AQUISIÇÃO LINGÜÍSTICO-CULTURAL DE ESPANHOL-LÍNGUA ESTRANGEIRA (E-LE) MEDIADA PELO CINEMA: UM ESTUDO DE REPRESENTAÇÕES1 Maria de Lourdes Otero Brabo CRUZ2 Fábio Marques de SOUZA3 Luiz Fernando Martins de LIMA4 Resumo: Nossa preocupação com a maneira como o ensino de uma LE pode preparar o aluno para situações reais de comunicação levou-nos a buscar um caminho que levasse o estudante a aguçar sua sensibilidade para o impacto que a diferença cultural exerce no processo comunicativo. Com esse objetivo planejamos e realizamos oficinas para aquisição lingüístico-cultural de espanhol mediada por filmes hispânicos. Nesta experiência, coletamos dados para uma pesquisa com enfoque etnográfico, num Centro de Estudos de Línguas do Estado de São Paulo. A análise do corpus reunido permitiu-nos observar que muitos desses aprendizes estudam o espanhol apenas porque, segundo seu imaginário, quem tem domínio desta língua terá um emprego melhor, pois poderá inserir-se no Mercosul com facilidade. A visão de LE como “chave de acesso” para o mercado de trabalho é acompanhada pela crença de que esta língua, por ser próxima do português, é fácil de ser aprendida. O cinema mostrou-se um ótimo insumo para este contexto, proporcionando aos participantes uma forma pluricultural de perceber o mundo e a si mesmos. Palavras-chave: pesquisa etnográfica; Lingüística Aplicada; Espanhol-LE; cinema; crenças. 1. A IMPORTÂNCIA DO CINEMA PARA O ENSINO DO ESPANHOL-LE E A METODOLOGIA DE EXECUÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA O presente trabalho enfoca a utilização do cinema como técnica para o desenvolvimento da competência comunicativa5 do aprendiz, com ênfase na questão da interculturalidade. Relataremos as atividades que planejamos e desenvolvemos, bem como as observações que fizemos sobre a configuração do imaginário dos alunos em relação ao aprendizado e suas motivações. Compartilhando a visão dos Parâmetros Curriculares Nacionais que apresentam a aprendizagem de Língua Estrangeira como uma possibilidade de aumentar a percepção do aluno como ser humano e considerando que ao aprender línguas se apreende mundos, foi que projetamos e realizamos oficinas para aquisição lingüístico-cultural de espanhol mediada pelo cinema, com o objetivo de: § Incentivar o aprendiz a desvendar as fronteiras de onde este idioma é falado e desenvolver uma sensibilidade para perceber o impacto que a diferença cultural exerce no processo comunicativo (Cf.: Byram & Fleming, 2001); 1 Este artigo é fruto do projeto do Núcleo de Ensino, desenvolvido em 2004 com o patrocínio da PROGRAD/FUNDUNESP. 2 Professora do Departamento de Letras Modernas – Faculdade de Ciências e Letras – UNESP – Assis. 3 Graduando em Letras – Faculdade de Ciências e Letras – UNESP – Assis 4 Graduando em Letras – Faculdade de Ciências e Letras – UNESP – Assis 5 Compartilhamos do conceito de competência comunicativa apresentado por Hymes (1979), sistematizado por Canale & Swain (1980) e ampliado por Almeida Filho (1993). 388 § Proporcionar aos alunos diferentes oportunidades de novas formas de expressão, considerando as variações lingüísticas; Trata-se esta de uma pesquisa desenvolvida em Lingüística Aplicada6: ensino e aprendizagem de línguas, com cunho etnográfico e interpretativista. Buscamos verificar a eficiência deste trabalho de intervenção, e isto foi feito através de observações registradas num diário de pesquisa, que exigiram interpretação e reflexão por parte dos pesquisadores. Também fizemos uso de outros instrumentos de coleta de dados, como entrevistas semi-estruturadas, questionários, formulários, cartas, gravações em áudio e vídeo. Figura 1: Instrumentos de coleta de dados. Os dados colhidos foram triangulados e analisados em reuniões conjuntas entre os alunos-pesquisadores e a coordenadora do projeto, nas quais foram discutidas leituras teóricas e anotações de campo. Procuramos sempre abordar o corpus coletado com uma visão holística, considerando as várias subjetivações que se elaboram no processo de aprendizado, envolvendo as opiniões de todos os participantes. A investigação, desenvolvida numa parceria universidade-escola pública, envolveu dois alunos-pesquisadores e uma professora7 com seu grupo de vinte e três alunos (com idade entre 13 e 17 anos) do terceiro semestre do curso que tem a duração de três anos. Este curso é oferecido por um Centro de Estudos de Línguas (CEL)8 do interior do Estado de São Paulo - 6Entendida aqui como lingüística transdisciplinar e não aplicação da lingüística. (Cf: Cavalcanti, 1986; Celani, 1992; Moita Lopes, 1996; Schmitz, 2004). 7 A professora participante é brasileira, graduou-se em Letras por uma universidade pública em 1998. Desde então ela se dedica ao ensino de E-LE em escolas públicas e particulares da cidade de Assis e região. Ministra aulas de espanhol instrumental, há dois anos, em um curso de graduação em Administração numa faculdade particular local. 8 Este programa foi criado pelo Decreto Governamental n.º 27.270/87. Os CELs estão distribuídos na rede pública de todo o estado de São Paulo. O Centro pesquisado oferece cursos de Alemão, Espanhol, Francês, Italiano e Japonês, nos períodos diurno e noturno, inclusive aos sábados (manhã e tarde). 389 programa que oferece aos alunos da rede pública a possibilidade de acesso a uma segunda língua estrangeira, além da inglesa, oferecida nos currículos regulares. Optamos por filmes pelo fato de serem amostras autênticas produzidas contextualizadamente na língua-alvo sem manipulações com fins didáticos: A arte cinematográfica, além de representar a vida, dá formas às inquietações e desejos mais íntimos da alma humana. O filme reúne extraordinário volume de informações. Nas diferentes áreas da experiência humana e por isso deve ser utilizado, nas escolas, como um instrumento didático valiosíssimo na formação de novas gerações.(Trevizan, 1998:85) Assistimos vários filmes produzidos em língua espanhola com o objetivo de selecionar três que abarcassem um pouco da diversidade cultural dos países onde este idioma é falado. Escolhemos os filmes Fale com ela (Espanhol), O filho da noiva (Argentino) e Como água para chocolate (Mexicano) (vide anexo 1). O filme, além de enriquecer as aulas, torna-se uma ótima alternativa como extensão do ambiente formal de ensino e pode contribuir com o desenvolvimento da autonomia para a promoção da aprendizagem: A aprendizagem ocorre de uma forma mais eficaz quando os alunos desempenham um papel ativo no processo. Isto quer dizer que os alunos não apenas recebem a informação, como, também, a internalizam de uma forma significativa.(Motta, 1997:7). Após a seleção dos filmes, contando com materiais de apoio (textos, mapas, guias, cartazes, guias de viagens, músicas, fitas de vídeo) elaboramos atividades (dramatizações, poemas, exercícios com foco na língua e tarefas de cunho comunicativo relacionadas com o conteúdo presente no filme com foco no componente cultural) que foram aplicadas durante as oficinas, totalizando uma carga de 32 horas ao longo do ano de 2004. 390 Os dois primeiros filmes foram exibidos contando com o apoio da legenda na língua- meta, já na exibição do último, tendo em vista que os alunos estavam mais familiarizados com a compreensão auditiva deste recurso, optamos pela exibição sem legenda. Existem vários títulos hispânicos disponíveis no mercado brasileiro, porém, é importante ressaltar que se deve procurar uma adequação à faixa etária do público envolvido.. 2. AS OFICINAS DE CINEMA DESVENDANDO A CULTURA DE APRENDER Diversos pesquisadores da Lingüística Aplicada afirmam que a cultura de aprender Língua Estrangeira (LE) do aprendiz é baseada em teorias implícitas que são compostas por fatores como crenças, motivações, memórias, intuições e imagens, dentre outros (Cf: Almeida Filho, 1993; Barcelos, 1999). Neste artigo apresentaremos reflexões sobre alguns destes componentes na abordagem de aprendizado dos participantes, focaremos nossa atenção no imaginário, nas crenças e na relação entre o insumo e a motivação. 2.1. O Imaginário Os motivos pelos quais a sociedade brasileira procura aprender uma língua estrangeira mantêm-se, de forma geral, restritos à simples busca pela inserção no mercado ou à ascensão profissional no mundo dito “globalizado”. Através da análise dos dados coletados com os participantes, pôde-se observar que muitos desses aprendizes estudam espanhol apenas porque, segundo seu imaginário, quem tem domínio da língua espanhola terá um emprego melhor, pois poderá inserir-se no Mercosul com facilidade. Estas visões estão representadas na figura 2: Figura 2: Saber língua estrangeira significa ter emprego e ascensão financeira. 391 Podemos perceber no discurso dos aprendizes uma visão de Língua Estrangeira enquanto “chave de acesso” ao mercado de trabalho e ao status social (vide fig.3): – “Por que o espanhol ? Por que o mercado de trabalho é muito exigente e espanhol é a segunda língua mais falada.” Karina, 17 anos. – “Faço espanhol pra ter um conhecimento a mais no currículo.” Maria Júlia, 16 anos. – “Sigo estudando espanhol porque quero completar o curso e, no final, pegar meu diploma.” Ana Carolina, 17 anos. Figura 3: A idéia de língua estrangeira enquanto chave de acesso ao mercado de trabalho. A partir de dados como esses foi possível a reflexão em torno da abordagem de ensino/aprendizagem, pois, conhecendo as expectativas que os alunos tinham em relação ao curso, pudemos tentar modificar a idéia limitada que existia no grupo quanto à empregabilidade que o conhecimento de uma língua estrangeira pode proporcionar. Este estudo nos propiciou conhecer outras crenças desses aprendizes, como a de que o espanhol, por ser uma língua próxima à língua portuguesa, é fácil de ser aprendida: – “Eu escolhi o espanhol porque, das cinco línguas que têm aqui, eu acho que o espanhol é mais fácil” Izabel, 14 anos. – “Eu escolhi o espanhol porque eu achei que fosse uma língua fácil e gostosa de se falar” Marcos, 16 anos. – “Eu gosto do espanhol, porque é uma das línguas mais fáceis” Kamille, 14 anos. 392 Figura 4: A diferença entre aprender espanhol e outras línguas estrangeiras. Levando-se em conta que o senso comum impõe o estudo de línguas como uma necessidade essencial na contemporaneidade, o grupo pesquisado procura aprender espanhol, pois, segundo o imaginário da maioria desses alunos esta é uma língua que demanda pouco esforço do aprendiz. Conhecer o que os aprendizes esperavam contribuiu para que procurássemos oferecer uma experiência visando uma idéia de aprendizado mais ampla, demonstrando ao aluno que o aprendizado de uma LE vai mais além da inserção no mercado de trabalho, levando-o a captar o quão gratificante é aprender uma língua estrangeira aprendendo também novas culturas, o que proporciona novas maneiras de observar o mundo e de observar a si mesmo. Sabendo que as crenças existem e que orientam a abordagem de aprender a língua-alvo, desenvolvemos atividades utilizando insumos autênticos e reais, buscando assim, auxiliar os aprendizes a desmistificarem estas representações e compreenderem a complexidade que envolve todo sistema lingüístico enquanto identidade social de um grupo. 2.2. A Motivação Neste estudo observamos como se configurou a relação entre o insumo e a motivação através do uso do texto fílmico no contexto de aprendizagem de espanhol pesquisado. Como embasamento teórico compartilhamos da definição apresentada por Jacob (2002), que considera a motivação como algo que orienta o aprendiz a tomar uma decisão consciente sobre a busca do novo num dado momento, bem como o leva, durante o processo, a investir um maior ou menor esforço na aprendizagem e oferece condições para que possa avaliar, negativa ou 393 positivamente, o processo em que está envolvido, tomando como base o atendimento ou não da motivação prévia que possuía. Antes do início das oficinas fizemos o levantamento prévio das atividades consideradas, pelos alunos, como mais motivadoras. Utilizamos um modelo de questionário proposto por Jacob (2002). Os resultados que obtivemos aparecem no gráfico 1: EXPLICAÇÕES GRAMATICAIS VÍDEOS/FILMES 1% 10% MÚSICAS 18% TRABALHOS COM VOCABULÁRIO 13% CRIAÇÃO DE DIÁLOGOS 6% DRAMATIZAÇÕES 4% DIÁLOGOS 12% PESQUISAS EXERCÍCIOS 4% JOGOS TRADUÇÕES GRAMATICAIS 15% 13% 4% Gráfico 1: Levantamento das atividades consideradas pelos alunos como mais motivadoras. Antes de nossa intervenção no grupo, assistimos a algumas aulas como observadores e pudemos notar que músicas, jogos e atividades com vídeos/filmes, consideradas pelos alunos como mais interessantes quase não aconteciam no contexto estudado antes do desenvolvimento das oficinas: Poderíamos descrever uma aula típica como uma aula tradicional, a professora é muito divertida e mantém um bom filtro afetivo – o que cria um ambiente agradável, favorável à aprendizagem – porém, talvez pela necessidade de terminar o livro didático, o conteúdo fica restrito a seguí-lo e nele aparecem muitos exercícios estruturais o que demanda explicitações gramaticais e de vocabulário muitas vezes de forma isolada e repetitiva. (Diário de Pesquisa, 17/04/04). 394 Uma análise qualitativa do corpus coletado nos permite concluir que o insumo atua decisivamente na motivação dos aprendizes e, neste contexto, o uso do cinema propiciou cenários de interação, o que aumentou significativamente a motivação dos alunos, refletindo na melhoria de seus desempenhos lingüísticos. As fotos 1 e 2 apresentam alunos trabalhando em grupo, com entusiasmo, durante o desenvolvimento das oficinas: Fotos 1 e 2: Aprendizes confeccionando cartazes para exposição oral. Tendo como princípio que, para haver êxito no processo de ensino-aprendizagem, o insumo (aqui entendido como “matéria-prima” para o desenvolvimento da competência comunicativa do aprendiz) deve ser autêntico e relevante, o cinema aparece como uma opção que responde plenamente a esses requisitos. 3. CONTRIBUIÇÕES DESTA PESQUISA: Ao longo de nossa trajetória pelos contextos escolares, quer seja como alunos, professores ou pesquisadores, sempre observamos que o cinema tem sido pouco utilizado na aula de língua estrangeira, quando não mal-utilizado. Não foram poucas as situações de nossa trajetória de vida em que convivemos com o “vídeo-enrolação” ou o “vídeo-tapa-buraco”9. Fatos como estes nos inquietavam, assim como nos preocupava o pouco espaço que tem sido dado às variantes lingüísticas nos ambientes formais de aprendizado de LE. Muitas vezes, o aluno só se da conta disso quando, após terminar seu curso, tem a oportunidade de falar com nativos em situações reais de comunicação e então percebe que as fórmulas prontas e estandardizadas que aprendeu não dão conta de significar em todas as situações e contextos da vida real. 9 Estas expressões são de Moran, 1995 apud Napolitano, 2003. 395 Estes temas nos motivaram a buscar apoio nas teorias especializadas sobre aquisição de LE (insumos, abordagem/cultura de aprender, teorias implícitas) e a buscar meios de proporcionar caminhos para a prática neste contexto que nos foi propiciado, com muita presteza, pela professora participante que se prontificou a refletir conosco e buscar mudanças. Podemos confirmar que todos os envolvidos por esta experiência saíram dela modificados. A mudança nos alunos pode ser observada no relato da professora participante – posteriormente apresentado em um evento científico: El principal cambio constatado en el grupo de alumnos investigado fue la significativa pérdida de la inhibición o timidez en el momento de expresarse en la lengua estudiada. Alumnos que no hablaban casi nada ahora preguntan en la lengua meta y se sienten cómodos en preguntar las palabras que no conocen.10 (Oliveira, 2004) 3.1. A valorização do trabalho com filmes: O uso de filmes na sala de aula é uma opção válida e possível de ser executada e, no contexto estudado, proporcionou bons resultados, como pode ser observado pelo testemunho da professora sobre o desempenho dos alunos: “(...) yo veo que el grupo creció mucho, amadureció mucho, porque [en] los días que yo trabajé sola con ellos la producción de las cosas fueron más rápida, la comprensión de las cosas(...)”11 Os próprios alunos, sujeitos de nossa pesquisa, confirmam a importância das experiências vivenciadas nas oficinas desenvolvidas neste projeto do núcleo de ensino: – “Acho que estudando assim, aprender a língua estrangeira torna-se divertido”. Ana Carolina, 16 anos. – “Achei legal, pois cada semana era uma coisa diferente a se trabalhar”. Analu, 13 anos. – “A qualidade é ótima, várias atividades diferentes(...) atividades que ensinam e divertem ao mesmo tempo... São atividades diferentes e gostosas de fazer...” Francine, 16 anos. – “[Meu interesse] aumentou, me fazendo pensar até em fazer Letras (espanhol)”. Andréia, 17 anos. Com o objetivo de difundir as vantagens do uso do cinema na aquisição de outras línguas estrangeiras (além do espanhol), foi apresentada a comunicação “Searching for learner’s autonomy: the cinema as possible way12” na XVIII Spring Conference da Associação dos 10A principal mudança constatada no grupo de alunos pesquisados foi a significativa perda da inibição ou perda da timidez no momento de se expressar na língua estudada. Alunos que não falavam quase nada agora perguntam na língua alvo e se sentem cômodos ao perguntar palavras que não conhecem. 11 “(...) eu vejo que o grupo cresceu muito, amadureceu muito, porque nos dias em que eu trabalhei sozinha com eles a produção das coisas foram mais rápidas, a compreensão das coisas (...)” 12 Buscando a autonomia do aprendiz: o cinema como um caminho. 396 Professores de Língua Inglesa do Estado de São Paulo (APLIESP), levando em consideração a grande quantidade de filmes disponíveis nesta língua. 3.2. Promoção da autonomia no aprendizado de línguas: Os encontros propiciaram aos aprendizes a oportunidade de se familiarizarem com filmes hispânicos e desenvolverem uma recepção do texto fílmico mais além das imagens, sentindo o potencial de aprendizagem que pode gerar um vídeo e aprendendo que este recurso pode ser usado fora da sala de aula. O aluno preparado para aprender com filmes torna-se mais autônomo na extensão de seu aprendizado fora de ambientes formais de ensino, estendendo para sua vida cotidiana uma mais apurada capacidade interpretativa. Sobre esta importância do aluno participar ativamente na construção do conhecimento, compartilhamos das idéias de Leffa (2002): A boa notícia, para a autonomia, é que os pouquíssimos alunos que conheci pessoalmente e que foram capazes de adquirir um conhecimento funcional da língua estrangeira, foram alunos autônomos, alunos que por conta própria foram muito além do que lhes foi exigido na sala de aula. Isso me leva a pensar que, excetuados os casos de imersão, só é possível aprender uma língua estrangeira se o aluno for autônomo. Se não for assim, ele vai ficar apenas no que é dado na sala de aula, e isso não basta para adquirir o domínio de uma língua. 3.3. Renovação da prática da professora envolvida Esta oportunidade proporcionou a interação da universidade com a escola pública e o trabalho em equipe. A professora participante abriu a porta de sua sala-de-aula e compartilhou com os alunos-pesquisadores sua experiência, participando do planejamento, análise e reflexão, sempre através do diálogo e da partilha de responsabilidades, como pode ser identificado em seu discurso: (...) yo he aprendido mucho con eso también, trabajar en grupo, compartiendo, ¿no es? Porque a veces nos quedamos tan solitarios en las salas de clases. (...) que no conseguimos darnos cuenta de cuanta cosa interesante podemos hacer con la misma cosa, ¿no es? Entonces, bueno, yo les agradezco(...)13 Este trabalho de intervenção propiciou à professora a reflexão sobre sua prática, adotando uma nova postura com relação ao trabalho com filmes: (...) por lo menos yo no voy a tener coraje de poner una película para tapar un hueco y después no hablar nada de aquello, ¿no es? Porque ahí yo voy a matar 13 “(...) eu aprendi muito com isso também, trabalhar em grupo, compartilhando, não é? Porque às vezes ficamos tão solitários nas salas de aula. (...) que não conseguimos nos dar conta de quanta coisa interessante podemos fazer com a mesma coisa, não é? Então, bom, eu os agradeço(...)” 397
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