ANDERSON CLAYTON NASCIMENTO RIBEIRO AVALIAÇÃO DA SOLDAGEM DO AÇO NAVAL AH36 MICROLIGADO SOLDADO PELO PROCESSO ARCO SUBMERSO COM UM E DOIS ARAMES São Paulo Julho/2015 ANDERSON CLAYTON NASCIMENTO RIBEIRO (Bacharel em Engenharia de Materiais - Universidade Federal de Campina Grande – PB, 2010) AVALIAÇÃO DA SOLDAGEM DO AÇO NAVAL AH36 MICROLIGADO SOLDADO PELO PROCESSO ARCO SUBMERSO COM UM E DOIS ARAMES Dissertação apresentada a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Engenharia Área de Concentração: Engenharia Metalúrgica e de Materiais. Orientador: Professor Dr. Sérgio Duarte Brandi São Paulo Julho/2015 Ficha edição revisada i Dedico este trabalho a: Josefa Jovita de Oliveira e Maria Gilza Nascimento e também aos amigos que seguraram em minha mão e me ajudaram a subir alguns degraus. ii AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus, pela minha história. Ao Prof. Dr. Sérgio Duarte Brandi pela oportunidade que me concedeu, conselhos e paciência comigo durante esta labuta. A senhora Maria Gilza Nascimento (mãe), Josefa Jovita de Oliveira (avó), Tatiane Nascimento Ribeiro (irmã), Alisson M. N. Ribeiro (irmão) e todos que oraram por mim. Ao Prof. Dr. Hani Henein e Prof. Dr. Douglas Ivey pela oportunidade de executar alguns ensaios na Universidade de Alberta no Canadá. Aos amigos: Eng. Jaime Casanova Soeiro Junior, o Esp. em Soldagem Marcos Fernandes, o Eng. Luiz Fernando O. Rodrigues, o Eng. André Brauner, o Eng. Dany Michel Andrade Centeno e Enga. Lina Maria C. Varon, por contribuírem com atos e sugestões neste trabalho. Ao Dr. Laurie Collins por ter me aceitado na empresa EVRAZ, onde executei ensaios mecânicos e utilização do MEV no Canadá. A todos que colaboraram direta ou indiretamente, na execução deste trabalho. iii Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; aparecem as flores na terra; o tempo de cantar chega, e a voz dos pássaros ouvem-se em nossa terra. Cantares 2: 11. iv RESUMO Diversas pesquisas em processos de soldagem para construção naval concentram-se em reduzir peso, aumentar a eficiência de energia, melhorar a resistência à corrosão e à tenacidade, bem como reduzir custos e tempo na construção dos navios. O aço naval microligado, AH36, apresenta boa correlação entre estrutura, propriedades mecânicas e soldabilidade. Estas características se devem principalmente a redução dos teores de carbono em função do uso de elementos microligantes como V, Nb e Ti, e do tipo de processo de obtenção das chapas pelo processo termomecânico seguido de resfriamento acelerado (em inglês: Thermomechanical control process -TMCP). Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar a soldagem do aço naval AH 36 pelo processo de arco submerso com um e dois arames. Para tanto foram empregados os ensaios mecânicos de tração, de dobramento e de dureza. A tenacidade foi determinada pelo ensaio de Charpy com entalhe em V. Para caracterização metalográfica foram aplicadas as seguintes técnicas: Microscopia óptica (MO) e Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e difração de raios X. Os resultados mostraram que as juntas soldadas apresentaram limite de resistência máxima de 561 MPa, com rompimento localizado no metal de base. No ensaio de microdureza foi observado que a região de crescimento de grão da zona afetada pelo calor, no experimento com a técnica Tandem, apresentou-se a região mais rígida das juntas analisadas, também o valor de microdureza no metal de solda foi 10% maior que no metal de base. Os resultados dos ensaios de impacto Charpy V mostraram que a temperatura de transição dúctil – frágil do metal de base é de -30ºC. Da mesma maneira, o menor valor de energia absorvida foi para região do metal de solda. Através da análise da micrografia foi possível identificar diferentes morfologias de ferrita, a presença de perlita e pequenas regiões de martensita, bem como a presença de agregados MA. v ABSTRACT Several researches in welding processes for shipbuilding has been focusing on reducing weight, increasing energy efficiency, improving corrosion resistance and toughness as well as reducing costs and time in the construction of ships. The microalloyed steel AH36 shipbuilding presents a good correlation among structure, mechanical properties and weldability. These features are mainly because reduction in carbon content due to the use of microalloying elements such as V, Nb and Ti, together with the process of steel plates by thermomechanical control process (TMCP), Therefore, the objective of this study is to evaluate the welding of shipbuilding steel AH 36 by submerged arc process with one and two wires. It was utilized tests such as: tensile, bending and hardness tests. The toughness was determined by Charpy V-Notch test. The metallographic characterization was carried out by the following techniques: optical microscopy (OM) and scanning electron microscopy (SEM) and X-Rays diffraction. The results showed that the tensile test for welded joints presented maximum resistance limit of 561 MPa, and the rupture was located in the base metal. Microhardness test showed that the region of coarse grain of heat affected zone, in the tandem submerged arc welding (SAW), presented the hardest region of the welded joint, also the microhardness value in the weld metal was 10% greater than the metal base. Charpy V notch test tests depicted a ductile brittle transition temperature at about -30 ºC. In the same way, the lowest absorbed energy was identified in the weld metal region. Through microstructure characterization it was possible to identify different morphologies of ferrite, pearlite and the small presence of martensite, as well as, the presence of aggregates MA. vi LISTA DE FIGURAS Figura 1: Esquema dos ciclos térmicos e mudanças microestruturais no processo TMCP para produção de chapas. Modificado de (24). ............................................... 9 Figura 2: Efeito da temperatura de resfriamento no tamanho de grão ferrítico. Modificado de (27). ................................................................................................... 10 Figura 3: Diferentes mecanismos de nucleação relacionados aos processos laminação. Modificado da referência (28). ............................................................... 11 Figura 4: Transformações que ocorrem no grão austenítico durante o processo de laminação (29). ......................................................................................................... 13 Figura 5: Efeito do endurecimento por solução sólida em aço ferrítico de baixo carbono. Modificado de (31). .................................................................................... 15 Figura 6: Contorno de grão como obstáculo para o movimento de discordância. Modificado de (34). ................................................................................................... 16 Figura 7: Mecanismo de Orowan para interação entre discordâncias e precipitados incoerentes. Modificado (38). ................................................................................... 18 Figura 8: Diagrama Fe-Fe3C e ZAC de aço com 0.15%C. Modificado de (44). ....... 21 Figura 9: Imagem por microscopia óptica mostrando micrografia de placas de ferrita acicular em um metal de solda (47). ........................................................................ 22 Figura 10: Diagrama ternário MnO- Al2O3-SiO2 mostrando a presença de fases e inclusões para diferentes razões alumínio – oxigênio no metal de solda. (49) ........ 23 Figura 11: Ilustração da nucleação de ferrita acicular (AF) em função do tipo de inclusão em aço desoxidado com Ti (52). ................................................................ 24 Figura 12: Representação da soldagem com eletrodo revestido (58) ...................... 27 Figura 13: Equipamento (esquemático) MIG/MAG, com detalhe da pistola (57). .... 28 vii Figura 14: (a) Soldagem com arame tubular com proteção externa. (b) Soldagem com arem tubular autoprotegido. Modificado de (60) ....................................................... 30 Figura 15: Ilustração esquemática do processo TIG (58). ........................................ 31 Figura 16: Esquema do processo de soldagem com arco submerso (58). .............. 32 Figura 17: Taxa de deposição em juntas soldadas com arco submerso com diferentes parâmetros, números de arames e disposição de arames (Tandem e geminados). (58) ................................................................................................................................. 35 Figura 18: Aço baixo carbono normalizado e recozido, mostrando o efeito do encruamento nas Curvas tensão x deformação (67). ............................................... 37 Figura 19: Dimensões para corpo de prova Charpy (68) ......................................... 38 Figura 20: Estado triaxial de tensão gerado pelo entalhe: a) Tensões elásticas para o entalhe no estado plano de deformações. b) Distribuição de tensões na ponta do entalhe (68). ............................................................................................................. 39 Figura 21: Superfície da fratura de corpos de prova Charpy para diferentes temperaturas (aço baixo carbono). De cima para baixo: fratura dúctil, mista e frágil. () ................................................................................................................................. 40 Figura 22: Fractografia (a) região do metal de base submetido ao ensaio Charpy a -600C e (b) região do metal de solda AS a - 200C. ................................................... 41 Figura 23: Representação esquemática do efeito da temperatura na tenacidade ao entalhe para diferentes materiais (68). ..................................................................... 43 Figura 24: Diversos critérios de temperatura de transição obtidos por ensaio de impacto Charpy. (68) ................................................................................................ 44 Figura 25: Efeito do conteúdo de carbono nas curvas energia - temperatura de transição para aços. (65) .......................................................................................... 45 Figura 26: Esquema dos corpos de provas preparados para soldagem. ................. 51 Figura 27: Detalhe do chanfro adotado par os dois corpos de provas. .................... 51 Figura 28: Esquema representando a técnica Tandem utilizada. ............................. 52
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