UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM ESTUDOS LINGÜÍSTICOS LUCIANA MORAES BARCELOS MARQUES ANÁLISE DISCURSIVA DA METÁFORA: REVISITANDO O ESTRUTURALISMO SAUSSURIANO VITÓRIA 2008 1 LUCIANA MORAES BARCELOS MARQUES ANÁLISE DISCURSIVA DA METÁFORA: REVISITANDO O ESTRUTURALISMO SAUSSURIANO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Lingüística, na área de concentração: Texto e Discurso. Orientadora: Profª. Drª. Virgínia Beatriz Baesse Abrahão VITÓRIA 2008 2 Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil) Marques, Luciana Moraes Barcelos, 1982- M357a Análise discursiva da metáfora : revisitando o estruturalismo saussuriano / Luciana Moraes Barcelos Marques. – 2008. 128 f. : il. Orientadora: Virgínia Beatriz Baesse Abrahão. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Humanas e Naturais. 1. Saussure, Ferdinand de, 1857-1913. 2. Metáfora. 3. Discursos, alocuções, etc. I. Abrahão, Virgínia Beatriz Baesse. II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências Humanas e Naturais. III. Título. CDU: 80 3 LUCIANA MORAES BARCELOS MARQUES ANÁLISE DISCURSIVA DA METÁFORA: REVISITANDO O ESTRUTURALISMO SAUSSURIANO Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto- Sensu em Estudos Lingüísticos do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Lingüística, na área de concentração: Texto e Discurso. Aprovada em 14 de Março de 2008. COMISSÃO EXAMINADORA __________________________________________ Profª. Drª. Virgínia Beatriz Baesse Abrahão Universidade Federal do Espírito Santo Orientadora __________________________________________ Prof. Dr. Hugo Mari Pontífica Universidade Católica de Minas Gerais __________________________________________ Profª. Drª. Lillian Virginia DePaula Filgueiras Universidade Federal do Espírito Santo 4 A DDDDeeeeuuuussss, autor e consumador da minha fé. ““““PPPPoooorrrr qqqquuuueeee ddddEEEElllleeee,,,, eeee ppppoooorrrr EEEElllleeee,,,, eeee ppppaaaarrrraaaa EEEElllleeee,,,, ssssããããoooo ttttooooddddaaaassss aaaassss ccccooooiiiissssaaaassss;;;; ggggllllóóóórrrriiiiaaaa,,,, ppppooooiiiissss aaaa EEEElllleeee eeeetttteeeerrrrnnnnaaaammmmeeeennnntttteeee.... AAAAmmmméééémmmm”””” .... ((((RRRRoooommmm,,,, 11111111::::33336666)))) 5 AGRADECIMENTOS Ao meu esposo pelo incentivo desde o início, pela compreensão nos muitos finais de semana em falta e pelo labor a fim de diminuir minhas responsabilidades. Ao meu cunhado Willian pelas muitas tardes em que cuidou do meu bebê e à minha irmã Priscilla por dedicar-se a mim em seus dias de folga. À minha “mãinha” Luciana, minha irmã Rachel e todos os meus familiares por compreenderem minha ausência e pelas constantes orações. À minha sogra Vera, meu sogro Edenaldo, minha cunhada Miriam e tia Rita pelos vários finais de semana em que cuidaram do meu bebê enquanto eu estudava. Aos familiares de meu esposo pelo apoio, compreensão e carinho dedicados a mim, ao Junior e ao Isaque, no decorrer desta jornada. Aos colegas de turma: Celi, Elaine, Emanuely, Ilioni, Joseane, Karen, Kátia, Ludmila, Marcela, Mônica, Ruth e Tatiany pelos encontros e desencontros, abraços e desabafos. À Arlene de Araújo Saib por tudo: pela adoção; pela amizade; pelas leituras, revisões e constante diálogo teórico; e por formar o cordão de quatro dobras que não se pode romper facilmente. À Ana Neri Barcelos Soares pelas várias vezes em que veio me socorrer – a mim e ao meu bebê – concedendo-me mais tempo à pesquisa. À Ludmila Sathler Aguiar pelos longos telefonemas, pelo riso e pelo choro compartilhado, deixando as dores muito mais amenas e por formar o cordão de quatro dobras que não se pode romper facilmente. À Nelma Mattos Campos por uma revisão tão perspicaz e significativa. À minha orientadora Profª. Drª. Virgínia Beatriz Baesse Abrahão pelo constante lapidar; pelo empenho, dedicação e encorajamento durante essa caminhada. Ao Governo Federal pelo incentivo estudantil que, no decorrer desses dois anos, me possibilitou dedicação exclusiva à pesquisa, através da bolsa de mestrado da CAPES. E, sobretudo, a Deus, por me conceder mais esta vitória. 6 “O pensamento saussuriano, que os textos originais nos fazem descobrir, é menos categórico do que o Cours na medida em que confessa suas dúvidas sob pontos cruciais e faz, dessas mesmas dúvidas, a sua heurística, e ao mesmo tempo mais radical, na medida em que se apresenta como uma batalha contra a falta de reflexão epistemológica que caracteriza a lingüística: como a batalha pela renovação dos conceitos fundamentais dessa ciência. Esses dois pólos mostram-se característicos das notas do curso e dos manuscritos, sustentando um pensamento mais sutil, mais límpido, mais convincente do que o do Cours. No livro de 1916, eles são como que esmagados e, até mesmo, sistematicamente apagados.” BOUQUET; ENGLER apud SAUSSURE, 2002:14. 7 RESUMO Esta pesquisa se propôs a revisitar o estruturalismo saussuriano buscando aprofundar e analisar os posicionamentos teóricos de Saussure no que tange às concepções de língua, linguagem, signo, valor lingüístico, sujeito, discurso e referência, intencionando abstrair deles o conceito de metáfora. De maneira que desfaz o estereótipo criado acerca de Saussure e apresenta sua face discursiva frente às análises lingüísticas. Apoiando-se nessa perspectiva discursiva, defende a metáfora como constitutiva da linguagem, estando ancorada na concepção de valor lingüístico gerado por Saussure e ratificado por Ricoeur (2000) e Barthes (1979). O recorte teórico-metodológico proposto focaliza a concepção de metáfora como construção de realidade, tendo por suporte o contexto sócio-histórico-cultural do discurso. A análise fundamenta-se no posicionamento de Saussure – a partir de um paralelo entre o Curso de Lingüística Geral e os Escritos de Lingüística Geral – em um cotejo às proposições de Barthes (Elementos de semiologia) e Ricoeur (A metáfora viva). Por essa via de análise, o exame do corpus, composto pelos “Discursos da Vitória” – de 2002 e de 2006 – do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, confirmou a necessidade de ultrapassar o plano lingüístico e integrar o aspecto discursivo. Portanto, corroborou-se a proposição saussuriana de que “a língua é um fato social”, propiciando uma análise em conformidade com as exigências histórico- culturais que envolvem o discurso e sustentam a variabilidade dos valores lingüísticos, nos quais a metáfora é uma possibilidade de significação. PALAVRAS-CHAVE: Metáfora, valor lingüístico, discurso político, discursividade. 8 ABSTRACT This research revisits Sausurre’s structuralism in order to analyze, in a deeper level, his theoretical positioning as far as language, sign, linguistic value, subject, discourse, and reference are concerned, aiming at getting the concept of metaphor in such a way as to undo the stereotype created about Saussure and present his discursive side facing the linguistic analysis. Based on such discursive perspective, this work sees the metaphor as part of the language, anchored on the conception of Saussure’s linguistic value, which was ratified by Ricouer (2000) and Barthes (1979). The proposed theoretical-methodological approach focuses on the conception of metaphor as a construction of reality, based on the social-historical-cultural context of discourse. The analysis adopts Saussure’s positioning – from a parallel between the Lectures on General Linguistics and Writings in General Linguistics – alongside with the propositions of Barthes (Elements of Semiology) and Ricouer (Metaphor Alive). The examination of the corpus “Discursos da Vitória” (Discourses of Victory) – 2002 and 2006 – by President Luiz Inácio Lula da Silva confirmed the necessity to surpass the linguistic level, and integrate the discursive aspect. Thus, this work corroborates Saussure’s proposition that “language is a social fact”, propitiating an analysis according to the historical-cultural demands that involve the discourse and support the variability of the linguistic values, in which the metaphor is a possibility of signification. KEY WORDS: Metaphor, linguistic value, political discourse, discursivity. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Signo Lingüístico I ................................................................................... 27 Figura 2 – Signo Lingüístico II .................................................................................. 28 Figura 3 – Signo Lingüístico III ................................................................................. 30 Figura 4 – Eixos sintagmático e Paradigmático ....................................................... 60 Figura 5 – Prova de Comutação .............................................................................. 61 Figura 6 – Uma aplicação da Prova de Comutação ................................................. 61 Figura 7 – Vias de Amplificação dos Sistemas Duplos ............................................ 63 Figura 8 – Processo de Conotação .......................................................................... 64
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