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As Bandeiras Nas Torres II PDF

131 Pages·1977·10.121 MB·Portuguese
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AS BANDEIRAS NAS TORRES Colecfao HORIZONTE PEDAG6GICO Anton Makarenko 1-POEMA PEDAGOG! CO-Vol. Anton Makarenko 2-POEMA PEDAGOGICO-Vol. II Anton Makarenko 3 - POEMA PEDAGOG! CO-Vol. III Anton Makarenko 4-As BANDEIRAS NAS TORRES -Vol. I Anton Makarenko 5 -As BANDEIRAS NAS TORRES -Vol. II AS BANDEIRAS NAS TORRES Anton Makarenko 6-0 LIVRO DOS PAIS-Vol. ] Anton Makarenko SEGUNDO VOLUME 7-0 LIVRO DOS PAIS-Vol. II Anton Makarenko IlVROS HORIZONTE Titulo da versiio frances a: Les. Drapeaux das les. Tours Copyright by: Editions du Progres-Moscou Tradur;iio de: M. Rodrigues Martins Cap a de: Soares Rocha 19 0 FELIZ M:l!:S DE AGOSTO a 0 segredo foi hem guardado: Zyrianski ordenOUJ de repente quar~a equipa que vestisse o futo de ga:la depois do jantar. Mas, o que nao deixava de ser estranho, ninguem perguntou do que se tratava. EnJtretMlitOI, como murmuravam •trocando sorrisoiS, Vanria tambem pergtll11itou baixiinho a Filka: -Mas porque e is to? Diz-me, que e que ba? Filka respondeu-lhe em voz baixa: - Vais ver ... Vai-se passar qualquer coisa ... algo muito interes sante. E quando reoiniu o toque de chamad:a para a reuniao geral, Aliocha Zyriruru;ki pa-los a <todos em 1inha e conduziu-os em fila indiana para a sala. Volodia, qUJe os esperava no ves>ribudo com a sua corneta, tomou igualmentJe lugar a cab~a da £ila, ao lado de Zyni:an·ski. No salao de repouso foram aoolhidos com sorrisos e aplausos. A quarta equipa nao alterou a sua ordem para ir senJtar-se na banqueta, antes foi tomar posi~ao de £rente para a assistencia. Zakharov e Vitia Torski chegaram a seguir, juntos, conversando alegrementie enquanto lan~vam olhares a maJiciosos quarta equipa. Virtia abriu a sessao e d:isse: - Dou a palavra ao chefe da quarta. equipa., o camarada Zyrianski. Zyrianski chegou--se a fre!llte da sua tropa e ordenou em voz Reservados os direitos de publica~ao total forte: . ou parcial para a lingua portuguesa por - QuartJa equipa, seillt:ido! LIVROS HORIZONTE, LDA. Depois prommciou o seguinte d.iscurso: Rua das Chagas, 17, l.0-Dt.0-LISBOA-2 - Camani.das colonos, a qUJartJa equipa, reunicLa em nllrn.ero de ca• que reserva a propriedade 'sobre. esta tradu~ao; . j ; 0 torze membros, resolveu por una:nimidade pedir a reuruiao geral qUJe confira ao nooso pupilo Vania Galtchenko o tftulo de colono. Ivan e Galtchenko um bom camarada, um honesto trabalhadoor e um alegre 276 Anton Makarenko As Bandeiras nas Torres 277 cOIDJpanheiro. Mas Volodia Begunok, seu padrinho, vos dlici mais do Vania estava como que numa nevoa, mas via daramenre, apesar que eu acerca dele. GaJ.tchenko, cinco passos em frente! de rudo, o que Zakharov prerendia: abanoru a cabep num ar pensativo. a Vania, confuso e corado, veio p(>r-se:: altura do seu chefe. Volodia Quando todos os oradoDes se fiZJeram ouvir, V1tia Torski dedarou: avans:ou tambem e, num rom oficiaJ., reservaJdo, pas-se a dizer o que -56 OS colonos podem votar! Aqueles que sao de opi:niao de pensava de Vania. Vania so esoava na equipa hi tres meses, mas nao que se confira a Vania GaJtchenko o titulo de co1ono que levanrem era preciso mais para o conhecer a fundo. Vania nunca discutia com a mao! quem quer que fos.se, n'lll11ca se atrasava, fazia depressa e bern tudo o Ergueu-se uma flores.ta de br~os. Vania, ao lado do seu chefe de que lhe ordenavam e estav:a sempre de bam humor. Niio dava manteiga eql.llipa, estava pasmado de alegria. a ninguem, nem ao seu chefe de equipa, nem ao comandante de dia, - Aprorvado por unanimidade! De pe, camaradats ! nem aos ancigos. Num dia de trabalho fabricava present!ememe oitenrta Vania, mais espa.ntado ainda, viu que todos se levantavam, enqua!litO mo1des, e to::la a gentle estava satJisfeita com ele. Lia todos os dias a de um canto, ao £undo, largrundo a banqueta para aJtravessar o soalho Pionerskaia Prcwda, conhecia a hisrtor1a da revolu~ao de Outubro, sabia rebrilhante, Vladimir Koloss, o primeiro na lisrta da colonia, se dirigia quem era Lenine, como tinham batido Deniki11e, Iudenitch e Ko1tchak. para a quarta equipa. Sabia ainda muito bern o que era o Dnieprostroi, a COileCtJiviza~ao, os Vladimir Kolos~£ tinha na miio um losango de veludo sobre o kulaks. Dizia que a saida da colonia se faria piloto do Exercito Ver quaJ s.e destacavam miciais de ouro e praoa. melho, mas niio no bombardeamento, na ca~a. Em o que ele dizia, - Vania Ga1tchenko! - d!i~tse ele-aqufi esta a too insignia de mas isso, evidentemente, ver-se-ia. Vania gostava muito da colonia. colono. Daqui em diante es um me:mbro de pleno dirteito da nossa Conhecia todas as suas regras e todlliS as suas leis, sabia ja fazer o exer cdecrividade. Colocaras os 1nteresses da colonia e de todo o Esmdo doio e queria tocar na orquestra. «Eis 0 rapaz que ele e! E eu, SeU Sovierrico mais alto do que os oeus invereSJSes peS'soois. E ~ um dia padrinho», condu1u Begunok, «nao rive a menor dificuldade com ele.» fores chamado a defender o nosso Estado contra o inimigo, curnpriras Mark Grinha'ilS tomou em segruida a palavra para dizer que a esse dever como um soldado valenrte, sabio e paaiente. Recebe as organiza~ao do Komsomol apoiava o pedido da quarta equipa. Varua minhas felici.ta~6es ! tinha demonstrado em tres meses que merecia a insignia do Primei.ro Aperrou a mao de Vania e ellltregou-lhe a srua insignia, no meio de Maio. E as equipas que depois de quatro meses de escigio nao con dos aplausos de toda a sala. As maos de Aliocha Zyrianski pO<isaram-Jhe seguiam fazer colonos dos seus pupilos deveriam ter vergonha disso. afecruosarnente nos ombros. Torski, entiio, encerrou a SJessiio, e todos Outros disseram ainda algumas palavras, todos para afirmar que rooearam o novo colono para lhe apertar a miio e o fielicitarem. Vania Ga1tchenko era digno de receber aque1e sinal de honra. Klava Alexei Suepanovitch nao deixou de o fazer, e d!i·sse-lhe: Kachirioo acrescentou : -Muiro bern, Van,ia, aguenta-<te agora, aguenta-<re! Mosrtra bern - E um born colooo! Vania esta sempre bern vestido, mui,to deLi a tua insignia! Lida, vejo nos tJeus olhos que tens vontade de lha cado, arranjado. E realmeme um dos nossos, urn trabalhador. coser ... ALexei Stepanovitch ergueu-se por fim e, depois de um i!1151tante de - POtis tenho! reHexao, abriu os bra~: A cabe~a dourada de Lida inolinou-se pam Vania: - E meu clever, como sabem e e tambem mea hibito, enconrtrar - V em ao n0155o quarto! defeitos em toda a parte. Mas no que diz respeito a Vania ... nao encon Vania entrou pela primeira vez no dorrnirt6rJo da decima primeira a tro lugar onde morder. 0 meu unico remor e que na quarta equipa equipa. As raparigas aper:taram-se sua volta, obrigaram-no a senrtar-se, o estraguetlll com tantos elogJios. E tu, Vania, se te elogiarem... tenta regalaram-no de chocohLtes e, rtisonhas, apeDtaram-no com perguntas; pegar e largar ... E em qualquer caso ... nao deixes de ser cada vez depo·is el:e tirou a blusa, em cuja manga esquerda Lida Talikova, rnais exigentJe coontigo pr6prio. Niio hi nada de pior, sabes, do que pela sua pr6pria miio, cooeu a insignia. Quando tornou a vestir-se. um homem cumulado de elogios. Compreendeste? as raparigas fizeram-no girar em todos os sentidos diante do espelho. 278 Anton Makarenko As Bandeiras Ilill5 Torres 279 Chutt'a Miatnikcwa olhava, i:nolinava-se por cima do seu ombro e na torneiros? Bern nos podem contar a hist6ria de Baba-Iaga, a comilona com todos os seus belos dentleS brancos e igtlllli•s. de pele e osso, .a da Tigela de ouro e da Ma~a de Agosto, do Paozinho ~ Olha, que li:ndo par n6s fazemos! -Redondo que fala, das Lebres de born Cora~ao, da Raposa caritativa, E todas gritaram quando s.e cliespediram : de Quem-Lava-Tudo e do doutor Akj;emal: toda aquela compCllilhia - Vania, vern ver-;flos, a ,gente espera por ti! esta a nossa disposis:ao. E born, numa bela noire, abrJr os olhos hem Chura Miatnikova explicou a toda a geme: abertos deixando-nos levar pela imagina~ao para as profundezas das - Palavra de honra que o vou inscrev:er no drculo da biblioteca! florestas fabulosas, pelo dedalo dos carreiros ondle ninguem pas os Preciso de um rapaz activo como ele. Vens comigo para a biblioteca, pes, pelos espa~os das regi6es inauditas si.ruadas nos confins do mundo. queres? E possfvd e toda a genre gosta, e os .adultos comprazem-se sempre Vania ergueu os olhos. Nao estava perturbado nem esmagado de em reg'<Llar-nos com esnes contJOS. Mas tentem entao pedir-lhes um orgulho, mas simplesmente assombvado e deslumbrado com a Eelioidade torno (nao fa;lemo5 sequer doo que saem das fabr.icas de Kolomna que lhe cafa em cima naqruela noi,t:e e para a qual, apesar de mdo, ou de Moscovo), mas um SJimples torno de Samara, por mais ordinarlio se ~ava preparado de modo muito imperfeito, ignorando ainda que que seja! E v:erao entao que af reside um pra~er ainda mais inacessfvel q.uCllilt~dacLe _die £e:licidade o homem e capaz de supovvar. Aquelas rapa do que a posse do chapeu que torna as pessoas invisfveis! Um torno? ngas possmam ro5tos de um encanto incrfvel : na sua an:ima~ao, na N em pensar nisso! Fabricar moldes, esta hem ; tambem nos e lkito sua voz deliciosa, na limpeza e na fragrancia do seu dormit611io, ate polir rabuinhas na marcenaria ; mas um verdadeiro torno de torneiro nos chocolates com que atafulhavam Vania, havia qualquer coisa de de metal, isso nao, nunca ninguem no-lo o£ereceri tao tocante, de tao sublime, que nenhum espfrito humano seria capaz E eis que de repenre Filka e torneiro, Kiriuchka e torneiro, Petka de comprleender. VCllilia prometeu trabalhar no drculo da bibliO!Ceca.' Kravtchuk e tomeiro e Vania Ga.Ltchenko tambem-ele, que ainda E aqucla. nao passou de uma das noires daquele feliz mes de Agosto, recentemenrte s6 conhecia a tecnologia da pomada para cals:ado, ei-lo ainda niro de rantos dias e noires semelhantes ! rambem torneiro! Torneiro de metal! Ate o som destas palavras, s6 Soube-se de repenne qUie Kolka, o medico, contJinuava muito des~ de as pronunciar, ns percorre inteiramenrte como uma milsica encan contente com a ventila~ao, que exigia a transferencia imediata para tadora, e logo a voz se lhes torna viril, o andar pausado, enquanto outra ofici111a de todos os pequenos trabalhadores da fundi~ao. No gabi na cabe~ lhes nascem, imediatarnente resolvidas, as quest6es mais nete de Zakharov, Salomao Davidovitch pronunciou um discursn pelo essenciais da Vlida. Os olhos veem mdo novo, o cerebro funciona de qual chamava a aven~ao do medico para o esrado do seu velho cora~ao: um modo totalmente novo. 0 «atelier» de COSitura ,(; tambem um - Como mid.ico, compreende perfeitamente : se tenho que ter «atelier», pelo que dizem! Ou en tao o «esta.dio» ! E s6 agora e que dissabores quooidiianos por causa da.queilie tuba, nem o cora~ao mais comprendem a sorte informnada e miseravel dos qiUJe trabalham no sao podeci resistir ... esradio e se imitulam «CarpinteirOS». - &sa e boa ! 0 mra~ao nao rem nada a ver com isso! - res Havia, de resto, algumas palavras que os jovens rorneiros se esfor" pondeu Kolka, o medico, pestanejando olhos ~uribundos para Salomao ~avam por nao ouvir. Quando, por exemplo, se instalaram os tornos Davidovitch. de Samara, Alexandre Ostaptchine, o suhs;Oiruto do chefe da oiltava A cooclusao desta hist6.r:ia de ordem medica e industrial foi que equipa, declarou diante de roda a genre : o Conselho dos Chefes de Equ:ipa pas na fundi~ao os colonos ma;is - Onde e que coleccionaram esses trastes, Salomao Dav.ix:lovitch? a idosos, Ryj,ikov entJ:Ie OUJtros, e des;Oinou OS pequenos o£icina de Sao tornos da epoca do primeiro falso Dmitri. torneiro. Este favor da so11te, exoepcionru e inesperado, reve na quarra Salomao Davidovitch, como em casos semelhantes. 11eplicou com equipa UJm efeiro tao prodigioso C]IUJe a atingiu em cheio deixando-a um trejeito de desprezo: sem voz durante alguns dias .. - :E assustador como voces se rornaram instrufdos : agora precisam Torn1eiro! Em que conrtos de fadas, em que lendas se fala de todos do moderno! Pouco importa de que tempo sao, se do de Dmitri 280 Anton Makarenko As Bandeiras nas Torres 281 e ou db Rei das !seas, a verdadie que n6s ailnda Vamos fazer born tra condu<;ao ou de operador de projec<;ao, que fiquem bern persuadidos baJ.ho com isto. de qrue com mas notas nao OS deixarei ir d•e qualquer maneira ... E as pala,V'l'lals de Salomao Davidovitch foram compreend1das pelos De um modo geral, meram bem isto na cabe<;a: quem nao se quer rapazes, ao passo que as de Ostaptchine s.e desvaneceram como urn instruir e urn mau cidadao SO'V'ieuiCO; nao tera lugar nas nossas fileiras. som vao aos s~eus ouvidos. No Ultimo banco, Micha Gomar conttai-se e a sua testa franze-se. Um di~ de gloria e de triu10fo nasoeu para a quarta equipa quando A pe1e reline-s'e em rolinhos horizontais, que se erguem nurn s6 esta assurnm os seus postos nos rornms, e pela primeira vez as maos movimento para a raiz dos cabeloo. Mas logo que o pmfessor e111tra destras dos novos torneiros apertaram os manipulos dos sup::>rtes. e comec;:a a SIUa li<;ao, os vincos da vesta de MiGha passam a ser As pernas tremiam urn pouco de emo<;ao, enquaillt:o os olhos se fixavam verrica.is. Quando o quinto runo o elegeu monitor por unanimidade, nas al.mortolias agarradas pelos mandris. Salornao Dav1d0Vlitch estava Micha avan<;ou para a frenve da classe e disse : ao pe deles, e ve-los enchia~lhe de billsamo o cora<;ao, o seu V'eliho - Previno-vos: ja que me elegeram, que nao haja ranger de cora<;ao doenre. dentes depois ! E saibam de urna vez para sempre: comigo, a mais - Eh! Porque e que isto havia de fazer maus torneiros? Mas pequena falta, vao para o meio! Aquele que nao quiser apre111der ha quem tenha presun~ao ! P·recisam de tornos de no;vo modelo obra de hom grado, fa-lo-a a fo~a. QuaJ!ldo esciver em seooido diante de calibrada. E isto, segundo elel5, e s6 urn desbaste! ' toda a gellJte, a pe firme, percebera entao porque e que se paga aos Quem tinha presrm<;ao e o que se emendia por obra calibrada, professores. E lembrem~Sie que nao S•e brinca comigo. nero Filka, nero Kiriuchka, nero Vania queniam saber. Agora pocJriam - 0 quinto ano conheaia muito bern os antecedentes de M.icha Gontar, p6r a funcionar ou parar .a_ vo•111tade verdadeiros, surnptuosos e mara e sobremdo rodos eSJtavam ao corre111te doo seus fracassos escolares vilhosos tornos ; debaixo• da tesoura encaracolava-se uma verdadeira passados. Mas agora era o moniror, e ja nao Micha Gonrar, que a ap ara de cobre; pilhas de V1erdadeiras almotolias esperavam poor ser classe oinha a sua fre111t·e. Por isso nao pa,ssou pela ideia de ninguem afagadas, aquelas a1motolias. impacientemente esperadas por todas as p{>r o seu direito em ch!vida, tanto mais que a fisionomia de Micha fabricas soviericas. · exprimia uma indigna~ao perfeitamente sincera, nao menos do que Aquele mesmo mes de Agosto foi teatro de outros acomecimentos inc orruptive!. nao m:eno_s nora.veis. A •escola abriu e Vania Gakchenko tomou lugar Igor Tcherniavine esta no oiravo. Nao sabe ainda ao cerro se tern no pnme1·ro banco, no quilfloto ano, e com ele quase roda a quarta vontade ou nao de estudar, mas wanda e Oxana e51tao Slelntadas a equipa, isto e, a oficina de tomeiro. Mas no Ukimo banco daquela fre111te dele lado a lado, o que faz com que a saJ.a de aurla lhe pare<;a aula veio tambem sentar-se Micha Gontar, que no principio do mes amavel e lhe tome simpatico 0 ro!Sito do jovem professor. exprimia ainda o seu desprezo pela escola: - Eu nao quero saber do quinto ano, vi~ que de qualquer maneira vou seguir 1i<;oes de condu<;ao! Ao lado de Micha Gonta,r encontrava-se Petrov 2. Tambem ele veria passado muito bern sem aquiJo. porqrue, afinaJ, que e que no quinto ano podiam dizer sobre os transformadores ou digamos as maquinas de projectar? Mas M~e:i Soepanovitch disse11~ em reu~iao geral: - Previno-os de que nao quero ouvir discursos destes : «Que tenho eu a fazer na escola, ja sei que chegue para mim». E saibam que aos que nao quisereni esmdar de hom grado, obrigo-os a virem explicar-se no meio. Se ha e111tre voces quem sonhe ~er li<;oes de As Barideiras nas Torres 283 ves1tido com o uniforme da colonia, com a itO.s·ignia, ma,s com um bone na cabec;a em vez do barrete bordado. Direito e rfgido, a frente dos colonos, percorreu-os 1entamente com os olhos, desde os mtl.sicos ate ao Uloimo dos miudos, no flaoco ~uerdo da sexta secc;ao, e todo o alinhamento se imobilizoo na expectaciva. Numa voz C0!1tante, imperiosa, que nao lhe era habitual, Zakharov ordenou : 20 - Companhia! A bandeira... sentido! Deu meia volta, de costas para a tropa, e imobilizotr-s•e diante KREUTZER dela, de brac;o erguido. Todos os colones se endireitaram de reperute e OS seus brac;os estenderam-se para 0 ceu. A orquestra atacou brusC'al merute uma aria solene, nova e no en/tanto muito conhecida. Vania 0 mes de Setembro comec;oo brilharutemenoe. Para o Dia da nao teve rempo de reconhecer o que era. Com a mao a altura da JuV'erutud.e, o primeiro de Setembro, Vania tomou lugar pela primeira testa, olhava na direcc;ao onde s•e fixavam todoo os olhares. Da po•rta vez nas fileiras dos colonos. De fruto de gala, em ·todo o b11ilho das principal, marcha,ndo ao compasro da musica, tinha saido um grupo. suas imigni,as, gola,s brancas e barretes bordados, os colonos formarrun A frenre, com a mao na atitiUdte da saudac;ao, o comrundarute de dia numa so linha, e a mmica veio coJocar-se a direita. Vania sabia que Lida TaJikova, e depois, arras, no mesmo alinhamento, o primeiro na ordem de batailha fazia parte da sexta secc;ao, que induia todos mlolllo Vladimir Koloss trazia a bandeira, enquadrado pelos seus dois os pequenos. 0 chefe da sexta, o loiro e esguio Semiao Kassatkine, que guardas, de espingarda em bandoleira. Embora vJsse pela primeira Vania algumas vezes vira na inspecc;ao, usando brac;adeira do· I. C. S., vez a bandeira da colonia Primeiro de Maio, Vooia. ja sabia alguma e no qual esltava habitru:ado a ver um colono como os outros, tornara-se coisa a s·eu respeito. 0 potta-bandeira e a sua guarda niio faziam de repente irreconhedvel. Quoodo tocaram a «reuniao por secc;oes» parte de nenhuma das equipas da colonia, mas constLtuiam «o esqu.adrao e todos se p11ecipitaram a correr para a vasta esplanada que se estendia da bandeira» que vivia num quarto a parte. Era a unica sala que se dirunt'e do j.ardim, Semiao Kassatkine sacou nao se sabe de onde de fechava sempre a chave, quando nao estava la ninguem. A bandeira em um olha:r severo, uma. voz atroadora e um andar marcia!. Colocando-se ail!i conservada, erguida num pequeno estrado, CO!l!tra a pare&~ forrada a frente da sua secc;ao, disse com energica autoridade: de veludo e debaixo de um dossel do mesmo pano. - FaQL favor de se calar, Gruidovski ! KoJoss rrazia a bandeira com um desembarac;o esparutoso, como Fez-se sillenoio, e todos os olhos, inoluindo os de Gaidovski, se se nao pesas,se nada. A poruta dourruda da haste maJ osci-lava por oima Vli,raram arentos para o chefe de UJnidade. da sua cabec;a, e a pesada e sumpnuosa volUJt1a de Vieludo carmesim - Pela direilta perfilar ! bordado a ouro caia a direito sobre o ombro do po!1ta-esrandatte. Vania sabia ja que, depois do sinall. da «reuniao por sec~6es», a A guarda da bandeir:a passou dian11e de toda a formarura imobi unica aurt:or;idade a1i era a do comanda.nme de dia ; todas as outras Lizada no gesto solene da saudac;ao e veio deter-se no flanco direito. desapareciam, ja nao havia nem chefes de equipa, nem conselho, No silencio que se seguia, Zakharov ordenou: mas havia a ordem de batalha em seis secc;oes, .tnaJil'> a mmica, sec~ao - Colonos Char.i, Kravrchuk, Novak, cinco passos em frenre! fora das linhas, que tinham a cabec;a chefes que ninguem elegia, mas A hora do castigo tinha soado, por causa dos trabalhos slllplem!en que eram nomeados por Zakharov. E com esses nao se podia discutir: tares na fundic;:ao! Viator Torski, graV'e, ava.nc;ou, com uma folha executar as ordens, e pronto. de papel na mao, e procedeu a teitura da censura infligida a este Vania era o terceiro a pa·rtir do flanco direito, na fila que a sua e aquele por infracc;:ao a disciplina da colonia. Filka estava justamenre estarura lhe indicava na Se'XIta secc;ao. Enqua.nto alinhava, ooc;ando a frente de Vania, e este viu o rubor inflamar-lhe as orelhas. Acabada ol:hares furtivos para o severo chefe, Vania Vliu Zakharov sair, tambem a ce11im6nla, Zakharov ord'enou aoo ouilpaaos que voltassem para as 285 284 Anton Makarenko As Bandeiras nas Torres fileiras, e Filka, de regresso ao seu posm, fiixou o olhar nos lugares - Pois claro... E porque nao? onde na sua opiniao residia possivdmente a }USit.i<;:a. Dirigiu-se a passos largos para a tribuna, mas, reconsiderando com Mas Zakharov lan<;:ou, no mesmo inSitante, uma ordem muim urn piscar de olho ma1icioso, parou ex.actamenrte no meio, naquele complicada; a musica art:acou uma marcha e algo se passou na forma mesmo sftio orude muitos rapazes tinham passado instantes tao desa tura, que se quebrou em vario\5 ponrtos. Vania s6 voltou a s.i quando gradaveis. a tropa, ja formada em colunas de oito, chegou a esnada. Enrtao deu-se - Muito bern, sabem, eu vim felicita-los. Os vossos a:SlSUntos estao conta de que marchavam na pnimeira fiila da sua sec<;:ao. Diante dele, a correr bern., ao que se diz. o seu chefe, Semiao KassMkine, depois urn mar de barreves dourados De todos os cantos da saila de repouso responderam-lhe: e, ao longe, a poruta dourada da barudeira. Kassatkine, enquanto mar - Estao a correr bern! . . . Mas conte em pormenor! a chava, lan<;:ou uma olhadela para tras e disse n'll1D. tom irriltado: - Se quiserem, posso. Agora voces ja nao comem mesa do - Gailtchenko, acerta o passo! or<;:amento. Sabem o que isso significa? Quer dizer que presentemente Ate chega;r as pnimeiras msinhas d'a Khorochilovka, Vania achou-se ja nao vivem a expensas do Esrado, mas por vossa propria conra, perfeitamente a vontade na formatura. Mantinha o passo sem a menor a custa dos vossos pr6prios ganhoo. E isso, na minha opiniao, e dificuldade e conservava a;inda com maior faci1idade o alinhamento magnffico! na larga frenre de marcha. Tudo aquilo nao s6 lhe parecia facil como Ergrueram-se os aplausos. atraenre. Api·nhadas nos rpasseios da Khorochilovka, as pessoas admira - As minhas felicita<;:oes. Mas ainda e pouco! vam os colonos. E quando entraram na rua pvincipal da cidade, a -E pouco? e - Sim., e pouco! :E preciso cominruar! Nao veroade? mtisica rocou com mais brio. A cohma passava Mraves duma muwtidao densa de espectadores, e Vania s6 entao compreendeu o belo aspecto -E verdade! que oferecia o desfiile dos colonos do P!limeiro de Maio. Depois - As vossas of1cinas nao vaiem grande coisa, sao barracoes. tom~ram o setu lugar na linha endomingada. dos manifestanves e, Uma voz confirmou: cruza;ndo-se com urn regimento do Exe!ICilto Vermelho, prestaram-lhe - 0 eSitadio! honras : ulrrapassaram grupos de rapariguinhas de azul-celeste, de - :E isso, o esta,dio-aprovou alegremenltle Kreutzer, e os seus despo!itiSitas de bra<;:os nus, urn grupo v.ivo e mukicolor de rapazes olhos descobriram no mesmo instarute Salomao DavidOIV'.itch. Esta a das escolas. Todos exprimiam a sua aJegria por verem os colonoo, com ouVIir, Salomao Davidovitch, esta a ouvir? gritos de boas-Vlindas e sor11isoo, e a surpresa de os verem com uma - Ja hi urn bocado que eSitou a ouvir. dio bela mtisica. A mais joV'em e a mais seni<JJ de todas em a sexra - Bern... E os tornos ... sec<;:ao, a que mais agradava as mrulheres·. - Nao sao tornos ... sao rouxin6is ... A noire, Kreutzer assisriu a reuniao geral. Ele vinha raramente - Sao rouxin6is, e isso! a col6ruia. Era rum homem de largru cara barbea;da, com olhos sor Sentou-se no meio d:a garotada, nos degraus do esrrado, e, percor ridenves, de testa oosombrecida por uma. ca;beleira rebelde. Os colonos rendo de repenrte a aslsembleia com urn olhar serio, disse: apreciavam-;no: nao tanto por ele ser presidenrte do Comiue Execuoivo - Entao, sabem? Vamos comc;troir juntos uma veroadeira fabrica. Regional, por muiro impovtan<Ve que fosse, mas porque nunca mostrava Hem? na;d!a: die orgrulhoso, falava com voz simples e nia sempre de boa -Como e isso? - pergunrtou Torski. vontade qllilllldO nw 'V'erdadle hav.ia razao para ni1r. Naquele dia veio Kreurtzer fez uma careta : a reuniao, onde ninguem o espera,va. Os colonos tomaram-se s'er.im, - Olhem para aquele, que nao pe!1Cebe! Vamos consrruir e a por um segundo, o tempo de corresponderem saru:d'a<;:ao, e depois comprar maquinas! vir3Jtam-se a sorrir para e!:e, que1 tambem sorria: : -Eo pilim? -ca. em casa, camaradas, esrao todos: bem dlispostos:! - 0 piLim, tern-no voces, trerentos: mil rublos! Tern ou nao tern? B. T. -2 286 Anton Makarenko As Bandeiras nas Torres 287 - Nao e muito! que nos detitemos a isso imediatamente, podemos come~ar ja c~m o -De acordo! E preciso... E preciso... urn miJhao, af esra! Tre- dinheiro que temos, para que deixa~lo' inaotivo? E o senhor tambem ... e zentos mil e Uffi pol.lCO CUrtO, verdadJe. compreende ... como e que hei-de dizer ... Filka gritou: -Que eu !argue o c1inheiro imedia.tamente? e -0 que tern a fazer empreSit:ar-nos ... - Imedia.tamerute, nao, mas... e como S·e fosse! - Empresra:r.Jhes, a voces? Isso nao tel)ia vruntagem, percebem, Sancho olhava para Kreutzer com urn ar tao entennecido que S'eria prec.iso emprestar-Jhes setecerutOS mil, quando VOCes tern SO tre nJnguem podia aguen.rar•se sem r;ir, mas os ou:ros voltaram par~ el.e zent:OS. Mas sabem? Esperem, rapazes! caras nao menos enternecidas, tanto que de gt'Itou a Zakharov mdl Deu urn salto e pas-se em pe com urna agilidade juverui.f : cando-os com o dedo : - Exisrt:e urna maneira ! E urn facto! Exisre urna maneira ! Ou~am! _ Olha, oJha-me para essas caras·! Ah, os pa1:1ifes! Olha! Olha Vou dar-lhes quatrocentos mil e voces ganharao OS oUJtros trezenrt:os os fedelhos! Dou-vos hoje os quart:rocerutos mil! mil. Salomao Davidovitch, de quanto tempo precisam para isso? Zakharov deu urn salto, fez urn grande gesto com o bra~o, gritando Salomao Davidovitch indinou-se para a f.rente, e afasto'U' os dedos qualquer coisa, e Kreutzer recebeu o seu ape~ de mao com o me~mo chupando nos labios : emtusiasmo juvenil; toda a gente a volta se pos a soltar berros, !!SOS, - Com coJonos tao valentes como O'S nossos, digo-lhe claramente, precipitando·se da banqueta. Torski esgani~ou-se: nao ha-de faltar muito tempo, urn ano! - Ordem, camaradas! -Nao mais? Kreutzer encolheu os ombros, dlesiludido : -Urn ano, e se calhar menos. - Ordem, e bern p!'eciso, V.itia: vamo~ consrt:ru't r ~a fa'b n.~ a ·I Kreutzer virou-se para Zakharov, que sorria com urn ar reservado. Mas Vi~ia compreendia por SJi pr6prio que naquele d1a se pod1am - Alexei Stepanovitch, enrt:ao vamos a isto! dispensar de exigir uma disciplina excessivamente exemplar. Zakharov, francamente embam~ado, esfregou a nuca : - Ha muito que pensamos nisso. Mas nao ganharemos eSISa soma nurn ano: a nossa ferramenta, para que esconde-lo?, eSit:a no fim, ja nao aguenta. Salomao Davidovitch ergueu-se na cadeira com um resmungo : e - Aguenta, decerto porque mod a, como 15e diz, mas penso que podemos conseguir faze-la durar como pudermos. - Oic;:a-me! Oic;:a-me-diss'e Sancho ZorLne estendendo a mao. - Eis o que ·eu lhes digo: n6s a.rranjaremos os rrezentos mil daqui e a urn a.no, como se eles eSit:ivessem na vossa algibeira. Todos os mpazes vo-lo podem dizer. ··- Havemos . de os ganhar! - con£irmaram da banqUJeta. - E, se nos ajudar, t·eremos um.a nova fabrica. Que especie de e e fabrica, outra questao. Mas eis o que eu proponho: se preciso espera.r que os ganhemos e que entao nos ajude, remos par.a urn ano; e preciso contar depois com um· ano inrt:eiro para construir, o que fara dois anos perdidos. E pena. E agora, esta a ver, fazem-se por toda a paroe oo planos quinquenais em tres anos, art:e mesmo dois e e meio, e n6s nao som:os capazes c1isso? Nao verda.de? Bn:tao propoiilhO

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