Capa 2/211 Aviso Adisponibilizaçãogratuitadestee-bookpeloLivrosdehumanassófoi possível porque usuários do site acreditaram na idéia do compartil- hamentoeparticiparamdacompracoletiva.Portanto,acomercializa- çãoouqualquerganhomotivadopelocompartilhamentodestacópiaé reprovável. Divulgue, espalhe, compartilhe livremente. O conheci- mento nãopode e não deve ser apenas para os que podem pagar. Paravisualizarnossoacervonaáreadeciênciashumanaseparticipar de novas liberações de livros na internet, acesse: www.livrosdehumanas.org Folha de Rosto Copyright© SlaCréditosvoj Žižek, 2002 Copyrightda tradução © Boitempo Editorial, 2003 Título original: Welcome to the Desert of the Real!Five Essays on September 11 and Related Dates Verso, Londres, Nova Iorque, 2002 Coordenação editorial:Ivana Jinkings e Tulio Kawata Coordenação de produção:Ana Lotufo Valverde e Marcel Iha Assistência editorial:Livia Campos Tradução:Paulo Cezar Castanheira Revisão:Maísa Kawata Diagramação:Nobuca Rachi Capa:Andrei Polessi Versão eletrônica: Produção:Kim Doria Diagramação:Janaína Salgueiro ISBN 978-85-7559-035-5 1ª edição: novembro de 2003 1ª reimpressão: fevereiro de 2005, 2ª reimpressão: julho de 2008 1ª edição revista: abril de 2011 1ª edição eletrônica: maio de 2011 BOITEMPO EDITORIAL Jinkings Editores Associados Ltda. Rua Pereira Leite, 373 – Sumarezinho 05442-000 São Paulo SP Tel./Fax: (11)3785-7285 / 3872-6869 [email protected] www.boitempoeditorial.com Dedicatória Para Pamela Pascoe e Eric Santner, sem nenhuma dúvida! PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA: UM ANO DEPOIS O que aconteceu durante o ano que se seguiu ao 11 de Setembro? Em Minority Report (2002), último filme de Steven Spielberg, baseado num conto de Philip K. Dick, os criminosossãopresosantesdecometerseuscrimes,poistrês humanos que, mediante experimentos científicos monstru- osos,adquiriramacapacidadedeverofuturo,podemprever seus atos (o “relatório da minoria” do título refere-se aos raros casos em que um dos três médiuns empregados pela políciadiscordadosoutrosdoiscomrelaçãoaocrimequevai ser cometido)... Se essa ideia fosse transposta para as re- lações internacionais, teríamos a nova “doutrina Bush (ou melhor,Cheney)”,agorapublicamentedeclaradaa“filosofia” oficialamericanadepolíticainternacional(nas31páginasdo documentointitulado“AEstratégiadeSegurançaNacional”, lançadopelaCasaBrancaem20desetembrode2002)?Seus principais pontos são: o poder militar americano deve per- manecer“foradequalquercontestação”nofuturoprevisível; dadoquehojeoprincipalinimigoéumfundamentalista“ir- racional”que,aocontráriodoscomunistas,careceatémesmo do sentido elementar de sobrevivência e do respeito de seu própriopovo,aAméricatemodireitoaataquespreventivos, ou seja, a atacar países que ainda não representam uma ameaçaclaracontraosEstadosUnidos,masque,nofuturo, poderiam.Apesardedeveremprocurarformarcoalizõesin- ternacionaisadhocparataisataques,osEUAdevemsere- servar o direito de agir independentemente caso não con- sigam reunir o apoio internacional suficiente. 10/211 Assim,apesardeapresentaremsuadominaçãosobreout- rosEstadossoberanoscomobaseadanumpaternalismobe- nevolentequelevaemcontaosinteressesdeoutrosEstados, osEUAsereservamodireitoúltimodedefiniros“verdadeir- os” interesses de seus aliados. A lógica é formulada claramente:abandona-seatémesmoafachadadodireitoin- ternacional neutro, pois, quando os EUA perceberem uma ameaça potencial, solicitarão formalmente o apoio de seus aliados, mas a concordância destes não será fundamental, poisamensagemsubjacenteé:“vamosfazê-lo,comousem vocês”;ouseja,vocêspodemconcordar,masnãopodemdis- cordar – aqui se reproduz o velho paradoxo da escolha im- posta,aliberdadedeescolhercomacondiçãodequesefaçaa escolha certa. O descontentamento dos EUA com Gerhardt Schroeder emsetembro de2002, quando esteganhou aseleições com uma posição de firme oposição à intervenção no Iraque, foi um descontentamento com o fato de Schroeder ter agido comopolíticonormalnumademocraciaemfuncionamentoe como líder de um Estado soberano – apesar de concordar que o Iraque representa uma ameaça, ele simplesmente manifestouadiscordânciacomaformapropostapelosEUA para enfrentá-la, declarando assim uma opinião partilhada nãoapenaspormuitosoutrosEstados,mastambémporuma considerável porcentagem do povo e do Congresso amer- icanos.Schroederfoi,assim,oprimeiroasentirtodoogosto dadoutrinaBush–e,paraperseguiratémaislongeahomo- logia,suadiscordânciacomosplanosamericanosdeataque preventivo ao Iraque não seria exatamente uma espécie de “relatóriodaminoria”navidareal,aoindicarsuadiscordân- cia com a forma como os outros viam o futuro?