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Antropologia filosófica PDF

287 Pages·1991·12.116 MB·Portuguese
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Henrique C. âe Lima Vaz, SJ ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA I 4a edição corrigida Jd ifões Loyofa Coleção dirigida pela Faculdade do Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus Diretor: Marcelo F. Aquino, SJ Co-Diretores: Henrique C. Lima Vaz, SJ e Danilo Mondoni, S Instituto Santo Inácio Av. Cristiano Guimarães, 2127 (Planalto) 31720-030 Belo Horizonte, MG TOMBO CLASSE VÓÜEXEMP. Edições Loyola Rua 1822 n° 347 - Ipiranga - 04216-000 São Paulo, SP Caixa Postal 42.335 - 04299-970 São Paulo, SP Fone (011) 6914-1922 Fax (011) 6163-4275 Home page: www.ecof.org.br/loyola e-mail: [email protected] Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma elou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. ISBN: (volume) 85-15-00320-1 ISBN: (obra) 85-15-00335-X 4* edição corrigida: março de 1998 © EDIÇÕES LOYOLA, Sâo Paulo, Brasil, 1991 Para ler a Fenomenologia do Espírito, Paulo Meneses, 2a ed. A vereda trágica do Grande sertão: Veredas, S. M. V. Andrade (esg.) Escritos de filosofia /, Henrique C. de Lima Vaz Marx e a natureza em O Capital, Rodrigo A. de P. Duarte, 2a ed. Marxismo e liberdade, Luiz Bicca Filosofia e violência, Marcelo Perine A cultura do simulacro, Hygina B. de Melo Escritos.de filosofia II, Henrique C. de Lima Vaz, 2l ed. Filosofia do mundo, Filippo Selvaggi O (pnceito de religião em Hegel, Marcelo F. de Aquino Fiíosofia e método no segundo Wittgenstein, Werner Spaniol F$$osofia política, Éric Weil O'^aminho poético de Parmenides, Marcelo P. Marques Fibfsofia na crise da modernidade, Manfrede A. de Oliveira, 2a ed. Antfopologia filosófica l, Henrique C. de Lima Vaz, 4a ed. Religião e história em Kant, Francisco Javier Herrero Justiça de quem? Qual racionalidade?, Alasdair Macintyre O grau zero do conhecimento, Ivan Domingues Maquiavel republicano, Newton Bignotto Moral e história em John Locke, Edgarä J. Jorge Filho Estudos de filosofia da cultura, Regis de Morais Antropologia filosófica II, Henrique C. de Lima Vaz, 4* ed. Evidência e verdade .no sistema cartesiano, Raul Landim Filho Arte e verdade, Maria José R. Campos Ética e sociabilidade, Manfredo A. de Oliveira, 2a ed. Descartes e sua concepção de homem, Jordino Marques ^Gênese da ontologia fundamental de Martin Heidegger, J. A. MacDoweli Ética e racionalidade moderna, Manfredo A. de Oliveira Mimesis e racionalidade, Rodjigo A. de P. Duarte Trabalho e riqueza na Fenomenologia do Espírito de Hegel, J. H. Santos B^gsopJ^Í£ãq^discumfibsófi^ O cetici^f^Mif^^Flí^g Ju^u^n^iSm^i' f i-f.Aí * Da riq'ueza <^új^açj?^à ciência.das..riquezas^RenatovCaporali Cordeiro Liberdade esquecida, Afaria dò Carmó É. dé Faria | Herménêutica e psicanálise na obra de Paul Ricoeur, $. G. Franco Idéia de Justiça-em . Hegel, Joaquim C. Salgacíó "' • • Religião e modernidade em Habermas, Luiz B. L. Ajaújo Felicidade e-benevolência — ensaio sobre étteâ, «.òbfert Spaemann Intuição na filosofia de Jacques Maritain, Laura Fraga <A. Sampaio Revirayoltarlingüística na filosofia, Manfredo" 'fcí efe Öliveira Concepções antropológicas de Schelling, Fernando Puente Escritós dirfilosofia'III, Henrique C. de Lima ’yäz^J O Político na modernidade, Marco A. Lopes Racionalidade Moderna e Subjetividade, Luiz Ricca O Filósofo e o político segundo Éric Weil, Marly Carvalho Soares ADVERTÊNCIA PRELIMINAR A primeira versão deste livro foi redigida como texto básico para o curso de Antropologia Filosófica que ministramos no De­ partamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Hu­ manas da Universidade Federal de Minas Gerais, de 1968 a 1972. Uma segunda versão, refundida e atualizada, foi preparada com a mesma finalidade para o curso de Antropologia Filosófica por nós ministrado na Faculdade de Filosofia do Centro de Estudos Supe­ riores SJ de Belo Horizonte, em 1989 e 1990. A estrutura e a reda­ ção do livro guardam traços dessa sua origem didática, que o lei­ tor facilmente perceberá. É essa mesma origem que explica a abundância das notas, tendo sido nosso propósito pôr ao alcance dos alunos as mesmas fontes e referências bibliográficas das quais nos servíramos. Este primeiro volume contém a parte histórica e a primeira seção da parte sistemática. Um segundo volume, previsto para os inícios de 1992, deverá conter a segunda e terceira seções da parte sistemática. O A. agradece a suas ex-alunas, professoras Marilene R. de Mello Brunelli e Maria Eugênia Dias de Oliveira, da UFMG, cujas anotações de aula lhe foram extremamente úteis; a Idinei Augusto Zen, que digitou a primeira versão do texto, e a seu co­ lega Prof. Marcelo Perine, pela preciosa ajuda na correção das provas e preparação dos índices. Belo Horizonte, março de 1991 HENRIQUE C. L. VAZ, SJ In memoriam Maria Elisa de Lima Vaz (1920-1941) Purpureus velut quum flos succisus aratro Languescit moriens; lassove papavera collo Demisere caput, pluvia cum forte gravantur Virgílio, Eneida, IX, 435-437 PLANO DA OBRA 1° tomo — Ia parte — HISTÓRICA 2a parte — SISTEMÁTICA Ia seção 2o tomo — 2a parte — SISTEMÁTICA, 2a e 3a seções. INTRODUÇÃO 1. Antropologia e Filosofia. Desde a aurora da cultura ocidental (cujos começos se situam convencionalmente em tomo do século Vlll a.C., na Grécia), a reflexão sobre o homem, aguilhoada pela interrogação fundamental “o que é o homem?”, permanece no centro das mais variadas expressões da cultura: mito, literatura, ciência, filosofia, ethos e política. Nela emerge com fulgurante evidência essa singularidade própria do homem que é a de ser o interrogador de si mesmo, interiorizando reflexivamente a rela­ ção sujeito-objeto por meio da qual ele se abre ao mundo exteri­ or1. No campo filosófico, a interrogação sobre o homem toma-se o tema dominante na época da Sofística antiga (séc. V a.C.) e, a partir de então, acompanha todo o desenvolvimento histórico da Filosofia ocidental, até encontrar sua expressão clássica nas céle­ bres questões kantianas2: — o que posso saber? (teoria do conhecimento) — o que devo fazer? [teoria do agir ético) — o que me é permitido esperar? (filosofia da religião) — o que é o homem? (Antropologia filosófica). No entanto, a interrogação filosófica sobre o homem encon­ trou-se, desde os fins do século XVIII, com o rápido desenvolvi­ mento das chamadas “ciências do homem” (human sciences ou Geisteswissenschaften) ^ das ciências da vida que investigam cada vez mais profundamente o ser biológico do homem, em situação análoga à que se encontrara a Filosofia da Natureza no séc. XVII, quando do aparecimento da ciência galileiana: ela foi chamada a definir rigorosamente o seu estatuto epistemológico em face dos novos saberes científicos sobre o homem, definindo, ao mesmo tempo, sua relação com os procedimentos metodológicos e com os conteúdos dessas novas ciências3. Ora, como já sucedera com a Filosofia da Natureza, a situação da Antropologia Filosófica em face dos novos saberes sobre o ho­ mem assume inicialmente as características de uma crise, aguda­ mente analisada, entre outros, por M. Scheler4. Essa crise apre­ senta duas vertentes: a histórica, formada pelo entrelaçar-se, no tempo, das diversas imagens do homem que dominaram sucessi­ vamente a cultura ocidental, como o homem clássico, o homem cristão e o homem moderno5; a metodológica, provocada pela frag­ mentação do objeto da Antropologia filosófica nas múltiplas ciên­ cias do homem, muitas vezes apresentando peculiaridades siste­ máticas e epistemológicas dificilmente conciliáveis6. Na tentativa de superação da crise que envolve a concepção do homem na cultura ocidental, diversas tendências se manifestaram desde o século passado, que podem ser enfeixadas em duas gran­ des correntes: o naturalismo, que professa um reducionismo mais ou menos estrito do fenômeno humano à natureza material como fonte última de explicação. Entre os exemplos contemporâneos desse naturalismo podem ser apontadas as obras do antropólogo C. Lévi-Strauss e do biólogo molecular J. Monod; e o culturalismo, que acentua a originalidade da cultura em face da natureza, sepa­ rando no homem o “ser natural" e o “ser cultural”. O mais conhe­ cido representante dessa tendência é Wilhelm Dilthey (1833-1911) que inspirou a distinção, tomada clássica, entre as ciências da cultura ou do espírito (Geisteswissenschaften) e as ciências da natureza [Naturwissenschaften). Assim, a resposta à questão sobre o que é o homem fica distendida entre os dois pólos da natureza e da cultura, cada um exercendo poderosa atração sobre os con­ ceitos com os quais a Antropologia filosófica pretende explicar o homem. Essa situação problemática da concepção do homem em nossa cultura aponta para três tarefas fundamentais a ser cumpridas por uma Antropologia filosófica: — a elaboração de uma idéia do homem que leve em conta, de um lado, os problemas e temas presentes ao longo da tradição filosófica e, de outro, as contribuições e perspectivas abertas pelas recentes ciências do homem; — uma justificação crítica dessa idéia, de modo que possa apre- sentar-se como fundamento da unidade dos múltiplos aspectos do fenômeno humano implicados na variedade das experiências com que o homem se exprime a si mesmo, e investigados pelas ciências do homem; — uma sistematização filosófica dessa idéia do homem tendo em vista a constituição de uma ontologia do ser humano capaz de responder ao problema clássico da essência: “O que é o homem?” É evidente que a relação da Antropologia filosófica com as ciên­ cias do homem deve estabelecer-se no terreno dos problemas re­ conhecidos como propriamente filosóficos que cada uma dessas ciências levanta. No entanto, é forçoso reconhecer que os limites de cada uma delas não estão claramente definidos, e seu estatuto epistemológico é objeto de vivas discussões7. Na classificação de J. Ladrière8, as ciências humanas constituem o grupo das ciências hermenêuticas na medida em que, nelas, o fato (p. ex. o ‘‘compor­ tamento* do indivíduo ou as “aspirações” do grupo) traz em si a sua própria interpretação e nunca se apresenta como fato neutro. Há, porém, entre as ciências hermenêuticas, numerosas zonas de fronteira ainda indefinidas, o que impõe nesse domínio o recurso a uma ampla interdisciplinaridade. Por outro lado, o homem é também objeto de ciências que obedecem ao procedimento empírico-formal (na terminologia de Ladrière), como a Antropolo­ gia física e, em geral, a Biologia humana, sendo que esse procedi­ mento penetra igualmente, às vezes de modo profundo, no campo de ciências cujo objeto é hermenêutico por sua natureza, como as ciências da linguagem, as ciências econômicas, as ciências sociais. Deve-se levar em conta ainda o campo que A. Diemer denomina de Antropoteoria9, tendo como objeto as imagens do homem difusas na cultura, que se inspiram ora nas ciências hermenêuticas, ora nas ciências empírico-formais. A complexidade e pluralidade des­ ses discursos sobre o homem devem, de alguma maneira, estar presentes no campo de visão da Antropologia filosófica enquanto esta se entrega à tarefa da elaboração, no nível da conceptualização filosófica, da idéia do homem. No estágio atual de nossos conhecimentos, um imenso horizon­ te de saber envolve o objeto-homem, desdobrando em múltiplas direções e aprofundando no sentido das explicações fundamentais a pergunta inicial “o que é o homem?” A Antropologia filosófica se propõe encontrar o centro conceptual que unifique as múltiplas linhas de explicação do fenômeno humano e no qual se inscrevam as categorias fundamentais que venham a constituir o discurso filosófico sobre o ser do homem ou constituam a Antropologia como ontologia. As regiões do horizonte epistemológico que envolve hoje o objeto-homem são as seguintes: a) domínio metacientíUco-. no qual se situam tanto a Lógica e a Epistemologia das ciências humanas e das ciências naturais do homem, como o vasto campo da Antropoteoria, imagens do ho­ mem, visões do mundo, representações paracientíficas do homem, da sociedade, da história etc.; b) domínio das ciências hermenêuticas: cobrindo um amplo campo que vai da Etnologia e da Antropologia cultural ao grupo recente das ciências políticas; c) domínio das ciências empírico-formais ou das ciências natu­ rais do homem: compreendendo todos os ramos do saber científi­ co que, de alguma maneira, procedem da grande árvore da Biolo­ gia humana. Se considerarmos esse horizonte tão extraordinariamente amplo "de conhecimentos que o homem acumulou sobre si mesmo, veremos que eles tendem a formar o que poderíamos denominar pólos epistemológicos ou centros de referência privilegiados se­ gundo os quais se organiza a compreensão do homem ou se for­ mam “imagens do homem” e que acentuam os aspectos da reali­ dade humana investigados por esse ou aquele grupo de ciências. Propomos distinguir três pólos epistemológicos fundamentais: a) pólo das formas simbólicas: situado no horizonte das ciên­ cias da cultura; b) pólo do sujeito: situado no horizonte das ciências do indiví­ duo e do seu agir individual, social e histórico; c) pólo da natureza: situado no horizonte das ciências naturais do homem. A partir justamente da atração predominante de um desses pólos sobre o trabalho teórico de elaboração de uma visão unitária do homem, fazem-se presentes no campo da Antropologia filosó­ fica os diversos reducionismos que tentam reduzir a complexidade

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