ebook img

Anatomia da madeira de duas Leguminosas Cesalpinioídeas da Floresta Estacional de Misiones – Argentina PDF

2005·3.4 MB·Portuguese
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Anatomia da madeira de duas Leguminosas Cesalpinioídeas da Floresta Estacional de Misiones – Argentina

BALDUlNIA. n.3, p.14-20, jul./200S ANATOMIA DA MADEIRA DE DUAS LEGUMINOSAS CESALPINIOÍDEAS DA FLORESTA ESTACIONAL DE MISIONES -ARGENTINA GRACIELA INES BOLZON DE MuNIZ' JOSÉ NEWTON CARDOSO MARCHIORF RESUMO São anatomicamente descritas eilustradas com fotornicrografias as madeiras deApuleía leiocarpa (Vogel) Macbride ePeltophorum dubium (Sprengel) Taubert. Palavras-chave: Anatomia da madeira, Apuleia leiocarpa, Peltophorum dubium, Caesalpinioideae, Leguminosae. ABSTRACT The woods of Apuleia leiocarpa (Vogel) Macbride and Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert are anatornically described and ilustrated with photornicrographs. Key words: Wood anatomy, Apuleia leiocarpa, Peltophorum dubium, Caesalpinioideae, Leguminosae. INTRODUÇÃO dos. Para aespécie, cabe ressaltar, ainda, asdes- O presente estudo trata da descrição crições macroscópicas deTuset &Duran (1970) anatômica da madeira de duas Leguminosas e Steigleder (1971). Cesalpinioídeas da Floresta EstacionaI de Misiones (Argentina): Apuleia leiocarpa (Vogel) MATERIAL E MÉTODOS Macbride, conhecida vulgarmente pelos nomes O material estudado consiste da madeira de de grápia, grapia-pufia, ivirá-piapufia ou ivirá- trêsárvores decada espécie, procedentes deuma peré (Carvalho, 2003), ePeltophorum dubium floresta da Universidad Nacional de Misiones, (Sprengel) Taubert, apopular canafistula, ibirá- noDepartamento de Guarani, Argentina. Extra- pitá ou árbol deArtigas (Lombardo, 1964). ído do albumo e à altura do peito, o referido De ampla distribuição geográfica no Brasil, material lenhoso foi incorporado ao acervo do a grápia é também encontrada no nordeste do Laboratório de Dendrologia da Facultad de Peru, no sul da Bolívia, no leste do Paraguai Ciencias Forestales, da mesma Universidade. (Carvalho, 2003) enas províncias argentinas de De cada indivíduo foram preparados três Misiones eCorrientes (Dimitri etaI.,2000). Sua corpos-de-prova, orientados para aobtenção de madeira, dura, moderadamente pesada efácilde cortes anatômicos nos planos transversal, lon- trabalhar, foi investigada tecnologicamente por gitudinal radial elongitudinal tangenciaI. Após Brotero (1956), Silva (1967) eTortorelli (1956), amolecimento por fervura em água, os corpos- tendo merecido deste último, inclusive, um de- de-prova foram seccionados em micrótomo talhado estudo anatômico. Spencer AO n. 860, regulado para cortes com Nativa da Paraíba ao noroeste do Uruguai 18 flm de espessura. Usou-se coloração com (Carvalho, 2003), acanafistula teve sua madei- vermelho-de-acridina, crisoidina eazul de aStra ra estudada pelos mesmos autores acima referi- (Dujardin, 1964), desidratação em série alcoó- Engenheira Florestal, Ora., Professora Titular do Departamento de Engenharia eTecnologia Florestal, Universidade I Federal do Paraná, CEP 80070-230, Curitiba (PR). [email protected] 2 Engenheiro Florestal, Dr., Professor Titular do Departamento de Ciências Florestais, Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, CEP 97105-900, Santa Maria (RS). [email protected] 14 lica e montagem permanente com "Entellan". Anéis de crescimento: Marcados por estrei- Na maceração do tecido lenhoso, seguiu-se o tasfaixas deparênquima marginal efibras acha- método de Jeffrey (Freund, 1970); a pasta re- tadas deparedes mais espessas. sultante foi tingida com safranina e usou-se o Vasos: Emporosidade difusa, principalmente mesmo meio de montagem. solitários e de forma oval a circular; também Os dados quantitativos da estrutura em múltiplos radiais de 2 a 3 e escassos anatômica foram processados diretamente em racemiformes de até 8poros. Poros abundantes analisador de imagens "Videoplan", acoplado a (3a8por mm2), de 80-200-270 Ilmde diâme- computador, obtendo-se os respectivos valores tro (s = 30,05) eparedes de 3-4-12 f.Lm de es- mínimos, médios, máximos edesvio padrão (s), pessura (s = 1,56). Linhas vasculares retilíneas com ouso de programas aplicativos. até sinuosas. Elementos vasculares de 75-100- A descrição de elementos macroscópicos 350Ilm de comprimento (s = 3,76), freqüen- baseou-se na COPANT (1973). As mensurações temente com conteúdo escuro semelhante are- de elementos celulares individuais edescrições sina. Placas deperfuração simples, transversais microscópicas seguiram aABNT, com as alte- ou levemente oblíquas. Pontoações intervas- rações introduzidas por Muniz (1986). As culares ornamentadas, alternas, pequenas (5-8- fotomicrografias foram tomadas em aparelho 111lm) ecirculares, com abertura lenticular in- Carl Zeiss, usando-se filme Kodak Panatomic clusa. Pontoações radio-vasculares (5-6-8Ilm) X, ASA 32 e ampliações em papel fotográfico e parênquimo-vasculares (4-6-7 Ilm), seme- Kodabromid F-3 brilhante. lhantes àsintervasculares. Parênquima axial: Tipicamente DESCRIÇÃO DAS MADEIRAS paratraqueal, dos tipos vasicêntrico, aliforme e confluente em curtas extensões oblíquas. 1.Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert Parênquima apotraqueal marginal em linhas uni Caracteres gerais: Madeira de cerne casta- oubisseriadas, delimitando os anéis de cresci- nho-rosado ou castanho-violáceo, com veios mento e confundindo-se, em parte, com o escuros irregulares ealburno rosado-claro, ten- parênquima paratraqueal; resta assinalar aexis- dente aamarelo. Figura espigada bem definida, tência de escasso parênquima apotraqueal marcada pela direção irregular dos elementos difuso. Células parenquimáticas fusiformes ou vasculares eparênquima associado, que são de em séries de 2 a 4, medindo 153-206-259 Ilm corcastanho-violácea-escura, contrastando com otecido fibroso, castanho-claro edetextura lisa. de altura (s = 21,89) por 13-20-28 Ilm de diâ- Madeira dura, pesada (0,85 a 0,90 glcm3) , de metro. Séries cristalíferas freqüentes e em 2 a textura média a grossa, heterogênea, e de grã 10câmaras, com monocristais romboédricos de diagonal até fortemente revessa. oxalato de cálcio. 15 FIGURA 1- Poros solitários e parênquima paratraqueal vasicêntrico até aliforme-confluente, em seção transversal (A). Detalhe de poro solitário e parênquima vasicêntrico, em seção transversal (B). Raios homogêneos, de células procumbentes, e fibras septadas, em seção raidial (C). Raios [mos, em seção tangencial (D). Escalas = 100 /lm (A,D); 40 /lm (B, C). 16 Raios: Homogêneos, em número de 5a DI (s =34,78) por 8-17-29 Jlm de largura, em sé- mm, compostos inteiramente de células ries estratificadas de 3 ou 4 células e procumbentes; sãoem geral bisseriados, haven- freqüentemente divididas em2a8câmaras, con- doescassos trisseriados. Variam de65-160-270 tendogrânulosirregularesdesílicaoumonocristais Jlm de altura (s = 19,78) por 5-15-27 Jlm de romboédricos deoxalato decálcio. largura; os imersos no parênquima axial são Raios: Estratificados, emnúmero de 9a 111 mais largos. mm. Raios fracamente heterogêneos, com célu- Fibras: Libriformes, septadas e de seção las procumbentes na parte central euma fileira poligonal ou arredondada. Medem 530-960- marginal decélulas procumbentes mais curtas e 1500 Jlm de comprimento (s = 32,60) por 13- altas, ouentão células quadradas atéeretas. Rai- 25-40 Jlm (s = 2,45) de largura, tendo paredes os em sua maioria bisseriados, com poucos muito espessas (2-5-7 Jlm; s=0,97). unisseriados e trisseriados; medem 150-235- 300 Jlm (s=27,34), com até 13células de altu- 2.Apuleia leiocarpa (Vogel) Macbride ra.Estratificação regular; estratos deaproxima- Caracteres gerais: Cerne bege-amarelado, damente 245 Jlm de altura, acompanhando ele- amarelo-rosado até castanho-rosado uniforme; mentos vasculares eparênquima axial. alburno branco-amarelado. Madeira pesada Fibras: Libriformes ede seção poligonal até (0,78 a0,83 g/cm3), homogênea, de figura lisa, arredondada, medindo 600-1050-1450 Jlm de textura fma à média, brilho suave, grã direita, comprimento (s = 109,45), por 11-17-30 Jlm irregular ou atérevessa esem odor característi- de diâmetro, com paredes espessas (8-16-30 co. Jlm, s= 1,45). Anéis de crescimento: Pouco distintos, in- dividualizados por zonas fibrosas oufmas linhas ANÁLISE DA ESTRUTURA ANATÔMICA de parênquima marginal. As duas espécies estudadas apresentam ele- Vasos: Em porosidade difusa, solitários ou mentos vasculares muito curtos acurtos, placas em múltiplos radiais e racemiformes de 2 a 4, de perfuração simples, pontuado intervascular com seção circular, oval ou elíptica. Poros em alterno, pontoações ornamentadas de tamanho número de 15a 35/mm2, com lume de 70-100 pequeno a médio e parênquima paratraqueal, -130 Jlm de diâmetro (s = 26,76) eparedes es- aspectos referidos por Cozzo (1951), Metcalfe pessas (4-6-12 Jlm). Elementos vasculares & Chalk (1972), Record & Hess (1949) e estratificados, de 160-200-300 Jlm de compri- Tortorelli (1956), como muito característicos na mento (s = 32,56). Placas de perfuração sim- família Leguminosae. O parênquima aliforme, ples. Pontoações intervasculares alternas, orna- observado emambas asespécies, émais freqüen- mentadas, circulares (5-7-11 Jlm,s=0,78), com te nas sub-famílias Mimosoideae e Caesal- abertura elíptico-linear, inclusa; pontoações rá- pinioideae, embora igualmente observado em dio-vasculares eparênquimo-vasculares, seme- algumas Papilionoideae. O padrão apotraqueal lhantes. difuso e cristalífero, por sua vez, é importante Parênquima axial: Paratraqueal aliforme- caráter diagnóstico nas Mimosoideae, menos confluente, por vezes incompleto ouunilateral, comum nas Caesalpinioideae e relativamente além do padrão marginal terminal. Células raro nas Papilionideae (Metcalfe & Chalk, parenquimáticas de 180-220-250 Jlm de altura 1972). 17 FIGURA 2- Poros solitários, parênquima aliforme-confluente eanel de crescimento marcado por linha de parênquima marginal, em seção transversal (A).Tecido radial heterogêneo, emseção radial (B). Estratificação de raios, parênquima axial eelementos vasculares, em seção tangencial (C). Cristais de oxalato de cálcio em câmaras, em seção tangencial (D). Escalas = 100 llm (A, B); 40 llm (C); 25 llm (D). 18 FIGURA 3- Grânulos irregulares de sílica (seta), no parênquima axial, em seção radial (A). Pontoações intervasculares ornamentadas, em seção tangencial (B). Escalas = 12,5 11m. Os vasos em Apuleia leiocarpa têm diâme- BIBLIOGRAFIA tro significativamente menor do que em Brotero, F.A. Tabelas de resultados obtidos para Peltophorum dubium; afreqüência de poros, ao madeiras nacionais. SãoPaulo: Instituto dePes- contrário, é nitidamente maior na primeira do quisas Tecnológicas, 1956. 28p. (Boletim n.31). que na última dessas espécies, permitindo uma Carvalho, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, fácil separação entre as mesmas. Tais aspectos, 2003. v. 1. 1039 p. sabidamente relacionados ao habitat caracterís- Copant - Comissão Panamericana de Normas Téc- tico das espécies, denota mesomorfia ao lenho nicas. Descrição macroscópica egeral da ma- dePeltophorum dubium eestá de acordo com a deira -esquema Ide recomendação. Colômbia, conhecida preferência dagrápia por encostas ou 1973. 19p. (COPANT 30). chapadas, locais "onde adrenagem dos solos é Cozzo, D. Anatomia deI lefío secundario de las bastante elevada" (Reitz, Klein &Reis, 1983). leguminosas mimosoideas y caesalpinoideas ar- Quanto ao comprimento de elementos gentinas silvestres y cultivadas. Rev. Inst. Nac. vasculares, os valores mínimos emáximos não Invest. CioNat. C. Bo1.,Buenos Aires, v.2,n.2, permitem uma nítida separação entre asespécies; p. 63-290, 1951. mesmo assim, o valor médio do caráter em Dimitri, M. J., Leonardis, R. F. J., Biloni, J. S. EI Peltophorum dubium corresponde à metade do nuevo Iibro deI arbol. Buenos Aires: ElAteneo, verificado emApuleia leiocarpa. 2000. v.2. 124p. 19 Dujardin, E. P.Eine neue Holz-zellu1osenfaerbung. Record, S.l, Hess,R.W.Timbers ofthe NewWorld. Mikrokosmos, n. 53, p. 94, 1964. New Haven: YaleUniversity Press, 1949.640 p. Freund, H. Handbuch der Mikroskopie in der Reitz, R., Klein, R. M., Reis, A. Projeto Madeira do Technik. Frankfurt: Urnscham Verlag, 1970.375p. Rio Grande do Sul. Sellowia, Itajaí, n. 34-35, Lombardo, A. Flora arborea y arborescente dei p. 300, 1983. Uruguay. Montevideo: Concejo Departamental, Silva, P.F.da. Características físico-mecânicas de 1964. 151p. espécies lenhos as do sul do Brasil. Porto Ale- Metcalfe, C. R., Chalk, L. Anatomy of the gre :Instituto Tecnológico doRio Grande doSul, Dicotyledons. Oxford: Clarendon Press, 1972. 1967. 41p. (Boletim n. 42). 1500 p. Steigleder, M. de V. Madeiras do sul do Brasil Muniz, G. I. B. Descrição da estrutura e ultra- (Macrografia). Porto Alegre: Instituto Tecno- estrutura da madeira de cinco espécies de lógico doRio Grande do Sul, 1971. 59p. (Bole- Prosopis da Argentina e análise da tim n. 54). metodologia. Curitiba: UFPR, 1986. 192f.Dis- Tortorelli, L. A. Maderas y bosques argentinos. sertação (Mestrado em Engenharia Florestal) - Buenos Aires: ACME, 1956.910 p. Universidade Federal do Paraná. Tuset, R., Duran, F. Descripcion y clave Mufíiz, G. I.B. Anatomia da madeira de espécies macroscopicas de madeiras comerciales en arbóreas da Floresta Estacionai Semidecidual Uruguay. Montevideo: Universidad de la de Misiones, Argentina. Curitiba, UFPR, 1993. Republica, Facultad deAgronomia, 1970. 63p. 152 f. Tese (Concurso de Professor Titular) - (Boletim n. 114). Universidade Federal do Paraná. 20

See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.