Identificação do Autor TÍTULO Volume Júlia Figueredo Benzaquen UNIVERSIDADES DOS MOVIMENTOS SOCIAIS: apostas em saberes, práticas e sujeitos descoloniais Tese de Doutoramento na área científica de Sociologia (Programa de Doutoramento em Pós- colonialismos e Cidadania Global), orientada pelo Professor Doutor Boaventura de Sousa Santos, coorientada pela Doutora Maria Paula Meneses e apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Dezembro de 2011 Júlia Figueredo Benzaquen UNIVERSIDADES DOS MOVIMENTOS SOCIAIS: apostas em saberes, práticas e sujeitos descoloniais Tese de Doutoramento na área científica de Sociologia (Programa de Doutoramento em Pós- colonialismos e Cidadania Global), orientada pelo Professor Doutor Boaventura de Sousa Santos, coorientada pela Doutora Maria Paula Meneses e apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Dezembro de 2011 Resumo A questão principal desta pesquisa é saber se as Universidades dos Movimentos Sociais são experiências descolonizadas e de emergência emancipatória. Para responder a essa pergunta, o texto está embasado nas teorias que trabalham com as perspectivas descoloniais e com a ideia de Boventura de Sousa Santos de Sociologia das Ausências e das Emergências. Essas teorias são utilizadas como forma de apostar em uma concepção de educação que herda os princípios da educação popular de Paulo Freire, acrescentando as ideias de interculturalidade e de tradução intercultural. A tese é uma aposta nas Universidades dos Movimentos Sociais como fomentadoras dessa outra educação. A escolha foi por realizar quatro estudos de casos de Universidades dos Movimentos Sociais bastante distintos, no intuito de verificar as hipóteses de pesquisa. Os instrumentos metodológicos utilizados foram: observação participante, entrevistas semiestruturadas e análises documentais. Os quatro estudos de caso referem-se à Escola de Formação de Educadores(as) Sociais no Recife – Brasil, à Escola Nacional Florestan Fernandes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Brasil, à Universidad de la Tierra, ligada ao Movimento Zapatista do estado de Chiapas no México e à Universidade Popular dos Movimentos Sociais. Para cada caso discorri a respeito do contexto, da história e da estrutura e funcionamento da iniciativa em questão. Após essa contextualização, os casos foram destrinchados a partir de três unidades de análise: saberes, práticas e sujeitos. No final da tese um capítulo é dedicado para a reflexão integrada dos casos. Nessa reflexão, é feita uma comparação entre as experiências estudadas com o intuito de encontrar semelhanças e diferenças e de melhor refletir a respeito do conceito de Universidade dos Movimentos Sociais. A tese concluiu que as Universidades dos Movimentos Sociais são experiências bastante plurais e experimentais, ou seja, são iniciativas que trilham o seu percurso ao longo do seu caminhar. Palavras-chave: Universidades dos Movimentos Sociais, Universidades, Movimentos Sociais, apostas, descolonização. ii Abstract The main question of this research is to verify whether or not Universities of Social Movements stand up to decolonizing and emancipating experiences. To answer this question, the text is grounded in theories that work with decolonizing perspectives and with the idea of Boaventura de Sousa Santos’ Sociology of Absences and Emergences. These theories are used as a way to invest in a concept of education that inherits Paulo Freire’s popular education principles, adding ideas of interculturality and intercultural translation. The thesis engages with the idea of Universities of Social Movements as promoters of this other education. We chose to perform case studies of four very different Universities of Social Movements in order to verify hypotheses of our research. The methodological instruments used were: participant observation, semi- structured interviews and documentary analyses. The four case studies refer to the Escola de Formação de Educadores(as) Sociais in Recife, Brazil, the Escola Nacional Florestan Fernandes of the Brazilian Movement of Landless Rural Workers, the Universidad de la Tierra linked to the Zapatista movement of Chiapas in Mexico, and the Popular University of Social Movements. For each case I discussed the context and history; and the structure and functioning of the initiative in question. After this contextualization, the cases became developed from three units of analysis: knowledge, practices and subjects. At the end of the thesis there is a chapter devoted to a reflection which views to integrate the aforementioned scenarios. Within this reflection a comparison is made between the experiences studied in order to find similarities and differences, and to better contemplate the University of Social Movements as a concept. The thesis concluded that the University of Social Movements’ experiences are very pluralistic and experimental, that is to say, they are initiatives which are finding their path as the journey continues. Key-words: University of Social Movements, Universities, Social Movements, Initiatives, Decolonization. iii Índice Resumo ......................................................................................................................... ii Abstract ....................................................................................................................... iii Índice ........................................................................................................................... iv Agradecimentos .......................................................................................................... vii Lista de Tabelas e Imagens .......................................................................................... ix Lista de Acrônimos ...................................................................................................... xi INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 1. PROPOSTAS DESCOLONIAIS: SABERES LOCAIS, ARTICULAÇÕES GLOBAIS ..................................................................................................................... 9 1.1 Colonialidade a outra face da modernidade ....................................................................... 9 1.1.1 Colonialidade do poder .............................................................................................. 13 1.1.2 Colonialidade do ser ................................................................................................... 19 1.1.3 Colonialidade do saber ............................................................................................... 21 1.2 Ciência descolonial: localizando os saberes ...................................................................... 29 1.3 Sociologia das Ausências e das Emergências .................................................................... 33 1.3.1 A Tradução Intercultural ............................................................................................ 37 2. APOSTAR NA EDUCAÇÃO .............................................................................. 41 2.1 Um repensar das práticas educacionais ............................................................................ 41 2.2 Educação Popular .............................................................................................................. 47 2.3 Pedagogia da aposta ......................................................................................................... 52 3. METODOLOGIA ................................................................................................... 57 3.1 Sociologia das Ausências e das Emergências de Universidades dos Movimentos Sociais 57 3.2 As hipóteses ...................................................................................................................... 63 3.3 Instrumentos e percursos metodológicos......................................................................... 69 4. UNIVERSIDADES DOS MOVIMENTOS SOCIAIS ............................................. 77 iv 4.1 Universidades: instituições de saberes ............................................................................. 77 4.2 O conceito de Movimentos Sociais ................................................................................... 85 4.3 As antigas Universidades Populares .................................................................................. 91 4.4 As Universidades dos Movimentos Sociais ....................................................................... 98 5. A ESCOLA DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES SOCIAIS NO RECIFE ........ 104 5.1 O contexto: ONGs na cidade do Recife ........................................................................... 104 5.2 História da EFESR ............................................................................................................. 109 5.3 Estrutura e funcionamento ............................................................................................. 118 5.4 Saberes ............................................................................................................................ 124 5.5 Práticas ............................................................................................................................ 130 5.6 Sujeitos ............................................................................................................................ 136 6. ESCOLA NACIONAL FLORESTAN FERNANDES ........................................... 141 6.1 O Contexto: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ................................... 141 6.2 História ............................................................................................................................ 153 6.3 Estrutura e Funcionamento ............................................................................................ 161 6.4 Saberes ............................................................................................................................ 169 6.5 Práticas ............................................................................................................................ 176 6.6 Sujeitos ............................................................................................................................ 183 7. UNIVERSIDAD DE LA TIERRA ........................................................................ 190 7.1 O contexto: o Movimento Zapatista ............................................................................... 190 7.2 História da Unitierra ........................................................................................................ 207 7.3 Estrutura e funcionamento ............................................................................................. 213 7.4 Saberes ............................................................................................................................ 216 7.5 Práticas ............................................................................................................................ 221 7.6 Sujeitos ............................................................................................................................ 226 8. UNIVERSIDADE POPULAR DOS MOVIMENTOS SOCIAIS ........................... 229 8.1 O contexto: o Fórum Social Mundial ............................................................................... 229 v 8.2 História da UPMS ............................................................................................................ 236 8.3 Estrutura e Funcionamento ............................................................................................ 243 8.4 Saberes ............................................................................................................................ 249 8.5 Práticas ............................................................................................................................ 253 8.6 Sujeitos ............................................................................................................................ 259 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 265 9.1 Reflexão integrada dos casos .......................................................................................... 265 9.2 Reflexões finais ................................................................................................................ 282 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 294 Sites ....................................................................................................................................... 305 Documentos consultados ...................................................................................................... 306 Entrevistas ............................................................................................................................. 307 ANEXOS .................................................................................................................. 309 Anexo 1: Lista de Universidades dos Movimentos Sociais: ................................................... 309 Anexo 2: Apêndice metodológico ......................................................................................... 311 Anexo 3: Parte do folder da ENFF ......................................................................................... 319 Anexo 4: Carta Campanha da Associação de Amigos da ENFF ............................................. 321 Anexo 5: Esquema diacrônico da Unitierra ........................................................................... 325 Anexo 6: Carta de Princípios da UPMS .................................................................................. 326 Anexo 7: Lista Participantes das oficinas da UPMS ............................................................... 327 vi Agradecimentos A escrita de uma tese é um processo que vai muito além das leituras feitas, da pesquisa de campo e das horas em frente a um computador. São quatro anos de um processo, no qual muitas pessoas participaram diretamente ou indiretamente. Espero, com esses agradecimentos, dar o devido reconhecimento de quão imprescindível foi a participação de cada um e de todos os mencionados no processo de feitura da tese. A essas e a outras pessoas também importantes, eu agradeço. Obrigada bebê por nos escolher e vir na hora certa, e por colocar a tese em “perspectiva”. Agradeço a Rodrigo, companheiro amado, com quem cotidianamente divido as dificuldades da vida e principalmente multiplico as alegrias. Aos meus pais, Abraham e Lúcia, que sempre acreditaram em mim e estiverem sempre presentes, mesmo com a distância física. Ao meu irmão querido, Guilherme, amigo de todas as horas e para toda a vida. À turma de Pós-colonialismos 2007-2008. À Carlota, pela sua amizade e pelas observações sagazes a respeito dos meus escritos, nos seus variados níveis de desenvolvimento. Ao Amigo Marcos, pois além de um querido Amigo (com “a” maiúsculo) ajudou com interessantes reflexões, visto que nossos temas tanto dialogam. À Galega, por ser uma super amiga e sempre ter histórias incríveis pra divertir e pra compartilhar. Agradeço também a Lucas e a León, filhos meigos, sábios e lindos da Galega. Ao Pajé e a toda a sua família iluminada, por transmitir tanta paz e sabedoria. Aos grandes amigos feitos em Coimbra: Thaisinha querida, Leo, Juliana, Janaína e Marilda. Um agradecimento especial a Oriana, amiga sempre disponível a ajudar com as impressões dos vários drafts finais da tese. Agradeço a Caetano, amigo desde Recife, que a vida em Coimbra aproximou, agradeço pela alegria de sempre e pela leitura atenta do capítulo sobre a ENFF. Obrigada Pablo, pelas ajudas com o espanhol. Também agradeço à leitura feita gentilmente pelo Dr. Guillermo, do capítulo sobre a Unitierra. Agradeço a Lúcia pelas dicas experientes a respeito do processo de depósito da tese. Meus sinceros agradecimentos para todos os funcionários da Universidade de Coimbra envolvidos no processo de depósito e defesa da tese. Aos importantes momentos de não pensar na tese: ao grupo das danças circulares; ao forró de toda sexta-feira (um agradecimento especial para o amigo e vii sanfoneiro Paulinho); aos camaradas da capoeira (especialmente para Bruno); à Maria (professora de yoga); e à Cristina (professora de Pilates). Agradeço a Maria José e a Acácio, por estarem sempre disponíveis para ajudar e por serem uma excelente companhia nos longos dias de estudo na Biblioteca Norte/Sul do CES. À Lassalete, por ser sempre prestativa e eficiente. Aos professores do Centro de Estudos Sociais em Coimbra com os quais dialoguei de maneira mais próxima: ao Profº Antonio Sousa Ribeiro, ao Profº Clemens Zobel, à Profª Margarida Calafate e à Profª Silvia Maeso. Agradeço, muito sinceramente, à Profª Maria Paula Meneses, que sempre estava disposta a ouvir as minhas angústias e a responsável, no processo de orientação desta tese, para que as angústias se transformassem em respostas e caminhos a seguir. Um agradecimento mais que especial para à dedicação do Profº Boaventura de Sousa Santos na orientação da tese, o qual a teoria foi inspiradora e possibilitadora da tese. Muito obrigada Paula, muito obrigada Profº Boaventura por acreditarem no meu tema e por me orientarem! Agradeço a todos que fazem ou fizeram parte da Escola de Formação de Educadores (as) Sociais no Recife, da Escola Nacional Florestan Fernandes, da Universidade da Terra e da Universidade Popular dos Movimentos Sociais. É por ter tido a oportunidade de conhecer experiências como essas que acredito tanto na força das Universidades dos Movimentos Sociais. A CAPES por garantir os subsídios materiais para a realização desta pesquisa. viii
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