AS PAIXÕES DA ALMA René Descartes título original | LES PASSIONS DE L’ÂME autor | RENÉ DESCARTES tradução | NEWTON DE MACEDO capa | KTTK EDITORA imagem da capa | NIKOLAI YAROSHENKO: MONTE EL’BRUS (1894) paginação | KTTK EDITORA copyright | 2018 © KTTK EDITORA PARA A PRESENTE TRADUÇÃO isbn | 9789897786785 ESTA EDIÇÃO RESPEITA O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA Índice PARTE 1 — DAS PAIXÕES EM GERAL E OCASIONALMENTE DE TODA A NATUREZA DO HOMEM PARTE 2 — DO NÚMERO E DA ORDEM DAS PAIXÕES E A EXPLICAÇÃO DAS SEIS PRIMITIVAS PARTE 3 — DAS PAIXÕES PARTICULARES Parte 1 — Das Paixões em Geral e Ocasionalmente de Toda a Natureza do Homem ARTIGO 1 — O QUE É A PAIXÃO EM RELAÇÃO A UM SUJEITO É SEMPRE AÇÃO SOB QUALQUER OUTRO ASPETO ARTIGO 2 — QUE PARA CONHECER AS PAIXÕES DA ALMA É NECESSÁRIO DISTINGUIR AS SUAS FUNÇÕES DAS DO CORPO ARTIGO 3 — QUE REGRA SE DEVE SEGUIR PARA ESSE EFEITO ARTIGO 4 — QUE O CALOR E O MOVIMENTO DOS MEMBROS PROCEDEM DO CORPO; OS PENSAMENTOS, DA ALMA ARTIGO 5 — QUE É UM ERRO JULGAR QUE A ALMA DÁ O MOVIMENTO E O CALOR AO CORPO ARTIGO 6 — QUE DIFERENÇA HÁ ENTRE UM CORPO VIVO E UM CORPO MORTO ARTIGO 7 — BREVE EXPLICAÇÃO DAS PARTES DO CORPO E DE ALGUMAS DAS SUAS FUNÇÕES ARTIGO 8 — QUAL É O PRINCÍPIO DE TODAS ESSAS FUNÇÕES ARTIGO 9 — COMO SE FAZ O MOVIMENTO DO CORAÇÃO ARTIGO 10 — COMO SE PRODUZEM NO CÉREBRO OS ESPÍRITOS ANIMAIS ARTIGO 11 — COMO SE EFETUAM OS MOVIMENTOS DOS MÚSCULOS ARTIGO 12 — COMO ATUAM OS OBJETOS EXTERNOS SOBRE OS ÓRGÃOS DOS SENTIDOS ARTIGO 13 — QUE ESTA AÇÃO DOS OBJETOS EXTERIORES PODE CONDUZIR DE DIFERENTES MANEIRAS OS ESPÍRITOS AOS MÚSCULOS ARTIGO 14 — QUE A DIVERSIDADE DOS ESPÍRITOS PODE TAMBÉM FAZER VARIAR O SEU CURSO ARTIGO 15 — QUAIS AS CAUSAS DA SUA DIVERSIDADE ARTIGO 16 — COMO PODEM TODOS OS MEMBROS SER MOVIDOS POR OBJETOS DOS SENTIDOS E PELOS ESPÍRITOS, SEM O AUXÍLIO DA ALMA ARTIGO 17 — QUAIS SÃO AS FUNÇÕES DA ALMA ARTIGO 18 — DA VONTADE ARTIGO 19 — DA PERCEÇÃO ARTIGO 20 — DOS PRODUTOS DA IMAGINAÇÃO E OUTROS PENSAMENTOS FORMADOS PELA ALMA ARTIGO 21 — DOS PRODUTOS DA IMAGINAÇÃO QUE SÓ TÊM POR CAUSA O CORPO ARTIGO 22 — DA DIFERENÇA QUE EXISTE ENTRE AS OUTRAS PERCEÇÕES ARTIGO 23 — DAS PERCEÇÕES QUE ATRIBUÍMOS AOS OBJETOS EXTERIORES ARTIGO 24 — DAS PERCEÇÕES QUE RELACIONAMOS COM O CORPO ARTIGO 25 — DAS PERCEÇÕES QUE ATRIBUÍMOS À ALMA ARTIGO 26 — QUE AS FANTASIAS QUE DEPENDEM APENAS DO MOVIMENTO FORTUITO DOS ESPÍRITOS PODEM SER PAIXÕES TÃO VERDADEIRAS COMO AS PERCEÇÕES QUE DEPENDEM DOS NERVOS ARTIGO 27 — A DEFINIÇÃO DAS PAIXÕES DA ALMA ARTIGO 28 — EXPLICAÇÃO DA PRIMEIRA PARTE DESTA DEFINIÇÃO ARTIGO 29 — EXPLICAÇÃO DA SUA OUTRA PARTE ARTIGO 30 — QUE A ALMA ESTÁ CONJUNTAMENTE UNIDA A TODAS AS PARTES DO CORPO ARTIGO 31 — QUE HÁ UMA PEQUENA GLÂNDULA NO CÉREBRO NA QUAL A ALMA EXERCE AS SUAS FUNÇÕES MAIS PARTICULARMENTE DO QUE NAS OUTRAS PARTES ARTIGO 32 — COMO SE CONHECE QUE ESSA GLÂNDULA É O PRINCIPAL CENTRO DA ALMA ARTIGO 33 — QUE O CENTRO DAS PAIXÕES NÃO É O CORAÇÃO ARTIGO 34 — COMO ATUAM UM CONTRA O OUTRO A ALMA E O CORPO ARTIGO 35 — EXEMPLO DA MANEIRA COMO AS IMPRESSÕES DOS OBJETOS SE UNEM NA GLÂNDULA QUE EXISTE NO MEIO DO CÉREBRO ARTIGO 36 — EXEMPLO DA MANEIRA COMO AS PAIXÕES SÃO EXCITADAS NA ALMA ARTIGO 37 — COMO PARECE SEREM TODAS CAUSADAS POR QUALQUER MOVIMENTO DOS ESPÍRITOS ARTIGO 38 — EXEMPLO DOS MOVIMENTOS DO CORPO QUE ACOMPANHAM AS PAIXÕES E QUE NÃO DEPENDEM DA ALMA ARTIGO 39 — COMO UMA MESMA CAUSA PODE PROVOCAR PAIXÕES DIFERENTES EM DIVERSOS HOMENS ARTIGO 40 — QUAL É O PRINCIPAL EFEITO DAS PAIXÕES ARTIGO 41 — QUAL É O PODER DA ALMA EM RELAÇÃO AO CORPO ARTIGO 42 — COMO SE ENCONTRAM NA MEMÓRIA AS COISAS DE QUE NOS QUEREMOS LEMBRAR ARTIGO 43 — COMO PODE A ALMA IMAGINAR ESTAR ATENTA E MOVER O CORPO ARTIGO 44 — QUE CADA VOLIÇÃO ESTÁ NATURALMENTE UNIDA A UM MOVIMENTO DA GLÂNDULA; MAS QUE, POR HABILIDADE OU HÁBITO, SE PODE UNI-LA A OUTROS ARTIGO 45 — QUAL É O PODER DA ALMA EM RELAÇÃO ÀS SUAS PAIXÕES ARTIGO 46 — POR QUE MOTIVO NÃO PODE A ALMA DISPOR COMPLETAMENTE DAS SUAS PAIXÕES ARTIGO 47 — EM QUE CONSISTEM OS PRETENSOS COMBATES ENTRE A PARTE INFERIOR E A SUPERIOR DA ALMA ARTIGO 48 — COMO SE CONHECE A FORÇA OU A FRAQUEJA DAS ALMAS E QUAL É O MAL DAS MAIS FRACAS ARTIGO 49 — QUE A FORÇA DA ALMA NÃO BASTA SEM O CONHECIMENTO DA VERDADE ARTIGO 50 — QUE NÃO HÁ ALMA TÃO FRACA QUE, SENDO BEM CONDUZIDA, NÃO POSSA ADQUIRIR UM PODER ABSOLUTO SOBRE AS SUAS PAIXÕES Artigo 1 — O que é a paixão em relação a um sujeito é sempre ação sob qualquer outro aspeto É no que escreveram sobre as paixões que melhor se vê como era defeituosa a ciência dos Antigos. Porque, embora seja um assunto cujo conhecimento foi sempre muito procurado; e que não é dos mais difíceis, pois cada qual, sentindo- as em si, não precisa de recorrer às observações dos outros para lhes descobrir a natureza — todavia o que os Antigos delas ensinaram é tão pouca coisa, e na maior parte dos casos tão pouco aceitável, que não posso ter qualquer esperança de me aproximar da verdade senão desviando-me do caminho que eles trilharam. Ver-me-ei, pois, obrigado a escrever aqui como se tratasse de um assunto nunca abordado antes de mim. E, para começar, considero que tudo o que se faz ou acontece de novo é geralmente chamado pelos filósofos uma paixão em relação ao sujeito a quem acontece, e uma ação em relação a quem o provoca. De maneira que, embora o agente e o paciente sejam muitas vezes diferentes, a ação e a paixão não deixam nunca de ser sempre uma mesma coisa com dois nomes, em virtude dos dois sujeitos diferentes com quem a podemos relacionar. Artigo 2 — Que para conhecer as paixões da alma é necessário distinguir as suas funções das do corpo Além disso, considero também que nada há que atue mais imediatamente sobre a nossa alma do que o corpo a que está junta, e que, por conseguinte, devemos pensar que aquilo que nela é uma paixão é quase sempre nele uma ação: de sorte que o melhor caminho para chegar ao conhecimento das nossas paixões é examinar a diferença que existe entre a alma e o corpo, a fim de conhecer a qual deles se deve atribuir cada uma das funções que em nós existem. Artigo 3 — Que regra se deve seguir para esse efeito E não haverá nisso grande dificuldade, se se notar que deve ser atribuído exclusivamente ao nosso corpo tudo o que, existindo em nós, pode também existir nos corpos completamente inanimados; e que, ao contrário, tudo o que em nós existe e não pode de modo algum ser concebido como pertencendo a um corpo deve ser atribuído à nossa alma.
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