da ciência moderna, na qual subjetividade e objetividade constituem realidades disjuntivas e mente, psique e subjetividade são concebidas com desconfiança e confinadas em categorias de autoajuda. Eu entendia que, para trazer de volta o sujeito ao cenário da ciência moderna, teria que, concomitantemente, propor outra epistemologia, que me possibilitasse pensá-lo como “sujeito” legítimo de pesquisa. Assim, a tarefa era dupla e árdua: propor um modelo epistemológico e refundar a subjetividade como dimensão legítima de um pensar científico. Dessa forma, postulei a “epistemologia dos nexos”, uma epistemologia plural, compro- metida com a busca de conexões e nexos entre saberes, pensares e fazeres que foram separados e invisibilizados, no sentido de restituir a dimensão de complexidade da vida em suas múltiplas aberturas e sensibilidades. Não obstante, meus estudos eram absolutamente teóricos. Embora eu tivesse os pés bem no chão das práticas sociais e acre- ditasse que a epistemologia é enunciada em lugares sociopolíticos determinados, meu modelo era teórico. Qual não foi a imensa alegria que tive, com um misto de emoção e admiração, quando comecei a ler o livro da Dra. Míria Amorim. Enquanto eu estava 14 PREFÁCIO BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 15 buscando consolidar na academia um sistema teórico legítimo cas ou modelos de desordem emergentes dessa matriz biológica, para reconectar uma ciência disjuntiva, segundo Edgar Morin,1 não seriam eles também capazes de copiar, de forma idêntica, o sem consciência, Dra. Míria já experimentava a epistemologia dos modelo universal de saúde, inerente a essa mesma matriz, ou Bio- nexos, em um sistema denominado Fatores de Auto-Organização campo? Não poderia haver elementos da natureza que, na forma do Biocampo (BioFAO), que articulava a mais refinada teoria – uma de medicamentos homeopáticos (ultradiluídos), pudessem fazer síntese entre saberes contemporâneos (nova física e biologia) e a a leitura dessa normatividade, desse código quântico-holográfico integralidade dos saberes clássicos (alquimia, homeopatia e filo- ou identidade fundamental da própria vida?”. Essas perguntas sofias chinesa e ayurvédica) –, com uma consistente prática clínica, inauguravam o campo das possibilidades. de mais de trinta anos, socializada com um coletivo de médicos A terapêutica dos Fatores de Auto-Organização do Biocampo é comprometidos e amorosos. Mas, certamente, a expressão de sua constituída de medicamentos homeopáticos clássicos, configurados grande genialidade estava no fato de ela não se contentar, por um como um código quântico que, por meio de sinais eletromagnéti- lado, com as respostas revestidas de autoridade de uma ciência cos de seus elementos, possibilita que o sistema da vida recupere clássica que escolheu enxergar, como perspectiva interpretativa sua memória original de saúde, que significa reabrir as conexões das doenças, agressões que vinham de um fora e, por outro lado, desse campo profundo com seus propósitos mais essenciais. Como também não se contentar com uma Homeopatia Clássica que uma chave, tais medicamentos possuem uma ressonância idêntica tinha ainda como referência a doença. Ao querer compreender à do padrão de auto-organização. “A auto-organização poderia os modelos de cuidado e saúde, Dra. Míria evidencia um pensar ser definida como uma retomada do ser em direção ao melhor de que não se reduz ao campo do problema, mas abarca o campo si mesmo, ao melhor de suas potencialidades quânticas”, postula das possibilidades. Dra. Míria. As doenças, por sua vez, seriam padrões mórbidos que Os Fatores de Auto-Organização do Biocampo (BioFAO), como paralisam o Biocampo em sua capacidade dialógica, promovendo a se nomeia a sua terapêutica, assentam-se sob as premissas de sua desorganização e o esquecimento dos propósitos de sua vida. um ser humano complexo, constituído por um Biocampo, ou campo Este livro reconstitui o estatuto de cientificidade desse pro- de força energético integrativo. Tal Biocampo é dotado de inteli- cesso por meio de suas bases e premissas, seus estágios e suas gência e capacidade para dialogar com a totalidade da vida, com pesquisas. Por meio dele, podemos compreender as bases arque- o que chamamos de ordem universal ou matriz da vida, através típicas do adoecer e nos reapropriar dessa discussão – que foi de sua habilidade auto-organizativa. É capaz de se alinhar ou se confinada ao saber médico – para um nível filosófico-existencial, desalinhar com os propósitos e inteligência dessa ordem universal, para o locus da vida. “Por que adoecemos?” é uma questão exis- compartilhada de forma holográfica. tencial que a nós pertence! A terapêutica BioFAO nasce de uma pergunta (dinâmica pe- Convidada para elaborar o prefácio desta obra, eu gosta- dagógica de seu processo): “Se os medicamentos homeopáticos ria de sensibilizar amorosamente o leitor e o pesquisador para apresentam a propriedade de copiar totalidades sintomatológi- a genialidade dos traços epistemológicos que se encontram nas 16 PREFÁCIO BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 17 entrelinhas de sua terapêutica, assim como para os princípios de ser” é algo muito mais abrangente do que tratar doenças ou su- uma medicina energética integrativa, para um novo tempo, cuja primir sintomas. Nessa concepção, o ser humano é uma totalida- prática clínica tem surpreendido médicos, veterinários, agricultores de mente-corpo-espírito e o trabalho de cuidado integral faz-se e as pessoas que dela fazem uso. diariamente. Saúde não significa apenas um bem-estar físico, A terapêutica BioFAO tem revelado que a verdadeira função mas também um bem-estar emocional, relacional e espiritual da medicina é organizar o campo energético dos sujeitos, para e uma boa conexão com os propósitos de cada alma. Não é por que eles se fortaleçam e possam, a partir de si, como gestores, acaso que o sentido da palavra pecado (em grego, hamartía) sig- administrar os fatores que atravessam as condições de vida. É um nificava “errar o alvo”, passar ao largo daquilo que nos constitui. sistema que ensina o ser humano a se reconciliar com a totalidade Uma pessoa que esquece seus propósitos e passa ao largo está da existência, inclusive as suas sombras, já que parte da premissa desconectada das fontes de vida. Nesse sistema, a saúde significa de que não há nada fora de nós que não faça parte mesmo de nós. a retomada do ser na perspectiva de suas potencialidades, sintoni- Isso é muito diferente do que colocar o organismo para lutar contra zando boas relações, boas situações, boas oportunidades. Cuidar fatores patogênicos externos, como se o mal viesse de fora e não da vida supõe a emancipação do Biocampo diante das relações fosse expressão da vida. Apesar de dispormos, na contemporanei- que o despotencializam. dade, de uma medicina alopática de ponta, capaz de enfrentar os Na terapêutica BioFAO, curar-se não significa lutar contra quadros mais críticos e agudos e de salvar vidas, temos, de forma algo que nos acomete. Curar supõe uma abertura amorosa e a concomitante, um ser humano dependente de medicamentos cada descoberta de que não podemos caminhar em desacordo com os vez mais potentes, incapaz de produzir respostas imunológicas propósitos maiores da vida. Em vez de continuarmos passivos, à espontâneas, com supressões de sintomas e, grande parte das mercê de remédios que suprimem sintomas, o BioFAO toca em nosso vezes, analfabetos em seus próprios sistemas de saúde. campo e o abre para um verdadeiro processo de despertar. Não Focar no campo energético (já chamado de terreno biológico), é ele que cura. Ao relembrarmos do que somos capazes quando e não nas doenças, nem mesmo nos sintomas, como nos propõe estamos no pleno fluxo da vida, nós mesmos nos comprometemos a terapêutica BioFAO, significa construir referências internas com nossos processos de cura. Como diz Dra. Míria, todo processo de singularidade, de empoderamento e potência do organismo, de cura é desafiador, pois implica nos darmos conta dos desvios acreditando que, quando ele está realinhado, sintonizado ou em que criamos para nós como formas de viver, frutos da crença de ressonância com suas memórias de saúde, ele também é capaz estarmos separados da grande matriz da vida. Mas esse é o projeto de se auto-organizar. Uma pessoa com um Biocampo estruturado mais importante de que uma existência pode se ocupar, já que a tem potência para dialogar com os acontecimentos fortuitos da cura é o despertar do dom de cada um de nós. Um autêntico pro- vida de maneira madura e equilibrada. cesso de cura nos (re)coloca na direção dos propósitos de nossa Outra percepção da terapêutica BioFAO, na linha de Jean alma, daquilo que viemos fazer neste mundo. E essa descoberta Yves-Leloup e de antigas práticas terapêuticas, é que “cuidar do é a nossa grande alegria. 18 PREFÁCIO BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 19 E o precioso é que o sistema BioFAO cuida dos seres huma- obras de arte, mas sim para que desenvolvamos um fazer-artista nos, dos animais e da natureza. Nessa terapêutica, entendemos que está em busca de inventar e esculpir sua própria existência. que o adoecimento coletivo criou um cenário de adoecimento em Nietzsche não aprecia a arte que vem repousar, acalmar, suprimir, relação a todas as formas de vida. Hoje, a Mãe Terra é o grande curar, redimir o sofrimento, que está preocupada com uma energia sujeito adoecido por nossos modelos de sociedade. Nessa tera- de autoconservação e que brota do empobrecimento da vida, de pêutica, sistêmica, que abrange todo um campo energético, a cura uma carência, de uma escassez e de uma fome. Nietzsche acredi- individual implica uma cura relacional e coletiva. Nós nos curamos ta numa estética que dá ao vivente consciência de sua potência, curando a tudo o que nos cerca. vontade de viver, que dá vazão à sua força e voz a um sofrimento No meu trabalho acadêmico de Filosofia na Universidade que nasce da abundância de vida, de sua expressão criativa. Por Federal Fluminense (Infes/UFF), a terapêutica FAO remete-me a isso, pergunta: “Aqui foi a fome ou o supérfluo que se tornou cria- dois filósofos e suas perspectivas. tivo?”.3 Em seu aforismo “Tornar-te quem tu és”, Nietzsche acredita O primeiro é Spinoza,2 cuja ética vem nos despertar para a em um ser humano que não precisa implorar por circunstâncias qualidade daquilo que nos afeta. Ele não está preocupado com favoráveis, mas que é capaz de se tornar favorável a qualquer uma moral que nos ensine a suportar uma vida sem sentido e que circunstância da existência. nos diga o que devemos fazer (como os modelos médicos voltados Eu dizia que, quando conheci a obra de Dra. Míria, reconheci de para a administração das doenças), mas com uma ética que nos imediato algo raro, que era o casamento entre uma epistemologia interrogue sobre do que somos capazes (quando sentimos as for- sistêmica e uma prática terapêutica de trinta anos. Hoje, alguns ças da vida). Sua perspectiva é a da potência, e não a do dever. Do anos depois, posso lhes dizer que Dra. Míria não é apenas uma que somos capazes, podemos perguntar com Spinoza, quando nos médica atual, que se destaca na consolidação de uma terapêutica singularizamos, quando aprendemos a cuidar de nós, quando nos inovadora, ela é uma pensadora de nosso tempo, mas que o acessa concebemos como integralidade, quando nos reapropriamos de a partir de um lugar de antevisão e de sabedoria. Como no arquétipo nossas moradas, quando passamos a ouvir os propósitos de nossa do Galo, na filosofia chinesa, consegue enxergar a manhã que se alma, quando nos sentimos incluídos na grande e abundante festa descortina ainda na escuridão da noite. Como no arquétipo do Boi, da vida, quando nos abrimos aos bons afetos, quando expandimos consegue sustentar toda a tradição e vivenciá-la com os pés no nossas potências de agir? Do que somos capazes quando temos chão, sem se desviar do propósito. O que a diferencia, ela mesma saúde, quando sentimos a energia de vida? Godoy3 traduz “do diz: sua capacidade de sustentar a intenção desse caminho – que que somos capazes?” para “o que a vida pode?”, quando ela não a ciência hegemônica produziu como ausência – ao longo de trinta se reduz ao que existe, quando ela não se acomoda aos modelos anos, em suas fases de oásis e em suas fases desérticas, em suas insalubres de existência. fases de muitos sinais e em suas fases de silêncio, em suas fases O segundo é Nietzsche,4 cuja estética da existência vem falar de companhia e em suas fases de solidão. Dra. Míria consegue da importância da arte para a vida, não tanto para a criação de olhar para a complexidade da situação atual e tecer, a partir daí,

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