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Assim se pariu o Brasil - Três séculos de invasões, rebeliões e outras calamidades do período colonial ao nascimento do Brasil PDF

258 Pages·2016·10.77 MB·Portuguese
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Copyright © 2016 por Pedro Almeida Vieira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito dos editores. preparo de originais: Bruno Anselmi Matangrano revisão: Ana Grillo e Hermínia Totti ilustrações: Enio Squeff diagramação, design e ilustração da capa: Saída de Emergência adaptação para ebook: Marcelo Morais CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ V716a Vieira, Pedro Almeida, 1969-Assim se pariu o Brasil [recurso eletrônico] / Pedro Almeida Vieira; com ilustrações de Enio Squeff. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Sextante, 2016. recurso digital Formato: ePub Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia ISBN 978-85-431-0341-9 (recurso eletrônico) 1. Brasil - História - Período colonial, 1500-1822. 2. Livros eletrônicos. I. Squeff, Enio. II. Título. CDD: 981 CDU: 94(81) 16- 29593 Todos os direitos reservados, no Brasil, por GMT Editores Ltda. Rua Voluntários da Pátria, 45 – Gr. 1.404 – Botafogo 22270-000 – Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 2538-4100 – Fax: (21) 2286-9244 E-mail: [email protected] www.sextante.com.br PREFÁCIO UMAS POUCAS (E BOAS) IMPRESSÕES DO PRIMEIRO LEITOR BRASILEIRO DESTA HISTÓRIA PORTUGUESA, COM CERTEZA J ornalista e escritor português conhecido como autor de romances históricos, entre os quais se destacam O profeta do castigo divino e A mão esquerda de Deus, Pedro Almeida Vieira (Coimbra, 1969) envereda aqui numa incursão transatlântica: da descoberta, ou achamento, do Brasil, até a sua independência, em 1822. Como Assim se pariu o Brasil é um título que aos ouvidos brasileiros pode soar trocista, digamos logo tratar-se de um projeto a ser levado a sério, tanto pelo seu esforço de reportagem para abarcar as aventuras e desventuras lusitanas nestes trópicos — movidas por bravura, ambições desmedidas, cobiça, atrocidades —, quanto pelo distanciamento crítico que o isenta da exaltação, tão ao gosto dos comendadores, ao mundo que o português criou em selvas e águas de sonho, som e fúria. Sem esquecermos o engendramento do vai e vem dos episódios que se entrecruzam em períodos os mais variados, com organicidade e fluidez, assim como a sagacidade do texto, os toques de ironia… Ou seja, não lhe faltam sal e pimenta para a sua degustação neste lado do Atlântico. Sim, o que temos aqui é um painel da conquista e dominação de um vasto território ignoto, na quarta parte do mundo, por um pequeno país europeu, em desigualdade populacional para ocupá-lo, mas aliando determinação, ousadia e vantagem bélica: canhões, espingardas e espadas contra arcos, flechas e tacapes. E que ainda assim teve de suportar muitos combates dos nativos até impor a sua força, vindo a exterminá-los inapelavelmente, como aconteceu com os tupinambás do Rio de Janeiro e todas as tribos aglutinadas na Confederação dos Tamoios, na batalha que levou à conquista definitiva da cidade pelo general Mem de Sá, em 1567. Pedro Almeida Vieira embrenha-se nos cipoais do tempo — os alfarrábios da História, melhor dizendo — para nos dar uma visão paradidática dos acontecimentos. O que quer dizer que este seu livro pode até vir a servir de reforço escolar, pelo encadeamento sequenciado dos fatos e clareza de linguagem — afinal, ele tem no jornalismo a sua marca de origem. E isto, sem dúvida, confere à sua narrativa uma alta legibilidade, sem entraves sintáticos ou dialetais, o que em muito facilitará o seu acesso aos leitores brasileiros, que assim poderão ter, sem pestanejar, uma noção do conjunto da obra dos portugueses no Brasil-Colônia. Em pauta, conflitos, insurreições, selvagerias, despotismos, perversões e revoltas, envolvendo índios, escravos, jesuítas, bandeirantes, franceses, holandeses, nacionalistas. Da ganância, alvoroço, homicídios e contrabandos na região aurífera das Minas Gerais ele extrai uma pepita literária, atribuída a um certo conde de Assumar, que, em tom dramático e desperançado, escreveu: […] a terra parece que evapora tumultos; a água exala motins; o ouro toca desaforos; destilam liberdades os ares; vomitam insolências as nuvens; influem desordens os astros; o clima é tumba da paz e berço da rebelião; a natureza anda inquieta consigo e amotinada por dentro. É como no Inferno. Condensar em um único tomo uma história que, a bem dizer, começa pela célebre carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rey D. Manuel I, o Venturoso, e avança por quatro séculos, não deixa de ser uma proeza. Certamente Pedro Almeida Vieira teve de fazer escolhas, ao optar pelas versões que lhe pareceram mais plausíveis. E muitas delas sujeitas a questionamentos, na contemporaneidade. Como, por exemplo, a do acaso que teria levado ao descobrimento do Brasil, em decorrência do desvio de rota de Pedro Álvares Cabral, incumbido pela Coroa portuguesa de seguir para as Índias, em busca de precioso carregamento de especiarias. Sabe-se hoje que um integrante da frota de Cabral, o navegador e cosmógrafo Duarte Pacheco Pereira, já havia realizado uma expedição ao litoral que vai do Maranhão ao Pará, em 1498, com o objetivo de verificar a existência de terras na parte portuguesa do Tratado de Tordesilhas (sobre o qual Pedro Almeida Vieira conta tudo). Confusões, equívocos e lendas são hoje contabilizados ao segredo de Estado que Portugal impôs às viagens ao Brasil nos príncipios dos anos de 1500, para não atiçar seus maiores concorrentes nos mares, os espanhóis. Embarcar neles de vez em quando é correr atrás de pontos que precisam ser acrescentados aos contos já contados. E assim vão os pesquisadores, de tempos em tempos, proas contra a corrente, a erguer o emblema de George Orwell: “Aquele que tem o controle do passado, tem o do futuro.” Antônio Torres CANIBALISMO COLONIZAÇÃO CONFLITOS ÉTNICOS ÍNDIOS 1 O DONATÁRIO QUIS CAÇAR E FOI CAÇADO A maior incógnita para quem se aventurava pelos mares durante a chamada Época dos Descobrimentos era saber se, durante ou depois de uma tempestade, continuaria vivo. Ser pego por tormentas era quase inevitável; chegar à terra, seco ou molhado, muito incerto. Mais ainda, no local exato. Por vezes, não era o previsto. Restava depois saber se a chegada à praia seria na horizontal, aos trancos e barrancos, levado pelas ondas, ou na vertical, saltando de um bote. E ainda, se se sobreviveria terra adentro. Para tudo isso, era necessário destreza, mas também muita sorte. E imensa sorte, durante as tempestades e depois delas, teve Pedro Álvares Cabral após levantar âncora da praia de Belém, em Lisboa, nos primeiros dias de março de 1500. Capitaneando uma armada com cerca de 1.500 marujos, além de oficiais da marinha, devia ele aportar em Sofala para visitar, em seguida, diversos soberanos da costa das Índias. O rei D. Manuel I pretendia fortalecer laços diplomáticos com os povos daquelas terras e ali criar feitorias comerciais. Era aventura marítima ousada, embora não fosse inédita. Em todo o caso, mereceu esta viagem a devida pompa à saída de Lisboa, com bênção e missa celebrada pelo bispo de Ceuta. Na ocasião, o rei português ofertou à cabeça de Cabral um chapéu bento enviado propositadamente de Roma pelo poderoso Rodrigo Bórgia, feito papa Alexandre VI. Os primeiros treze dias da travessia não foram ruins, exceto para uma nau que se perdeu antes das ilhas de Cabo Verde. Cabral decidiu aguardar dois dias, mas, depois, já sem esperança de encontrar aquela embarcação, seguiu viagem. Para evitar as calmarias no litoral africano, o experiente navegador se aventurou mar adentro, na direção contrária ao vento. E logo também foi apanhado por uma famigerada tempestade. Tentando fugir dessa borrasca, rumou mais para o oeste. E se afastou tanto da África que, no dia 22 de abril, para sua grande admiração, avistou terra onde não supunha existir. Pensou ter dado a volta ao mundo; ser ali o lado oposto das Índias. Não era: estavam diante do denominado Monte Pascoal, no atual estado brasileiro da Bahia. Um feliz engano. Cabral mandou então uma embarcação com Nicolau Coelho — um dos seus mais experientes capitães, que participara da célebre primeira viagem de Vasco da Gama às Índias — e alguns outros homens até terra firme. À medida que se aproximavam da praia, vislumbraram um grupo de indígenas. Segundo Pero Vaz de Caminha, o célebre cronista que acompanhou Pedro Álvares Cabral nessa expedição, “eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas flechas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal para que pousassem os arcos. E eles os pousaram”. Não chegou a haver contato direto, naquela ocasião. O mar turbulento não permitiu o desembarque, mas os portugueses tiveram oportunidade de trocar presentes: deixaram um barrete vermelho, um gorro de linho e um chapéu preto de abas largas, recebendo um chapéu de penas compridas, coroado por penas vermelhas e acinzentadas e enfeitado com continhas brancas. Diante de uma ventania, Cabral decidiu partir em busca de refúgio e descobriu, um pouco ao norte, uma enseada tranquila, que logo batizou, com lógica cristalina, de Porto Seguro. Lá alcançaram dois nativos numa jangada e os levaram para a nau do comandante português. Os relatos de Pero Vaz de Caminha sobre este primeiro encontro entre dois mundos mostram um ambiente um tanto quanto surreal, mas perfeitamente pacífico. Comunicando-se por gestos, os portugueses ofereceram aos dois índios diversos tipos de comida — pão, peixe, doces, pastéis, mel, figos secos —, que eles não apreciaram. Cuspiram o vinho e lavaram a boca com água, que também cuspiram em seguida. Mostraram demasiado interesse pelas contas brancas dos rosários e pelo colar de ouro de Pedro Álvares Cabral. Acabaram tirando um cochilo na nau.

Description:
Três séculos de invasões, rebeliões e outras calamidades do período colonial ao nascimento do Brasil. Há mais de 500 anos houve um pequeno povo, oriundo de um minúsculo pedaço da Europa, que descobriu, diz-se por engano, um pedaço da costa sul-americana. E depois mandou para lá mais naus.
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