Análise Real Volume 2 Elon Lages Lima Rio de Janeiro 9 de março de 2004 Sumário 1 TopologiadoEspaçoEuclidiano 1 1 Oespaçoeuclidianon-dimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 2 Bolaseconjuntoslimitados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 3 Conjuntosabertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 4 SeqüênciasemRn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 5 Conjuntosfechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 6 Conjuntoscompactos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 7 Aplicaçõescontínuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 8 Continuidadeuniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 9 Homeomorfismos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 10 Conjuntosconexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 11 Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2 CaminhosemRn 33 1 Caminhosdiferenciáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2 Cálculodiferencialdecaminhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3 Aintegraldeumcaminho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 4 Caminhosretificáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3 FunçõesReaisdenVariáveis 44 1 Derivadasparciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 2 FunçõesdeclasseC1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 3 OTeoremadeSchwarz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 4 AfórmuladeTaylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 5 Pontoscríticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 6 Funçõesconvexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Apêndice: Continuidadedasfunçõesconvexas . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 4 FunçõesImplícitas 69 1 Umafunçãoimplícita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 2 Hiperfícies. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 3 MultiplicadordeLagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 5 AplicaçõesDiferenciáveis 81 ii 1 Aderivadacomotransformaçãolinear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 2 Exemplosdederivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 3 Cálculodiferencialdeaplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 6 AplicaçõesInversaseImplícitas 92 1 OTeoremadaAplicaçãoInversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 2 VáriasFunçõesImplícitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 7 SuperfíciesDiferenciáveis 104 1 Parametrizações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 2 Superfíciesdiferenciáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 3 Oespaçovetorialtangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 4 Superfíciesorientáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 5 MultiplicadoresdeLagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 8 IntegraisMúltiplas 120 1 Adefiniçãodeintegral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 2 Conjuntodemedidanula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 3 Cálculocomintegrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 4 ConjuntosJ-mensuráveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 5 AintegralcomolimitedesomasdeRiemann . . . . . . . . . . . . . . . 134 9 MudançadeVariáveis 139 1 Ocasounidimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 2 Difeomorfismosprimitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142 3 TododifeomorfismoC1élocalmenteadmissível. . . . . . . . . . . . . . 143 4 Conclusão: tododifeomorfismodeclasseC1éadmissível . . . . . . . . 144 Capítulo 1 Topologia do Espaço Euclidiano 1 Oespaçoeuclidianon-dimensional Seja n um número natural. O espaço euclidiano n-dimensional Rn é o produto cartesiano de n fatores iguais a R : Rn = R × R × ... × R. Seus elementos, portanto,sãoasseqüências(oulistas)dentermosreaisx = (x ,...,x ). Paracada 1 n i = 1,...,n,otermox chama-seai-ésimacoordenadadex. Sex = (x ,...,x ) i 1 n ey = (y ,...,y ),tem-sex = y se,esomentese,x = y ,...,x = y . Assim, r n 1 1 n n todaigualdadeentredoiselementosdeRn equivaleanigualdadesentrenúmeros reais. R1 = Réoconjuntodosnúmerosreais,R2éomodelonuméricodoplanoe R3éomodelodoespaçoeuclidianotridimensional. Porsimplicidade,adotaremos ohábitodeescreverz = (x,y)emvezdex = (x ,x )ew = (x,y,z)emvezde 1 2 x = (x ,x ,x ). 1 2 3 Os elementos de Rn às vezes são chamados pontos e às vezes vetores. Es- te segundo nome se aplica principalmente quando se considerarem entre eles as operaçõesquedefiniremosagora. A adição faz corresponder a cada par de elementos x = (x ,...,x ) e 1 n y = (y ,...,y ) a soma 1 n x +y = (x +y ,...,x +y ). 1 1 n n e a multiplicação do número real α pelo elemento x = (x ,...,x ) tem 1 n como resultado o produto α·x = (αx ,...,αx ). 1 n O vetor 0 = (0,0,...,0), cujas coordenadas são todas nulas, chama-se a origemdeRn. Paratodox = (x ,...,x ),ovetor−x = (−x ,...,−x )chama- 1 n 1 n seooposto,ousimétricodex. Dadosquaisquerx,y,z ∈ Rneα,β ∈ Rvalemas 2 CAPÍTULO1: TOPOLOGIADOESPAÇOEUCLIDIANO igualdades x +y = y +x, x +0 = x, −x +x = 0, x +(y +z) = (x +y)+z, α(βx) = (αβ)x, (α+β)x = αx +βx, α(x +y) = αx +αy. Asegundaeaterceiradelasdizemque0éoelementoneutrodaadiçãoe−x é oinversoaditivodex. Os vetores e = (1,0,...,0),e = (0,1,0,...,0),...e = (0,...,1), que 1 2 n têmumaúnicacoordenadanão-nula,iguala1,constituemabasecanônicadeRn. Aigualdadex = (x ,...,x )significaquex = x ·e +···+x ·e . 1 n 1 1 n n Existeaindaumaoperaçãoqueassociaacadapardevetoresx = (x ,...,x ), 1 n y = (y ,...,y )onúmeroreal 1 n (cid:2)x,y(cid:3) = x y +···+x y , 1 1 n n chamadooprodutointernodex pory. Parax,y,z ∈ Rn eα ∈ Rquaisquer,tem-se (cid:2)x,y(cid:3) = (cid:2)y,x(cid:3), (cid:2)x,y +z(cid:3) = (cid:2)x,y(cid:3)+(cid:2)x,z(cid:3), (cid:2)αx,y(cid:3) = α·(cid:2)x,y(cid:3), (cid:2)x,x(cid:3) > 0 se x (cid:4)= 0. Segue-seque(cid:2)x+y,z (cid:3) = (cid:2)x,y(cid:3)+(cid:2)x,y(cid:3),(cid:2)x,αy(cid:3) = α(cid:2)x,y(cid:3)e(cid:2)x,0(cid:3) = 0. Diz-se que os vetores x, y ∈ Rn são ortogonais, e escreve-se x ⊥ y, quando (cid:2)x,y(cid:3) = 0. Porexemplo,(cid:2)e ,e (cid:3) = 0sei (cid:4)= j. i j Umexemplomenostrivialdeortogonalidadeéoseguinte (cid:2)x,y(cid:3) (1.1) Seja x ∈ Rn não-nulo. Para todo y ∈ Rn, o vetor z = y − ·x é (cid:2)x,x(cid:3) ortogonalax. (cid:2)x,y(cid:3) Demonstração. (cid:2)x,z(cid:3) = (cid:2)x,y(cid:3)− ·(cid:2)x,x(cid:3) = 0. (cid:2)x,x(cid:3) (cid:2)x,y(cid:3) Escrevendo y = · x + z, vemos assim que, uma vez dado um vetor (cid:2)x,x(cid:3) não-nulo x ∈ Rn, todo vetor y ∈ Rn se escreve como soma de um múltiplo de x com um vetor ortogonal a x. Esta decomposição é única pois se y = α ·x +z com z ⊥ x, tomando-se o produto interno de ambos os membr(cid:1)os por x obtem(cid:2)os (cid:2)x,y(cid:3) = α ·(cid:2)x,x(cid:3),logoα = (cid:2)x,y(cid:3)/(cid:2)x,x(cid:3). Ovetorαx = (cid:2)x,y(cid:3)/(cid:2)x,x(cid:3) x chama-seaprojeçãoortogonal dey sobre(aretaquecontém)x. SECTION 1: OESPAÇOEUCLIDIANON-DIMENSIONAL 3 Figura1. √ Onúmeronão-negativo|x| = (cid:2)x,x(cid:3)chama-seanorma(ouocomprimento) dovetorx. Sex = (x ,...,x )então 1 n (cid:3) |x| = x2+···+x2. 1 n Por definição, tem-se (cid:2)x,x(cid:3) = |x|2. Quando |x| = 1, diz-se que x é um vetor unitário. Paratodox (cid:4)= 0,ovetoru = x/|x|éunitário. (1.2) (TeoremadePitágoras). Sex ⊥ y então|x +y|2 = |x|2+|y|2. Demonstração. |x +y|2 = (cid:2)x + y,x + y(cid:3) = (cid:2)x,x(cid:3) + 2(cid:2)x,y(cid:3) + (cid:2)y,y(cid:3) = (cid:2)x,x(cid:3)+(cid:2)y,y(cid:3) = |x|2+|y|2. (1.3) (DesigualdadedeSchwarz). Paraquaisquerx,y ∈ Rn,tem-se|(cid:2)x,y(cid:3)| ≤ |x|·|y|, valendoaigualdadese, esomentese, umdosvetoresx,y émúltiplodo outro. Demonstração. Isto é óbvio se x = 0. Supondo x (cid:4)= 0, podemos escrever y = αx +z com z ⊥ x e α = (cid:2)x,y(cid:3)/|x|2. Por Pitágoras, |y|2 = α2|x|2 +|z|2, logo |y|2 ≥ α2|x|2, valendo a igualdade se, e somente se, y = α ·x. Entrando com o valor de α, vem |y|2 ≥ (cid:2)x,y(cid:3)2/|x|2, ou seja, (cid:2)x,y(cid:3)2 ≤ |x|2 ·|y|2, o que nos dá |(cid:2)x,y(cid:3)| ≤ |x|·|y|,valendoaigualdadese,esomentese,y = α·x. Anormagozadasseguintespropriedades: 1. |x| ≥ 0,valendo|x| = 0somentequandox = 0; 2. |α·x| = |α||x|; 3. |x +y| ≤ |x|+|y|. 4 CAPÍTULO1: TOPOLOGIADOESPAÇOEUCLIDIANO Aúltimadesigualdade,referindo-seanúmerosnão-negativos,equivalea (cid:1) (cid:2) |x +y|2 ≤ |x|+|y| 2. Ora, |x +y|2 = (cid:2)x +y,x +y(cid:3) = |x|2+2(cid:2)x,y(cid:3)+|y|2 (cid:1) (cid:2) ≤ |x|2+2|x||y|+|y|2 = |x|+|y| 2 pois,emvirtudedadesigualdadedeSchwarz,(cid:2)x,y(cid:3) ≤ |x||y|. Mais geralmente, qualquer função Rn → R, que associe a cada vetor x ∈ Rn umnúmero|x|comastrêspropriedadesacima,chama-seumanorma. Anorma (cid:3) |x| = x2+···+x2, 1 n chama-senormaeuclidiana. Há duas outras normas que poderemos utilizar em Rn quando houver conve- niência. Elassão (cid:4) (cid:5) 1. |x| = max · |x |,...,|x | (normadomáximo), M 1 n 2. |x| = |x |+···+|x | (normadasoma). S 1 n As condições que definem uma norma são fáceis de verificar para estas duas. Tambémésimplesmostrarque,paratodox ∈ Rn,vale |x| ≤ |x| ≤ |x| ≤ n·|x| , M S M onde|x|éanormaeuclidiana. Quando,numdeterminadocontexto,estivermosusandoapenasumadasnormas |x| ou|x| ,podemosindicá-lacomanotação|x|,porsimplicidade. M S Paratodanorma,valeadesigualdade ||x|−|y|| ≤ |x −y|. Comefeito,dex = (x−y)+yresultaque|x| ≤ |x −y|+|y|,logo|x|−|y| ≤ |x −y|. Trocando os papéis de x e y, obtemos |y| − |x| ≤ |y −x|. Mas |y −x| = |x −y|,logo|y|−|x| ≤ |x −y|. Conclusão: ||x|−|y|| ≤ |x −y|. UmanormaemRn dáorigemànoçãodedistância d(x,y)entredoispontos x,y ∈ Rn. Parax = (x ,...,x )ey = (y ,...,y ),pomos 1 n 1 n (cid:6) d(x,y) = |x −y| = (x −y )2+···+(x −y )2. 1 1 n n As três condições que definem uma norma implicam que d(x,y) tem as pro- priedadescaracterísticasdeumadistância,asaber: SECTION 2: BOLASECONJUNTOSLIMITADOS 5 1. d(x,y) ≥ 0,comd(x,y) = 0se,esomentese,x = y; 2. d(x,y) = d(y,x); 3. d(x,z) ≤ d(x,y)+d(y,z)(desigualdadetriangular). Observe que a igualdade |α·x| = |α||x| com α = −1 dá |−x| = |x|, logo |x −y| = |y −x|. Além disso, |x −z| = |x −y +y −z| ≤ |x −y|+|y −z|, portantod(x,z) ≤ d(x,y)+d(y,z). 2 Bolaseconjuntoslimitados Dados o ponto a ∈ Rn e o número real r > 0, a bola aberta de centro a e raio r éoconjuntoB(a;r)dospontosx ∈ Rn cujadistânciaaopontoa émenorquer. Emsímbolos: (cid:4) (cid:5) B(a;r) = x ∈ Rn;|x −a| < r . Analogamente, a bola fechada de centro a e raio r é o conjunto B[a;r] assim definido: (cid:4) (cid:5) B[a;r] = x ∈ Rn;|x −a| ≤ r . Porsuavez,aesferadecentroa eraior éoconjunto (cid:4) (cid:5) S[a;r] = x ∈ Rn;|x −a| = r . Evidentemente,B[a;r] = B(a;r)∪S[a;r]. A bola fechada B[a;r] ⊂ Rn também é chamada o disco n-dimensional de centroa eraior. Emparticular,odiscoB[0;1]decentro0eraio1échamadoo discounitáriodeRn. Umanotaçãoespecialéreservadaparaaesferaunitáriadedimensãon−1: (cid:4) (cid:5) Sn−1 = x ∈ Rn;|x| = 1 . Assim, Sn−1 é a esfera de centro na origem 0 e raio 1. Quando n = 2, S1 é a circunferênciadecentro0eraio1. Acima estamos (pelo menos tacitamente) admitindo que a norma adotada em Rn éaeuclidiana,jáquenãofoifeitamençãoemcontrário. Convém,entretanto, observarqueaformageométricadasbolaseesferasemRndependedanormaque se considera. Por exemplo, se tomarmos em R2 a norma do máximo, a “esfera unitária”éobordodoquadradodecentro0eladosdecomprimento2, paralelos aos eixos. Ainda em R2, com a norma da soma, o “disco unitário” é o quadrado cujosvérticessãoospontos(1,0),(0,1),(−1,0)e(0,−1). 6 CAPÍTULO1: TOPOLOGIADOESPAÇOEUCLIDIANO (a) (b) (c) Figura 2. O conjunto dos pontos z ∈ Rn tais que |z| ≤ 1, conforme a norma seja (a) a euclidiana;(b)domáximo,ou(c)dasoma. Observação. IndiquemoscomasnotaçõesB,B eB respectivamenteasbolas M S de centro a e raio r em Rn, relativamente às normas euclidiana, do máximo e da soma. Seja ainda B(cid:12) a bola de centro a e raio r/n na norma do máximo. As M desigualdades|x| ≤ |x| ≤ |x| ≤ n|x| implicamqueB(cid:12) ⊂ B ⊂ B ⊂ B . M S M M S M Diz-sequeoconjuntoX ⊂ Rnélimitadoquandoestácontidoemalgumabola B[a;r]. Como B[a;r] ⊂ B[0;k], onde k = r +|a| (conforme veremos agora), dizerqueX élimitadoequivaleadizerqueexistek > 0talque|x| ≤ k paratodo x ∈ X. Para mostrar que B[a;r] ⊂ B[0;r + |a|], note que |x −a| ≤ r ⇒ |x −a+a| ≤ |x −a|+|a| ≤ r +|a|. Assim,x ∈ B[a;r] ⇒ x ∈ B[0;r +|a|]. Umaaplicaçãof : X → Rn diz-selimitada quandosuaimagemf(X) ⊂ Rn éumconjuntolimitado, istoé, quandoexistec > 0 talque|f(x)| ≤ c paratodo x ∈ X. Dados a (cid:4)= b em Rn, a reta que une esses dois pontos é o conjunto ab = {(1−t)a+tb;t ∈ R}. Porsuavez,osegmentoderetadeextremosa,bé oconjunto[a,b] = {(1−t)a+tb;0 ≤ t ≤ 1}. Um conjunto X ⊂ Rn chama-se convexo quando o segmento de reta que une dois quaisquer de seus pontos está inteiramente contido em X. Noutros termos, dizerqueX éconvexoequivaleaafirmarque a,b ∈ X, 0 ≤ t ≤ 1 ⇒ (1−t)a+tb ∈ X. Exemplo1. Toda bola (aberta ou fechada) é um conjunto convexo. Para fixar as idéias, consideremos a bola fechada B = B[x ;r]. Dadas a,b ∈ B, temos 0 |a−x | ≤ r e|b−x | ≤ r. Então,paraqualquert ∈ [0,1]valex = (1−t)x + 0 0 0 0 SECTION 3: CONJUNTOSABERTOS 7 tx ,logo 0 |(1−t)a+tb−x | = |(1−t)a+tb−(1−t)x −tx | 0 0 0 = |(1−t)(a−x )+t(b−x )| 0 0 ≤ (1−t)|a−x |+t|b−x | 0 0 ≤ (1−t)r +tr = r, (cid:14) (cid:4) (cid:5) Exemplo2. Seja X = (x,y) ∈ R2;y ≤ x2 . O conjunto X ⊂ R2 não é convexo. Com efeito os pontos a = (−1,1) e b = (1,1) pertencem a X mas 1 1 a+ b = (0,1)nãopertenceaX. (cid:14) 2 2 3 Conjuntosabertos Seja a ∈ X ⊂ Rn. Diz-se que o ponto a é interior ao conjunto X quando, para algum r > 0, tem-se B(a;r) ⊂ X. Isto significa que todos os pontos suficientemente próximos de a também pertencem a X. O conjunto int.X dos pontosinterioresaXchama-seointeriordoconjuntoX. Evidentemente,int.X ⊂ X. Quandoa ∈ int.X,diz-sequeX éumavizinhançadea. (cid:4) (cid:5) Exemplo3. Seja X = (x,y) ∈ R2;y ≥ 0 o semi-plano superior fechado. Se p = (a,b) com b > 0, então p ∈ int.X. Com efeito, afirmamos que B = B(p;b) ⊂ X. Istoéclarogeometricamente. Figura3.
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