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Aprendizagem histórica. Fundamentos e paradigmas PDF

225 Pages·2012·8.83 MB·Portuguese
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APRENDIZAGEM HISTÓRICA FUNDAMENTOS E PARADIGMAS JÕRN RÜSEN Com a contribuição de Ingetraud Rüsen Para saber ensinar é preciso saber como se aprende. O que é aprendizagem histórica? Quais seus principais fundamen tos? Com esse livro, o filósofo e historiador Jörn Rüsen, com a colaboração de Inge Rüsen, indica caminhos da apren dizagem histórica, como a aquisição de competências por meio da apropriação da experiência do tempo e sobre o tempo. Questões como os fundamentos teóricos da apren dizagem histórica e suas consequências para o ensino, a ciência da história e os manuais didáticos, os museus e a aprendizagem histórica e os direitos humanos e o ensino de história, são debatidos pelo autor. Com essas e outras contribuições, o livro pode ajudar a fundamentar aulas de história diferentes e inovadoras, pois estão referenciadas em uma nova concepção de aprendizagem histórica. Dr. Jörn Rüsen nasceu em 1938. Foi professor e pesquisador nas Uni versidades de Braunschweig, Berlin e Bochum, Bielefeld e Witten-Her decke. Desenvolveu trabalhos tam bém na índia, Romênia, África do Sul e Taiwan. É professor emérito da Universidade de Bielefeld (1989- 1997), no estado alemão da Renâ- nia do Norte-Vestfália, onde suce deu a Reinhardt Koselleck. Foi Pre sidente do Instituto de Altos Estu dos em Humanidades, do mesmo estado alemão, de 1997 a 2007. É conhecido mundialmente pelas suas reflexões sobre os fundamen tos da consciência histórica, do pen samento histórico, da cultura histó rica e da ciência histórica, a partir da perspectiva de um novo huma nismo, que tem como referência, entre outros, o princípio da intercul- turalidade. Outras obras do autor: No Brasil, Jörn Rüsen já é conheci do, não somente por sua trilogia da Teoria da História, cuja tradução bra sileira foi publicada pela Editora da Universidade de Brasilia: I. Razão Histórica (2001). II. Reconstrução do Passado (2007) e III. História Viva (2007), mas também pelos seus escritos acerca do ensino de história, publicados pela Editora da Universidade Federal do Paraná (2010). A repercussão na área do ensino e aprendizagem da história, com consequências para melhorias efetivas na prática de sala de aula tem exigido, cada vez mais, a pre sença dos trabalhos de Rüsen em nossas escolas, o que explica a im portante contribuição desse livro. APRENDIZAGEM HISTÓRICA FUNDAMENTOS E PARADIGMAS JÕRN RÜSEN Com a contribuição de Ingetraud Rüsen Tradução: Peter Horst Rautmann Caio da Costa Pereira Daniel Martineschen Sibele Paulino W.A. EDITORES Curitiba, 2012 APRENDIZAGEM HISTÓRICA - FUNDAMENTOS E PARADIGMAS Jörn Rüsen Copyright ©Jörn Rüsen Historisches Lernen: Grudlagen und Paradigmen Mit einem Beitrag von Ingetraud Rüsen Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada em um sistema de recuperação ou transmitida, sob qualquer forma ou por quaisquer meios, eletrônico, mecânico, fotocopiado, ou qualquer outro meio, sem prévia permissão dos editores. Revisão: Marcelo Fronza Solange Maria do Nascimento Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd Estevão C. de Rezende Martins Maria Auxiliadora M.S. Schmidt Projeto gráfico c diagramação: Gustavo íurk Impressão: Lastro - lastro^qwnet.com.br R949a Rüsen, Jörn Aprendizagem histórica: fundamentos c paradigmas / Jörn Rüsen, com a colaboração de Ingelraud Rüsen ; tradução de Peter Horst Rautmann. Caio da Costa Pereira, Daniel Martinesehen, Sibele Paulino - Curitiba: W.A. Editores, 2012. Tradução de: Historiehes Lernen: Grudlagen und Paradigmen 232p.: 21 cm. ISBN 978-85-65921-00-8 1. Didática da História. 2. Teoria da História. 3. Ensino da História. I. Título. II. Ingetraud Rüsen (col.). CDD 930.2 W&A EDITORES Rua Rodrigues Alves. 189 - Fone (41) 3343-5139 - Curitiba - PR 7 Apresentação Aprendizagem histórica: desafio e projeto 9 Parte 1 Fundamentos 13 Capítulo 1 Iluminismo e Historicismo: premissas históricas e opções da didática da história.. 15 Capítulo 2 Consequências da teoria da narrativa histórica para a didática da história 33 Capítulo 3 Aprendizagem histórica: esboço de uma teoria 69 Capítulo 4 0 que é e com que finalidade praticamos (ainda) hoje a didática da história? 113 Capítulo 5 No caminho para uma pragmática da cultura histórica 129 Parte 2 Paradigmas 141 Capítulo 6 0 bom permanece - ainda bem! Modelos interpretativos históricos no ensino inicial 143 Capítulo 7 Para uma didática dos museus históricos: contra um estreitamento na controvérsia acerca da cultura histórica 151 Capitulo 8 Sobre a utilidade e a desvantagem da ciência para o livro didático: o exemplo da história Capítulo 9 Progresso. Reflexões de didática da história sobre o caráter dúbio de uma categoria histórica Capítulo 10 Direitos humanos e civis como orientação histórica: sugestões para interpretação e para análise didática Capítulo 11 Consciência histórica europeia como desafio à didática da história 9 Apresentação Aprendizagem histórica: desafio e projeto Com a nova didática da história supera-se a antiga metodologia da historia e cria-se um novo instrumental teórico, por recurso à ciên cia da história e à teoria da história, para refletir os processos de aprendizagem também fora do espaço escolar. Karl-Ernst Jeismann e Jorn Riisen introduziram duas categorias fundamentais para a di dática da história - "consciência histórica" e "cultura histórica", sem as quais já não se pode mais pensar a teoria da história.1 A didática da história lida com três fatores decisivos para a aprendizagem histó rica. O primeiro fator é a consciência histórica dos indivíduos, surgida no âmbito de suas vidas práticas, no decorrer concreto do tempo e nas circunstâncias empíricas da realidade social e do espaço em que se encontram. Essa consciência espontânea inicial está habitada pela tradição em que cada pessoa nasce e cresce. O segundo fator é a historiografia: o modo como a história, inscrita nas consciências e nas vidas dos indivíduos, é escrita segundo procedimentos de controle crítico. A historiografia é o resultado de uma prática científica própria, que lida com fontes, métodos de pesquisa, concepções teóricas, metas e objetivos explicativos, argu mentos demonstrativos, narrativas de síntese. O terceiro fator é o ensino da história, enquadrado majoritariamente pelo sistema escolar, tal como criado a partir do pro jeto iluminista do estado moderno, de prover educação e formação. A história é assim entendida em diversos diapasões: história é a realidade con creta da vida dos homens efetivada no agir; história é a reflexão racional de cada um sobre sua experiência no tempo e do tempo; história é um ramo científico de apre ensão, descrição, entendimento e explicação do agir humano intencional no tempo 1 Simone Rauthe. "Geschichtsdidaktik - ein Auslaufmodell? Neue Impulse der amerikanischen Public History", em Zeithistarische Forschungen 2 (2005), disponível em h tip ://w\vw.zeit historische-forschungen.de/ lfil2hfl4l-Rainhe-2-200S. (3.7.2012]. 10 Jörn Riisen (uma disciplina); história é o teor articulado da narrativa constante dos livros e outros produtos análogos (um conteúdo); história é a soma de toda a presença hu mana no tempo e no espaço desde quando não sabemos até quando também não dominamos (um processo). Como haver-se com tamanha diversidade no quotidiano dos que participam do processo de aprender e ensinar história? Essa questão serve de eixo articulador de sentido deste livro do historiador alemão Jörn Rüsen, um dos mais renomados espe cialistas contemporâneos de teoria, metodologia e didática da história. Catedrático de teoria da história e de didática da história na Universidade de Bochum (Estado da Renânia do Norte-Vestfália, na Alemanha) e, em seguida, nas Universidades de Bielefeld e Witten-Herdecke (no mesmo estado), Rüsen publicou obras de referên cia marcantes nesses campos. Uma das primeiras constatações feitas por Rüsen, ao longo de sua longa discus são das questões da didática da história, é que esta não se esgota no sistema escolar, embora tenha nele uma arena preferencial. História, sua experiência e sua reflexão, tem função sócia! determinante na formação da identidade das pessoas e de suas sociedades. Com isso, possui um papel educacional na sociedade em geral, e não apenas no sistema escolar. História está no ensino e no aprendizado em sala de aula, história está no contraste e na crítica do quotidiano e do meio-ambiente cultural a que-pertencemos todos, história está na arquitetura interpretativa do tempo que nos envolve, nos documentos, nos monumentos, no espaço urbano e rural, nas mentali dades e nos valores, nas crenças e nas convicções, enfim, em tudo em que o homem pôs a mão e a razão. Rüsen deita sobre a didática da história esse olhar multivalorativo e de largo horizonte. Encontra as raízes do movimento reflexivo, que ressalta o papel didático da história na sociedade, no programa do iluminismo do século 18 europeu. Nesse programa, firma-se a tese de que a ação humana no tempo e no espaço ocorre pela pessoa, por ação da pessoa, por causa da pessoa e para a pessoa. A carência de orientação sentida pelo indivíduo na experiência e na reflexão de seu tempo o con duz a buscar (e, se não encontrar, pelo menos estabelecer) horizontes e perspectivas de ação. A carência de orientação é um diagnóstico presente. A busca se faz no estoque da experiência passada (histórica), presente no dia atual, de modo a viabilizar a ação a ser empreendida (futuro). A síntese mental realizada pelo agente se dá de forma narrativa. Ele enuncia a experiência vivida, descreve seus elementos, analisa seus componentes, articula seu sentido, enuncia suas metas. Nas duas partes do presente livro, Rüsen trata dessas questões: os fundamentos e os paradigmas. Nos fundamentos são abordados os elementos programáticos do projeto de uma didática da histórica marcadamente antropológica e antropocêntrica. A não confundir com a disciplina da antropologia nem com egoísmo. O que interes-

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