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Belle époque tropical: Sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do século PDF

374 Pages·1993·66.804 MB·Portuguese
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E copyright O 1967 by Cambridgs University Press Titulo original; A tropical belle époque Bite culture and society in turn-of-the-century Rio de Junei publicado pelo Press Syndicate of the University E of Cambridge em 1987 Capa: Ettore Bottini sobre Largo da Lapa (e. 1900), óleo sobre tela de Gustavo Giovanni Dallara Revisão da tradução: Fernanda Pelxoto Massi Índice remissivo: Valter Ponte Revisão: Eliana Antonioli Ana Maria Barbosa Pados Internacionais de Catalogação na Publicação (cir) (Câmara Brasileira do Livro, se, Brasil) Needell, Jeffrey D. Belle époque tropical Sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do século / Jef- frey D. Needell ; tradução Celso Nogueira. — São Paulo ; Companhia das Letras, 1993. Bibliografia. sun 85-7164-333-4 1. Elite (Ciências sociais) - Rio de Janeiro (3) = Hist -ó Sércuiloa 1 9 2, Rio de Janei(1r)o - Use ocostsume s 1. Título. cn-305.52098153 Para minha mãe, Novella C. Belden Passei muitos anos planejando dedicar-lhe meu lidve erstroéia . Apresento-lhe agora esta obra. É a primeira, € apesar das deficiências que possa ter, vaí para quem me ensinou as coisas mais importantes: «= Q ciência nada tem a ver com a utilidade ou perversidade das instituições. O lado social não lhe pertence, mas só o mecânico. Demais, há um princípio de solidariedade que li- ga todas as instituições de um país, a loteria e a engenharia. Machado de Assis, “Balas de Estalo”” Tudo que é contemporâneo guarda alguma semelhança; os artistas que ilustram os poemas de uma época são os mes- mos empregados pelas corporações financeiras. Proust, A Vombre des jeunes filles en fleurs « tente capturar o retrato da história nas representações mais insignificantes da realidade, em suas migalhas, por assim dizer, Benjamin, Briefe, II PREFÁCIO Embora tenha rompido os laços formais com o Império português em 1822, o Brasil continuou a manter vínculos coloniais econômicos informais, estabelecidos desde muito antes, com a Grã-Bretanha. Este status econômico neocolonial, que só se intensificou no decorrer do sé- culo xIx, foi, contudo, apenas um dentre os vínculos que o país manti- nha com o centro econômico e político mundial banhado pelo Atlânti- co Norte. Meu interesse, neste livro, concentra-se na função da cultura nesse contexto neocolonial. Para tanto, procuro analisar o papel da cultura de origem européia na estrutura social e econômica do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. O foco da análise incide sobre a elite carioca, o grupo mais afetado por tal cultura, no período em que esta teve seu maior florescimento, ou se- ja, entre 1898 e 1914, na belle époque. Minha tese central é o de que a cultura e a sociedade de elite serviram para manter e promover os in- teresses e a visão da própria elite, e que paradigmas culturais derivados da aristocracia européia foram adaptados ao meio carioca com esta fi- nalidade. Embora tenha como tema principal a belle époque carioca, este es- tudo também faz uma análise das tendências socioculturais da elite du- rante o século x1x, sobretudo no Segundo Reinado (1840-89), delimi- tando o contexto histórico no qual se consolidaram as bases da cultura e da sociedade da belle époque. Sob vários aspectos, esta é uma história das instituições, tanto formais como informais, que eram parte integrante de tendências duradouras na sociedade brasileira. Com este trabalho, pretendi explorar dois temas: primeiro, as rela- ções entre cultura e colonialismo; segundo, a cultura urbana. Como es- tudíoso do colonialismo na América Latina e na África, eu havia me convencido da existência de um padrão comum nas relações entre a cul- 1H TAIS BAÇÕES gerais descrevem apenas em termos gerais O proceso nas regiões da África colonizadas por franceses e ingleses, ou na Índia Qeixânico: 2a Amnórica Latina, essas moções são apenas indicativas. a; quesaões gases Demaisfário, complicam-se devido às peculiaridades da ex. pesância colonia! larize-americana, encerrada mais cedo, < devido ao neoeetaniaismo, que se desenvolveu paralelamente ao apogeu do im. qesialisao europeu no periodo de 1590 à 194. Assestie emstud,o é à meemiixa de análiso de uma cultura ““aco””-dcuroanlteo na siegaunlda «sapo do colenialiano culreral mencionada acima. Em termos culturais, as diSaraças pareceram menos importantes do que as similaridades per. cepsineis ao época, Procurei lavestigar a natureza e o impacto desta ace zação < adaptação da colera metropolitana no período de suz maior mnôucia E não queria ficar sÓ na superfície, como tantos, falando de Sumitação” ou “dependência cultural”, mas penetrar até onde os cie- mesios estrangeiros se mesclam e se fundem de modo vital com os emenros malxos. dg preocupação com a cultera urbana surgiu de um conceito pre- «eia no estudio de José Luís Romero sobre a bistória urbana da Amér ale apossou a fenção ideológica das transformações easirp jcpsieat agio ienuitnuzroxssfae édc poinmho lapro ae-ei m luosgscs atapiuaeenlr ennreto ,ocs siees qtt jmuaiuo ar—pemtàes opmo xau rr eictte€mmiesgnr saot ieaetemnionnn moaasd“dhio iie oaeazsssx nra í putáçnlrvra mãfmtiibaouracoidaagiipiam gnoisstsoouo d a dsl,mied nó eeosóafo g tben to,iepev atre oxcnir mearopoa aecm çses”si o oãr :ts umious tmpmdê dreo aênlogdo sic,iuros lio ei cmaarspdauhdTest aadoáensr ,r;nboipi dá tin eimgeotgocnpirasoe ntd a as-aricf sl voidmtrioeai a rt od sdieae o cusgraleuma lioaédiliié ãtamntitsuso ie nuâ,r ,cttr maiidiea ianboldclicnfiese osetlo t c,suemt o—m àêaruo n€smoa dcvipecdàaeiisedu loàd.alci ea a ttsáe mru lorCmirqeàsit aoalaeul eailtnjit.h,t, istmuroe neiarodrBtgátdmpan nruieeiaofmir-rn-iva-a -a i s,- a dusprenoei ircmfa aesicl qcehaustrease nort ãeàero aa d iesaass issdpesuoa i mrmpai na des—acsvd eaiesdsd sãoooa du ro-sei,gm alemnoa oebs anspltuco eanrs tdooos ds a etdimemst oufrnecnaiestdtratootd.ra o sas d.Ad asap esSs tees looiamataoesao , d lcafoascinrn ogiamlood c oea e dpmomoe —esr igicoiçascrãm o oi mnpaohatl roegóa.o- € 13 AGRADECIMENTOS Um trabalho como este é de natureza essencialmente solitária. No entanto, apesar de o autor responder por suas escolhas, pela pesquisa e pelo estilo, em todas as etapas ele conta com a ajuda de muita gente — caso tenha sorte, Este foi o meu caso, Cumpro, então, à simpática obrigação de agradecer a todos aqueles que me auxiliaram neste projeto, A idéia de realizar este estudo ocorreu-me durante um seminário de graduação ministrado por Richard M, Morse, em Yale, Desde o mo- mento em que lhe apresentei a idéia, recebi substancial apoio de sua parte, sob a forma de incentivos, críticas, contatos, sugestões, e reparos úteis e rigorosos, Na verdade, alguns dos trechos pessoalmente mais gratifi- cantes foram escritos em conseqliência de questões levantadas pelo dr. Morse, Sou grato pelo prazer de aprender em sua companhia, Recebi também grande incentivo de outros colegas para levar adiante o projeto: Richard Halpern e Dana Brand, em Yale; Larry Jensen e Wylann Solomon, em Yale e Stanford, Harold Mah foi um bom ouvin- te, assim como Richard Silver. A Dain Borges devo agradecer pelas con- versas proveitosas sobre problemas históricos e teóricos; a Daniel Do- naghy, por levantar questões metodológicas quando cheguei ao Rio. A dedicação e a pesquisa de Samuel Adamo, durante o ano que passamos nos arquivos, serviram como fonte de inspiração. Uma pesquisa desta espécie não pode dar resultado sem a genero- sidade e o interesse de pessoas no país anfitrião. Eu tive a sorte de ser adotado pelo Centro de Estudos Históricos da Casa de Rui Barbosa, no Rio. Devo este favor a Américo Jacobina Lacombe. Ao chegar, fui bem recebido pelo prestativo diretor do Centro, Francisco de Assis Bar- bosa, sempre disponível para me aconselhar e tornar possíveis as entre- vistas fundamentais para o trabalho. Tanto em 1979-80 quanto em 1983, funcionários e colegas esforçaram-se para me deixar à vontade, entre 15 les José Murta de Carvalho, Roxa Matta Batboca de RR Ara pesNvLDaepciieçatauii t.enaq ogme,lu ãliioC,itae P ad vsu,oaaE JuoàuJs so açM Msq nAéai ulAém beR cl dlr(oHvAtD.iaA e o oaolrsnNMtcd qmOóLoeaduuên rçe bmidt aivCePa eoSoeno : g N tonMdaaMRaMeNtnoEco çah beid hcãM,oa raionba i odf augrdneeliEuesa ed r Selaasais,a Pé m r a Fisc Chéu vuplnaoaCt oHsod eauteialh cCani, çosomt naã,loeta eolle Ediçe nhálfãtto MaoeotG,d lC m eee iA atdrSédúqor AeV luàa s oeipul oROBee c il ialaNFdeevn ea qA,i iiu Auritic“ego s a |oas .A 4 Bbpr EeaEeaVramE a am sa ie6t,tai d iei oErvriiea rmMee d ianad . a eo EuaCetpeáailr oitlau n iMCdaaarldoiemaÉ tso naL rraeldciuae nboieC ovasestcario ants aeBlvxihPA a no as, met Aólsuengxeisaotnõ adeppesrõ D eeis n iEat| usilt,eá ils iWoad le iBiiPeelistmia ne inNot oa gdDuodaey ailCer ,au C unGjhioResol e, FnaorMriau ,s eBuo dIaRE A ,R epcúobntleilce case: m sobretudoa anndtea d e He m,6 aOpatoisviiiooa a Vnel ho laé bGeenltdel il aSaluli l esgj s o a : daCi taOda do Ria de Janeiro e no Rbeaols oa iaNnaesctiieo anDa olr,pt aurgnaou êsoA rbdqoeu mi Lveeoial tnudrGaae.rm aelnM utlod-a i SuTtMfoaeaa sn nmluvdosee zc erWedseia AltPddmoeaiesnr mrsl iddapcóáa eh d seBgisiauobc eiadai sa Ma iMaslreoaii b aie ceru cjLaoss,ie u a ssf p apuonon sscoottiMmm Eaoee nnssá, ar giaroCasOd ,eM cOee rme nEO n 1o9mcf7aai0sln8o a0 ol,en d mRaae lsniioStibe en ço ãa. oà " cml Ndpuo e : no , Rài aM aria Celina ddoo AmaAn rante, E No Consoutlecaad od a doCsas a isdt adOos Unnãidoo s toe rnho uima dív ida para com isa Vi im portade anttee ,d e A gseuetes naá tsdi al ieqmzeupapmer o ecseasu õ eisssno,oed b a+,e pge masesàssr oee mqaer cusaea lm re ensatptrpeoaeeidia v tios tEaq dauede ma ispmi n amhreéea n ptraieergsctro eiatcben iuedlar ãamaorim.- taçias a laa nscoebsr,e àN ecuied adnea medes nã um T=o rneleecs êrmaem revmealias- do valniitviiara a, m aeqnueqim u apdnaatrroa e lfeor On toemss e nafgcorir: aomdnaeiacsdi.om se Lntadomase .nt tnao-A é ivconheçido, Mena SO esapuerma r esqturea ngceoin-- " tes anos de trabalho em pi permaneci distante, Espero o ao ler este estudo, compartilhar do prazer que ele me propo 2º Sm, Minha outra família foi presente de minha esposa, Mar no ma Lima Maia de Needell. Seus irmãos e irmãs, bem como no Pá. tivos parentes, ensinaram-me muitas coisas sobre q Brasil, mono Pe oa s semnasiiobrielsi datdees oupraorsa ldei dasre uc opmo voa s —d ifoi ccualldoard ees à e goesn eprroasziedraedse ,d abv iedna nnodmoo acolhida e carinho continuam a ampliar minha ligação com o país ta ddee seqjuoe puemr mdaina ena toeb rad e nvaoslctiadra. dCuorma ntees tam iendhiaç ãop, errmeaanliêznocui-ase nao Rioa n ne publicada em português. Nada poderia me dar mais prazer do que E partir com eles algo que ajudaram a criar. Desde o dia em que nos conhecemos, minha esposa, a Fátima, teve neste estudo um hóspede estranho. Ela o recebeu com graça e compreen. são e apoiou meus esforços em momentos difíceis, com fé, paciência e determinação, Não escrevo para dizer que sou grato — isto preciso demonstrar sempre, de maneiras melhores — mas para dar o testemu- nho de sua participação naquilo que fui capaz de apresentar nas pápi- nas que seguem. Eu gostaria de dedicar a edição brasileira deste livro, in memoriam, a Francisco de Assis Barbosa. Jeffrey D. Needell Washington, 1987 — Gainesville, 1993 18 1 F RIO DE JANEIRO Capital do século XIX brasileiro A delle ápoque carioca pode ser considerada quer como o apogeu a mendências especificas de longa duração, quer como mae to, assinalando uma fase única da história cultural brasileira. Aqui o paidndo ck seaseinado ei ambos os sentidos. Todavia, a discussãoe análise de qualquer aspecto da belle époque remete a questões com- plexas, profundamente enraizadas no passado carioca. Por esta razão, convém começar por uma introdução ao contexto histórico e urbano, capaz de esclarecer muito do que vem depois. Como a história socio- cultural da elite será tratada em seguida, aproveito a oportunidade para esboçar a realidade nacional e urbana com a qual se defrontavam os canocas. 1 O IMPÉRIO: MUDANÇA E DESAFIO (1868-1888) Asinstituições do Império brasileiro foram criadas no segundo quar- el do século xIx; 20 final do terceiro, a realidade era obviamente mui- to diferente O edificio político inicial do Brasil independente adaptou- se ão terreno moldado por uma sociedade agrária, em geral confinada a uma estreita faixa costeira de cidades portuáre iáraesas adjacentes, qdpOatoooeor d. o lpe p,ao rtaElrmiosirtcussbooaoieoo ss rt, ,tu oqot msaueuê ,rrnaeom tiu sceaem o ss soe,ã oer+ os cuvospcos a,seoc s oqmitd,bopeuer doesaasincfçdtneooaetonirdse dsmir d eiavcsonedidairt aodrt e fa iiIsacppads:ztneoav ieer retornm esruida,nnarze netbaaiergEad,recsral o sio htsessaa rse p da oneob rpehreca osoeolmutsrmhdurc eoealaoisradtrs ctoou siorrc saeaeeo c,nsiesnto sts hrt,necueaa ssrtcrent oaibtmisvdoab.ptoo rnorse aloe,sUnasg occmmu,rao, f sad a;vaohmz osaseems bc 6nui idiOtdrc6autaooos a-o-s- s 19

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