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ao sabor da bíblia PDF

227 Pages·2011·10.63 MB·Portuguese
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Faculdade de Letras Universidade de Coimbra AO SABOR DA BÍBLIA Autor: José Luís Pimentel Lavrador Orientadores: Doutora Maria Helena da Cruz Coelho e Doutora Paula Cristina Barata Dias Dissertação de Mestrado em Alimentação - Fontes, Culturas e Sociedade Outubro 2010 Foto capa Catacumbas de São Calisto, Roma Fonte http://alexandrejesuita.blogspot.com/2007_09_16_archive.html (18.09.2010 - 13:00) Dedico este trabalho a quem me ama. Ao Sabor da Bíblia Agradecimentos Agradecimentos Agradeço à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra o ter-me acolhido e proporcionado tantos e tão bons momentos de trabalho e convívio. Um obrigado muito sentido à Professora Doutora Maria José Azevedo Santos, que um dia me chamou e me escolheu, a frequentar um dos seus mais saborosos cursos universitários – 2º Ciclo em Alimentação. Reconhecerei sempre que a sua sabedoria, consubstanciada na sua palavra, me ensinou a reler a vida. Uma palavra de gratidão a todos os meus professores que, ao longo do curso, tanto me ensinaram e incentivaram: à Doutora Fernanda Delgado Cravidão, à Doutora Carmen Isabel Leal Soares, ao Doutor Rui Cascão, ao Doutor Abílio Hernadez Cardoso e ao Doutor Albano Figueiredo. Uma palavra de especial reconhecimento às Professoras Doutora Maria Helena da Cruz Coelho e à Doutora Paula Cristina Barata Dias, que me orientaram na elaboração deste estudo. Os seus ensinamentos, além de representarem uma enorme mais valia científica, foram recheados de afectos e de motivação, pedras basilares na preparação deste trabalho. Deixo também um obrigado a todos os meus colegas e amigos da EHTC que me apoiaram e incentivaram. Um grande abraço de amizade a todos os meus colegas de curso que, desde a primeira hora, me estimularam, apoiaram e motivaram a chegar até aqui. À minha família, sem palavras. Luís Lavrador Ao Sabor da Bíblia Abreviaturas Abreviaturas A.T. – Antigo Testamento N.T. – Novo Testamento Livros do Antigo Testamento Livros do Novo Testamento Pentateuco Evangelhos Gn – Génesis Mt – S. Mateus Ex – Êxodo Mc – S . Marcos Lv – Levítico Lc – S. Lucas Nm – Números Jo – S. João Dt – Deuteronómio Livros Históricos Js – Josué Jz – Juízes Rt – Rute 1Sm – 1º de Samuel 2Sm – 2º de Samuel 1Rs – 1º dos Reis 2Rs – 2º dos Reis 1Cr – 1º das Crónicas 2Cr – 2º das Crónicas Esd – Esdras Ne – Neemias Tb – Tobite Jdt – Judite Est – Ester 1Mac – 1º dos Macabeus 2Mac – 2º dos Macabeus Livros Sapienciais Jb – Job Sl – Salmos Pr – Provérbios Ecl – Eclesiastes Ct – Cântico dos Cânticos Sb – Sabedoria Sir – Ben Sira (Eclesiástico) Livros Proféticos Is – Isaías Jr – Jeremias Lm – Lamentações Br – Baruc Ez – Ezequiel Dn – Daniel Os – Oseias Jl – Joel Am – Amós Abd – Abdias Jn – Jonas Mq – Miqueias Na – Naum Hab –Habacuc Sf – Sofonias Ag – Ageu Zc – Zacarias Ml – Malaquias Luís Lavrador - i - Ao Sabor da Bíblia Índice Índice Introdução.................................................................................................................................................................1 I – Aspectos histórico-geográficos da Bíblia.............................................................................................................7 1 – O livro da Bíblia...............................................................................................................................................7 2 – A construção do livro da Bíblia........................................................................................................................8 3 – O idioma da Bíblia..........................................................................................................................................10 4 – Os cânones bíblicos ........................................................................................................................................11 5 – A cronologia dos livros do Antigo Testamento.................................................................................................13 6 – As eras bíblicas...............................................................................................................................................14 7 – Cronologia dos livros do Novo Testamento.....................................................................................................19 8 – Apontamentos económico-geográficos da Palestina nos tempos bíblicos.........................................................21 II – O valor dos alimentos no Antigo Testamento e nos Evangelhos – o real e o simbólico....................................23 1 - Os alimentos permitidos no judaísmo...............................................................................................................37 1.1 – Os cereais panificáveis............................................................................................................................37 1.1.1 – O trigo.............................................................................................................................................39 1.1.2 – A cevada, o centeio, o milho............................................................................................................42 1.1.3 – A farinha.........................................................................................................................................44 1.1.4 – O pão...............................................................................................................................................46 1.2 – As bebidas alcoólicas..............................................................................................................................50 1.2.1 – O vinho............................................................................................................................................52 1.2.2 – O absinto e os licores.......................................................................................................................56 1.3 - Leguminosas e legumes frescos...............................................................................................................58 1.3.1 – As favas e as lentilhas......................................................................................................................59 1.3.2 – Os pepinos e as urtigas....................................................................................................................61 1.3.3 – Os legumes indiferenciados.............................................................................................................62 1.4 – Os peixes e o sal......................................................................................................................................64 1.4.1 – Os peixes..........................................................................................................................................65 1.4.2 – O sal.................................................................................................................................................68 1.5 – As plantas aromáticas e as especiarias...................................................................................................71 1.5.1 – O incenso.........................................................................................................................................72 1.5.2 – Os outros aromáticos.......................................................................................................................73 1.6 – As árvores de fruto e o azeite..................................................................................................................77 1.6.1 – A figueira.........................................................................................................................................80 1.6.2 – A oliveira e o derivado do seu fruto................................................................................................81 1.6.3 – As outras árvores............................................................................................................................83 1.7 – Animais de criação ou domésticos..........................................................................................................85 1.7.1 – Os bovinos.......................................................................................................................................89 1.7.1.1 – O boi.........................................................................................................................................90 1.7.1.2 – A vaca.......................................................................................................................................92 1.7.1.3 - O novilho e o touro...................................................................................................................92 1.7.1.4 – O bezerro.................................................................................................................................94 1.7.1.5 – A (o) vitela (o)..........................................................................................................................95 1.7.2 – Os ovinos.........................................................................................................................................96 Luís Lavrador - ii - Ao Sabor da Bíblia Índice 1.7.2.1 – O carneiro................................................................................................................................99 1.7.2.2 – A ovelha....................................................................................................................................99 1.7.2.3 – O cordeiro..............................................................................................................................101 1.7.3 – Os caprinos....................................................................................................................................103 1.7.3.1 – O bode....................................................................................................................................104 1.7.3.2 – A cabra...................................................................................................................................105 1.7.3.3 – O cabrito................................................................................................................................105 1.8 – Os animais selvagens............................................................................................................................107 1.9 – As aves..................................................................................................................................................111 1.9.1 – A (o) pomba (o)..............................................................................................................................112 1.9.2 – As outras aves................................................................................................................................113 1.10 - O leite e seus derivados........................................................................................................................117 1.10.1 – O leite...........................................................................................................................................118 1.10.2 – Os seus derivados........................................................................................................................120 1.11 – Os insectos e o mel..............................................................................................................................123 1.11.1 – As abelhas e o mel........................................................................................................................125 1.11.2 – Os gafanhotos..............................................................................................................................126 1.12 - As frutas frescas e secas.......................................................................................................................128 2 – Os alimentos proibidos no judaísmo..............................................................................................................136 2.1 – Os animais abomináveis.......................................................................................................................141 2.1.1– Os mamíferos.................................................................................................................................141 2.1.1.1 – O porco...................................................................................................................................142 2.1.1.2 – O camelo, o coelho, a lebre e o rato.......................................................................................144 2.1.2– Os répteis........................................................................................................................................146 2.1.2.1 – A serpente..............................................................................................................................147 2.1.3– As aves de rapina............................................................................................................................151 3 – O que resta dos alimentos..............................................................................................................................154 3.1 – O sangue...............................................................................................................................................156 3.2 – As sementes...........................................................................................................................................160 3.3 – Os rebentos...........................................................................................................................................162 3.4 – O fermento............................................................................................................................................162 3.5 – O maná e o acepipe...............................................................................................................................163 III – Ementa de degustação judaico-cristã............................................................................................................167 Ementa de degustação.........................................................................................................................................177 Conclusão...............................................................................................................................................................179 Bibliografia.............................................................................................................................................................184 A N E X O S............................................................................................................................................................188 A N E X O 1 - Fotografias dos pratos que compõem a ementa de degustação.......................................................189 A N E X O 2 - Mapas..........................................................................................................................................197 A N E X O 3 - Equivalências de pesos, moedas e medidas....................................................................................219 Luís Lavrador - iii - Ao Sabor da Bíblia Introdução Introdução Abrir a Bíblia católica, que serve de fonte primária a este trabalho, é como transpor a porta de uma cozinha e entrar num mundo onde a linguagem se traduz em odores, cores e sabores. O discurso bíblico alusivo aos alimentos descreve copiosas cenas, quer profanas quer sagradas, recria refeições, lautas e simples, apresenta comidas frugais e banquetes reais. Além dos alimentos em si, a Bíblia abre também uma janela sobre a mesa da refeição, a forma de a abordar e de nela estar, o seu cerimonial e o seu protocolo. Ela proporciona ao mundo um olhar diferente, transformando o modelo ético, estético e moral concedido a este espaço. O recurso ao quadro alimentar, nomeadamente aos pratos cozinhados descritos de uma forma minuciosa, materializa a necessidade de os autores sagrados apresentarem, de uma maneira inequívoca, que a relação estreita existente entre os homens e Deus pode ser expressa e sentida de um modo análogo ao que os alimentos estabelecem com as pessoas. Deus percorre o corpo e a alma dos homens, deixando a Sua marca, tal como os alimentos penetram e se transformam na própria substância humana. A análise da dimensão alimentar da Bíblia implica, por isso, a discussão prévia dos problemas relacionados com a sua datação e a autoria dos seus livros, assunto que se procurará evocar de uma forma breve e sucinta. Para uma melhor contextualização da questão alimentar na Bíblia, optou-se, em primeiro lugar, por situar os textos bíblicos no espaço e no tempo. Esboçou-se, seguidamente, um apontamento sobre o modo de composição e os vários idiomas que atravessaram a história da Bíblia. Apresentaram-se como modelo dois cânones bíblicos, o hebraico e o católico, fez-se referência a cronologia histórica dos livros do Antigo Testamento e do Novo Testamento e foram particularmente tidas em conta as épocas bíblicas de maior centralidade histórica e doutrinal, na medida em que transportavam informação relevante sobre a realidade alimentar a estudar. Por último, desenhou-se um pequeno quadro geoeconómico da Palestina, nos tempos bíblicos, como forma de contextualizar certas passagens estruturais dos textos sagrados. Na continuação desta abordagem mais histórica, os nossos esforços concentraram-se em estudar o valor real e simbólico dos alimentos. Por isso, foi concedida prioridade à tarefa de situar as referências alimentares nos diversos livros sagrados. Depois de concluído esse levantamento, construíram-se quadros, nos quais foram ordenados os alimentos permitidos e proibidos ao longo dos textos do A.T., e os que se encontravam citados nos quatro Evangelhos. Muito embora esta tarefa tivesse um objectivo mais estatístico, esta pesquisa por tipologias e índice de ocorrências tornou-se fundamental para sustentar a análise da Luís Lavrador - 1 - Ao Sabor da Bíblia Introdução questão alimentar na Bíblia, e em particular para estabelecer a comparação entre o A.T. e os Evangelhos no modo de tratarem as referências aos alimentos e à questão alimentar. As proibições e as permissões alimentares judaicas foram objecto de análise especial. De facto, o imaginário alimentar que conflui, no seu todo, para ancorar a Bíblia no espaço gastronómico judaico, combina enredos literários, arqueológicos, históricos e sociais, cuja interpretação se torna complexa e que remete para domínios de profunda religiosidade. Deste modo, esses quadros são a principal ferramenta de análise que aparece ao longo do trabalho e servem para retratar a visão real e simbólica das várias espécies alimentares agrupadas segundo uma ordem precisa. O fundamento que presidiu à hierarquização dos quadros remete para a ordem pela qual, actualmente, se levam à mesa os alimentos que compõem uma ementa de degustação. Por essa razão, foi também considerada a ordem cosmológica da criação do mundo e a centralidade alimentar e doutrinal que o pão e o vinho desempenham, sendo esse o motivo pelo qual estes foram colocados sobre a mesa, nesse menu, como os primeiros alimentos. Optou-se pela enumeração e correspondente hierarquização das plantas e dos animais, porque, além de terem sido preocupações do passado primordial da Criação, inserem-se no eterno desejo humano de dominar. Por isso, a mesa, sendo o espaço ideal de partilha de alimentos e sentimentos, torna-se também lugar onde se gozam dos maiores privilégios e o poder aviltante dos poderosos toma maior expressão. A alimentação como um referencial antropológico de enorme densidade estabelece o limite dos seres humanos com o mundo envolvente, consigo próprios e com o sagrado. Neste contexto, afloram-se as lógicas da cozinha e da mesa, quando se questiona o que se come, como se come e com quem se come. Nessa medida, interpretamos o modelo ideal da criação, protagonizado por Deus, como nuclear. Esta é uma mensagem importante, simbolizada pela preparação do mundo como se ele fosse uma grande e luxuosa sala de refeições, na qual o homem assume um papel central. Para que tudo fosse perfeito, havia que iluminar a cozinha e a sala, recheando-a com os mais puros e nobres manjares. Mesmo assim, o homem e a mulher não ficaram satisfeitos. O menu de degustação primordial, que Deus lhes tinha preparado no Génesis não os deixou saciados, facto que despoletou uma sequência de acontecimentos que condicionam a história do relacionamento entre os homens e Deus, feita de avanços e recuos. Na verdade, pelo volume de receitas culinárias presentes na Bíblia e pela profusão de ingredientes alimentares que se apresentam nos seus textos, não deve ser motivo de surpresa o conferir de um significado aos alimentos e à realidade alimentar na coerência da sua disposição no texto. Em última instância, o acto de se alimentar pode ser uma metáfora para a incorporação do conhecimento. Luís Lavrador - 2 - Ao Sabor da Bíblia Introdução Tivemos depois de proceder à distinção entre os alimentos em contexto judaico-cristão. O povo judeu criou a sua identidade à volta da mesa e o povo cristão realçou-a em redor do altar. Enquanto o judaísmo valorizava os alimentos que iam à boca como puros ou impuros, os cristãos valorizavam o modo e os tempos em que eram usados. Essa é a principal diferença entre o judaísmo e o cristianismo. Além do pão e do vinho já referidos atrás, os primeiros alimentos permitidos no judaísmo a serem tratados são os cereais. O seu cultivo interliga-se com a história das origens sedentárias do homem. O trigo é objecto de destaque especial, pela sua enorme importância e pelo número de vezes que foi citado na Bíblia. Ao concentrar um simbolismo de sociabilidade, inspirador do sentido de comunidade, a farinha é outro alimento vegetal consagrado neste trabalho. Na qualidade de bem precioso na alimentação, o seu significado é mais abrangente, pois representa a presença abundante de Deus na vida dos homens, dado que é fruto ou produto final do seu trabalho. Seguem-se as bebidas alcoólicas, uma vez que o vinho é dos primeiros alimentos a ir à mesa. Pelo seu poder inebriante, pela alegria que transmite e pelo papel redentor que viria a assumir na Revelação, merece particular ênfase neste trabalho. A coroação desta excelsa bebida, no contexto da linguagem bíblica, atingiu-se na mesa da Última Ceia, quando Jesus a transformou no seu próprio sangue. Quanto aos legumes frescos e secos, problematiza-se a questão da dieta vegetariana primordial, que era característica da dieta do homem antigo. A Bíblia é testemunha do seu consumo alargado, tendo como maior apreciador o profeta Daniel. No caso das lentilhas, elas foram determinantes no desfecho do direito de primogenitura de Esaú, que Jacob comprou ao saciar, com elas, a fome do seu irmão. A alimentação vegetariana também promove o reencontro do homem com a natureza. Em alguns textos, contudo, encontramos a subvalorização destes produtos, o que é explicável por o AT ter como moldura humana privilegiada comunidades pastoris. Quanto aos peixes, não existem referências a espécies determinadas. Ao serem referidos na Bíblia, são apelidados simplesmente de peixes. O judaísmo proibiu o consumo de alguns, enquanto o cristianismo não fez qualquer interdição, usando-os em contextos nobilitantes: a multiplicação, o alimento após a ressurreição e como símbolo de Cristo. O peixe submerso nas águas representa, ainda, os homens banhados por Deus. O sal foi incluído neste trabalho por traduzir o tempero da vida e a incorruptibilidade. Quem for assinalado por ele torna-se espiritualmente mais forte. No judaísmo, o sal e o fogo desempenhavam também o papel de expurgantes por ajudarem a extrair o sangue das carnes dos animais quando se cozinhavam. De facto, como se analisará, a ingestão de sangue era punida com a pena capital. Luís Lavrador - 3 -

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de comunidade, a farinha é outro alimento vegetal consagrado neste .. confirmam o uso do Aramaico na escrita de partes do livro de Esdras e de.
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