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Até ao Fim PDF

588 Pages·2011·4.73 MB·Portuguese
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Ficha Técnica Título original: The End Título: Até ao Fim Autor: Ian Kershaw Design de capa: Rui Garrido Fotografia de capa: © Corbis/VMI Revisão: Rita Bento ISBN: 9789722050654 Publicações Dom Quixote uma editora do grupo Leya Rua Cidade de Córdova, n.º 2 2610-038 Alfragide – Portugal Tel. (+351) 21 427 22 00 Fax. (+351) 21 427 22 01 © 2011, Ian Kershaw e Publicações Dom Quixote e Oficina do Livro – Sociedade Editorial, Lda. Todos os direitos reservados de acordo com a legislação em vigor www.dquixote.leya.com www.leya.pt Agradecimentos Uma das obrigações mais agradáveis quando se termina um livro é agradecer a todos quantos, de algum modo, contribuíram para a sua elaboração. Os meus agradecimentos vão, em primeiro lugar, para a British Academy pela bolsa que me ajudou a encetar a investigação exploratória inicial. Estou também grato aos arquivistas e demais elementos dos vários repositórios onde trabalhei: o Bundesarchiv em Berlim/Lichterfelde, o Bundesarchiv/Militärarchiv em Friburgo, a Bibliothek für Zeitgeschichte em Estugarda, o Bayerisches Hauptstaatsarchiv e o Staatsarchiv München, o Staatsarchiv Augsburg, o International Tracing Service, Bad Arolsen, o National Archives em Londres, o Imperial War Museum em Duxford e o Liddell Hart Centre for Military Archives no King’s College, em Londres. Na Bibliothek für Zeitgeschichte em Estugarda, parte da Württembergische Landesbibliothek, tive todas as razões para me sentir extremamente agradecido pela ajuda e pelos conselhos do diretor da biblioteca e meu bom amigo pessoal, o professor Gerhard Hirschfeld, e da chefe das suas coleções de arquivos, a doutora Irina Renz. A doutora Susanne Urban foi extremamente prestável, orientando-me nas extensas fontes relacionadas com as marchas de morte – só recentemente abertas aos investigadores – no Internacional Tracing Service em Bad Arolsen, onde gostaria também de exprimir os meus agradecimentos ao seu diretor, M. Jean-Luc Blondel. Em Duxford, beneficiei enormemente da assistência especializada do doutor Stephen Walton na consulta dos valiosos repositórios de documentos alemães. Comecei e terminei a investigação para este livro no incomparável Institut für Zeitgeschichte em Munique, onde tenho o privilégio de ser um convidado bem-vindo há muitos anos, e gostaria de exprimir os meus mais calorosos agradecimentos ao seu diretor, o professor Horst Möller, e aos seus colegas, especialmente aos elementos da biblioteca e dos arquivos, que, como sempre, lidaram com os meus muitos pedidos com cortesia e simpatia infatigáveis. O professor Otto Dov Kulpa (Jerusalém), um colega e amigo por quem tenho a mais alta estima e com quem tenho trocado uma longa e frutuosa correspondência ao longo de muitos anos, foi quem primeiro me chamou a atenção para os registos em Bad Arolsen. Para além disso, como sempre, sinto- me extremamente grato pelo seu interesse pelo meu trabalho e pelas suas valiosas sugestões. Laurence Rees, um bom amigo e brilhante produtor de documentários televisivos, teve a gentileza de me disponibilizar transcrições relevantes de entrevistas, guardadas nos arquivos da BBC em Londres, de uma das séries em que colaborámos, deu-me excelentes conselhos e, como sempre, foi uma companhia estimulante, prestável e extremamente encorajadora. Muitos outros amigos e colegas também me ajudaram, por vezes, talvez, sem saberem quanto. Entre eles, devo um agradecimento ao professor Daniel Blatman (Jerusalém), por responder a uma série de perguntas sobre as marchas de morte e por gentilmente me enviar material relacionado com o assunto. O doutor Andreas Kunz, do Bundesarchiv/Militärarchiv em Friburgo, na minha primeira visita relacionada com este projeto à sua instituição, deu-me algumas pistas valiosas sobre documentos relevantes nos arquivos. O doutor Heinrich Schwendemann da Universidade de Friburgo demonstrou grande generosidade, não se poupando a esforços para me enviar documentos relacionados com a ocupação francesa do Sudoeste da Alemanha em 1945 e outro material relevante a que eu não tinha fácil acesso. Entre outros colegas que também me forneceram documentos, comunicações ou outros materiais, deram resposta às minhas perguntas ou me levaram a pensar mais claramente sobre o que eu estava a tentar fazer incluem-se o professor John Breuilly, o doutor Michael Buddrus, George Burton, a doutora Simone Erpel, o doutor Wolfgang Holl, o doutor Holger Impekoven, o professor Tim Kirk, o doutor Michael Kloft, o doutor Alexander Korb, Michael D. Miller, o professor Bob Moore (que não se poupou a esforços para me enviar uma série de documentos sobre uma questão específica relacionada com os Países Baixos, a sua principal área de especialização), o professor Jonathan Steinberg, o doutor Klaus Wiegrefe e o doutor Benjamin Ziemann. Regozijo-me com esta oportunidade para apresentar os meus agradecimentos calorosos a todos e para pedir desculpa a quem tenha sido inadvertidamente omitido. Quando estava ainda na fase exploratória deste projeto, beneficiei enormemente, como sempre, com os debates prolongados com amigos alemães de longa data, o professor Hans Mommsen (Feldafing), o professor Norbert Frei (Jena), o doutor Hermann Graml e o doutor Elke Fröhlich (Munique), que muito me ajudaram a dar forma às minhas ideias. Estou extremamente grato a cada um deles. A dois estudiosos e amigos quero agradecer especialmente. O doutor Jürgen Förster, um esplêndido historiador e especialista notável sobre a Wehrmacht no Bundesarchiv/Militärarchiv em Friburgo, respondeu a numerosas questões, alertou-me para importantes registos e, especialmente, leu e comentou o texto completo. O doutor Nick Stargardt, do Magdalen College, Oxford, que está atualmente a trabalhar no que será um importante estudo da sociedade alemã durante a guerra, partilhou as suas opiniões penetrantes ao longo de todo o meu trabalho. Dispensou também o seu tempo e a sua atenção à leitura do texto completo e fez numerosas e valiosas sugestões. Estou profundamente agradecido a ambos. Evidentemente, tem de acrescentar-se, como sempre, que a responsabilidade por quaisquer erros que subsistam é inteiramente minha. Uma dívida importante de gratidão pelas suas valiosas sugestões sobre o texto é também devida aos esplêndidos editores da Penguin – Simon Winder em Londres e Laura Stickney em Nova Iorque – e o meu agente Andrew Wylie prestou-me, como anteriormente, um apoio maravilhoso. Gostaria também de agradecer a todos os que na Penguin ajudaram a produzir este livro, Elizabeth Stratford pelo seu excelente trabalho de revisão e Cecilia Mackay pela investigação das fotografias. Finalmente, há as dívidas pessoais de gratidão. Traude e Uli Spät foram, como em muitas outras ocasiões, extraordinariamente generosos na sua hospitalidade durante as minhas estadas em Munique, e têm demonstrado um vivo interesse pelo meu trabalho ao longo de muitos anos. Durante todo este projeto, Beverley Eaton, a minha secretária de longa data, continuou a proporcionar-me um excelente apoio, mesmo agora que deixei a Universidade de Sheffield, e sinto-me particularmente grato a ela por ter empreendido com tanta eficiência a tarefa laboriosa de compilar a lista de obras citadas. Por último, a minha família continua a ser o alicerce sobre o qual tudo se constrói. Os meus agradecimentos e o meu amor para Betty, para David, Katie, Joe e Ella, e para Stephen, Becky, Sophie, Olivia e agora também Henry – o mais recente e maravilhoso acrescento à família. Ian Kershaw Manchester, novembro de 2010 PREFÁCIO Quando no início de 1945 se avizinhava uma derrota desastrosa, ouvia-se dizer aos alemães que preferiam «um fim com horror a um horror sem fim». Um fim com horror com formas e dimensões sem precedentes na história foi, sem dúvida, o que tiveram. O fim provocou destruição e perdas de vidas humanas a uma escala imensa. Muito poderia ter sido evitado se a Alemanha estivesse disposta a aceitar as condições dos Aliados. Por isso, a recusa de considerar a hipótese de capitulação antes de maio de 1945 foi, para o Reich e para o regime nazi, não só destrutiva mas também autodestrutiva. Um país que é derrotado numa guerra procura quase sempre, a certa altura, chegar a um acordo. A autodestruição decorrente de continuar a combater até ao fim, até à devastação quase total e à completa ocupação inimiga, é extremamente rara. No entanto, foi o que os alemães fizeram em 1945. Porquê? É tentador dar uma resposta simples: porque o seu líder, Hitler, recusou persistentemente considerar qualquer hipótese de rendição, a única opção foi continuar a lutar. Mas esta resposta levanta outras questões. Porque continuaram a ser obedecidas as ordens autodestrutivas de Hitler? Que mecanismos de poder lhe permitiram determinar o destino da Alemanha quando era óbvio para todos os que tinham olhos para ver que a guerra estava perdida e que o país estava a ser totalmente arrasado? Até que ponto estiveram os alemães dispostos a apoiar Hitler até ao fim, mesmo sabendo que estava a conduzir o país para a destruição? Estavam ainda a dar-lhe, de facto, apoio voluntariamente? Ou estavam a ser compelidos pelo terror? Como e porquê as forças armadas continuaram a combater e a máquina governamental continuou a funcionar até ao fim? Que alternativas tinham os alemães, civis e militares, na última fase da guerra? Estas e outras questões não tardam a colocar-se a partir do que inicialmente parece ser uma pergunta direta que requer uma resposta simples. Mas são questões que só podem ser abordadas se examinarmos as estruturas de poder e as mentalidades vigentes quando a catástrofe se abateu inexoravelmente sobre a Alemanha em 1944-1945. É o que este livro procura fazer. Pensei escrever este livro porque, para minha surpresa, não conseguia lembrar-me de nenhuma obra que tivesse procurado fazer o que tinha em mente. Existem bibliotecas inteiras de livros sobre o fim da guerra, com diferentes pontos de vista e com qualidade muito variável. Existem importantes estudos sobre os principais líderes nazis e, cada vez mais, sobre os chefes regionais, os Gauleiter1. Há também biografias de muitas das principais personalidades militares2. Existem milhares de relatos dos acontecimentos das últimas semanas de clímax do Terceiro Reich, tanto na frente de batalha como em praticamente todas as cidades e vilas da Alemanha. Muitos estudos locais fornecem descrições realistas – frequentemente horríveis – do destino de centros urbanos específicos, à medida que o avanço imparável das forças militares aliada e soviética os ia envolvendo3. Não faltam relatos pessoais das vivências na frente de batalha ou em cidades arrasadas pelos bombardeamentos dos Aliados, ou das provações decorrentes de ter de fugir e de ficar sem casa. São também comuns as histórias militares pormenorizadas, frequentemente localizadas, ou os relatos de unidades específicas da Wehrmacht ou de grandes batalhas, e a batalha de Berlim, em particular, tem sido objeto de numerosos estudos4. O sexto volume da história oficial da guerra da República Democrática Alemã, produzido na década de 1980, apesar da sua tendência ideológica óbvia, constitui uma valiosa tentativa de produzir uma história militar exaustiva, não confinada aos acontecimentos na frente de batalha5. E, mais recentemente, os últimos volumes da notável série da história militar da República Federal da Alemanha facultam excelentes estudos pormenorizados da Wehrmacht, que ultrapassam, por vezes, a mera história operacional6. Mesmo assim, estas e outras excelentes obras sobre história militar7 apenas afloram alguns aspetos – embora importantes – do que eu considerava necessário para responder às questões que pretendia tratar. A minha intenção inicial era abordar o problema explorando as estruturas de poder na Alemanha nazi na última fase. Parecia-me que as principais histórias estruturais do Terceiro Reich davam pouca atenção aos acontecimentos a partir do final de 1944, abordando muito superficialmente os últimos meses do regime8. Esta crítica aplica-se também aos estudos sobre o Partido Nazi e às suas organizações filiadas9. Rapidamente se tornou claro para mim, no entanto, que uma mera análise estrutural não seria suficiente e que o meu estudo teria de ser também alargado às mentalidades – a diferentes níveis – que sustentavam o funcionamento continuado do regime. Não foi ainda empreendido um estudo exaustivo das mentalidades alemãs nos últimos meses da guerra10. Por isso, a sua reconstituição tem de ser feita a partir de fragmentos. Tentei tomar em consideração as mentalidades dos governantes e dos governados, dos líderes nazis e das camadas inferiores da população civil, dos generais e dos soldados e tanto na frente oriental como na ocidental. É uma tela enorme e vejo-me obrigado a pintá-la a traços largos. Evidentemente, só me é possível apresentar exemplos seletivos para ilustrar o espectro das atitudes que se verificavam. Um dos maiores problemas para fazer generalizações sobre as mentalidades é o regime nazi, durante os últimos meses e com um ritmo muito acelerado nas últimas semanas, estar não só a fragmentar-se mas também a contrair-se. A Alemanha era um país grande e, embora afetassem, obviamente, todas as regiões, as pressões extremas da guerra não se fizeram sentir ao mesmo tempo ou exatamente da mesma maneira. As vivências da população civil nas diferentes partes do país e as dos soldados em diferentes teatros de guerra variavam naturalmente. Procurei refletir as diferentes mentalidades em vez de recorrer a generalizações superficiais. Este livro está relacionado principalmente com o que poderíamos chamar a maioria da população alemã. Contudo, houve outras pessoas não redutíveis a generalizações fáceis, com vivências bastante distintas das da maioria dos alemães, porque não partilhavam e não podiam partilhar a crença dominante na sociedade alemã. O destino dos grupos párias, horrivelmente perseguidos pelos nazis, constitui mais uma parte importante da história do funcionamento continuado do regime nazi entre o colapso inexorável e a tragédia iminente. Por mais extremamente indesejável que fosse a situação para a maioria dos alemães, para os inimigos raciais e políticos do regime, cada vez mais expostos a retaliações brutais à medida que ia implodindo, os últimos meses bárbaros foram um período de horror quase inimaginável. Mesmo quando estava periclitante e a soçobrar em todos os outros aspetos, o regime nazi continuou a implementar o terror, a morte e a destruição até ao fim. A história dos últimos meses do regime nazi é uma história de desintegração. Ao tentar abordar as questões que me coloquei, o principal problema de método com que me deparei foi o problema desencorajador de tentar combinar as variadas facetas da queda do Terceiro Reich numa só história. Equivalia a tentar escrever uma história integrada da desintegração. A única forma convincente de tentar fazê-lo, na minha opinião, era através de uma abordagem narrativa – embora tematicamente estruturada em cada capítulo – que abrangesse os últimos meses do regime. Um ponto lógico para o início seria junho de 1944, quando, no Ocidente, a Alemanha se confrontava militarmente com a consolidação dos desembarques bem-sucedidos dos Aliados na Normandia e, no Leste, com a incursão devastadora do Exército Vermelho. Optei, no entanto, por começar pelos acontecimentos que se seguiram à tentativa de assassínio de Hitler em julho de 1944, porque este momento marcou uma cesura interna significativa para o regime nazi. A partir daí, examinarei em capítulos sucessivos as reações alemãs ao colapso da Wehrmacht no Ocidente, em setembro, a primeira incursão do Exército Vermelho em solo alemão no mês seguinte, as esperanças suscitadas e logo destruídas pela ofensiva das Ardenas em dezembro, a catástrofe nas províncias orientais quando se renderam aos Soviéticos em janeiro, a escalada acentuada do terror no país em fevereiro, o desmoronamento do regime em março, as últimas tentativas desesperadas em abril para resistir – acompanhadas por uma violência descontrolada contra cidadãos alemães e, especialmente, contra os alegados inimigos do regime – e os esforços que o regime de Dönitz envidou, ainda no início de maio, para continuar a lutar até as tropas colocadas no Leste poderem ser deslocadas para Ocidente. O livro termina com a capitulação alemã em 8 de maio de 1945 e a subsequente detenção de membros do governo de Dönitz. Senti que só através de uma abordagem narrativa poderia ser captada a dinâmica e o drama da fase moribunda do regime quando inexoravelmente se desmoronou na sequência da derrota militar iminente. Só também desta forma, pensei, seria possível testemunhar as tentativas cada vez mais desesperadas, embora parcialmente eficazes durante meses, de adiar o inevitável, a improvisação e o recurso às últimas migalhas que permitiram que o sistema continuasse a funcionar, a escalada da brutalidade, que no fim se descontrolou totalmente, e o impulso autodestrutivo e implosivo das ações nazis. Alguns elementos importantes da história reaparecem necessariamente em mais do que um capítulo. O bombardeamento de cidades, a deserção de soldados, as marchas de morte de prisioneiros de campos de concentração, a evacuação de populações civis, o agravamento do desânimo, a escalada da repressão interna, os truques de propaganda cada vez mais desesperados não estão, por exemplo, confinados a um só episódio. Mas a estrutura narrativa é importante para demonstrar como a devastação e o horror, embora presentes ao longo de todo o período, se intensificaram com o tempo. Por isso, tentei prestar muita atenção à cronologia e pintar o quadro recorrendo essencialmente a fontes de arquivos,

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Quando no início de 1945 se avizinhava uma derrota desastrosa, ouvia-se dizer aos alemães que preferiam «um fim com horror a um horror sem fim». Um fim com horror com formas e dimensões sem precedentes na história foi sem dúvida o que tiveram. O fim provocou destruição e perdas de vidas hum
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