Bibliotecas de História: aspectos da posse e uso dos livros em instituições religiosas de Lisboa nos finais do século XVIII Fernanda Maria Alves da Silva Guedes de Campos Tese de Doutoramento em História VOL. II ANEXOS Dezembro, 2013 ÍNDICE Índice VOL. II ANEXO I ORDENS RELIGIOSAS E RESPECTIVAS INSTITUIÇÕES EM LISBOA (FINAL DO SÉCULO XVIII) ..................................... 1 Índice de ordens e instituições ................................................................................... 210 Índice remissivo ......................................................................................................... 215 ANEXO II LISTA DE LIVROS DE HISTÓRIA EXISTENTES NOS CONVENTOS, MOSTEIROS E CASAS RELIGIOSAS DE LISBOA (SÉC. XVI-XVIII) ........................................................... 225 Índice alfabético de títulos ......................................................................................... 392 Exemplo de folha de cálculo (“Excel”) ..................................................................... 439 ANEXO III ORGANIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS NO SÉCULO XVIII ........ 441 AIII.1 Sistemas classificativos .............................................................................. 443 AIII.1.1 Sistema classificativo de Guillaume-François De Bure....................... 443 AIII.1.2 Sistema classificativo de Jacques-Charles Brunet ............................... 460 AIII.2 Exemplos de organização de bibliotecas religiosas .................................... 462 AIII.2.1 Índice da Biblioteca do Convento de S. Bento de Xabregas (BNP. Cód. 7437) ................................................................................ 462 AIII.2.2 Índice da Biblioteca do Mosteiro de S. Bento da Saúde (BNP. Cód. 7435) ................................................................................ 474 AIII.2.3 Índice da Biblioteca do Convento de S. Francisco de Xabregas (BNP. Cód. 8383) ................................................................................ 479 AIII.2.4 Catálogo da Biblioteca do Mosteiro de S. Vicente de Fora (BNP. Cód. 7402) ................................................................................ 484 AIII.2.5 Catálogo da Biblioteca do Convento de S. Francisco da Cidade (BNP. Cód. 7399) ................................................................................ 499 AIII.2.6 Catálogo da Biblioteca do Convento de Nossa Senhora da Graça (BNP. Cód. 7459) ................................................................................ 507 AIII.2.7 Catálogo da Biblioteca do Mosteiro de Santa Maria de Belém (BNP. Cód. 8382) ................................................................................ 513 AIII.2.8 Catálogo da Biblioteca do Convento de Santo Alberto (BNP. Mss. 2, nº3) ............................................................................... 521 AIII.2.9 Catálogo da Biblioteca do Convento de Nossa Senhora dos Remédios (BNP. Cód. 7408) ............................................................... 527 AIII.2.10 Organização sistemática da Biblioteca do Convento de Mafra ........... 533 LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 539 ÍNDICE ANEXO I ORDENS RELIGIOSAS E RESPECTIVAS INSTITUIÇÕES EM LISBOA (FINAL DO SÉCULO XVIII) ANEXO I Nota explicativa 1. Neste Anexo apresentam-se organizadas por ordem alfabética das respectivas ordens religiosas, as fichas individuais das instituições de Lisboa, no final do século XVIII, que foram elencadas no capítulo II, Quadro I. Dentro da entrada referente a cada Ordem, os estabelecimentos encontram-se agrupados primeiro por género, quando apropriado, e dentro de cada um, por ordem da data fundacional. 2. Para a estrutura da ficha seguimos de perto o modelo usado pela equipa que elaborou o guia histórico sobre as ordens religiosas até Trento1 que se revelou da maior utilidade e que adaptámos de forma a incluir os campos próprios para caracterizar as bibliotecas. Assim, para cada Ordem há uma pequena Nota histórica, seguida da menção dos estabelecimentos existentes em Lisboa, organizados como indicámos acima, e por fim uma curta bibliografia de referência. Seguem-se as fichas das instituições onde consta, primeiro a informação sobre a Localização e o estado actual do edifício, em seguida uma breve História da instituição, a informação relativa à Biblioteca, incluindo a menção a catálogos quando existam, e a reprodução da marca de posse sempre que foi possível localizar obras dessa proveniência, tendo na legenda a cota da obra de onde foi feita a imagem. A ficha termina com a Bibliografia referente ao estabelecimento. 3. Para ilustrar o aspecto exterior da instituição como seria no período que baliza o nosso estudo, a ficha inclui, em grande parte dos casos, uma imagem que reproduzimos da obra de Luís Gonzaga Pereira, começada em 1833 e terminada em 1847, cujo manuscrito e desenhos à pena foram editados em 19272. 4. No final deste Anexo constam dois índices, o primeiro que elenca todas as ordens e instituições pela ordem em que se encontram, remetendo para o respectivo número da página e o segundo que tem a função de índice remissivo com as entradas, por ordem alfabética, dos nomes pelos quais as ordens e instituições podem também ser designadas. Os critérios que nortearam as nossas escolhas constam do capítulo II.1. 1 Cf. SOUSA, Bernardo Vasconcelos e, dir. – Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento: guia histórico. Lisboa: Livros Horizonte, 2005. 2 Cf. Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927. 2 ANEXO I CLÉRIGOS REGULARES DE SÃO CAETANO (CR) Nota histórica: Fundada em Roma, no ano de 1524, por S. Caetano de Thiene (de onde provém a designação Teatinos) esta Ordem antecipa, pela sua missão e ideário, os princípios do Concílio de Trento, procurando combater a corrupção e a crise na Igreja Católica e abrindo caminho a S. Camilo de Lélis e a Santo Inácio de Loiola, nas suas fundações. Os Clérigos de S. Caetano vocacionaram-se primeiramente para a assistência, construindo e mantendo hospitais, asilos e outras obras de caridade. A regra preconizava que os membros não deviam possuir bens mas não advogava a mendicância, antes a confiança na Providência Divina. A Ordem, exclusivamente masculina, entrou em Portugal em 1640 com o objectivo de se fixar em Goa. A vinda para Lisboa ocorreu posteriormente, tendo D. João IV autorizado em 1649 a construção de igreja e hospício, na zona do Bairro Alto, mas não tendo obtido, de imediato, licença para a construção de convento. De qualquer modo, esta casa foi, junto com o estabelecimento de Goa, a única fundada em Portugal. Extinta em 1834, a Ordem encontrava-se já em franco declínio no final do século XVIII. Instituições em Lisboa: Casa de Nossa Senhora da Divina Providência (1653-1834), Hospício de São Caetano (17?-1834?). Bibliografia de referência: - BEM, Tomás Caetano de– Memorias históricas e chronologicas da Sagrada Religião dos Clérigos Regulares em Portugal... Lisboa: na Regia Officina Typographica, 1792. 2 vol. - GOMES, Paulo Varela – As iniciativas dos Teatinos em Lisboa, 1648-1698 (mais alguns elementos). Penélope: fazer e desfazer a História. Nº 9/10, 1993, p. 73-82. - GOUVEIA, António Camões – Teatinos. In: AZEVEDO, Carlos Moreira, dir. – Dicionário de história religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. III, p. 271-274. - MATEUS, Susana Bastos – Teatinos. In: FRANCO, José Eduardo, dir. – Dicionário histórico das Ordens, institutos religiosos e outras formas de vida consagrada católica em Portugal. Lisboa: Gradiva, 2010, p.293-295. 3 ANEXO I CASA DE NOSSA SENHORA DA DIVINA PROVIDÊNCIA (LISBOA) Figura 1 – Monumentos sacros de Lisboa…, 1927, Parte 1.ª, n.º 53 Localização: Na Rua dos Caetanos. A igreja foi demolida em 1912 e no espaço conventual totalmente remodelado funciona o Conservatório Nacional. História: Conforme atrás referido, foi o único estabelecimento desta Ordem em Portugal, não contando o instituto fundado em Goa. A igreja e Casa de Nossa Senhora da Divina Providência (também conhecida pela invocação de São Caetano) foram construídas no Bairro Alto em terrenos cedidos para o efeito pelos marqueses de Nisa. A missão dos Clérigos Regulares em Portugal e, concretamente em Lisboa, começou por ser a fundação de um hospício, para o qual o Padre Ardizzone Spínola obteve autorização de D. João IV, como atrás se disse. Já no tempo de D. Pedro II e com o seu apoio, desenvolveram-se obras para uma igreja mais ampla e uma casa comunitária também de maiores proporções, a partir de 1698. O hospício passaria para o Campo Grande e a casa, com Noviciado, voltou-se para o incremento de actividades de índole religiosa mas sobretudo cultural. Ainda que no dizer do historiador da Ordem, Tomás Caetano de Bem, o templo fosse pequeno e pouco adequado, era muito afamado em Lisboa pelas festas faustosas, missas e sermões que nele decorriam. Muitos Teatinos (ou 4 ANEXO I Caetanos, como ficaram conhecidos) se distinguiram na oratória e foram homens de grande cultura na sua época, membros de academias e impulsionadores da Academia Real da História Portuguesa, fundada em 1720 por D. João V. Estão nesse caso, Rafael Bluteau, Manuel Caetano de Sousa e António Caetano de Sousa3. O terramoto de 1755 fez abater algumas partes do convento, inclusive das partes dos novos edifícios que, segundo o plano de 1698, iriam substituir os primitivos. Os clérigos passaram temporariamente para o hospício do Campo Grande. Em 1757, a igreja e o convento estavam de novo abertos, graças, sobretudo, à iniciativa do Padre Luís Caetano de Lima4. O edifício foi ficando cada vez mais deserto, após a extinção da Academia de História, rareando as novas entradas. A casa foi extinta, oficialmente, em 1834. Biblioteca: A casa possuía biblioteca, de grande dimensão e riqueza, que serviu de apoio aos trabalhos da Academia Real da História Portuguesa. Foi constituída com muitas obras adquiridas no estrangeiro, inclusive por membros da Ordem, mas também com vultuosas doações de D. João V. O labor de reconstituição da biblioteca, depois do terramoto, deveu-se aos bibliotecários e membros da Ordem, José Barbosa e, posteriormente, Tomás Caetano de Bem. Este último, consciente do estado decadente da Casa e temendo o desaparecimento do importante espólio que formava a biblioteca, iniciou um processo de doação à Coroa, visando a constituição de uma biblioteca régia, processo esse que culminou em 1797 com a integração da biblioteca dos Teatinos na Real Biblioteca Pública da Corte, instituída em 1796. Na BNP existem os seguintes catálogos: - Bibliotheca Thietina Ulyssiponense ou Livraria da Casa de Nossa Senhora da Divina Providencia... de Lisboa. [1741-1743]. (Cód. 7429-7430). - Cathalogo methodico dos livros que a Communidade dos Clérigos Regulares da Divina Providencia de Lisboa doou à Real Bibliotheca Publica da Corte no anno de 1796. (Cód. 12935-12937)5. 3 As referências aos Teatinos enquanto bibliófilos, académicos e historiadores encontram-se nos capítulos IV e VI. 4 V. CASTRO, João Baptista de – Mappa de Portugal antigo e moderno. Lisboa: na Officina Patriarcal de António Luiz Ameno, 1762-1763, vol. III, p. 381. 5 Conforme refere Manuela D. Domingos no artigo “Acervos iniciais da Real Biblioteca Pública: a doação dos Teatinos”. Revista da Biblioteca Nacional, S. 2, vol. 9, nº 2, Jul.-Dez. 1994, p. 83 há ainda na Biblioteca Pública de Évora, um Catalogo dos Manuscriptos da Livraria de Nossa Senhora da Divina Providencia e um Catalogo dos livros que contem a Bibliotheca da Casa de Nossa Senhora da Divina Providencia em Lisboa, de 1741 e na BNP um Catalogo dos Manuscriptos da Livraria da 5 ANEXO I - Cathalogo alphabetico de varios livros da Livraria dos Clerigos Regulares da Divina Providenciaque se escolherão para a Bibliotheca Publica da Corte dos quais muitos não vierão por não existirem ja na quella Livraria (dos que vierão consta por outros catálogos que se fizerão). (Cód. 13437) São poucas as obras desta proveniência que têm marca de posse o que faz pensar que apesar de a organização cuidadosa da biblioteca, que fica patente na descrição que dela faz Tomás Caetano de Bem6, não haveria a prática de marcar. Dois dos exemplares localizados têm, inclusive, marca aposta sobre uma anterior (que nos parece ser de proveniência jesuíta), conforme se exemplifica. Pareceu-nos evidente, pela documentação compulsada e que referimos mais detalhadamente na análise das colecções de História em conventos de Lisboa, que esta biblioteca foi essencialmente, composta pelos livros de uso dos clérigos da Ordem sobretudo os que desenvolveram trabalhos académicos. Há várias obras com essas proveniências individuais como apresentamos no capítulo IV. A própria doação que Tomás Caetano de Bem faz da sua biblioteca é, afinal, a doação da biblioteca dos Teatinos de que era o responsável, a que fez acrescer a colecção de numismática que possuía. Figura 2 – H.G. 1666 P. Bibliografia: - DOMINGOS, Manuela D. – Acervos iniciais da Real Biblioteca Pública: a doação dos Teatinos. Revista da Biblioteca Nacional, S. 2, vol. 9, nº 2, Jul.-Dez. 1994, p. 75-121. - PEREIRA, Luís Gonzaga – Monumentos sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927, p. 189-192. casa de N.ª Senhora da Divina Providencia: Classe 2ª Jurisprudência.(Cod. 7407). Existe também na BNP um Catalogo dos Mss que pertencem á doação que fizerão os P.P. Caetanos extrahido dos bilhetes, que se encontrarão com a Letra C. (Cód. 13438). 6 Memorias históricas e chronologicas da Sagrada Religião dos Clérigos Regulares em Portugal... Lisboa: na Regia Officina Typographica, 1792. vol. I, p. 181-182. 6
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