UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS Análise da diversidade microbiana de grãos de kefir, caracterização da bebida fermentada e potencial probiótico das estirpes isoladas Aluna: Analy Machado de Oliveira Leite Orientadores: Vânia Margareth Flosi Paschoalin Joab Trajano Silva Co-orientador: Marco Antônio Lemos Miguel Rio de Janeiro 2012 ANALY MACHADO DE OLIVEIRA LEITE Análise da diversidade microbiana de grãos de kefir, caracterização da bebida fermentada e potencial probiótico das estirpes isoladas Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciência de Alimentos, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciência de Alimentos. Orientadores: Prof. Dra Vânia M. Flosi Paschoalin Prof. Dr. Joab Trajano Silva Co-orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Lemos Miguel Rio de Janeiro 2012 Leite, Analy Machado de Oliveira. Análise da diversidade microbiana de grãos de kefir, caracterização da bebida fermentada e potencial probiótico das estirpes isoladas/ Analy Machado de Oliveira Leite - Rio de Janeiro: UFRJ, 2012. 236 f.: Orientadora: Vânia Margareth Flosi Paschoalin Orientador: Joab Trajano Silva Co-orientador: Marco Antônio Lemos Miguel Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Química, 2012. 1. Grãos de kefir 2. kefir 3.Comunidade microbiana 4. Potencial probiótico – Teses. I.Paschoalin, Vânia M. Flosi (Orient.). II. Silva, Joab Trajano. III Miguel,Marco Antonio Lemos. IV Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Química. Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos. V. Título. Analy Machado de Oliveira Leite Análise da diversidade microbiana de grãos de kefir, caracterização da bebida fermentada e potencial probiótico das estirpes isoladas Aprovada em _______________________________________ (Vânia Margaret Flosi Paschoalin, Doutora – UFRJ/ Joab Trajano Silva, Doutor - UFRJ) ___________________________________________ (Marco Antônio Lemos Miguel, Doutor - UFRJ) _________________________________________ (Selma Gomes Ferreira Leite, Doutora , UFRJ) __________________________________________ (Raquel Regina Bonelli, Doutora - UFRJ) __________________________________________ (Marcia Barreto Feijó, Doutora - UFF) ______________________________________________________ (Robson Maia Franco, Doutor – UFF) Agradecimentos A Deus, por me dar oportunidade de realizar este trabalho, proporcionar toda esta experiência e estar sempre ao meu lado, guiando-me. À minha família, em especial, minha mãe, por estar presente em todos os momentos, me apoiando, incentivando, acreditando, comemorando cada conquista, como se fosse sua. Aos meus tios Cleide e Renato que sempre estiveram próximos, me incentivando e apoiando. A minha irmã, pela ajuda na revisão deste trabalho, por sempre torcer por mim e acreditar na minha escolha. Ao meu pai que mesmo distante, sei que torce e se orgulha de mim. A minha avó, que onde quer que esteja, estará sempre presente. Aos meus orientadores, profa. Dra. Vânia Paschoalin e prof. Dr. Joab Trajano Silva, por confiar em mim, apoiar minhas idéias e me dar à oportunidade de desenvolver este trabalho. Obrigada pela paciência e disponibilidade da discussão dos resultados, pelo incentivo na realização do doutorado sanduíche, pela orientação, dedicação nos momentos mais difíceis desta tese e ótima convivência durante todos esses anos. Ao meu co-orientador e amigo prof. Dr. Marco Miguel por sua companhia maravilhosa, por estar sempre presente, por nossas longas conversas, por me fazer enxergar o mundo de uma outra forma, pelos ensinamentos, por estar sempre disposto a ajudar, aconselhar, conversar, apoiar, incentivar e discutir meus resultados. À profa. Dra. Raquel Silva Peixoto e ao prof. Dr. Alexandre Soares Rosado por me receberem e me acolherem no Laboratório de Ecologia Microbiana Molecular (LEMM), como se fosse aluna do grupo. Obrigada por todo apoio, conversas, conselhos e oportunidade em adquirir novas experiências. Aos pesquisadores Dr. Baltasar Mayo e Dra. Susana Delgada pela oportunidade dada em trabalhar no Instituto de Productos Lacteos de Asturias (IPLA), por todos os ensinamentos, pelo apoio, pela atenção e ótima recepção na Espanha. A todos da Faculdade de Farmácia da UFF, especialmente do Departamento de Bromatologia de Alimentos, pela ótima convivência durante o meu contrato de professor Substituto, por apoiarem e incentivarem o meu estágio sanduíche na Espanha. Ao prof. Dr. Sergio Seabra, ao técnico Eliandro Lima e ao aluno Laidson Paes Gomes pela ajuda técnica e apoio nas análise de Microscopia Eletrônica de Varredura dos grãos. A todos os amigos do laboratório 545, novos e antigos Eduardo Eustáquio, Bruna Bellei, Giselli Asensi, Laidson Paes (Antunes), Patricia, Fernanda Pinhati, Luciana, Raquel, Thiago Alvarez, Sabrina, Filipe, Felipe, Tiyoko, Karine, Carlos, Nathalia, Ana Letícia, Rodrigo, Ana Carolina, Claudius, ao técnico Ricardo Bretas e ao primo Rafael Luiz por conviverem comigo durante todos esses anos da melhor forma possível, pelas trocas de informações, pelas conversas, desabafos, almoços, experimentos, por me apoiarem e me ouvirem nos momentos difíceis. À minha querida aluna de iniciação científica Bianca Fernandes Arruda, por me ajudar nos momentos mais estressantes deste trabalho, por estar sempre disposta a ajudar, contribuindo em grande parte dos resultados. Ao Dr. Eduardo Mere por toda paciência, por todas as brigas, momentos de descontração, orientação, discussões, correções e ajuda. Aos amigos do laboratório de Microbiologia de Alimentos, Renata, Priscila, Leonisa, Carol, Marcela, Juliana, Aline, Bia, Duda, Ana, Henrique, Max, Tayná por toda ajuda, carinho, almoços, conversas, e ótima convivência durante todos esses anos. Em especial ao técnico Antonio por toda disponibilidade, paciência, apoio, carinho, ensinamentos e ajuda nos meus experimentos. Aos amigos do LEMM pela recepção, por todas as conversas, almoços, churrascos, aprendizado e companheirismo. Em especial gostaria de agradecer a minha prima postiça Deborah Leite por sua disposição em me ajudar desde o início, por sua simpatia, sua dignidade, pelos experimentos, idéias, discussão dos resultados, carinho e apoio em todos os momentos. Ao aluno Caio Rachid por toda paciência, por todo apoio, conversas, ensinamentos, ajudas nos experimentos e análises bioinformática, pelas discussões dos resultados e por todos os ótimos momentos de convivência. A Regina Macedo por suas sábias palavras nos momentos mais desesperadores, a Luiza Lessa por sua companhia maravilhosa e pela amizade construída em tão pouco tempo. A todos do IPLA pela recepção maravilhosa, por toda convivência nos sete meses na Espanha, por toda preocupação, por me deixarem tão à vontade, por toda atenção e companhia. Em especial a técnica Alicia Noriega pela amizade, companheirismo, pelos jantares, calimochos, saídas, conversas e ajudas nos experimentos. Aos alunos Luca Losurdo, Marutpong Panya, Ángel Alegría, Elena Fernandes pela ótima convivência no laboratório e pela ajuda, amizade e paciência. A todas as minhas amigas maravilhosas Fernanda Vasconcellos, Nádia Vidal, Daniele Fasano, Manuela Dias, Bruna Bellei, Giselli Asensi, Thaiz Rangel, Patrícia Baptista, Daniela Catarina, Ana Vater, Erica Castro, Veronica Catão, Thais Lin, Flavia Sousa, Clara Slade e Juliana Sá que estiveram sempre ao meu lado, me apoiando e incentivando. Em especial, à Luciana Romão, por todos os conselhos, conversas, ajudas e revisões, sempre com muita dedicação e boa vontade. A Capes pela bolsa de doutorado e doutorado sanduíche concedida (BEX 5019/10-9). Ao CNPq e FAPERJ pela apoio financeiro. A todos que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho. Muito obrigada!! “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” “Mas o vaidoso não ouviu. Os vaidosos só ouvem os elogios” O Pequeno Príncipe Antoine de Saint Exùpèry LEITE, Analy Machado de Oliveira. ANÁLISE DA DIVERSIDADE MICROBIANA DE GRÃOS DE KEFIR, CARACTERIZAÇÃO DA BEBIDA FERMENTADA E POTENCIAL PROBIÓTICO DAS ESTIRPES ISOLADAS. Rio de Janeiro, 2012. Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos) - Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012 Resumo Kefir é uma bebida láctea fermentada por uma comunidade microbiana mista presente no grão de kefir. A microbiota de grãos brasileiros e da bebida fermentada foi analisada por PCR- DGGE (denaturing gradient gel electrophoresis), pirosequenciamento, e ARDRA (amplified ribosomal DNA restriction analysis); os metabólitos da fermentação foram analisados por cromatografia líquida de alta eficiência; além da avaliação do potencial probiótico das cepas isoladas. Lactobacillus kefiranofaciens, L. kefiri e Saccharomyces cerevisiae foram encontradas majoritariamente em todos os grãos. Membros do gênero Lactobacillus totalizaram 96% das espécies bacterianas, ao contrário de Lactococcus spp, Leuconostoc spp, e Acetobacter spp, presentes em baixos níveis. Na bebida fermentada (24 h), Bactérias Ácido Láticas (BAL), Bactérias Ácido Acéticas (BAA) e leveduras foram encontradas em 10, 7,8 e 6 log de UFC/mL, respectivamente. Durante a estocagem do kefir (28 dias/4°C), as contagens de BAL e leveduras mantiveram-se constante, mas a contagem de BAA foi reduzida para 7,2 log UFC/mL. Os isolados do kefir foram identificados como L. lactis cremoris (45%), L. lactis lactis (5%), L. mesenteroides (29%), A. lovaniensis (10%) e S. cerevisiae (11%). Entretanto, as espécies predominantes identificadas a partir do sequenciamento das bandas isoladas do PCR-DGGE foram L. kefiranofaciens, L. kefiri, L. parakefiri e S. cerevisiae, indicando que a combinação de técnicas independentes e dependentes de cultivo foi importante para a completa caracterização da microbiota. Durante a fermentação e estocagem do kefir o pH (6,55-4,31), o teor de lactose (46,3/8,4 mg/mL) e ácido cítrico (4,18/2,89 mg/mL) foram reduzidos, enquanto que glicose (0,18/0,37 mg/mL), galactose (0,46/0,88 mg/mL), ácidos lático (0/9,53 mg/mL), acético (0/1,15 mg/mL), butírico (0/0,63 mg/mL), propiônico (0,44/0,96 mg/mL) e etanol (0/1,36 mg/mL) foram aumentados. 33 BAL isoladas dos grãos e classificadas como L. mesenteroides (52%), L. casei/paracasei (15%), L. lactis lactis (9%) e L. lactis cremoris (24%) foram tolerantes ao pH ácido e a sais biliares, capazes de inibir a proliferação de patógenos, sem apresentar atividade hemolítica ou enzimática indesejável, e foram sensíveis à maioria dos antibióticos testados. Cinco isolados produziram bacteriocinas e dois foram capazes de aderir às células Caco-2 de forma comparável ao controle. Sendo assim, duas cepas de L. casei/paracasei mostraram-se adequadas para uso como probiótico. Palavras-chave: grãos de kefir, kefir, comunidade microbiana, potencial probiótico LEITE, Analy Machado de Oliveira. MICROBIAL DIVERSITY ANALYSIS OF KEFIR GRAINS, CHARACTERIZATION OF THE FERMENTED BEVERAGE AND PROBIOTIC POTENTIAL OF ISOLATED STRAINS. Rio de Janeiro, 2012. Thesis (Doctorate in Food Science) – Chemistry Institute, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012 Abstract Kefir is a milk beverage fermented by a mixed microbial community found in kefir grains. The microbiota of Brazilian grains and the fermented beverage were assessed by PCR-DGGE (denaturing gradient gel electrophoresis), pyrosequencing, and ARDRA (amplified ribosomal DNA restriction analysis); fermentation metabolites were analyzed by high performance liquid chromatography, and the evaluation of the probiotic potential of isolated strains was conducted. Lactobacillus kefiranofaciens, L. kefiri and Saccharomyces cerevisiae were the predominant species found in all grains. Members of the Lactobacillus genus amounted to 96% of the bacterial species, while Lactococcus spp, Leuconostoc spp and Acetobacter spp were present in low levels. In the fermented beverage (fermented for 24 h), lactic acid bacteria (LAB), acetic acid bacteria (AAB) and yeast were found in 10, 7.8 and 6 log CFU/ml, respectively. During kefir storage (28 days at 4 °C), the LAB and yeast counts remained constant, but the BAA count was reduced to 7.2 log CFU/ml. The isolated strains were identified as L. lactis cremoris (45%), L. lactis lactis (5%), L. mesenteroides (29%), A. lovaniensis (10%) and S. cerevisiae (11%). However, the predominant species identified by DGGE band sequencing were L. kefiranofaciens, L. kefiri, L. parakefiri and S. cerevisiae, indicating that the application of a polyphasic approach, using culture-dependent and - independent techniques, was important for a complete microbiota characterization. During fermentation and kefir storage pH (6.55 to 4.31), lactose (46.3 - 8.4 mg / ml) and citric acid (4.18 - 2.89 mg / ml) content were reduced, while glucose (0.18 - 0.37 mg / mL), galactose (0.46 - 0.88 mg / ml), lactic (0/9, 53 mg / ml), acetic (0.00 -1.15 mg / ml), butyric (0.00 - 0, 63 mg / ml) and propionic acids (0.44 / 0.96 mg / ml) and ethanol (0.00 - 1.36 mg / ml) were increased. 33 LAB isolated from kefir grains and identified as L. mesenteroides (52%), L. casei / paracasei (15%), L. lactis lactis (9%) and L. lactis cremoris (24%) were tolerant to acidic pH and bile salts, capable of inhibiting pathogen proliferation without introducing undesirable hemolytic or enzyme activity and were sensitive to most of the tested antibiotics. Five isolates produced bacteriocins and two were able to adhere to the Caco-2 cells in a manner comparable to the control. Thus, two L. casei/paracasei strains proved suitable for use as probiotics. Keywords: Kefir grains, kefir, microbial community, probiotic potential.
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