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As ficções da filosofia de Michel Foucault PDF

282 Pages·2018·2.679 MB·Portuguese
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Jean Dyêgo Gomes Soares As ficções da filosofia de Michel Foucault Tese de Doutorado Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Doutor pelo Programa de Pós- graduação em Filosofia da PUC-Rio. Orientador: Prof. Danilo Marcondes de Souza Filho Co-orientador: Prof. Gilson de Paulo Moreira Iannini Rio de Janeiro Abril de 2018 Jean Dyêgo Gomes Soares As ficções da filosofia de Michel Foucault Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor pelo Programa de Pós- graduação em Filosofia da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada. Prof. Danilo Marcondes de Souza Filho Orientador Departamento de Filosofia – PUC-Rio Prof. Gilson de Paulo Moreira Iannini Co-orientador Departamento de Psicologia – UFMG Prof. Vera Maria Portocarrero Departamento de Filosofia – UERJ Prof. Marco Antônio Sousa Alves Departamento de Direito – UFMG Prof. Baptiste Noël Auguste Grasset Departamento de Filosofia – UniRio Prof. Luísa Severo Buarque de Holanda Departamento de Filosofia – PUC-Rio Rio de Janeiro, Abril de 2018 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a autorização da universidade, do autor e dos orientadores. Jean Dyêgo Gomes Soares Nasceu em São Domingos do Prata – MG. Graduou-se em Filosofia pela Universidade Federal de Ouro Preto em 2012, e tornou-se Mestre em Filosofia em 2014 pela PUC-Rio. Músico e editor de rádio, desenvolve com a artista Virgínia Mota a Área de Convivência, um projeto físico, escrito e dialógico de escuta artística em espaços públicos. É editor e publica em revistas e catálogos especializados. Tem participado de eventos nas áreas de arte, literatura e filosofia na América do Sul e na Europa. É colaborador editorial da Autêntica Editora. Ficha Catalográfica Soares, Jean Dyêgo Gomes. As ficções da filosofia de Michel Foucault / Jean Dyêgo Gomes Soares; orientador: Danilo Marcondes de Souza Filho; co-orientador: Gilson de Paulo Moreira Iannini. – Rio de Janeiro, PUC, Departamento de Filosofia, 2018. v. 282 f. ; il. 1 ; 29,7 cm 1. Tese (doutorado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Filosofia. Inclui referências bibliográficas. 1. Filosofia – Teses. 2. História. 3. Ficção. 4. Verdade. 5. Retórica. 6. Enciclopédia. I. Soares, Jean Dyêgo Gomes Soares. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Filosofia. III. Título. CDD: 100 Agradecimentos O Ultramar Peço que não me confundam com um apologista do absurdo, porque o ultramar vem antes da história. O que está lá do outro lado, entreposto por uma imensidão de água ou de montanhas, não poderia ter um nome mais bonito. Nós não construímos pontes em vão. Numa busca inquietante por saber o que está do outro lado, levantamos estruturas de pedra, concreto, aço ou metal, combinados ou não, entre dois pontos de terra firme, ou entre dois portos aéreos ou marítimos. Ainda que seja somente o atravessar o alto de uma montanha, lá no ponto mais longínquo da massa de terra em que vivemos sedentários, imaginamos haver o mar, com seu balanço leve ou terrível, mas sempre cheio de beleza. E nossa geografia nos acostumou também a imaginar algo para além do mar que, errantes, desejamos encontrar. Gostaria de agradecer à companhia de João Guimarães Rosa. Dentre tantas recordações que a leitura de seus textos me proporcionaram, talvez uma das mais reincidentes era a de que “a colheita é comum, mas o capinar é sozinho”. Esse trabalho que o leitor tem em mãos, a despeito da lida diária que empreendi com este manuscrito, seria impossível sem a ajuda de gente de muitos lugares. Peço que compreendam, não vou citar sobrenomes nem apelidos, a não ser em casos especiais. O comum da colheita passa também por lembrar como é que a gente se trata na lida diária. Essa pesquisa guarda uma inegável continuidade com a dissertação de mestrado que escrevi também na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, que agradeço por ter me apoiado e acreditado em mim sempre institucionalmente de modo eficaz, bem como pela acolhida nesses últimos anos, pela simpatia de seus funcionários, em especial, à Edna e à Dinah e pela argúcia de seus professores. Entre esses, agradeço ao Camillo pela acolhida e pelas discussões sempre vívidas e espontâneas, ao Paulo César pela retidão e cuidado, ao Danilo pela simpatia e orientação, à Luísa pelo ambiente ímpar de investigação. A Baptiste, Vera e Marco Antônio, agradeço de antemão pela interlocução. Agradeço ao CNPq pelo financiamento, cada vez mais encurtado, mas certo, mesmo nos tempos de maior temor. Aos amigos e colegas de empreitada, agradeço pela partilha de tantos momentos importantes, com uma lembrança especial para: Marcelo, André, Ana, Bernardo, Priscilla, Ronaldo, Alyne, Matheus, Bianca, Rafael, Felipe, Uriel, Yasmin, Pedro, Fernanda, Gisele, Immanuel, Bruno, Emerson e Daniel, pois juntos partilhamos eventos, leituras e publicações, tanto do lado da produção quanto do da discussão e difusão de ideias. Quando eu descobri o que era o amanhecer nas descidas de Santa Teresa, comecei a ter uma relação de dor e delícia com o Rio, para usar a expressão de um amigo. Alguns momentos merecem especial lembrança: as tardes e noites de xadrez com os queridos “grande mestre” Souza, “grande mestre” Rogério, Émile, Márcio e Oscar; as manhãs de terça-feira embaixo do flamboyant da Praça do Odílio, em que os amigos da Santa Pelada suavam mesmo quando o sol de verão resolvia mostrar sua imponência; as tardes a abusar do calor para fermentar bons pães; os fins de semana em que religiosamente visitava os amigos da feira livre. Ao querido Cláudio, à Marta e ao Marcone, agradeço pela amiga vizinhança, plena em alegrias e percalços, porque viver ali é viver rosianamente; AoLeo e à René, pela amizade tão delicada e familiar, bem como ao Precioso; ao Gustavo, pela partilha do espaço; a João, Beatriz, Felipe, Camila, Rafa, Verônica, Nadja e Lucrécia pela convivência; a Guilherme e Jessica, Ana e Leo, Taísa, Gabi e Bebel pelos momentos nos entornos da Calógeras; à Ynaiê, Marta, Susana, Ana e Manel, Catarina pela partilha de bons momentos com variações de sotaques; ao Júlio e à Ana pelas discussões para além da academia; à Madá, por partilhar conosco as melhores conversas com seriedade e bom humor. Vi também o ultramar nas montanhas. Aos caminhantes engolidos pelo sertão e pelo cerrado, agradeço a partilha de tantas coisas revolucionárias, em especial, a Sô Argemiro, Fidel, Virgílio e Fanta; a Louise, Diego, Janina, Dayan e Paola. Ao Henrique e ao Moisés, pela escuta e interlocução cotidiana, amigos demais, pra vida toda; aos companheiros de Vila Rica, agradeço o acolhimento nesse rincão do universo que sempre conforta, em especial, a Celso, Torquete, Bahia, Gustavo e Menezes. Nas margens da serra do Curral, encontrei a paz necessária para escrever e o espaço para o diálogo, algo tão raro e importante. Agradeço especialmente ao Gilson e à Cláudia, pela acolhida, amizade e incentivo ímpares – as leituras do Gilson foram cruciais na fase final desse trabalho; a Romero e Corina, pelas boas conversas; ao Bruno, pela interlocução vivaz; ao Olímpio, pela força maior da alegria; à Leka, pela curiosidade para com a fantasia; ao Rogério, pela presença pontual determinante; a Bárbara, Clara e Douglas, pela amizade e pela torcida; à Rita, pela generosidade; ao Rafael, pelas boas posturas; ao Deividson, pela resistência. Ao pessoal da editora, em especial a Rejane, Cecília e Rafaela, gratidão pela confiança. Há amigos que recebemos e que não nascem com a gente. Num Ultramar, encontrei anônimos que compartilharam esforços de proliferação do acesso ao conhecimento sem os quais esse trabalho não teria o desenho que tem. Sem eles, esse trabalho teria tomado rumos completamente diferentes - dádiva recebida, e multiplicada na medida do possível. Aos bibliotecários agradeço pela companhia silenciosa e cúmplice. A Luísa e Catarina, pela partilha e amizade, à do Mar, a Manuel, Rute e João, ao Zé Carlos, à Tatiana, ao Pedro e à Matilde, agradeço pelos momentos acolhedores entre as colinas. A Luís, Felipe, Catarina e Inês, Alzira e Nelo, Denise e Thiago, Fátima, Cecília, Luís, Pedro e Rita, Marta e Berto, um abraço de gratidão pela acolhida. Há muitas coisas que nos ultrapassam. Tantas, que só o tempo, com sua sucessão de novidades, é capaz de permitir experimentar esse espanto diante da vida. E há amigos que a gente herda, que já nascem com a gente. A eles agradeço: em especial à Lili, que me ensinou o que é a simplicidade e à Eci, responsável pelo aprendizado da concentração; ao Jaime, pelo apoio e cumplicidade; à Ormi, pela generosidade; ao Jô e à Jô, pela partilha desses anos todos; e à Cida de Izaú com quem entendi o que é a alegria e a beleza, mesmo nos dias nublados, bem como a silenciosa experiência do amor. Ultramar é também o que vai além do amar, o que ultrapassa a nossa capacidade de compreender o que é esse fenômeno motor da filosofia, é algo da flor, que em sua beleza, guarda dentro de si o segredo do fruto. Com a Virgínia, olho para as margens do Atlântico e penso que essa vida vale a pena ser vivida, que a despeito de qualquer surrealismo no noticiário, há algo que vem antes de tudo, antes da lei ou da responsabilidade, algo sem o qual nada disso teria piada. Ela me fez experimentar a maior das alegrias, que é ver a Aurora. Ela é a interlocutora primeira, a amiga que não tem hora marcada. Essa tese foi escrita graças a sabedoria de sua escuta, e de seus gestos. A ela e para elas, só poderia dizer que mais do que amar, aprendi a ultramar. Resumo Soares, Jean Dyêgo Gomes; Marcondes de Souza Filho, Danilo (Orientador); Iannini, Gilson de Paulo Moreira (Co-orientador). As ficções da filosofia de Michel Foucault. Rio de Janeiro, 2018. 282 p. Tese de Doutorado – Departamento de Filosofia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Como afirmar que Foucault faz filosofia? De que tipo de filosofia se trata e como ela se configura? Permeado por questões como essas, esse trabalho defende a tese de que Foucault faz filosofia através de “ficções”. Termo amplo, ele serve ao propósito de assinalar uma relação nada tradicional que o autor estabeleceu com a prática da história da filosofia. Isso porque seu tratamento de temas e questões filosóficas passa por um entendimento diferente do que seria história, assim como aborda de outra forma o “objetivo” tradicional da filosofia, a saber, a verdade. Através de uma leitura muito particular de dois pontos de vista metodológicos, a saber, o projeto crítico de Kant e a abordagem genealógica emprestada de Nietzsche, bem como de outras influências salientadas ao longo do trabalho, Foucault desenhou estratégias inovadoras para compreender as maneiras pelas quais verdades moldam subjetividades. Tendo isso em conta, procuramos perceber uma nova maneira de escrever a história que implica numa maneira diferente de pensar a filosofia, uma vez que um de seus interesses mais contínuos é o de investigar os jogos de verdade. Ensaiadas as mais diversas ficções – de suas “enciclopédias” até sua maneira particular de compreender a “Antiguidade”, passando por diversas personagens e perspectivas sobre a filosofia –, salientou-se certa liberdade e certa liberação do pensamento. Ao visitar deliberadamente e de modo não-sistemático seus livros, ditos e escritos, esperamos ter enfrentado alguns dos impasses e armadilhas naturalizados pela tradição, bem como por parte da vária foucaultiana. Palavras-chave Ficção; História; Retórica; Enciclopédia e Verdade. Abstract Soares, Jean Dyêgo Gomes; Marcondes de Souza Filho, Danilo (Advisor); Iannini, Gilson de Paulo Moreira (Co-Advisor). The fictions of Michel Foucault’s philosophy. Rio de Janeiro, 2018. 282 p. Tese de Doutorado – Departamento de Filosofia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. How do we affirm that Foucault does Philosophy? Which kind of philosophy is it and how is it set? Permeated for questions like these, this work defends the thesis that Foucault does philosophy by “fictions”. A wide term, it suggests a non-traditional relationship the author estabilishes with the practice of history of philosophy. The reason is his treatment of philosophical thematics and questions linked with a different understanding about history, as well his other approach to the traditional “aim” of philosophy – the truth –, as we hope to show by choicing to talk about fictions. Thanks to a particular reading of two methodological points of view - Kant’s critical project and Nietzschean genealogical approach, Foucault drafts innovator strategies to comprehend the way in which “truths” shapes subjectivities. Taking it in account, we put lights (and shadows?) in a new way of writting the history which implies a different way of thinking philosophy, once one of his most continuos interests would be inquiry the games of truth. After essaying many of his fictions – from his “encyclopedias” to his way to comprehend the “Antiquity”, passing through many characters and perspectives about philosophy -, we hope to stress certain freedom and liberation of thought into his books, writtings and speechs, facing traps and stalemates naturalized by traditional pratices, as well as challenging the common-sense of Foucault's readings. Keywords F iction; H istory; Rh etoric; Encyc lope dia and Truth. Sumário 1. Introdução ........................................................................................... 13 Ficções ..................................................................................................... 13 Mapas ...................................................................................................... 37 Meios e caminhos não-diretos .................................................................. 39 2. As enciclopédias ................................................................................ 41 Uma enciclopédia ..................................................................................... 41 Enciclopédias ambulantes ........................................................................ 44 Ética do esquecimento ............................................................................. 47 Outra enciclopédia? ................................................................................. 50 A enciclopédia chinesa ............................................................................. 56 A próxima obra ......................................................................................... 58 Em novos eixos ........................................................................................ 61 Prática e saber ......................................................................................... 62 Ordens e definições. ................................................................................ 64 Atonalidade .............................................................................................. 68 Heterotopias. ............................................................................................ 69 Os livros heterotópicos ............................................................................. 73 3. Estratégias do enunciado .................................................................. 77 A liberdade e os atos falhos ..................................................................... 77 Em busca de um átomo do discurso ........................................................ 83 “Ninguém entendeu” ................................................................................. 85 Pirâmides, gráficos e labirintos ................................................................. 86 Quando fazer é saber ............................................................................... 88 Béasse ..................................................................................................... 93 Os piados ................................................................................................. 95 Um ângulo diferente ............................................................................... 100 4. Os labirintos da filosofia.................................................................. 102 “On” ........................................................................................................ 102 “Isso que fala” ......................................................................................... 107 Quem fala? ............................................................................................. 108 Ensaio de análise ................................................................................... 111 A narradora. ........................................................................................... 112 Quando as estruturas vão às ruas ......................................................... 118 Deformações de percurso ...................................................................... 124 O Borges chinês ..................................................................................... 127 A armadilha ............................................................................................ 128 Filósofo? ................................................................................................. 131 Ocidente, Oriente. .................................................................................. 133 Uma escolha original .............................................................................. 135 As peripécias .......................................................................................... 140 Espécies de filósofos .............................................................................. 143 Escutar a história .................................................................................... 147 O jornalista ............................................................................................. 149 As ferramentas ....................................................................................... 167 O médico ................................................................................................ 173 A experiência. ......................................................................................... 184 O jogo das miçangas .............................................................................. 188 O inominável ou a cena da filosofia ........................................................ 190 Esperando Foucault ............................................................................... 196 As máscaras do filósofo. ........................................................................ 200 5. A Antiguidade, um erro profundo? ................................................. 208 A tarefa do crítico. .................................................................................. 208 História das soluções, Genealogia dos problemas. ................................ 214 Crítica e genealogia ............................................................................... 221 Contra ou a favor? .................................................................................. 222 A atitude ................................................................................................. 232

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