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Analysis of the ichthyofauna caught in a stationary uncovered pound net in the Toque Toque Pequeno Beach, northern coast of São Paulo State, Brazil PDF

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Análise da ictiofauna capturada em cerco fixo flutuante na Praia de Toque- Toque Pequeno, Litoral Norte do Estado de São Paulo, Brasil. André Martins Vaz-dos-Santos1, Marcus Rodrigues da Costa2 e Cristiane Maia Cruvinel3 1 Universidade Federal do Paraná – UFPR, Laboratório de Esclerocronologia. Rua Pioneiro, 2153. Jardim Dallas. CEP 85950-000. Palotina – PR – Brasil. E-mail: [email protected] 2 Centro Universitário UNIMÓDULO. Av. Frei Pacifico Wagner, 653. Centro. CEP 11660-903. Caraguatatuba – SP – Brasil. E-mail: [email protected] 3 Universidade Santa Cecília – UNISANTA. E-mail: [email protected] Resumo A pesca de pequena escala (artesanal) no litoral norte do estado de São Paulo é uma atividade pesqueira importante e tradicional. Com o objetivo de analisar a ictiofauna capturada em um cerco fixo flutuante, 250 despescas realizadas entre junho de 2005 e abril de 2006 foram analisadas, sendo as espécies identificadas e as capturas analisadas mensalmente através das análises de agrupamento, escalonamento multidimensional, análise de similaridade e similaridade percentual. Foram capturados 2713,00 kg de pescado, com nove espécies contribuindo com mais de 90% do peso total (Trichiurus lepturus, Scomberomorus cavalla, Caranx crysos, Opisthonema oglinum, Selene vomer, Scomberomorus brasiliensis, Pomatomus saltatrix, Chloroscombrus chrysurus e Cynoscion microlepidotus). As análises ecológicas multivariadas aplicadas não permitiram a detecção de padrões claros de variação na ictiofauna da área, devido à constância e abundância das principais espécies, comuns na área e ao longo da costa. Palavras-chave: Abundância, CPUE, similaridade, pesca de pequena escala. ________________________________________________________________________________ Analysis of the ichthyofauna caught in a stationary uncovered pound net in the Toque Toque Pequeno Beach, northern coast of São Paulo State, Brazil. Abstract The small scale fisheries (artisanal) on the northern coast of São Paulo have been being an important and traditional fishing activity in the region. In order to analyzing the ichthyofauna caught in a stationary uncovered pound net, a total of 250 landings performed between June 2005 and April 2006 were analyzed. Species were identified and analyzed monthly using cluster analysis, multidimensional scaling, similarity analysis and similarity percentage analysis. A total of 2713.00 kg of fish were caught. Nine species contributed with more than 90% of the total weight (Trichiurus lepturus, Scomberomorus cavalla, Caranx crysos, Opisthonema oglinum, Selene vomer, Scomberomorus brasiliensis, Pomatomus saltatrix, Chloroscombrus chrysurus and Cynoscion microlepidotus). The ecological multivariate analyzes applied did not allow to detecting a pattern of variation in the ichthyofauna of the area, due to the constancy and abundance of main species, common in the area and along the coast. Keywords: abundance, CPUE, similarity, small scale fishery. _________________________________________________________________ INTRODUÇÃO O litoral norte do estado de São Paulo é uma região constituída por uma série de pequenas praias, enseadas e baías nas quais a pesca de pequena escala (artesanal) está estabelecida há várias gerações. Particularmente, o cerco fixo flutuante é um aparelho de pesca que se adequa a fisiografia UNISANTA BioScience – p. 81 - 90; Vol. 2 nº 2, (2013) Página 81 da região, sendo também um elemento importante da cultura local (Masumoto, 2003; Blank et al., 2009; Cruvinel & Vaz-dos-Santos, 2013). No estado de São Paulo o registro dos desembarques das pescarias de pequena escala se iniciou de forma sistematizada e onipresente em 2007 (Instituto de Pesca, 2013), preenchendo uma lacuna importante na estatística pesqueira. Segundo os dados do Instituto de Pesca (op. cit.), entre 2007 e 2012 as descargas de pescado no município de São Sebastião totalizaram 3097 toneladas, das quais 19% foram provenientes da pesca com cerco fixo flutuante. No Brasil, estudos sobre a ictiofauna costeira e de plataforma continental são abundantes e, especialmente no litoral norte do estado de São Paulo, mencionam-se Nonato et al. (1983), Braga & Goitein (1984), Rossi-Wongtschowski & Paes (1993), Rocha & Rossi-Wongtschowski (1998), Muto et al. (2000), Rossi-Wongtschowski et al. (2008) e Gondolo et al. (2011). Sobre análises de captura de cerco, em São Paulo, há apenas os estudos de Blank et al. (2009), na ilha Anchieta, também no litoral norte, e o de Radasewsky (1976) em Cananeia, litoral sul. O objetivo do presente estudo consistiu na caracterização das capturas de um cerco fixo flutuante em São Sebastião, analisando as variações da ictiofauna durante um ciclo anual. MATERIAIS E MÉTODOS Entre junho de 2005 e abril de 2006 foi analisada a captura de um cerco fixo flutuante da praia de Toque Toque Pequeno, no litoral norte do Estado de São Paulo (23º 49’25,88’’S; 45º 32’11,04’’W) (Figura 1). Detalhes do local e a caracterização do cerco constam em Cruvinel & Vaz-dos-Santos (2013). As despescas (n = 250) foram acompanhadas e os peixes capturados foram identificados com base em Figueiredo (1977), Figueiredo & Menezes (1978, 1980, 2000), Menezes & Figueiredo (1980, 1985) e Menezes et al. (2003). Em algumas despescas não acompanhadas foram utilizados dados do pescador em nestes casos, peixes foram identificados até o nível genérico. Figura 1: Costão rochoso da praia de Toque Toque Pequeno, litoral norte do estado de São Paulo. A seta no mapa indica a localização da praia e na foto os dois cercos fixos flutuantes. O círculo indica o cerco analisado. Os dados das despescas foram agrupados e tratados mensalmente. A descrição da amostra foi realizada com base nos valores mensais de captura (abundância, kg) e captura por unidade de UNISANTA BioScience – p. 81 - 90; Vol. 2 nº 2, (2013) Página 82 esforço (CPUE, estimativa da abundância, kg/h). Para comparação dos valores mensais, ambas as séries foram submetidas a um teste de Kruskal Wallis (Zar, 2010), sendo as capturas (kg) utilizadas nas análises subsequentes. Para verificar variações temporais na composição e na abundância em peso na estrutura da comunidade capturada pelo cerco flutuante, utilizou-se simultaneamente a análise de agrupamento por média do grupo (WPGMA) (Cluster) e a técnica não métrica de escalonamento multidimensional (MDS), para verificação e consolidação dos resultados obtidos (Clarke & Warwick, 1994). Os valores de captura (kg) das espécies que participaram da análise de similaridade dos grupos foram previamente transformados em log(x+1), sendo calculado o índice de similaridade de Bray-Curtis. Nesta análise foram incluídas somente as espécies que apresentaram capturas em pelo menos três meses. A aplicação destas duas técnicas visou representar, em um plano bidimensional, a distribuição dos meses em função das capturas (abundância em peso) das espécies. A análise unidirecional de similaridade, ANOSIM (Clarke & Warwick, 1994), foi aplicada para testar a hipótese de diferenças entre os grupos formados com base nas assembleias de peixes. Esta sub-rotina compara níveis médios de similaridade dentro de grupos de amostras pré-definidas com a similaridade média existente entre os grupos. O coeficiente R com valores próximos a um indica forte diferença entre os grupos, enquanto que valores próximos a zero indicam não haver diferenças entre os grupos; valores intermediários indicam sobreposição dos grupos com poucas diferenças. Após a aplicação deste método, procedeu-se a análise de similaridade percentual (SIMPER), para identificação de quais espécies contribuíram para a formação dos grupos delineados no MDS e formados pelo Cluster, além da dissimilaridade existente entre os grupos de amostras. Estas análises foram geradas pelo pacote estatístico PRIMER (Plymouth Routine in Multivariate Ecological Research – Plymouth University). RESULTADOS Durante junho de 2005 e abril de 2006 foram capturados 2713,00 kg de pescado, correspondentes a uma CPUE de 316,7 kg/h. A variação mensal da captura e da CPUE no período apresentaram a mesma tendência (Figura 2), não havendo diferença entre os valores mensais de captura (KW = 11,17; P = 0,345) e de CPUEs (KW = 11,26; P = 0,338). Este resultado permitiu o prosseguimento das análises apenas com os valores da captura. Em termos de composição, as capturas foram compostas por vinte e quatro espécies e três categorias genéricas de teleósteos pertencentes às ordens Clupeiformes, Mugiliformes e Perciformes, um gênero de elasmobrânquio (Carcharhinus spp., Ordem Carcharhiniformes) e uma espécie de lula (molusco) da Ordem Decapoda (Loligo plei). (Tabela 1). A categoria mistura ocupou a décima oitava posição em contribuição em peso. Também foram capturadas tartarugas e raias (Dasyatis spp., Gymnura spp., Myliobatis spp., Atlantoraja castelnaui e Manta birostris), sendo todas elas soltas com vida e sem ferimentos. O número de espécies variou pouco ao longo dos meses, com menos ocorrências entre fevereiro e abril (Figura 3). UNISANTA BioScience – p. 81 - 90; Vol. 2 nº 2, (2013) Página 83 Figura 2: Variação mensal nos valores de captura (kg) e CPUE (kg/h) de pescado no cerco fixo flutuante na praia de Toque Toque Pequeno, litoral norte do Estado de São Paulo. Figura 3: Variação mensal nos valores de captura (kg) e número de espécies capturadas no cerco fixo flutuante na praia de Toque Toque Pequeno, litoral norte do Estado de São Paulo. UNISANTA BioScience – p. 81 - 90; Vol. 2 nº 2, (2013) Página 84 Tabela 1: Lista de espécies capturadas no cerco fixo flutuante da praia de Toque Toque Pequeno, litoral norte do Estado de São Paulo, com os valores de captura (kg), frequência e ocorrência mensal (quadrados pretos). Espécie Ca(pktgu)ra rFerleaqtiuvêan (c%ia) Facreuqm(u%uê)lnacdiaa 50/nuj 50/luj 50/oga 50/tes 50/tuo 50/von 50/zed 60/naj 60/vef 60/ram 60/rba 1Trichiurus lepturus 1105.50 40.7 40.7 3 6 9 8 13 6 11 8 4 2 8 2Scomberomorus cavalla 371.50 13.7 54.4 5 7 13 1 5 1 1 3Caranx crysos 242.00 8.9 63.4 1 2 4 1 5 1 1 4Opisthonema oglinum 226.00 8.3 71.7 1 6 5 1 3 1 3 2 1 1 5Selene vomer 195.50 7.2 78.9 2 1 1 5 2 1 1 6Scomberomorus brasiliensis 130.00 4.8 83.7 1 2 4 5 6 4 3 1 1 7Pomatomus saltatrix 79.50 2.9 86.6 4 3 6 2 1 2 1 1 8Chloroscombrus chrysurus 57.00 2.1 88.7 1 1 1 1 2 2 2 1 1 1 9Cynoscion microlepidotus 57.00 2.1 90.8 1 4 1 4 1 1 10Kyphosus incisor 56.00 2.1 92.9 1 2 1 1 2 1 1 1 1 11Rachycentrom canadum 25.00 0.9 93.8 1 12Peprilus paru 23.00 0.8 94.7 2 13Sardinella brasiliensis 22.00 0.8 95.5 1 1 1 1 14Anchoviella lepidentostole 17.00 0.6 96.1 1 1 2 1 15Auxis thazard 16.00 0.6 96.7 1 1 16Centropomus spp. 15.00 0.6 97.2 1 17Oligoplites saliens 15.00 0.6 97.8 1 1 18mistura 14.00 0.5 98.3 19Caranx hippos 12.00 0.4 98.7 1 1 20Micropogonias furnieri 6.50 0.2 99.0 1 1 1 21Lutjanus spp. 6.00 0.2 99.2 1 1 1 22Mugil platanus 4.00 0.1 99.4 2 23Cynoscion virescens 3.00 0.1 99.5 1 24Eugerres brasilianus 3.00 0.1 99.6 1 25Macrodon ancylodon 3.00 0.1 99.7 1 26Loligo plei 2.50 0.1 99.8 1 1 27Carcharhinus spp. 2.00 0.1 99.9 1 28Epinephelus marginatus 2.00 0.1 99.9 1 29Mugil curema 1.00 0.0 100.0 1 30Mycteroperca spp. 1.00 0.0 100.0 1 Total 2713.00 100 Nove espécies contribuíram com mais de 90% do peso total (em ordem decrescente de importância Trichiurus lepturus, Scomberomorus cavalla, Caranx crysos, Opisthonema oglinum, Selene vomer, Scomberomorus brasiliensis, Pomatomus saltatrix, Chloroscombrus chrysurus e Cynoscion microlepidotus), estando presentes em praticamente todo período (Tabela 1). Na análise de similaridade faunística, os onze meses amostrados ficaram separados em três grupos (dendrograma), unidos por uma similaridade de aproximadamente 50 % (Figura 4a). O grupo A foi formado pelos meses de janeiro, fevereiro, março e abril, com 62% de similaridade; o grupo B foi formado pelos meses de junho, julho e agosto com 63% de similaridade e o grupo C foi formado pelos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro com 63% de similaridade. Os grupos B e C apresentaram maiores valores de captura quando comparados com o grupo A. A análise MDS (Figura 4b) apresentou um valor de estresse aceitável (0,13), tornando possível verificar uma tendência sazonal de separação dos grupos formados a partir da análise de agrupamento. O padrão de separação entre os mesmos é similar ao obtido através da aplicação da técnica ANOSIM, cujos resultados são apresentados a seguir. UNISANTA BioScience – p. 81 - 90; Vol. 2 nº 2, (2013) Página 85 50 60 e d 70 a d ira lim 80 iS 90 100 rbA naJ veF raM nuJ luJ ogA tuO teS voN zeD (a) Stress: 0.13 Jun Ago Fev Jul Abr Set Nov Mar Dez Jan Out (b) Figura 4 - Dendrograma (a) e gráfico de ordenação (MDS) (b) mostrando a similaridade entre os meses amostrados, com base nos valores mensais de captura (kg) cerco fixo flutuante da praia de Toque Toque Pequeno, litoral norte do Estado de São Paulo. A análise de similaridade (ANOSIM) evidenciou diferenças significativas entre os grupos, sendo que os valores de R estão dentro da amplitude esperada ao acaso, significando que as similaridades entre os meses são diferentes (P = 0,1%; R = 0,70). O grupo A foi o único que apresentou uma nítida separação do grupo B, com valore de R = 0,82, enquanto os demais grupos indicaram uma separação, porém com algumas sobreposições (0,5 > R < 0,7) (Tabela 5). A similaridade de percentagem (SIMPER) entre as espécies apresentou uma média de similaridade dentro do grupo A de 66,13%, definida pela análise de agrupamento, com maiores contribuições das espécies: T. lepturus, S. vomer, K. incisor, C. chrysurus, S. cavalla e O. oglinum, totalizando 92,83% de contribuição. O grupo B apresentou similaridade média de 66,41 % com maiores contribuições de T. lepturus, S. cavalla, P. saltatrix, O. oglinum, Scomberomorus brasiliensis e mistura totalizando 91,26 %. O grupo C apresentou similaridade média de 65,71 % com maiores contribuições de T. lepturus, Scomberomorus brasiliensis, C. chrysurus, O. oglinum, C. crysos, C. microlepidotus, K. incisor e A. lepidentostole, totalizando 90,63 % de contribuição. UNISANTA BioScience – p. 81 - 90; Vol. 2 nº 2, (2013) Página 86 Tabela 5 - Análise de similaridade (ANOSIM) entre os grupos formados com base na análise de agrupamento e contribuição percentual (similaridade acima de 5%; dissimilaridade acima de 10%) das espécies capturadas pelo cerco flutuante em Toque Toque. R global = 0,70, P = 0,1 %. Grupo A x B Grupo A x C Grupo B x C 0,82 0,64 0,67 Grupo A Grupo B Grupo C Similaridade média dentro dos grupos (%) 66,13 66,41 65,71 Trichiurus lepturus 30,56 20,63 30,21 Scomberomorus cavalla 8,28 19,95 Selene vomer 17,75 Pomatomus saltatrix 16,94 Chloroscombrus chrysurus 12,07 9,81 Anchoviella lepidentostole 3,81 Scomberomorus brasiliensis 10,73 19,73 Opisthonema oglinum 7,89 13,09 9,01 Mistura 9,92 Caranx crysos 8,53 Cynoscion microlepidotus 5,53 Kyphosus incisor 16,29 Dissimilaridade média (%) Grupo Grupo Grupo A x B A x C B x C Trichiurus lepturus 45,41 47,07 42,35 Pomatomus saltatrix 12,83 Scomberomorus cavalla 11,20 18,57 Opisthonema oglinum 10,79 Scomberomorus brasiliensis 14,13 Caranx crysos 12,58 10,46 Selene vomer 10,16 DISCUSSÃO As capturas do cerco fixo flutuante representam parte da ictiofauna residente e visitante do local onde o aparelho está instalado, sendo influenciada principalmente pelo nível da maré (Radasewsky, 1976). Entretanto, este fator foi minimizado nos presentes resultados, uma vez que muitas das despescas ocorreram após um ciclo completo de preamar e baixa-mar (Cruvinel & Vaz- dos-Santos, 2013). Enquanto arte de pesca passiva, as principais espécies capturadas se notabilizam pela alta capacidade natatória, sendo recursos pesqueiros importantes. A presença constante das espécies que representaram mais de 90% da contribuição em peso interferiu bastante na definição dos grupos nas análises ecológicas multivariadas, causando as sobreposições observadas. É notável que as variações mensais no volume das capturas e na composição específica não apresentaram magnitude que justificassem a definição de grupos e padrões. Estes resultados diferem dos de Blank et al. (2009), que apesar de elocubrativos, permitiram àqueles autores verificar alguns padrões de variação temporal nas capturas. Isto provavelmente deveu-se ao maior período de tempo analisado (séries anuais) e ao fato da Ilha Anchieta (local do estudo) ser uma feição de plataforma continental, estando sob influência dos processos oceanográficos da região (Pires-Vanin et al., 1993). Todas as principais espécies capturadas são comuns ao longo da área estudada, entretanto existem poucas referências sobre sua biologia populacional que permitam explicar os resultados obtidos. Também no litoral norte do estado de São Paulo, o carapau, Caranx crysos, ocupou o terceiro lugar nas capturas em cerco fixo flutuante na Ilha Anchieta (Blank et al., 2009), mostrando sua importância em termos de abundância e ocorrência na região. UNISANTA BioScience – p. 81 - 90; Vol. 2 nº 2, (2013) Página 87 O espada, Trichiurus lepturus, ocorre ao longo de toda a costa, com desova ao longo do ano todo (Nakatani et al., 1980; Magro et al., 2000). Os estudos sobre biologia e pesca da cavala, Scomberomorus cavalla, restringem-se aos realizados no norte e nordeste do país, onde a espécie é um importante recurso pesqueiro (Alves e Tome, 1966, 1967; Ivo, 1972; Klein, 1973; Gesteira, 1973; Gesteira & Mesquita, 1976; Fonteles-Filho, 1988; Santa Brígida et al., 2007). No caso da enchova, Pomatomus saltatrix, os estudos sobre sua biologia concentram-se no sul do Brasil (Krug & Haimovici, 1989; Haimovici & Krug, 1992, 1996; Lucena et al., 2000). Nos meses de inverno há deslocamento de jovens e adultos jovens de enchova em direção ao norte, quando são capturados ao longo da costa (Haimovici & Krug, 1996), fato observado no presente estudo (entre janeiro e abril houve apenas uma captura esporádica em fevereiro). A palombeta, Chloroscombrus chrysurus, é o carangídeo mais abundante da costa brasileira, sendo um recurso acessório na pesca industrial de sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis), que atua sobre os adultos (Masumoto & Cergole, 2005). Neste estudo, foi observado nas despescas que os exemplares registrados eram adultos (maiores que 11 cm), com capturas esporádicas de jovens. Enfocando Selene vomer, Scomberomorus brasiliensis e Cynoscion microlepidotus não foram encontradas referências. Rossi-Wongtschowski et al. (2008), apesar de tratarem de espécies demersais, realizaram amostragens adjacentes ao local do presente estudo. Estas autoras verificaram uma abundância numérica da ordem de 901 a 1200 indivíduos no verão (fevereiro), correspondendo, entretanto, a uma baixa biomassa (entre 0,1 e 1,0 g/m2), explicadas pela maior ocorrência de espécies pelágicas (mesmo em uma rede de fundo). No inverno-primavera (agosto-outubro), houve uma redução da captura de espécies pelágicas e, consequentemente, diminuição da ocorrência (< 100 indivíduos); a biomassa permaneceu baixa. Obviamente que a seletividade das redes de arrasto utilizadas por Rossi-Wongtschowski et al. (op. cit.) não foi adequada para uma avaliar as espécies pelágicas, principais itens capturados no presente estudo. Entretanto, estes resultados contraditórios com os obtidos (maiores capturas no inverno) evidenciam que a plasticidade ambiental e biológica das zonas costeiras exige constante monitoramento da estrutura populacional e da comunidade de peixes. No presente estudo foi cumprido o objetivo de caracterização das capturas do cerco fixo flutuante analisado, apesar das limitações sobre suas variações ao longo do tempo. Recomenda-se que novas ações com este foco contemplem uma escala espaço-temporal maior acompanhada de caracterização ambiental-oceanográfica, que permitam o reconhecimento dos padrões das comunidades ictiícas. A tomada de informações das principais espécies para estudos de dinâmica populacional também agregará valor a compreensão dos processos biológicos em escala local. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, M.I.M. & TOME, G.S. Anatomia e histologia do tubo digestivo de Scomberomorus cavalla (Cuvier, 1829). Arquivos de Ciências do Mar, 6(2): 103-108. 1966. ALVES, M.I.M. & TOME, G.S. Alguns aspectos do desenvolvimento maturativo das gônadas da cavala, Scomberomorus cavalla (Cuvier, 1829). Arquivos de Ciências do Mar, 7(1): 1-9. 1967. BLANK, A.G.; CARNEIRO, M.H.; SECKENDORFF, R.W. & OSTINI, S. A pesca de cerco- flutuante na Ilha Anchieta, Ubatuba, São Paulo, Brasil. Série Relatórios Técnicos, Instituto de Pesca, 34: 1-18. 2009. BRAGA, F.M.S. & GOITEIN, R. 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