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Anatomia do Estado PDF

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ANATOMIA DO ESTADO Escrito por Murray N. Rothbard 1ª Edição “O maior perigo ao Estado é o criticismo intelectual independente”. — Murray N. Rothbard Anatomia do Estado Murray Rothbard Anatomia do Estado Murray N. Rothbard Editora Konkin, 1ª Edição Coordenação editorial Eric Matheus Tradução Eric Matheus Capa Raissa Souza Abreu Diagramação Vitor Gomes Calado Licença Domínio público. Este livro está livre de restrição de autor e de direitos conexos. Sumário O Que o Estado Não é ................................................................ 1 O Que o Estado é ........................................................................ 6 Como o Estado se Preserva ...................................................... 12 Como o Estado Transcende seus Limites ................................. 26 O que o Estado Teme ............................................................... 43 Como Estados se Relacionam entre Si ..................................... 47 História enquanto uma Corrida entre o Poder Estatal e o Poder Social ........................................................................................ 55 Índice de Nomes ....................................................................... 59 O Que o Estado Não é1 O Estado é quase universalmente considerado uma instituição do serviço social. Alguns teóricos veneram o Estado como sendo a apoteose da sociedade; outros consideram-no como sendo uma organização afável, embora muitas vezes ineficiente, para alcançar fins sociais; mas quase todos o consideram como um meio necessário para alcançar os objetivos da humanidade, um meio a ser posto em oposição ao “setor privado” e frequentemente vencedor nessa competição de recursos. Com a ascensão da democracia, a identificação do Estado com a sociedade tem sido redobrada, até o ponto de se tornar comum ouvir sentimentos expressados que violam quase todos os princípios da razão e do senso comum2, tais como “Nós somos o governo”. O útil termo coletivo “nós” permitiu que uma camuflagem ideológica fosse jogada 1 Originalmente publicado em “Egalitarianism as a Revolt Against Nature and Other Essays” por Murray N. Rothbard (Auburn, Ala.: Mises Institute, 2000 [1974]), pp. 55-88. 2 N. do T.: Optamos pela tradução literal para manter o vínculo Aristotélico. Senso comum, dentro da perspectiva Rothbardiana, é aquilo que denota o bom senso. 1 O que o Estado Não é por sobre a realidade da vida política. Se “nós somos o governo”, então, tudo aquilo que um governo faz a um indivíduo não é somente justo e não-tirânico, mas também é “voluntário” por parte do indivíduo em questão. Se o governo incorreu em um grande débito público, o qual precisa ser pago ao taxar um grupo para o benefício do outro, essa realidade do fardo é obscurecida ao dizer que “nós devemos isso a nós mesmos”; se o governo alistar compulsoriamente um homem ou o jogar em uma prisão por uma opinião dissidente, então, ele está “fazendo isso a si mesmo” e, portanto, nada adverso ocorreu. Sob esse raciocínio, quaisquer judeus assassinados pelo governo nazista não foram assassinados, em vez disso, eles devem ter “cometido suicídio”, uma vez que eles eram o governo (que foi democraticamente escolhido) e, portanto, qualquer coisa que o governo lhes tenha feito foi voluntário pela parte deles. Não se pensaria que é necessário elaborar este ponto, mas, ainda assim, a esmagadora maioria das pessoas acredita nessa falácia, em um grau maior ou menor. Precisamos, portanto, enfatizar que “nós” não somos o governo; o governo não é “nós”. O governo não representa, em qualquer sentido acurado, a maioria do povo.3 Porém, até mesmo se o fizesse, mesmo se 3 Nós não podemos, neste capítulo, desenvolver os vários problemas e falácias da “democracia”. Faz-se suficiente dizer que um agente verdadeiro do indivíduo, ou “representante”, está sempre sujeito às ordens desse indivíduo, 2 Anatomia do Estado 70% do povo decidisse assassinar os 30% restantes, isso ainda seria assassinato e não seria um suicídio voluntário por parte da minoria massacrada.4 Uma metáfora organicista, um jargão irrelevante de que “somos todos partes uns dos outros”, não pode ser autorizada a obscurecer esse fato básico. Se, então, o Estado não é “nós”, se ele não é “a família humana” se reunindo para decidir problemas mútuos, se ele não é uma reunião fraternal ou um clube country, o que ele é? De modo breve, o Estado é aquela organização na sociedade que tenta manter um monopólio do uso da força e da violência em uma dada área territorial; em particular, ele é a única organização na sociedade que obtém sua receita não pela pode ser dispensado a qualquer momento e não pode agir contrariamente aos interesses ou desejos do seu chefe. Claramente, o “representante” em uma democracia nunca pode preencher tais funções de agência, as únicas consonantes com uma sociedade libertária. 4 Sociais-democratas frequentemente replicam que a democracia — a escolha de governantes pela maioria — implica logicamente que a maioria precisa permitir certas livridades à minoria, pois a minoria poderá, um dia, tornar-se a maioria. À parte de outras falhas, esse argumento obviamente não se sustenta onde a minoria não pode se tornar a maioria, por exemplo, quando a minoria é de uma raça ou de um grupo étnico diferente da maioria. 3 O que o Estado Não é contribuição voluntária ou pelo pagamento voluntário pelos serviços prestado; mas sim, pela coerção. Enquanto outros indivíduos ou instituições obtêm suas rendas pela produção de bens e de serviços e pela venda voluntária e pacífica desses bens e dos seus serviços a outros, o Estado obtém a sua receita pelo uso da compulsão; isto é, pelo uso e pela ameaça da cadeia e da baioneta.5 Tendo usado a força e a violência para obter sua receita, o Estado geralmente prossegue para regular e ditar as outras ações dos sujeitos individuais. Poder-se-ia pensar que a simples observação de todos os Estados através da história, 5 Joseph A. Schumpeter, Capitalism, Socialism, and Democracy (Nova York: Harper and Bros., 1942), p. 198. A fricção ou antagonismo entre a esfera pública e a privada foi intensificado primeiramente pelo fato de que [...] o Estado vem vivendo de uma receita que estava sendo produzida na esfera privada para propósitos privados e teve de ser defletida desses propósitos pela força política. A teoria que interpreta as taxas na analogia dos débitos do clube ou da compra do serviço de, digamos, um médico apenas prova o quão removida essa parte das ciências sociais está dos hábitos científicos da mente. Veja também Murray N. Rothbard “The Fallacy of the ‘Public Sector’”, New Individualist Review (verão, 1961):3ff. 4

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