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As Melhores Histórias da Arte. Inveja, Ódio e Amor PDF

91 Pages·2016·0.55 MB·Portuguese
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INTRODUÇÃO 1. ARTE DA INVEJA A inveja mata (o invejoso) "A alegria com o mal do outro homem" Homem de Deus Também Inveja "Eu te invejo" 2. A ARTE DO ÓDIO: PINTURA E LITERATURA Arte, imaginação fiel - a guerra segundo Goya Ódio contra judeus - Dois mil anos de perseguição Ódio contra palestinos – o terrorismo de Estado Ódio contra alemães – o genocídio alemão Ódio contra islâmicos - em nome de Jesus Ódio contra negros – diáspora africana, origem do Brasil Ódio contra negros – Moçambique - o apartheid português Ódio contra armênios - a herança do ódio tem fim A guerra de Picasso - cubismo neoclássico e psicológico 3. A ARTE DO ÓDIO - PINTURA E ESCULTURA A vida no Inferno segundo Bouguereau "Ugolino e Seus Filhos" de J.B. Carpeaux “Ugolino” de Rodin 4. A ARTE DO AMOR – POESIA E PINTURA O arrebatamento da alma Amores estranhos O arrebatamento do corpo A paixão A separação, segundo Belmiro de Almeida A separação, segundo Frida Kahlo CONCLUSÃO O AUTOR BIBLIOGRAFIA Ricaldes, João (1962 - ) As Melhores Histórias da Arte: inveja, ódio e amor. Mogi Mirim, Edição do Autor, 2016, 73 páginas. ISBN: 978-85-919252-0-9 Para Laura, Pedro e Júlia. PRÓLOGO Para embarcar neste roteiro sentimental, você precisa apenas da bagagem de mão, sem precauções, nem compromissos. Basta ter em mente suas próprias vivências no amor, no ódio e na inveja e compará-las com aquelas que pintores, escultores e escritores nos deixaram plasmadas em óleo, bronze, desenhos, poemas e romances. Acompanhe a leitura de imagens e excertos e terá diante de si a revelação de um mundo de fantasias, paixões e perdas, além das dificuldades da vida em sociedade (inveja, sucesso, fracasso, orgulho, ira). São temas das obras primas, não invenções. São testemunhos dos mesmos problemas que vivenciamos, abordados através de uma espécie de leitura tridimensional. A dimensão histórica, a dimensão estética e a dimensão psicológica fundem-se para seu deleite e autorreflexão. É uma oportunidade para avaliarmos o mundo que temos construído até aqui. Assim, a obra que nós observamos também nos observa. João Ricaldes INTRODUÇÃO Você começa aqui uma jornada inusitada que se inicia pelo submundo dos sentimentos destrutivos da inveja e do ódio para então alcançar o amor, sempre tão elevado espiritualmente e ao mesmo tempo tão perigoso, já que obriga aquele que ama à tarefa de aceitar-se vulnerável. Sobre o poder autodestrutivo da inveja, o místico pintor holandês Hieronymus Bosch (1450 – 1516) deixa uma mensagem codificada em tela enigmática: o invejoso prejudica a si mesmo, pois abandona as próprias dádivas para desejar as dos outros, não enxerga o que tem e perde suas próprias oportunidades só para se ocupar da vida dos semelhantes. Um tema assim tão humano e prosaico comparece também no texto sagrado. Com uma acentuada dose de voyeurismo, o pintor maneirista Giovanni Battista Naldini (1537-1591) retrata um momento desconcertante na vida do herói David. Outrora tomado por coragens anônimas desprovidas de cautela e de ambição – diante do gigante Golias - o já aclamado rei perde a pose, perde também o sentido do dever e inveja seu general Urias, mas primeiro foi invejado pelo rei Saul, o governante que o precedeu no trono do povo escolhido por Deus. Ao final, David foi invejado pelo próprio filho Absalão, também atento ao mesmo trono. Bom mesmo é livrar-se da inveja alheia. Para isto a humanidade criou vários estratagemas, que vão desde os pequenos pênis de pedra com os quais a elite romana decorava suas casas, uma variante da figa (a genitália feminina) até a carranca africana e a medusa grega, como retratam os pintores barrocos Michelangelo Caravaggio (1571 – 1610) e Peter Paul Rubens (1577 – 1640). Haja seca-pimenteira! Mas a inveja é sempre dos outros, nunca a nossa mesma. Só que não, não é? A partir do simpático gato do pintor cearense Aldemir Martins (1922 – 1906) você descobrirá a inveja que nos habita a todos, na infância, na adolescência, na vida adulta e na velhice. Não pense que é a inveja saudável. Você também inveja sim. Para a jornada na seara do ódio, terreno inóspito semeado com os piores horrores da humanidade, recorremos a duas obras-primas da pintura espanhola: a série Desastres de la guerra de Francisco de Goya y Lucientes (1746 – 1828) – testemunho da invasão napoleônica - e Guernica de Pablo Picasso (1881 – 1973), testemunho da invasão nazista. Com a primeira, proveniente do romantismo, introduzimos alguns elementos universalmente encontrados nos históricos genocídios que marcaram a humanidade. Com a segunda, modelo cubista, abordamos o efeito transcendente que a violência cria sobre o observador. Entre os dois mestres espanhóis cuidaremos de seis casos de genocídios para então esmiuçar como o ódio opera não apenas em tempos de guerra, mas também em tempos de paz, no trabalho, na família e na escola. Prepare-se para o pior. Antecipadamente já pedimos desculpas se o show de horrores lhe parecer desnecessário. É preciso falar da dor e do ódio para superá-los e nesta tarefa os romances históricos terão muita valia. Sim, recorremos ao romance de ficção histórica para acentuar a gravidade da realidade, ao mesmo tempo em que apreciamos alguns destaques da literatura contemporânea mundial. Evitamos, assim, a fria letra das teses acadêmicas e o sensacionalismo dos documentários televisivos, apressados, parciais, entremeados de comerciais. O leitor poderá saborear ainda diferentes estilos literários e formas de associar imaginação e realidade. Mas ainda tem mais ódio, desta vez não aquele que aprendemos nos livros de história, mas aquele que experimentamos na própria carne. Será o momento de averiguar como o ódio opera no corpo e na alma daquele que o tem e o cultua, com a ajuda de uma tela de William Bouguereau (1825 - 1905). Os escultores Jean-Baptiste Carpeaux (1827 – 875) e Auguste Rodin (1840 – 1917), por sua vez, nos darão uma visão tridimensional de como o ódio transfigura o corpo e a alma daquele que sofre a ira de outrem. Ao deixar para trás os campos de guerra e adentrar nos bosques do amor, o leitor por certo terá a sensação de que está diante de outro livro, outro autor e outro assunto, como se por imprudência do revisor no uso da ferramenta copiar- colar, um elemento estranho fosse inserido em local inadequado e impertinente. O estranho aqui é ato deliberado, pois muito estranho mesmo é a constatação de que o mesmo ser que odeia e inveja, também ama e idolatra. Você vai se deparar, por exemplo, com um oficial nazista que leva a noiva em núpcias para assistir algumas execuções dentro do campo de concentração. Mas não precisa ir muito longe não. Basta você mesmo averiguar em pessoas muito próximas esta contradição ambulante, na família, numa briga de trânsito e até no facebook. Lembra até uma característica da mentalidade medieval, já apontada por especialistas, chamada “sensação da dupla espionagem”. Se faço algo de muito bom, foi obra de um anjo que me guiou. Se faço algo muito cruel, foi o ser lá do outro lado (do ombro). Sou apenas um campo de ação de entidades externas em luta pela minha alma. Feita esta reparação, vamos nos deliciar logo de uma vez no paraíso terrestre da paixão, do sexo e do amor. Picasso comparece novamente, dessa vez com a colorida tela cubista chamada “O Sonho”, na qual somos lançados de imediato nas sublimes instâncias do amor carnal. O mesmo corpo que abrigou a ira, agora entrega-se deliciosamente ao arrebatamento dos sentidos, melhor compreendido pela poesia de Chico Buarque, que nos ajuda ainda a ler a imagem picante de Picasso. Poetas lusitanos como Camões e Fernando Pessoa contribuem para nossa jornada de exploração do arrebatamento da alma, junto com a chilena Violeta Parra, ao passo que Pessoa retorna para tornar mais claro o que Freud explica sobre a paixão, aquela entrega a outro ser, outro no sentido de ser um que criamos em nossa mente, nem sempre igual ao que temos à nossa frente. Para finalizar vamos estragar a festa e pensar na separação, da qual afinal, ninguém está livre. A tela “Arrufos” (1877) do pintor mineiro Belmiro de Almeida (1858 - 1935) aponta para o medo de amar, medo de levar um fora, o que Frida Kahlo (1907 - 1954) converte em desforra na obra surrealista "Autorretrato con pelo corto" (1940) e Melanie Klein (1882-1960) transforma em lição de vida, principalmente para aqueles que não “desencarnam” da relação já há muito rompida. Espero sinceramente prolongar o amor e o prazer do leitor, mas para isto não se pode ter medo de encarar "a vida que é vivida", nem permanecer na "vida que é pensada", muito menos ter medo de "sentir o fogo que arde sem se ver", isto é, "medo de amar". Boa leitura! 1. Arte da inveja A inveja mata (o invejoso) A inveja, esta nossa velha conhecida de cada dia, também serviu de tema aos pintores e escultores de períodos e contextos culturais diversos, como Caravaggio e Rubens. "A alegria com o mal do outro homem" A inveja, ao contrário dos demais pecados capitais, não tem objeto definido, nem outro objetivo que não seja destruir todas as virtudes alheias. Homem de Deus também inveja O rei Saul invejava seu general Davi, por suas vitórias em todas as batalhas. Davi se tornou rei, mas invejou seu general Urias, tomando-lhe a linda esposa. Depois mandou seus soldados abandoná-lo aos inimigos. David sofreu o castigo de Deus. Foi traído por Absalão, seu filho preferido que, por inveja, queria lhe tomar o trono. "Eu te invejo" Se você já chegou a proferir esta frase, isto é, se já confessou para si e para os outros a inveja que nutre em seu coração, tranquilize-se, você é normal. Mas acredite, a inveja, como manifestação negativa, está presente universalmente na infância, na adolescência, na velhice. A inveja mata (o invejoso) Imagem: “Medusa” Caravaggio A inveja, esta nossa velha conhecida de cada dia, também serviu de tema aos pintores e escultores de períodos e contextos culturais diversos. Inspirados no mito da Medusa, Caravaggio e Rubens nos oferecem versões eloquentes sobre esta energia destruidora que corrói lentamente o convívio humano, na escola, no trabalho e até mesmo na família. Segunda a lenda grega, Medusa foi uma jovem deusa cuja beleza era tanta que deuses a desejaram e deusas a invejaram. Poseidon, deus do Mar, apaixonou-se e a violentou. Incontrolavelmente enciumada, Atena, deusa da guerra, castigou a jovem (e não o violentador!) transformando-a em uma mortal com escamas no lugar da pele e serpentes no lugar dos lindos cabelos, além de dotá-la de uma maldição adicional: quem ousasse olhar para Medusa seria transformado em pedra. Coube ao jovem guerreiro Perseu dar um fim ao sofrimento de Medusa, arrancando-lhe a cabeça. Entregue a Atena, a cabeça da Medusa foi inserida em seu escudo de guerra, o que foi copiado pelos guerreiros gregos, um astuto expediente para distrair e derrotar os inimigos que no campo de batalha olhassem para a cabeça despedaçada, ainda tomada de serpentes: não se converteriam em estátuas de pedra, apenas em poças de sangue! Outras culturas geraram mecanismos semelhantes para derrotar o inimigo, seja na guerra aberta, seja nos combates sorrateiros que os maldosos travam com a arma da inveja, dentro de nossas casas. Na luxuriante Roma Imperial era comum o uso de pequenos pênis de pedra, dispostos por toda a residência, para atrair os olhares enciumados dos visitantes. Hoje há quem prefira os espelhos no hall. Ainda na Roma Antiga, era conhecida uma inusitada escultura de um falo avantajado, com cerca de oitenta centímetros de "altura", dotado de asas e pezinhos. Alguns povos africanos, por sua vez, transmitiram aos brasileiros o amuleto protetor em forma de figa (símbolo da genitália feminina) ou as conhecidíssimas carrancas dos navios. Medusa, figa, carranca, espelho ou pintos de pedra, todos funcionam como verdadeiras armadilhas para o olhar do outro. Numa espantosa manifestação de unidade psíquica, culturas variadas em tempos diversos inventaram mecanismos sutis para paralisar o adversário, desarmar-lhe os humores destrutivos e extrair- lhe a energia negativa que estava ávido por depositar em solo alheio. A carranca e a medusa são derivativos da ideia de que o terror é capaz de imobilizar o mal. Já os genitais se servem da estratégia de que o mal não tem como recusar o obsceno. Num caso ou no outro não há "seca-pimenteira" que resista.

Description:
Segunda obra do historiador João Ricaldes, “As melhores histórias da arte: inveja, ódio e amor” oferece uma jornada inusitada que se inicia pelo submundo dos sentimentos destrutivos para então alcançar temas espiritualmente mais elevados, mas também desafiadores. Acompanhe a leitura de ima
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