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Avaliação das alterações na distância intercaninos do arco inferior em pacientes com má oclusão ... PDF

14 Pages·2007·0.34 MB·Portuguese
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Artigo inédito Avaliação das alterações na distância intercaninos do arco inferior em pacientes com má oclusão de Classe I tratados ortodonticamente* Patricia Regina Rizzo Araújo**, Heloísio de Rezende Leite***, Hélio Henrique de Araújo Brito**** Resumo Introdução: modificações na distância intercaninos do arco inferior, durante o tratamento ortodôntico, são consideradas, por alguns pesquisadores, como instáveis. Objetivo e Metodo- logia: o presente estudo, com o propósito de observar possíveis alterações pós-tratamento na distância intercaninos, decorrentes da expansão do arco nessa região, avaliou 30 pacientes com má oclusão inicial de Classe I de Angle, tratados ortodonticamente no COP (Centro de Odon- tologia e Pesquisa) da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas Gerais. A distância intercaninos inferior foi medida de duas maneiras: na ponta da cúspide e na face vestibular dos caninos. As medidas foram feitas em três tempos: T1- pré-tratamento, T2- pós-tratamento e T3- após um mínimo de um ano sem uso da contenção inferior. Foram realizadas comparações quanto ao gênero, realização ou não de exodontias no tratamento, tempo fora de contenção (de um a cinco anos e acima de cinco anos) e tipo de movimentação dos caninos (translação ou inclinação). Resultados e Conclusões: houve um aumento significantes da distância in- tercaninos durante o tratamento ortodôntico e um decréscimo no período pós-contenção, tan- to na ponta da cúspide quanto na face vestibular. Entretanto, a redução da medida, no período pós-contenção, foi maior na ponta da cúspide do que na face vestibular. Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes na recidiva, com relação ao gênero e ao tempo fora de contenção. Pôde-se observar, porém, uma maior recidiva da distância intercaninos (referência na ponta da cúspide) nos casos tratados com extração de pré-molares. Entretanto, ao avaliar os valores obtidos na face vestibular, observou-se que, nesse grupo de pacientes, a expansão foi significantemente maior. Nos casos em que a expansão da distância intercaninos foi realizada através de translação do canino (50% da amostra), houve uma maior recidiva na medida feita na ponta da cúspide do que na da face vestibular após a remoção das contenções, indicando que houve uma inclinação dos caninos para lingual. Palavras-chave: Distância intercaninos. Expansão. Recidiva. * Baseado em monografia apresentada ao Centro de Odontologia e Pesquisa da PUC-Minas, como requisito parcial à obtenção do título de especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial. ** Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela PUC-Minas. *** Mestre em Ortodontia pela Universidade de Pittsburgh (U.S.A.). Professor de Ortodontia da PUC-Minas. **** Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Ortodontia da PUC- Minas. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 115 Maringá, v. 12, n. 2, p. 115-128, mar./abr. 2007 Avaliação das alterações na distância intercaninos do arco inferior em pacientes com má oclusão de Classe I tratados ortodonticamente REVISÃO DE LITERATURA milímetro de expansão da distância intercaninos, A distância intercaninos, ou distância bicani- ocorre um milímetro de aumento no perímetro nos, é a medida da largura do arco dentário na do arco. Germane et al.18 desenvolveram, através região de caninos. Essa dimensão pode ser medi- de um programa de computador, uma forma de da na ponta da cúspide ou no centro da faceta de arco para quantificar os aumentos no perímetro desgaste, do canino de um lado do arco ao canino produzidos pela expansão. Esses autores observa- contralateral17,24,40. Outros pontos de referência ram que o primeiro milímetro de expansão dos utilizados para esta medição são a margem gen- caninos resultou em 0,73mm de ganho no pe- gival distal39, a região cervical da face lingual29, a rímetro. A cada milímetro a mais de expansão, região mais cervical da face vestibular32 ou, ain- o ganho em perímetro foi maior. O ganho total da, a porção mais proeminente dessa mesma face no perímetro, resultante de 5mm de expansão da dos caninos52. distância intercaninos, chegou a 5,34mm. A expansão da distância intercaninos no trata- A maior polêmica em relação à expansão dos mento ortodôntico, como método de obtenção de caninos inferiores diz respeito à estabilidade da espaço para o alinhamento dos dentes no arco infe- alteração conseguida após o tratamento. Diversos rior, vem sendo amplamente discutida. O conceito, autores1,8,11,14,15,19,23,25,26,27,28,30,33,46,49 relataram que difundido por Angle2, em 1907, de que a oclusão todo aumento da distância intercaninos durante ideal deveria conter todos os dentes, levou muitos o tratamento ortodôntico seria seguido de uma profissionais a realizarem seus tratamentos através constrição no período pós-contenção. Entretanto, da expansão dos arcos. Acreditava-se que esse seria alguns autores 21,35,36,40,41,51 defendem que alguma o único caminho para assegurar a estabilidade do expansão do arco inferior pode ser mantida após tratamento. Para Angle2, a recidiva no apinhamento o tratamento ortodôntico. Outros autores5,6,11 afir- dentário, após a expansão dos arcos, significava que mam, ainda, que parte dessa redução após o perío- uma oclusão ideal não tinha sido alcançada. do de contenção pode estar associada ao desenvol- A controvérsia entre tratamento com ou sem vimento normal dos arcos dentários. expansão se estende até os dias atuais. Strang47, em As alterações que ocorrem durante o desenvol- 1949, já ressaltava a importância da distância in- vimento normal dos arcos dentários influenciam tercaninos original do arco mandibular como guia também aqueles tratados ortodonticamente31. infalível para a manutenção do equilíbrio muscu- Segundo Horowitz e Hixon22, o tratamento orto- lar. Rossouw e Preston37 reafirmaram a importân- dôntico pode alterar temporariamente o curso das cia da manutenção da distância intercaninos du- mudanças fisiológicas. Entretanto, após o período rante o tratamento ortodôntico e declararam que de intervenção, o processo de maturação tem con- os caninos representam as pedras fundamentais ou tinuidade. os alicerces dos arcos dentários. De acordo com a literatura revista, existe uma Entretanto, a expansão da distância interca- variação da distância intercaninos com a idade. ninos inferior não pode ser desprezada como Diversos autores5,6,7,9,42 concordam que ocorre um um meio de se conseguir aliviar o apinhamento aumento desta dimensão com a erupção dos in- dentário. Mesmo casos que incluem a extração cisivos inferiores e uma redução na idade adulta. de dentes podem apresentar alguma expansão Apenas Harris20 encontrou um aumento da dis- lateral ao final do tratamento. Ricketts et al.34 tância intercaninos inferior na idade adulta, po- desenvolveram um guia para previsão do aumen- rém sem significância estatística. to no perímetro do arco, associado à expansão Strang48 acreditava que, em casos de extração ortodôntica. Segundo esses autores, para cada dos pré-molares inferiores, seria permissível que R Dental Press Ortodon Ortop Facial 116 Maringá, v. 12, n. 2, p. 115-128, mar./abr. 2007 ARAújO, P. R. R.; LeIte, h. R.; BRItO, h. h. A. ocorresse uma expansão vestibular dos caninos, anterior da força oclusal44,45, alterações no equilíbrio pois esses dentes estariam sendo movidos para entre a musculatura peribucal e a língua32,35,46,48,50, uma região mais ampla do arco e o equilíbrio existência de hábitos anormais35,48, período de muscular não seria violado. utilização da contenção inferior21,38, existência de Entretanto, outros autores4,12,23,24,46 observaram tratamento interceptador com expansão do arco que não existe diferença no comportamento dessa inferior13,26 ou recidiva do apinhamento ântero-in- dimensão entre os pacientes tratados com e sem ferior16,24,49,53. exodontia. Muitos foram os trabalhos que avaliaram as Uma amostra de 72 pacientes, 50 com má alterações pós-tratamento da distância intercani- oclusão Classe I e 22 com má oclusão Classe II, nos inferior, inclusive comparando as diferenças tratados ortodonticamente, foi reexaminada al- na recidiva entre os gêneros e entre os casos tra- guns anos após a remoção das contenções (de 12 tados com extração e sem extração de pré-mo- a 35 anos) por Davis e BeGole12. Vinte e seis casos lares4,12,23,24,37,44. Porém, em nenhum deles foram haviam sido tratados com extração de quatro pré- feitas comparações com relação ao tipo de movi- molares e quarenta e seis sem extração. Os autores mento realizado na expansão dos caninos (trans- explicam que a maior quantidade de expansão dos lação ou inclinação) e à quantidade de recidiva caninos, nos casos tratados com extração de pré- observada. molares, ocorre com a sua distalização para uma O presente trabalho teve como propósitos: área mais larga do arco. Houve uma redução da a) avaliar as alterações na distância intercaninos distância intercaninos, estatisticamente significan- do arco inferior, promovidas com o tratamen- te, em ambos os grupos, no período pós-conten- to ortodôntico, e seu comportamento após a re- ção, sem que houvesse diferença entre os grupos. moção do aparelho de contenção; b) observar se Segundo Fastlicht16, arcos mais estreitos, asso- existem diferenças nas alterações pós-tratamento ciados a uma extrusão dos caninos superiores e relacionadas ao gênero, à realização de extrações inferiores e a movimentos laterais da mandíbula, no tratamento e ao tempo sem uso de contenções; durante a mastigação, produzem um deslocamen- c) comparar as alterações pós-contenção da dis- to leve, mas constante, dos caninos (os superiores tância intercaninos de tratamentos com expansão labialmente e os inferiores lingualmente). obtida através de translação dos caninos e de incli- Shapiro40 relata uma diferença na recidiva da nação vestibular desses dentes. distância intercaninos inferior nos diferentes tipos de má oclusão. Segundo esse autor, os pacientes MATERIAL E MÉTODOS portadores de má oclusão Classe II, 2a divisão de Amostra Angle, têm maior capacidade de manter a expan- Foram avaliados 30 pacientes, 23 do gênero fe- são conseguida durante o tratamento. Little, Wallen minino e 7 do gênero masculino, com má oclusão e Riedel24 não encontraram diferença significante Classe I de Angle, submetidos a tratamento orto- entre as várias classes de má oclusão de Angle e a dôntico no Centro de Odontologia e Pesquisa da estabilidade, em longo prazo, da distância inter- Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. caninos. Burke et al.10, comparando o trabalho de O tratamento foi realizado com extração em 12 diversos autores, concluíram que nenhum tipo de pacientes e sem extração em 18; 25 pacientes es- má oclusão pode ser associado a expansões bem tavam sem contenção entre um e cinco anos e 5 sucedidas da distância intercaninos. pacientes há mais de cinco anos. A idade média A estabilidade da expansão conseguida também dos pacientes foi de 14 anos, com desvio-padrão pode ser afetada por fatores como o componente de 2 anos e 7 meses (Tab. 1, 2). R Dental Press Ortodon Ortop Facial 117 Maringá, v. 12, n. 2, p. 115-128, mar./abr. 2007 Avaliação das alterações na distância intercaninos do arco inferior em pacientes com má oclusão de Classe I tratados ortodonticamente Os critérios para a seleção dos pacientes foram: agenesias; a) má oclusão Classe I de Angle antes do tra- e) sem perdas dentárias após o fim do trata- tamento; mento ortodôntico (no período de contenção ou b) registros de diagnóstico completos nas fases pós-contenção); de pré e pós-tratamento; f) mínimo de um ano sem uso da contenção c) caninos permanentes inferiores irrompidos inferior (fixa ou removível); na fase pré-tratamento; g) ausência de síndromes e/ou alterações sis- d) dentadura permanente completa, irrompi- têmicas; da ou não, no início do tratamento, ou seja, sem h) ausência de hábitos anormais de sucção; i) ausência de periodontopatias. Tabela 1 - Caracterização da amostra. Método de registro Foram utilizados 90 modelos do arco inferior freqüência característica em três épocas: T1 - pré-tratamento; T2 - pós-tra- n % tamento e T3 - após um período sem uso de con- faixa etária tenção inferior, que variou de um a oito anos, nos até 12 anos 9 30 pacientes estudados. de 12 a 14 anos 7 23,3 Os dados do paciente foram registrados em de 14 a 16 anos 10 33,3 uma ficha clínica, que continha seus dados pesso- acima de 16 anos 4 13,4 ais, e um questionário sobre o período de conten- total 30 100 ção e pós-contenção. Esses dados foram utilizados gênero para a conferência com os dados presentes no ar- feminino 23 76,7 masculino 7 23,3 quivo do paciente. total 30 100,0 As anotações referentes às medidas realizadas extração de pré-molares nos modelos de estudo foram realizadas em uma sim 12 40,0 ficha desenvolvida para essa finalidade. não 18 60,0 total 30 100,0 Método de medida tempo sem contenção Foi utilizado um paquímetro quadrimensio- de 1 a 5 anos 25 83,3 nal (Digimess, São Paulo/SP), com 0,05mm de acima de 5 anos 5 16,7 resolução, para medir a distância do canino per- total 30 100,0 manente de um lado ao canino permanente do outro lado do arco inferior (Fig. 1A). Foi utilizada, como referência, a ponta da cúspide dessa unida- Tabela 2 - Caracterização dos pacientes quanto à idade crono- de dentária (Fig. 1B). Alguns casos apresentaram lógica em t1 , t2 e t3. desgaste no topo das cúspides dos caninos. Nesses medidas descritivas pacientes, as medidas foram feitas de acordo com avaliação mínimo máximo média desvio-padrão a sugestão de Barrow e White3, em um ponto de t1 10a 9m 20a 7m 14a 2a 7m aproximação do local original da ponta da cúspide t2 13a 6m 23a 8m 16a 6m 2a 7m sobre o centro da faceta de desgaste. O paquíme- t3 16a 9m 29a 8m 21a 6m 3a 1m tro foi mantido paralelo ao plano oclusal inferior, Nota: t1= antes do tratamento; para que a medida fosse realizada unicamente no t2= após o tratamento; sentido horizontal. t3= pelo menos um ano após a retirada da contenção. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 118 Maringá, v. 12, n. 2, p. 115-128, mar./abr. 2007 ARAújO, P. R. R.; LeIte, h. R.; BRItO, h. h. A. Foram realizadas medidas da distância inter- dade de movimento da porção cervical do dente. caninos utilizando-se também a face vestibular A analise deste item foi feita através do teste exato dos caninos, num ponto mais cervical da coroa, de Fischer. no longo eixo do dente (Fig. 1C). A comparação Utilizou-se o teste do Qui-quadrado para ava- das alterações nas duas dimensões medidas infor- liar a influência do gênero, da existência de extra- ma quanto ao tipo de movimento: translação ou ção e do tempo sem contenção na categorização inclinação. Se a extensão do movimento na ponta dos indivíduos em grupos, conforme o tipo de da cúspide for maior que na porção cervical do movimento realizado nos caninos (translação ou dente, conclui-se que houve uma inclinação do inclinação). Em alguns casos, utilizou-se o teste mesmo para vestibular. Porém, se a quantidade de exato de Fisher, que tem o mesmo objetivo do tes- movimento em ambos os locais utilizados como te Qui-quadrado. referência (ponta da cúspide e porção cervical da Para avaliar o erro de medição, foram selecio- face vestibular) for igual, o movimento consegui- nados, ao acaso, 30 modelos de 10 pacientes da do é de translação. amostra e as medidas foram refeitas por outro examinador (Gráf. 1). A comparação entre os dois Análise estatística avaliadores foi realizada utilizando-se o teste t de Com o objetivo de avaliar as mudanças da dis- Student para amostras pareadas, que tem como tância intercaninos durante o tratamento (T2-T1), objetivo avaliar a equivalência entre duas medidas no período pós-contenção (T3-T2) e no período realizadas em um mesmo indivíduo. total do estudo (T3-T1), utilizou-se o teste de Foi adotado, para todos os testes, o nível de sig- Friedman. Trata-se de um teste não paramétrico nificância de 5%. para amostras dependentes. A amostra foi, em seguida, separada em sub- RESULTADOS grupos, de acordo com o gênero, a existência ou Caracterização da amostra não de extrações no tratamento e o tempo sem Em 50% dos casos da amostra, a movimenta- uso de contenção inferior. Para avaliar o efeito des- ção da ponta da cúspide foi superior à movimen- ses fatores nas alterações da distância intercaninos, tação da porção cervical da face vestibular, ou seja, utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis, que é um tes- houve um movimento de inclinação da coroa dos te não paramétrico para amostras independentes. canino e, nos demais casos (50%), a movimenta- Foi observado, também, o tipo de movimento re- ção da ponta da cúspide foi igual ou inferior à da alizado nos caninos, comparando-se a quantidade porção cervical da face vestibular, ocorrendo um de movimento da ponta da cúspide com a quanti- movimento de translação dos caninos. A B C FIguRA 1 - A) Paquímetro utilizado para realizar as medições nos modelos de estudo. B) Distância intercaninos no arco mandibular com referência na ponta de cúspide. C) Distância intercaninos no arco mandibular com referência na face vestibular. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 119 Maringá, v. 12, n. 2, p. 115-128, mar./abr. 2007 Avaliação das alterações na distância intercaninos do arco inferior em pacientes com má oclusão de Classe I tratados ortodonticamente Foi verificado que o percentual de casos com 0,71±0,74mm no pós-tratamento (T3-T2) e uma movimento de inclinação dos caninos foi signi- redução de 0,02±1,49mm no período total obser- ficantemente inferior no grupo de pacientes em vado (T3-T1). Nos pacientes do gênero masculi- que foi feita a extração (25%), quando comparado no, houve uma expansão de 1,41±1,16mm, de T1 com o grupo sem extração (66,7%). Esses resulta- para T2, uma redução de 0,61±0,48mm, após o dos podem ser verificados no gráfico 2. tratamento (T3-T2), e um ganho total (T3-T1) de 0,80±1,29mm. Alterações observadas na distância intercani- A movimentação ocorrida na porção cervical nos da face vestibular também não foi estatisticamente Como pode ser observado no gráfico 3 e na diferente entre homens e mulheres. No período do tabela 3, houve um aumento significante da tratamento ortodôntico (T2-T1), houve uma expan- distância intercaninos da primeira para a se- são de 1,30±1,15mm e de 1,27±1,65mm, respecti- gunda avaliação (T2-T1), tanto com referência vamente. Após o término do tratamento (T3-T2), na ponta da cúspide quanto na face vestibular. Comparando-se os valores pós-tratamento (T2) e pós-contenção (T3), observou-se um decrésci- 35 mo significante, sendo que na ponta da cúspide a 29,74 30 29,66 distância intercaninos igualou-se com a primeira 26,29 25,92 avaliação (T3=T1) e na face vestibular a terceira dia)25 é m avaliação manteve-se superior à primeira avalia- os (20 n ção (T3>T1). cani15 avaliador 1 Os valores médios da distância intercaninos, nter avaliador 2 na ponta da cúspide, foram 26,06±1,48mm, em cia i10 n â T1, 26,92±1,33mm em T2 e 26,23±1,42mm em dist5 T3. Na face vestibular, mediu-se 29,80±1,61mm 0 ponta de cúspide face vestibular em T1, 31,08±1,78mm em T2 e 30,79±1,67mm, em T3. gRÁFICO 1 - Comparação entre dois avaliadores quanto à distância inter- caninos com referência na ponta de cúspide e na face vestibular. Alterações na distância intercaninos inferior: comparação dos subgrupos 100 a) Gênero feminino e masculino 90 Comparando-se o grupo de pacientes do gêne- 80 75,0 66,7 ro feminino com os do gênero masculino, em rela- 70 ção às alterações na distância intercaninos durante em 60 inclinação ag translação o tratamento (T2-T1), no período pós-contenção nt 50 e c (T3-T2) e no período total avaliado (T3-T1), não Por 40 33,3 se verificou diferenças significantes estatistica- 30 25,0 mente, como pode ser observado no gráfico 4 e 20 10 na tabela 4. p= 0,025 0 Ao avaliar as alterações ocorridas na ponta da com extração sem extração cúspide, observa-se que, nos pacientes do gênero gRÁFICO 2 - Distribuição dos pacientes segundo o tipo de movimento realizado nos caninos, considerando-se a extração de pré-molares no feminino, houve uma expansão de 0,69±1,47mm, tratamento. durante o tratamento (T2-T1), uma redução de Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Qui-quadrado. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 120 Maringá, v. 12, n. 2, p. 115-128, mar./abr. 2007 ARAújO, P. R. R.; LeIte, h. R.; BRItO, h. h. A. Tabela 3 - Avaliação da distância intercaninos inferior nos três períodos (t1, t2 e t3), considerando-se a ponta da cúspide e a face vestibular como pontos de referência. medidas descritivas referência avaliação mínimo máximo mediana média desvio-padrão p t1 22,65 28,35 26,40 26,06 1,48 ponta de t2 22,50 29,00 27,00 26,92 1,33 < 0,001* cúspide t3 22,40 28,90 26,27 26,23 1,42 t1 25,90 32,45 30,12 29,80 1,61 face t2 27,00 34,60 31,35 31,08 1,78 < 0,001* vestibular t3 26,40 34,30 30,92 30,79 1,67 * Diferenças estatisticamente significantes de acordo com o teste de Friedman. t1- Pré-tratamento; t2- Pós-tratamento; t3- Período após remoção das contenções. Tabela 4 - Avaliação da influência do gênero nas alterações da distância intercaninos inferior. referência medida gênero mínimo máximo mediana média desvio-padrão p fem. - 2,60 4,00 0,75 0,69 1,47 t2 - t1 0,229 masc. 0,20 3,80 1,10 1,41 1,16 ponta de fem. - 2,40 1,0 - 0,75 - 0,71 0,74 t3 - t2 0,922 cúspide masc. - 1,20 0,10 - 0,60 - 0,61 0,48 fem. - 3,20 3,10 - 0,05 - 0,02 1,49 t3 - t1 0,162 masc. - 0,75 3,20 0,80 0,80 1,29 fem. - 2,10 4,25 1,15 1,27 1,65 t2 - t1 0,922 masc. 0,15 3,60 0,95 1,30 1,15 face fem. -1,35 0,75 - 0,15 - 0,26 0,56 t3 - t2 0,606 vestibular masc. - 1,20 0,35 - 0,15 - 0,37 0,55 fem. - 1,35 4,65 0,90 1,02 1,41 t3 - t1 0,695 masc. - 0,80 3,95 0,65 0,93 4,59 Não houve diferença estatisticamente significante de acordo com o teste de Kruskal-Wallis. 32 2 31,08 ponta de cúspide face vestibular 31 30,79 s 30 1,5 1,41 1,271,30 stância intercanino 22226789 26,0626,9226,23 29,08 12aa aavvaalliiaaççããoo -- tt12 diferença média 010,5 0,69 -0,020,8 1,020,93 di 25 3a avaliação - t3 -0,26 -0,5 -0,37 24 -0,61 feminino 23 -1 -071 masculino ponta de cúspide face vestibular t2-t1 t3-t2 t3-t1 t2-t1 t3-t2 t3-t1 gRÁFICO 3 - gráfico com a distância intercaninos inferior em t1, t2 e t3. gRÁFICO 4 - gráfico com a avaliação da influência do gênero nas diferenças observadas entre as três avaliações. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 121 Maringá, v. 12, n. 2, p. 115-128, mar./abr. 2007 Avaliação das alterações na distância intercaninos do arco inferior em pacientes com má oclusão de Classe I tratados ortodonticamente houve uma redução da distância intercaninos de intercaninos entre T3 e T2 foi significantemente 0,37±0,55mm nos homens e de 0,26±0,56mm maior nos casos com extração (-1,17±0,55mm) nas mulheres. No período total avaliado (T3-T1), do que nos casos sem extração (-0,36±0,56mm). houve um ganho de 0,93±4,59mm nos homens e A expansão ocorrida durante o tratamento (T2- de 1,02±1,41mm, nas mulheres. T1) e o ganho total (T3-T1) não foram estatis- ticamente diferentes entre os grupos. No grupo b) Tratamento com e sem extração de pré-mo- com extração, observou-se uma expansão média lares de 1,35±1,46mm durante o tratamento (T2-T1) e O gráfico 5 e a tabela 5 mostram a influência uma expansão total, ao final das observações (T3- da extração de pré-molares. Considerando-se os T1), de 0,18±1,67mm. Já o grupo tratado sem valores obtidos com referência na ponta da cús- extração obteve uma expansão média, durante o pide, pode-se observar que a redução da distância tratamento (T2-T1), de 0,54±1,34mm e um ga- nho total (T3-T1) de 0,18±1,37mm. Já em relação à face vestibular, considerando- se as diferenças entre T2 e T1 (alterações durante 4 o tratamento) e entre T3 e T1 (alterações totais), ponta de cúspide face vestibular verificaram-se valores significantemente superio- 3 2,67 res no grupo em que houve extração, revelando 2,08 a 2 édi 1,35 que houve maior expansão durante o tratamento m ença 1 0,54 0,180,18 0,35 0,22 e que o ganho total, ao final das observações, foi er 0 significantemente maior que no grupo tratado sem dif 0,13 -1 -0,36 -0,5 com extração extração. Os valores observados no grupo com ex- -1,17 sem extração tração foram 2,67±1,03mm de expansão (T2-T1) -2 t2-t1 t3-t2 t3-t1 t2-t1 t3-t2 t3-t1 e 2,08±1,18mm de ganho total (T3-T1). No grupo gRÁFICO 5 - gráfico com a avaliação da influência da extração de pré-molares tratado sem extração, observou-se uma expansão nas alterações da distância intercaninos inferior. Tabela 5 - Avaliação da influência da extração de pré-molares nas alterações da distância intercaninos inferior. medidas descritivas referência medida extração mínimo máximo mediana média desvio-padrão p sim - 0,85 4,00 0,80 1,35 1,46 t2 - t1 0,374 não - 2,60 2,60 0,80 0,54 1,34 ponta da sim - 2,40 - 0,55 - 0,93 - 1,17 0,55 t3 - t2 0,002* cúspide não - 1,20 1,00 - 0,48 - 0,36 0,56 sim - 2,35 3,20 0,00 0,18 1,67 t3 - t1 0,783 não - 3,20 2,45 0,23 0,18 1,37 sim 0,90 4,25 2,73 2,67 1,03 t2 - t1 < 0,001* não - 2,10 1,80 0,55 0,35 1,02 face sim - 1,35 0,40 - 0,43 - 0,50 0,59 t3 - t2 0,079 vestibular não - 1,20 0,75 - 0,05 - 0,13 0,48 sim 0,60 4,65 1,90 2,08 1,18 t3 - t1 < 0,001* não - 1,35 1,65 0,58 0,22 0,97 * Diferenças estatisticamente significantes de acordo com o teste de Kruskal-Wallis. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 122 Maringá, v. 12, n. 2, p. 115-128, mar./abr. 2007 ARAújO, P. R. R.; LeIte, h. R.; BRItO, h. h. A. durante o tratamento (T2-T1) de 0,35±1,02mm c) Ausência de uso da contenção de um a cinco e um ganho total (T3-T1) de 0,22±0,97mm. anos e acima de cinco anos É interessante observar que a redução da distância Como pode ser observado no gráfico 6 e na intercaninos, no período pós-tratamento (T3-T2), tabela 6, não foram observadas diferenças signi- não foi estatisticamente diferente entre os gru- ficantes entre o grupo com tempo sem contenção pos. Os pacientes tratados com extração sofreram entre um e cinco anos e aquele com mais de cinco uma redução de 0,50±0,59mm, já os pacientes anos, no que diz respeito às alterações na distância tratados sem extração sofreram uma redução de intercaninos, em todos os períodos avaliados e nas 0,13±0,48mm. duas referências utilizadas (ponta da cúspide e re- gião cervical da face vestibular). No grupo de um a cinco anos sem contenção, considerando-se o movimento realizado na ponta da cúspide, houve uma expansão de 1,05±1,31mm 2 ponta de cúspide face vestibular durante o tratamento (T2-T1), seguida de uma 1,57 1,5 1,22 1,00 constrição de 0,62±0,71mm no período pós-trata- 1,05 1 0,99 a mento (T3-T2). O ganho total foi de 0,43±1,36mm di a mé 0,5 0,43 em todo período observado (T3-T1). No grupo ç n difere -0,05 -0,08 -0,22 cfeormio rm, aa aislt derea çcãinoc dou arnanotse s oem tr autsaom deen tcoo (nTte2n-Tçã1o) ifno-i -0,62 -0,58 de 1 a 5 anos -1 acima de 5 anos de –0,08±1,72mm, de –1,00±0,47mm após o tra- -1,00 -1,08 tamento (T3-T2), e de –1,08±1,49mm no período -1,5 t2-t1 t3-t2 t3-t1 t2-t1 t3-t2 t3-t1 total de observação (T3-T1). gRÁFICO 6 - gráfico com a avaliação da influência do tempo pós-contenção nas alterações da distância intercaninos inferior. Os valores obtidos na região cervical da face Tabela 6 - Avaliação da influência do tempo pós-contenção nas alterações da distância intercaninos inferior. medidas descritivas referência medida tempo mínimo máximo mediana média desvio-padrão p 1 a 5 - 2,10 4,00 0,85 1,05 1,31 t2 - t1 0,597 > 5 - 2,60 1,95 0,50 - 0,08 1,72 ponta de 1 a 5 - 2,40 1,00 - 0,70 - 0,62 0,71 t3 - t2 0,148 cúspide > 5 - 1,70 - 0,55 - 0,95 - 1,00 0,47 1 a 5 - 2,35 3,20 0,45 0,43 1,36 t3 - t1 0,200 > 5 - 3,20 0,25 - 0,45 - 1,08 1,49 1 a 5 - 2,10 4,25 1,10 1,22 1,49 t2 - t1 0,080 > 5 - 1,25 3,30 1,65 1,57 1,89 face 1 a 5 - 1,20 0,75 - 0,15 - 0,22 0,53 t3 - t2 0,578 vestibular > 5 - 1,35 0,05 - 0,55 - 0,58 0,62 1 a 5 - 1,35 4,65 0,90 1,00 1,44 t3 - t1 0,373 > 5 - 1,20 2,75 0,90 0,99 1,49 Não houve diferença estatisticamente significante de acordo com o teste de Kruskal-Wallis. g1 = de 1 a 5 anos sem uso de contenção; g2 = acima de 5 anos sem uso de contenção. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 123 Maringá, v. 12, n. 2, p. 115-128, mar./abr. 2007 Avaliação das alterações na distância intercaninos do arco inferior em pacientes com má oclusão de Classe I tratados ortodonticamente Tabela 7 - Avaliação da influência do tipo de movimento realizado nos caninos sobre as alterações na distância intercaninos inferior. Medidas descritivas referência medida grupo mínimo máximo mediana média desvio-padrão p 1 -1,75 0,45 - 0,50 -0,51 0,56 t3 - t2 0,051 ponta de 2 - 2,40 1,00 - 0,90 - 0,87 0,76 cúspide 1 - 1,45 3,20 1,00 0,97 1,35 t3 - t1 0,003* 2 - 3,20 0,80 - 0,40 - 0,62 1,14 1 - 1,20 0,75 - 0,15 - 0,24 0,59 t3 - t2 0,787 face 2 - 1,35 0,40 - 0,15 - 0,33 0,52 vestibular 1 - 1,35 3,95 0,65 0,56 1,38 t3 - t1 0,038* 2 - 1,20 4,65 1,50 1,43 1,38 *Diferenças estatisticamente significantes de acordo com o teste de Kruskal-Wallis. grupo 1= Movimento de Inclinação; grupo 2= Movimento de translação. da ponta da cúspide com a quantidade de movi- 2 mento da face vestibular (região cervical), pôde- ponta de cúspide face vestibular 1,5 1,43 se dividir os pacientes em dois grupos, de acordo com o tipo de movimento realizado nos caninos dia 1 0,97 é durante o tratamento. m a 0,56 nç 0,5 No grupo 1 foram colocados aqueles pacientes e difer 0 nos quais o movimento da ponta da cúspide foi maior que o da face vestibular, ocorrendo, então, -0,5 -0,24-0,33 grupo 1 -0,51 grupo 2 um movimento de inclinação vestibular dos cani- -0,62 -1 -0,87 nos. Já no grupo 2 incluíram-se os pacientes nos t3-t2 t3-t1 t3-t2 t3-t1 quais o movimento da face vestibular foi igual ao gRÁFICO 7 - gráfico com a avaliação da influência do tipo de ovimento realizado nos caninos sobre as alterações na distância intercaninos da ponta da cúspide, considerando-se, então, que inferior. houve um movimento de translação para vestibu- Nota: grupo 1 = Movimento de Inclinação; grupo 2 = Movimento de translação. lar dos caninos. Observou-se que o grupo 1 apresentou resul- vestibular nos grupos de um a cinco anos e aci- tados significantemente inferiores de recidiva pós- ma de cinco anos sem contenção foram, res- tratamento (T3-T1) em relação ao grupo 2, quan- pectivamente, 1,22±1,49mm e 1,57±1,89mm do a referência foi a ponta da cúspide. Entretanto, de expansão, durante o tratamento (T2-T1), quando a referência utilizada foi a face vestibular, -0,22±0,53mm e -0,58±0,62mm de redução, no o grupo 2 apresentou uma maior estabilidade da período pós-tratamento (T3-T2), 1,00±1,44mm expansão em relação ao grupo 1. e 0,99±1,49mm de ganho total, ao final das ob- O grupo 1 obteve um ganho médio de 0,97mm servações (T3-T1). na ponta da cúspide e de 0,56mm na região cervi- cal da face vestibular. O grupo 2 obteve uma redu- d) Tipo de movimento realizado nos caninos: ção de 0,62mm, em média, na ponta da cúspide e translação X inclinação um ganho médio de 1,43mm na região cervical da Comparando-se a quantidade de movimento face vestibular dos caninos (Gráf. 7, Tab. 7). R Dental Press Ortodon Ortop Facial 124 Maringá, v. 12, n. 2, p. 115-128, mar./abr. 2007

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má oclusão inicial de Classe I de Angle, tratados ortodonticamente no COP KAPLAN, R. G. Mandibular third molars and post retention crowd- ing.
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