Proibida a reprodução total ou parcial em qualquer mídia sem a autorização escrita da Editora. Os infratores estão sujeitos às penas da lei. A Editora não é responsável pelo conteúdo deste livro. O Autor conhece os fatos narrados, pelos quais é responsável, assim como se responsabiliza pelos juízos emitidos. Consulte nosso catálogo completo e últimos lançamentos em www.editoracontexto.com.br. © Presses Universitaires de France/Humensis, Les abolitions de l’esclavage (1793-1888) Direitos de publicação no Brasil adquididos pela Editora Contexto (Editora Pinsky Ltda.) Foto de capa Estátua localizada no museu Casa dos Escravos, na ilha de Goreia, Senegal Montagem de capa e diagramação Gustavo S. Vilas Boas Preparação de textos Lilian Aquino Revisão Bruno Rodrigues Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Dorigny, Marcel As abolições da escravatura : no Brasil e no mundo / Marcel Dorigny; tradução de Cristian Macedo e Patrícia Reuillard. – São Paulo : Contexto, 2019. 160 p. Bibliografia ISBN 978-85-520-0139-3 Título original: Les abolitions de l’esclavage 1. Escravidão – História 2. Abolição da escravidão, 1888 – História I. Título II. Macedo, Cristian III. Reuillard, Patrícia 19-0503 CDD 326.09 Angélica Ilacqua CRB-8/7057 Índice para catálogo sistemático: 1. Abolição da escravatura - História 2019 EDITORA CONTEXTO Diretor editorial: Jaime Pinsky Rua Dr. José Elias, 520 – Alto da Lapa 05083-030 – São Paulo – SP PABX: (11) 3832 5838 [email protected] www.editoracontexto.com.br SUMÁRIO PREFÁCIO Jaime Pinsky INTRODUÇÃO AS RESISTÊNCIAS À ESCRAVIDÃO AS CONTESTAÇÕES AO TRÁFICO E À ESCRAVIDÃO Antiescravistas, abolicionistas, reformadores coloniais As origens do antiescravismo SURGIMENTO E EXPANSÃO DO MOVIMENTO ABOLICIONISTA A PRIMEIRA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA (1789-1804) O fracasso da abolição do tráfico (1789-1790) A rebelião dos “livres de cor” em São Domingos A rebelião dos escravos de São Domingos e a primeira abolição da escravatura (agosto de 1791-4 de fevereiro de 1794) O restabelecimento da escravidão e seu fracasso em São Domingos (1801-1804) AS ABOLIÇÕES DO SÉCULO XIX A abolição do tráfico: 1807, 1808, 1815 O Congresso de Viena (1815) O combate contra o tráfico ilegal A abolição inglesa de 1833, primeira ruptura irreversível A França e o caminho rumo à segunda abolição As reformas da Monarquia de Julho A abolição francesa de 27 de abril de 1848 As abolições nas repúblicas hispano-americanas Holanda, Suécia e Dinamarca Os Estados Unidos: Guerra Civil e fim da escravidão O Brasil: último bastião da escravidão A QUESTÃO DA INDENIZAÇÃO O FUTURO DAS SOCIEDADES PÓS-ESCRAVAGISTAS O destino das colônias: rumo à Nova Colonização? Os engajados Haiti: única sociedade camponesa do Caribe A Nova Colonização: utopias abolicionistas e novas expansões europeias CONCLUSÃO CRONOLOGIA BIBLIOGRAFIA O AUTOR PREFÁCIO J P AIME INSKY A abolição da escravatura não foi apenas mais um fato histórico. Foi um reencontro do ser humano com sua própria humanidade. Os escravos deixaram de ser tratados simplesmente como objetos – embora cada vez mais se revoltassem contra esse tratamento. E os senhores, que os aprisionavam, comercializavam, escravizavam e submetiam, podiam tentar reencontrar sua dignidade de seres humanos, pois quem pretende transformar um ser humano em coisa, também se coisifica. É comum atribuir o fim da escravidão moderna, que ocorreu ao longo do século XIX, ao desenvolvimento da indústria, à necessidade da ampliação do mercado consumidor (escravos consumiam muito pouco, homens livres consumiriam mais produtos), ao fenômeno da urbanização que ocorria nos países mais avançados. Atribui-se também a abolição à nova consciência desenvolvida por intelectuais como decorrência das ideias que circulavam com a Revolução Francesa e com o iluminismo. Ambas as concepções estão corretas, como poderemos verificar ao longo deste livro. Não se pode, contudo, deixar de lado os movimentos realizados pelos próprios escravos: pesquisas recentes comprovam que, tanto nas ilhas caribenhas como no interior das fazendas paulistas, os escravos encontraram formas de resistência e de revolta que ameaçavam diretamente a vida de senhores e capatazes, além de provocar a queda da rentabilidade das propriedades. Fugas, suicídios, indolência no trabalho e mesmo ameaças à integridade física dos opressores foram tornando essa forma de relação de trabalho superada. Mesmo não tendo empatia alguma com os escravos, em muitos lugares os senhores começaram a buscar alternativas, como o estímulo à imigração de famílias de colonos europeus. Jornais brasileiros das últimas décadas do século XIX contêm artigos e reportagens clamando pelo fim da escravidão, até em nome de um “branqueamento” da população... Este livro tem a vantagem de ser bem condensado e permitir uma visão geral do fenômeno da abolição, tratada sob a ótica da História Mundial. É interessante, neste mundo pequeno e conectado em que vivemos hoje, fugir de uma visão provinciana, desvinculando os acontecimentos daqui dos de outros cantos do planeta. Trabalhos de fôlego, como os de Luiz Felipe de Alencastro ou Fernando Novais, mostram um sistema colonial complexo, em que o que acontece no Brasil tem a ver com a Europa e a África e mesmo com alguns países da Ásia. Porém, por convicção equivocada de micro-história, ou por simples preguiça, ainda se pratica no Brasil, em nome de não sei que teoria, uma historinha de fazendas de café como se ele fosse uma ilha perdida em um oceano inacessível para os estrangeiros. Neste livro, não. Faz-se aqui boa história comparativa, sem a qual não se pode entender nada. Livro útil para estudantes, mas também aconselhável para profissionais. Ao terminar sua leitura, ficamos com a sensação de que acabou cedo demais. Existe virtude maior para um livro?