ARTE POETICA DE Q. HORACIO FLACCO, Traduzida, e illustrada em Portuguez POR CANDIDO LUSITANO. Reedição de Ângela Correia Érica Carvalho Melanie Madeira Mónica Rosendo Lisboa 2018 1 Índice Nota editorial Discurso preliminar do traductor Capítulos: I IX XVII XXVI XXXIV II X XVIII XXVII XXXV III XI XIX XXVIII XXXVI IV XII XX XXIX XXXVII V XIII XXI XXX XXXVIII VI XIV XXII XXXI XXXIX VII XV XXIII XXXII XL VIII XVI XXV XXXIII Supplemento a’s notas Observações do Traductor sobre as varias Lições desta Arte Poetica 1 Nota editorial A reedição da Arte Poética de Horácio dificilmente necessitará de justificação, dada a importância que continua a assumir nos estudos literários. Tratando-se de leitura obrigatória em âmbito universitário, julgamos assim facilitar o acesso a esta obra fundamental. Autor e tradutor Horácio nasceu em Venúsia em 65 a. C. e morreu em Roma no ano 8 d. C. Embora filho de um liberto, teve uma excelente educação, que chegou ao que poderemos considerar equivalente ao nível universitário, primeiro em Roma e depois em Atenas. Participou na batalha dos Filipos em 42 a. C. pelo lado republicano, que saiu derrotado, e teve de fugir de Atenas. Regressado a Itália, exerceu funções equivalentes às de um funcionário de uma repartição central, enquanto escrevia versos nos tempos livres. Foram estes versos que lhe valeram 2 a proteção de Mecenas, amigo e colaborador do futuro imperador Augusto, e por fim a oferta de uma quinta, onde se dedicou à escrita de grande parte da sua obra. Esta compreende Epodos, Sátiras, Odes e as Epístolas, sendo a mais conhecida a Epistola ad Pisones ou Arte Poética. (A. Costa Ramalho, Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura, Edição Século XXI, vol. 14, 1999, cols. 1403-1406). Francisco José Freire nasceu em Lisboa, em 1719 e morreu em Mafra em 1773. Em 1756, tornou-se membro da Arcádia Lusitana, adotando o nome Cândido Lusitano. Estudou com os Jesuítas no Colégio de Santo Antão e depois na Casa de S. Caetano, dos Teatinos. Esteve ao serviço do patriarca D. Tomás de Almeida até professar, em 1752, na Congregação de S. Filipe de Néri. Na obra deste árcade, contam-se diversos elogios; uma Vida do Infante D. Henrique; um diálogo com o objetivo de demonstrar que o Padre António Vieira não foi o autor da Arte de Furtar; a Ilustração crítica a uma carta, que um filólogo de Espanha escreveu a outro de Lisboa acerca de certos elogios lapidares, sobre o Verdadeiro Método de Estudar; a tradução da Athalie de Racine; numerosas versões comentadas de Sófocles, Eurípedes, Séneca, Maffei; as Metamorfoses e os Tristitia de Ovídio; as Sátiras e as Epístolas de Horácio; o De Partu Virginis de 3 Sannazaro. É provavelmente dele também o libreto de ópera Ulisses em Lisboa. Foi também autor de diversas obras de cariz pedagógico, como o Secretário Português; a Arte Poética ou Regras da Verdadeira Poesia; o Dicionário Poétio para uso dos que principiam a exercitar-se na Poesia Portuguesa. Obra igualmente útil ao Orador principiante; O Mentor de Filandro. Epístolas a um escritor principiante e a tradução da Arte Poética de Horácio, publicada em 1758. Uma segunda edição «aumentada com as regras da versificação portuguesa» foi publicada após a morte de Cândido Lusitano, em 1778, e uma terceira, em 1784. (Aníbal de Castro, Biblos. Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, vol. 2, 1997, cols 697-700) O livro-fonte A presente reedição foi feita a partir de um exemplar da primeira edição, de 1758, que se encontra na Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Trata-se de um exemplar em bom estado de conservação, com 260 páginas e encadernação igualmente em bom estado. Dotado de um sistema de reclamos, encontramos, na margem inferior de cada página, as primeiras letras da palavra com que começa a página seguinte. 4 Algumas ilustrações assinalam partes do livro: uma a meio da folha de rosto; outra antes do início do texto da Arte Poética de Horácio, complementada por uma inicial maiúscula ornamentada; e, finalmente, outra após o fim do texto da Arte Poética. A estrutura do livro é bastante complexa. No verso da folha de rosto, foi deixada uma epígrafe. Logo na página ímpar seguinte, a dedicatória feita pelo tradutor, Cândido Lusitano, a Sebastião José de Carvalho e Melo estende-se por oito páginas, cuja mancha gráfica se distingue por um maior espaçamento de letras e linhas. Depois de uma página par deixada em branco, começa o «Discurso Preliminar do Traductor.», disposto ao longo de 27 páginas não numeradas. Nestas páginas, são feitos diversos destaques sobre a margem exterior num tamanho de letra mais pequeno. Após mais uma página par em branco, leem-se as «Licenças do Santo Officio.». Logo no verso da página de licenças, deveriam ter sido impressos os primeiros versos latinos da Arte Poética, o que, por falha de impressão, não aconteceu. Na página ímpar seguinte, encontra-se a tradução portuguesa do início da Arte Poética. Começa nesta página também a numeração das páginas que se 5 estende do número 3 ao número 195, onde o texto da Arte Poética se conclui, continuando depois regularmente até ao final do livro. As páginas onde se lê a Arte Poética em latim e respetiva tradução para português estão organizadas para leitura paralela das duas páginas que o livro aberto oferece. À esquerda (página par), o texto latino é disposto logo abaixo da linha onde se encontra o número da página e o título corrente («De Arte Poëtica.»). Aproximadamente a meio da página, um filete separa o texto latino das notas que lhe dizem respeito, introduzidas em letra mais pequena e com entrelinhamento mais reduzido. O sistema de remissão é simples: a palavra ou conjunto de palavras da Arte Poética, a que a nota diz respeito, precede-a em itálico. A página par seguinte encontra-se organizada exatamente da mesma forma, encontrando-se a tradução portuguesa no lugar do texto latino, logo a seguir à linha que contém o título corrente («Arte Poética.») e o número da página. Na página 196, começa o «Supplemento às notas», parte que se estende até à página 208. Nesta página, após um filete disposto mais ou menos a meio da página, começa uma nova parte, intitulada «Observações do Traductor sobre as varias Lições desta Arte Poetica.», que se estende até à última página do volume, numerada 218. 6 A análise de variantes manuscritas e de argumentação em prol da fixação de umas lições em detrimento de outras, nesta última parte, tem especial interesse para a história da Crítica Textual em Portugal, mostrando-nos o pensamento sobre edição crítica no País, em época pré-Lachmanniana. Encontram-se notas manuscritas de vários leitores ao longo das páginas deste exemplar, especialmente no início. Um destes leitores identifica-se escrevendo, junto à ilustração com que o livro marca o fim da Arte Poética: «O professor Manuel Ribeiro da Silva leu com m.ta atenção esta "Arte Poetica" em Outubro de 1901 / Fim». Entre outras notas, destacam-se algumas contas de somar rabiscadas na margem exterior da página 26. Critérios e normas de transcrição Na presente reedição, vimo-nos forçadas a encontrar soluções de organização que nos permitissem, com os meios automáticos atuais, reproduzir a complexa estrutura da nossa fonte, que, graças aos processos manuais da tipografia antiga, consegue proporcionar a leitura rigorosamente paralela do texto latino e da tradução portuguesa, bem como das notas que lhes dizem respeito. 7 Mantivemos, portanto, o texto latino e a tradução portuguesa a par, criando duas colunas em cada página. As notas ao texto foram passadas para o fim do livrónico, mas a hiperligação entre as palavras do texto e as respetivas notas permite a consulta imediata das notas e o regresso ao mesmo ponto do texto. Transcrevemos letra a letra o que se encontra no livro-fonte, fazendo apenas as indispensáveis adaptações tipográficas que abaixo se identificam. Reproduzimos o itálico em todas as palavras onde o encontrámos e não corrigimos nem assinalámos nenhum erro. Quanto aos primeiros versos da Arte Poética, que, por falha de impressão, não se encontram no livro-fonte, recuperámo-los recorrendo às fotografias de um exemplar da terceira edição, de 1784, disponível aqui. Eis os aspetos em que a nossa reedição se afasta do livro-fonte: - as páginas em branco foram excluídas, por não fazerem sentido num livro eletrónico; - normalizámos o tipo e os tamanhos da letra; - substituímos o símbolo & por «et»; 8 - o chamado «s» longo ( ∫ ) foi transcrito com recurso ao «s» da tipografia atual; - não reproduzimos o espaço entre os sinais de pontuação e a palavra anterior; - não reproduzimos os asteriscos e letras observáveis na margem inferior de algumas páginas do livro-fonte; - não reproduzimos os reclamos, ou seja, as letras que, na margem inferior de uma página, repetem as letras do início da página seguinte; - não transcrevemos as notas manuscritas; - reproduzimos os destaques impressos a letra mais pequena na margem exterior do volume em caixas dispostas entre a mancha de texto e a margem. 9
Description: