SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA NOEMI APARECIDA CARNEIRO WEINERT CADERNO PEDAGÓGICO PONTA GROSSA 2008 1 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA NOEMI APARECIDA CARNEIRO WEINERT CADERNO PEDAGÓGICO Produção didático-pedagógica elaborada para orientar as diretrizes de ação do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional da SEED – Secretaria de Estado da Educação, sob a orientação de professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Orientadora: Profª Ms. Nelba Maria Teixeira Pisacco PONTA GROSSA 2 2008 Não quero mudar as diferenças entre os indivíduos. Sinceramente desejo que os indivíduos sejam diferentes. O que me incomoda é que sendo a diversidade da humanidade seu maior sinal de riqueza, e que nos enriquecemos precisamente a partir dessas diferenças, tenham sido consideradas essas mesmas diferenças como uma desvantagem para o indivíduo e como a fonte principal de desigualdade entre as pessoas. Reuven Feuerstein 3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO………………………………………………………….................01 CONVITE À MEDIAÇÃO………………………………………………………...........03 SUMÁRIO…………………………………………………………………………...........04 PARA INÍCIO DE CONVERSA………………………………………………….........05 UNIDADE I – MEDIAÇÃO……………………………………………………….........08 UNIDADE II - SOBRE O PENSAMENTO - O ATO MENTAL……………….....14 UNIDADE III - O JOGO ………………………………………………………….........26 UNIDADE IV - APRENDER A PENSAR COM JOGO KALAH………………....32 UNIDADE V - APRENDER A PENSAR COM JOGO SENHA……………….....36 UNIDADE VI - APRENDER A PENSAR COM JOGO TORRE DE HANOY....42 UNIDADE VII – APRENDER A PENSAR COM CIRCUITO DE OJ GOS…......46 PARA FINALIZAR A CONVERSA……………………………………………..........51 ANEXO 1…………………………………………………………………………….........52 ANEXO 2…………………………………………............................................57 REFERÊNCIAS……………………………………………………………………..........59 4 Apresentação Este Caderno contém a organização das estratégias de ação que serão utilizadas na implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica, como parte integrante do Plano de Trabalho do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Aprender a pensar com jogos: uma proposta de mediação para a sala de recursos, em consonância com o objetivo geral do programa, que é de contribuir com a melhoria da qualidade da educação pública em nosso Estado. Apresenta uma proposta metodológica para o trabalho com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem. Destina-se aos professores que atuam nos programas Salas de Recursos de 5ª a 8ª séries – Área da Deficiência Mental e Distúrbios de Aprendizagem no município de Castro – convidados a serem co-participantes do projeto, que se desenvolverá no primeiro semestre do ano de 2009, no Colégio Estadual “Pe. Nicolau Baltasar”. Para fins de organização didática, o material encontra-se dividido em sete unidades. Cada unidade corresponde a um encontro de formação, discussão e construção de conceitos e estratégias entre os professores e a professora autora. Unidade I: A Mediação Unidade II: O Ato Mental Unidade III: O Jogo Unidade IV: Aprender a pensar com Kalah Unidade V: Aprender a pensar com Senha Unidade VI: Aprender a pensar com Torre de Hanoi Unidade VII: Aprender a pensar com Circuito de Jogos Além das atividades de construção de estratégias para o trabalho com os alunos, propõe textos de fundamentação teórica sobre o tema, que oportunizarão a aquisição de conhecimentos que visam a enriquecer o fazer pedagógico. 5 Disponibiliza, ainda, diversas possibilidades de construção de raciocínios empregados nos jogos e sua relação com os conteúdos acadêmicos, ou seja, orienta para a melhoria do processo ensino- aprendizagem. As propostas de atividades apresentadas objetivam estimular a reflexão sobre a Experiência de Aprendizagem Mediada, com a clara intenção de atingir resultados que, de fato, transformem a realidade de nossos professores e alunos. 6 CONVITE À MEDIAÇÃO Colega Mediador: É muito bom poder contar com VOCÊ, que acredita na educação. Você, em cujo coração palpita um ideal! Você, que se renova a cada dia, buscando caminhos para chegar até onde pretende! Acredita-se que você deseja ir além, mediando à aprendizagem! E por isso, nossa proposta é embasada numa teoria fascinante: a Teoria da Experiência de Aprendizagem Mediada de Feuerstein. A meta é apresentar os jogos como instrumentos úteis a uma aprendizagem diferenciada e significativa, propiciando conhecimentos sobre a teoria citada; favorecer situações educacionais que permitam a utilização de jogos, desencadeando o processo de estruturação cognitiva. Pretende-se que, ao refletir sobre o nosso fazer pedagógico, seja possível torná- lo mais gratificante. Ao aprofundar conhecimentos sobre a Teoria da EAM, torne-se viável propiciar aos alunos da Sala de Recursos maior interesse, disposição e prazer no aprender a pensar. Os anseios, o idealismo e a consciência das dificuldades de nossos alunos, como professores da Educação Especial, permite antever o sucesso dessa trajetória que se propõe percorrer juntos. Professor, este material foi organizado como referência, que será enriquecido com suas experiências e renovado com sua criatividade. O desejo maior é que você, professor, apaixone-se por esta surpreendente experiência que poderá tornar o cotidiano escolar mais alegre e desafiador! E, com toda a certeza, bem mais gratificante, rico e produtivo! Contar com você, professor, nessa construção é que tornará possível a realização desse projeto. Noemi “Estou convencido das minhas próprias limitações e esta convicção é minha força”. (Mahatma Gandhi) 7 Para início de conversa... A escola exerce papel de indiscutível importância no processo de inclusão social, no momento em que se preocupa com a promoção da aprendizagem conjunta de todos os alunos, sem ressaltar suas dificuldades e diferenças, mas objetivando atender a diversidade, com seu olhar direcionado para os alunos com necessidades educacionais especiais, volta-se à mediação - condição indispensável à aprendizagem. Esse trabalho tem por finalidade demonstrar o valor do jogo como alternativa para estimular a área cognitiva na estruturação da aprendizagem, ressaltando a ação do mediador, especialmente para direcionado para a Sala de Recursos. Baseou-se na atual proposta da Educação Especial no Estado do Paraná, em abordagens teóricas que destacam a utilização de jogos e a mediação. Para entenderem-se as diretrizes atuais de qualquer proposta educativa, faz-se necessário retomar sua trajetória. A trajetória histórica da Educação Especial apresenta a transposição de uma cultura segregacionista para uma cultura integradora. Ao superar antigas concepções, caminha-se atualmente para o contexto de uma escola inclusiva. A partir de 1988, ano em que se deu a promulgação da atual Constituição da República Federativa do Brasil, foram registrados avanços em relação à Educação Especial em nosso país, que se tornou, então, signatário de importantes convenções internacionais que repercutiram na organização da Educação Nacional, impulsionando o processo educacional inclusivo. Você já ouviu falar na Declaração de Salamanca? É um dos marcos da Inclusão. A Declaração de Salamanca é um documento elaborado no ano de 1994. Inspirada no princípio de igualdade de oportunidades e no reconhecimento da necessidade de assegurar escola para todos, conforme a Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, propõe uma revolução de valores e atitudes na estrutura da sociedade e na própria educação escolar. (SEED, 1996). 8 Diversas leis brasileiras reafirmam tal perspectiva, dentre elas a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96; a Resolução do CNE 02/01, que regulamentou seus artigos 58, 59 e 60, garantindo aos alunos com necessidades educacionais especiais o direito de acesso e permanência no sistema regular de ensino; as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica – Parecer nº 17/01 do Conselho Nacional de Educação segundo o qual o atendimento educacional aos alunos com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino deverá ser efetivado mediante serviços de apoio especializado na classe comum, sala de recursos ou classe especial. A instrução nº 05/04, expedida pelo Departamento de Educação Especial do Estado do Paraná, considerados os preceitos legais nacionais e a Deliberação 02/03 CEE-PR, estabelece critérios para o funcionamento da Sala de Recursos para o Ensino Fundamental de 5ª a 8ª séries, na Área da Deficiência Mental e Distúrbios de Aprendizagem. Nesta instrução, a Sala de Recursos é definida com sendo “um serviço de natureza pedagógica que apóia e complementa o atendimento educacional realizado em Classes Comuns do Ensino Fundamental de 5ª a 8ª séries”. Sendo a Sala de Recursos um serviço especializado de natureza pedagógica que apóia e complementa o atendimento educacional realizado em Classes Comuns de 5ª a 8ª séries, destinada a alunos que apresentam problemas de aprendizagem com atraso acadêmico significativo, distúrbios de aprendizagem e/ou deficiência mental, o trabalho a ser desenvolvido deverá partir dos interesses, necessidades e dificuldades de cada aluno. Quando os resultados escolares se mostram insuficientes, quer individualmente, quer no nível coletivo de classes, é porque podem existir carências no desenrolar do processo pedagógico. Será preciso, então, determinar e remediar tais carências. A reversão desse quadro poderá ser possível tomando-se por base, uma intervenção, a qual supõe a tomada de posição na intenção de fazer com que o professor, a equipe técnica pedagógica, nela desempenhe um papel ativo. (BRENELLI, 1996). É inegável que toda e qualquer transformação passa pelas mãos do professor, pois ele é um importante personagem da educação, o responsável direto pela formação do aluno, colocando-se, dia após dia, diante dos desafios da aprendizagem escolar, o que torna o ato pedagógico, simultaneamente, coletivo e individual. O papel do professor é tornar o aluno disponível e receptivo à aprendizagem, valorizando a curiosidade, a pesquisa e desencadeando a 9 busca de soluções para os problemas. Mas, de que maneira o professor pode atingir esses objetivos? Percebe-se a necessidade de propor alternativas metodológicas que auxiliem o professor das salas de recursos, instrumentos de trabalho que favoreçam desenvolvimento cognitivo o aluno e sua aprendizagem. Mas como atender esses alunos? Optou-se, neste trabalho, em aliar dois importantes recursos: a utilização de jogos e o suporte instrumental Experiência de Aprendizagem Mediada - EAM, de Reuven Feuerstein. A proposta de mediação, para Feuerstein, vai além de uma simples e orientada tarefa de um produto, de uma orientação de aprendizagem. Tem como principal objetivo, tornar o indivíduo capaz de agir independentemente de situações específicas, e isso tornam o aprendiz capaz de se adaptar às novas dimensões com as quais ele irá se defrontar. Para isso, conforme Pisacco (2006), a EAM possibilita trabalhar com a estruturação cognitiva, por meio da modificabilidade que amplia o potencial do aprendiz. O jogo é considerado como uma importante atividade na educação de crianças, uma vez que permite o desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo, social, moral e aprendizagem de conceitos, pois jogando, a criança experimenta, descobrem, inventa, exercita e confere suas habilidades, estimulando a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança, proporcionando aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção, sendo indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança. Ao focalizar os jogos sob a perspectiva da Experiência de Aprendizagem Mediada como recurso para a modificabilidade estrutural cognitiva dos alunos, oferece-se aos educadores suporte teórico-prático para a mediação em salas de recursos, o que constitui um desafio, o qual se pretende superar. 10
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