ATOS INFRACIONAIS E MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS: Uma leitura dogmática, crítica e constitucional Universidade Estadual de Santa Cruz GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA PAULO GANEM SOUTO - GOVERNADOR SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ANACI BISPO PAIM - SECRETÁRIA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ANTONIO JOAQUIM BASTOS DA SILVA - REITOR LOURICE HAGE SALUME LESSA - VICE-REITORA DIRETORA DA EDITUS MARIA LUIZA NORA Conselho Editorial: Maria Luiza Nora – Presidente Alexandre Munhoz Antônio Roberto da Paixão Ribeiro Décio Tosta Santana Dorival de Freitas Roque Pinto da Silva Santos Fernando Rios do Nascimento Francolino Neto Lino Arnulfo Vieira Cintra Maria Laura Oliveira Gomes Marileide Santos Oliveira Paulo dos Santos Terra Reinaldo da Silva Gramacho Jaênes Miranda Alves Samuel Leandro Mattos Marcos Bandeira ATOS INFRACIONAIS E MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS: Uma leitura dogmática, crítica e constitucional Ilhéus-Bahia 2006 ©2006 by MARCOS BANDEIRA 1ª edição: 2006 Direitos desta edição reservados à EDITUS - EDITORA DA UESC Universidade Estadual de Santa Cruz Rodovia Ilhéus/Itabuna, km 16 - 45662-000 Ilhéus, Bahia, Brasil Tel.: (73) 3680-5028 - Fax: (73) 3689-1126 http://www.uesc.br/editora e-mail: [email protected] PROJETO GRÁFICO E CAPA Adriano Lemos FOTO DA CAPA Geraldo Borges DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA Claudia Borges REVISÃO Maria Luiza Nora Raildes Pereira Santos EQUIPE EDITUS Direção de Política Editoral: Jorge Moreno; Revisão: Maria Luiza Nora, Aline Nascimento; Coord. de Diagramação: Adriano Lemos; Designer Gráfi co: Alencar Júnior. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) B214 Bandeira, Marcos Antonio Santos Atos infracionais e medidas socioeducativas : uma leitura dogmática, crítica e constitucional / Marcos Bandeira. - Ilhéus : Editus, 2006. 380p. : il. Inclui bibliografi a e anexos. ISBN: 85-7455-121-X 1.Delinqüência juvenil. 2. Crianças e adolescentes - Estatuto. 3. Direitos da criança - Brasil. 4. Assistência a Menores - Brasil. I. Título. CDD – 347.63 Ficha catalográfi ca: Elisabete Passos dos Santos - CRB5/533 DEDICATÓRIA Quero dedicar esta obra a todas as pessoas importantes da mi- nha vida: meus pais, Sebastião e Marluce, minha esposa Rosana, meus fi lhos, meus irmãos e meus verdadeiros amigos, os quais com seu jeito peculiar de ser, com sua ternura e sensibilidade deixaram um pouco de si na moldura da minha personalidade. Dedico, em especial, à minha avó Romana (in memoriam), cuja serenidade e sorriso embalaram a minha vida. O meu encantamento para minha querida avó Emídia Magalhães Lacerda Santos, que ao lon- go dos seus 103 anos, não perdeu a sensibilidade da poesia e me ensi- nou que a vida não é contada por anos, mas vivida a cada dia, e que ela é, de fato, uma grande oportunidade e possibilidade de auto-realização neste mundo efêmero, e que só se manifesta na medida em que servi- mos ao próximo. À minha querida avó Emídia, educadora do sertão de Xique-Xi- que e Bom Jesus da Lapa deixo alguns versos para registrar a minha eterna gratidão: O poeta inglês Samuel Taylor ( 1722 – 1854) nos estertores de seu tempo escreveu o seguinte poema: “E se você dormisse? E se, durante o sono, sonhasse? E se no seu sonho Você fosse ao céu e lá colhesse uma estranha e bela fl or? E se, quando acordasse, Você tivesse a fl or na mão? ” Minha querida avó, você é essa belíssima fl or Que todos nós – fi lhos, netos, bisnetos, genros, noras e amigos Colhemos no jardim de nossos sonhos. Você não viveu a época Do poeta inglês – ele morreu em 1834 - , você é bem mais nova, nasceu- em 1903, nas terras abençoadas do velho Chico, mas você é esta fl or Do poeta inglês, pois nasceu, cresceu e viverá eternamente em Nossos corações. Você, com sua simplicidade e disciplina, foi educadora exemplar, Infl uenciou gerações, Você, como mãe, avó, bisavó, foi mestre na arte de amar E de passar princípios e valores que nem o tempo inclemente será ca- paz de eliminar. E para aqueles que têm o privilégio de desfrutar De sua intimidade, você é a voz serena e inteligente dos sábios Da sua voz emana o néctar do amor, a beleza sonora dos versos que recita, a revelar uma memória prodigiosa e a semear a paz confortante que jaz da centelha divina que habita o seu frágil corpo físico. Você, minha querida avó, que sentiu os efeitos de duas grandes Guerras mundiais, Você, minha avó, que chorou, amou, sorriu, lutou, sobreviveu, já Respirou o alvorecer de um novo século Na verdade não está passando por essa vida efêmera em brancas Nuvens, mas escrevendo sua própria história de vida repleta de Realizações e muito amor. Você, minha querida avó, envelheceu o seu corpo físico, mas Continua jovem no seu espírito. Que bom que DEUS tenha permitido a todos a oportunidade ímpar de abraçá-la e beijá-la nos seus cento e três anos de vida bem vividos. Minha querida Avó, essa fl or que você é e que veio do jardim dos nossos sonhos, ninguém nem tampouco o tempo destruirá, por- que essa centelha divina que você é, será guardada para sempre No fundo da minha alma, porque esta é eterna e não sofrerá a ação inexorável do tempo. AGRADECIMENTOS Gostaria de externar o meu agradecimento sincero à Drª. Ber- nardete Soriano, à minha aluna e estagiária Grazielle Silva San- tos, bem como ao meu ex-aluno Milton Carvalho Gomes pela disponibilidade e coleta de boa parte do material doutrinário e jurisprudencial, importantíssimo para o enriquecimento desta obra. À Profª Raildes Pereira Santos meu agradecimento especial pela primeira revisão. Finalmente, o meu sincero agradecimento a Profª Maria Luiza Nora pelo inestimável trabalho de revisão geral da presente obra. PENSAMENTOS: “ O valor da vida não pode depender de nossas concepções, não é re- lativo, é absoluto e lhe foi atribuído pelo Criador. Nada é desprezível no nosso mundo, nem as atitudes indignas do homem, pois, contra- pondo-se ao bem, ressaltam a grandeza das atitudes nobres.” (Prof. Carlos Formigli) “Nossa grandeza não é feita de coisas, é constituída de sentimentos nobres, de gestos de generosidade e de atividades coerentes e dignas. Não é o poder que nos abre os horizontes, é a consciência que temos do homem e do mundo.” (Prof. Carlos Formigli). “Quando ouço, verdadeiramente, uma pessoa e apreendo o que mais lhe importa, em dado momento, ouvindo não apenas suas palavras, mas a ela mesma, e quando lhe faço saber que ouvi seus signifi cados pessoais privados, muitas coisas acontecem.” (Carl R. Rogers) “Uma nação que mata as próprias crianças, não tem futuro.” (João Paulo II) Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Dei- xam um pouco de si, levam um pouco de nós. (A. de Saint-Exupèry) APRESENTAÇÃO A aplicação adequada de uma medida socioeducativa é, com certeza, um grande desafi o para os Juízes da Infân- cia e Juventude. A gravidade do delito e as reminiscências do Código de Menores podem pesar, signifi cativamente, na tomada de decisão. O ECA, no Art. 118, sentencia: “A Liberdade Assisti- da será adotada sempre que se afi gurar a medida mais ade- quada para o fi m de acompanhar, auxiliar e orientar o ado- lescente”, e no Art. 122 § 2º: “Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.” Os textos legais não apenas insinuam, mas deixam claro que a medida adequada não é aquela que tem como referencial apenas a gravidade do delito, mas aquela que leva em conta, sobretudo, as necessidades do adolescente, seu perfi l e suas chances de construir um novo projeto de vida. Nossa experiência, no trato com os adolescentes em cumprimento da medida de Semiliberdade, de Liberdade Assistida ou Prestação de Serviços à Comunidade, está a nos demonstrar a efi cácia destas medidas mesmo em se tratando de adolescentes que tenham cometido infrações graves. É possível que o respeito aos princípios propugnados pelo ECA ou ao próprio espírito da Lei seja motivo de difi - culdades para o Magistrado, face às pressões da sociedade. Em situações desta natureza cabe, sem dúvida, o apelo à prioridade absoluta da criança e do adolescente, preconi- zada pela Constituição Federal.