UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA DOUTORADO EM HISTÓRIA MARISA SCHINCARIOL DE MELLO COMO SE FAZ UM CLÁSSICO DA LITERATURA BRASILEIRA? Análise da consagração literária de Erico Verissimo, Graciliano Ramos, Jorge Amado e Rachel de Queiroz (1930-2012) NITERÓI 2012 Marisa Schincariol de Mello COMO SE FAZ UM CLÁSSICO DA LITERATURA BRASILEIRA? Análise da consagração literária de Erico Verissimo, Graciliano Ramos, Jorge Amado e Rachel de Queiroz (1930-2012) Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do título de Doutora em História. Área de concentração: História Contemporânea III Orientadora: Prof. Dra. Adriana Facina NITERÓI 2012 II Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá M527 Mello, Marisa S. Como se faz um clássico da literatura brasileira? Análise da consagração literária de Erico Verissimo, Graciliano Ramos, Jorge Amado e Rachel de Queiroz (1930-2012) / Marisa S. Mello. – 2012. 222 f. ; il. Orientador: Adriana Facina Gurgel do Amaral. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, 2012. Bibliografia: f. 186-200. 1. Cultura. 2. Literatura brasileira; aspecto histórico; crítica; séculos XX-XXI. 3. Modernismo (Literatura). 4. Brasil contemporâneo. I. Amaral, Adriana Facina Gurgel do. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. III. Título. CDD B869.3009 III Marisa Schincariol de Mello COMO SE FAZ UM CLÁSSICO DA LITERATURA BRASILEIRA? Análise da consagração literária de Erico Verissimo, Graciliano Ramos, Jorge Amado e Rachel de Queiroz (1930-2012) Tese submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense – UFF, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor. Aprovada por: ________________________________________ Professora Doutora Adriana Facina Gurgel do Amaral (Orientadora – Universidade Federal Fluminense/UFF) ________________________________________ Professor Doutor Dênis de Roberto Villas Boas de Moraes (Universidade Federal Fluminense/UFF) ________________________________________ Professor Doutor Frederico Oliveira Coelho (Pontifícia Universidade Católica/PUC-Rio) ________________________________________ Professor Doutor Rômulo Mattos (Pontifícia Universidade Católica/PUC-Rio) ________________________________________ Professor Doutor Victor Hugo Adler Pereira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ) Niterói 2012 IV Para a minha mãe, que me ensinou a amar, inclusive os livros. V AGRADECIMENTOS À Adriana Facina, orientadora e amiga, que adoro e admiro pelo trabalho consistente em diversas esferas da produção cultural, em que constantemente se reinventa em busca de um mundo melhor e mais justo. A ela devo a base teórica e historiográfica de minha formação em temas relacionados com a cultura. Além de uma amizade que está muito acima dos estudos. Aos membros da banca examinadora, pessoas com quem já tive tantas trocas, gostaria de agradecer por terem gentilmente se prontificado a debater os resultados da pesquisa. Victor Hugo Pereira foi um encontro muito significativo e feliz em minha vida. Suas aulas foram tão estimulantes, que passei a frequentar assiduamente a UERJ, onde desenvolvemos pesquisa sobre leitura e com quem aprendo muitas coisas sobre a literatura e a vida. Victor contribuiu para que fosse possível realizar esta tese. Rômulo Mattos é colega querido e referência sobre as relações existentes entre literatura e história. Conheci Dênis de Moraes por sua excelente biografia de Graciliano Ramos, sua tese sobre o realismo socialista, além de diversos artigos. Por ele, fui apresentada a vários estudos na área de comunicação aqui utilizados. Com Frederico Coelho posso passar horas trocando ideias sobre o sentido do conhecimento para a vida. Fred emprestou livros, deu dicas e acompanhou o dia a dia do desenvolvimento da pesquisa. Aos amigos de todas as horas Miguel Papi, Paula Gaudenzi, Camilo Papi, Daniela Bursztyn e Ivan Bursztyn, pelas trocas interdisciplinares e pelos momentos de alegria e diversão garantida sempre que estou com eles. À Letícia Libanio e Louise Calixto, amigas de toda a vida, porto seguro onde recupero o frescor da infância. Agradeço a Celia Leitão, Pâmella Passos, Veronica Tomsic e Mirna Aragão, que conversaram muito sobre Como se faz um clássico? nos últimos meses e foram grandes incentivadoras. Celia sempre esteve disponível para conversar sobre literatura. Em todas as vezes que com ela estive, apresentou-me algo novo, sendo grande interlocutora e incentivadora. Pâmella, Mirna e Veronica, historiadoras e antropóloga, grandes parceiras intelectuais e amigas para todas as horas, muito obrigada. Vocês são insubstituíveis. Para minha família, afetos catalisadores da minha existência, um agradecimento especial. Minhas irmãs, Luiza e Mariana, amigas, parceiras, com quem dou as melhores risadas da vida e cujo amor nunca termina de crescer. Com elas, acredito que tudo é possível. Marcia, Laura e Clara, tia e primas cujos laços são os mais fortes e consistentes que existem, por todo o amor, obrigada. VI Aos meus pais, Gladys e Lula, que me ensinaram a viver. Também com eles aprendi sobre os inumeráveis estados do ser e que todos devem ser respeitados e acolhidos na diferença; e que, para isso acontecer, o mundo precisa ser menos desigual. A primeira vez que tive consciência disso foi observando o trabalho que desenvolvem no Museu de Imagens do Inconsciente, com pacientes psiquiátricos cuja criatividade é surpreendente. À minha mãe, por ler, debater e incentivar meu trabalho, e por não me deixar desistir da árdua tarefa de colocar em palavras as ideias, um agradecimento mais que especial. À Maíra Mansur, que contribuiu na pesquisa em arquivos e bibliotecas e se tornou uma amiga querida, muito obrigada. À Duda Costa, revisora, parceira em diversos projetos e amante dos livros, que corrigiu este trabalho com tanta competência e dedicação, um agradecimento especial. Aos profissionais de bibliotecas e arquivos onde pesquisei, por toda a ajuda. À Universidade Federal Fluminense, ao Departamento de História e ao Programa de Pós- graduação em História, onde realizei toda a minha formação superior. Ao CNPq e à CAPES, pela bolsa de estudos. A todas as pessoas que conversaram comigo sobre suas leituras, agradeço a contribuição. VII RESUMO MELLO, Marisa Schincariol de. Como se faz um clássico da literatura brasileira? Análise da consagração literária de Erico Verissimo, Graciliano Ramos, Jorge Amado e Rachel de Queiroz (1930-2012). Niterói, UFF, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, 2012. Tese de Doutorado em História. Estudo sobre o processo histórico de consagração literária de quatro autores – Erico Verissimo, Graciliano Ramos, Jorge Amado e Rachel de Queiroz – a partir de suas posições no campo intelectual, desde suas formações intelectuais e estreias literárias, na década de 1930, passando por suas inserções profissionais, até os dias de hoje, quando seus livros se encontram consolidados enquanto clássicos da literatura brasileira e a internet vem modificar a organização da indústria editorial. Os processos de profissionalização do escritor, de consolidação do campo literário e da indústria cultural de massas, no Brasil, acontecem simultaneamente durante as décadas de 1930 a 1960. São privilegiadas na análise as instâncias de consagração próprias ao campo literário, como as editoras, os prêmios literários, a Academia Brasileira de Letras, a crítica, entre outras, e sua ligação permanente, ora de proximidade e ora de conflito, com outros campos, como o político e o econômico, além da recepção pelo público leitor. Trata-se de buscar uma especificidade em cada trajetória e situação, e ao mesmo tempo reconstituir as formas de funcionamento coletivo do movimento literário brasileiro ao longo do século XX e na primeira década de século XXI. Palavras-chave: cultura, literatura, modernismo, consagração literária e campo intelectual, Brasil contemporâneo. VIII ABSTRACT MELLO, Marisa Schincariol de. Como se faz um clássico da literatura brasileira? Análise da consagração literária de Erico Verissimo, Graciliano Ramos, Jorge Amado e Rachel de Queiroz (1930-2012). Niterói, UFF, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, 2012. Tese de Doutorado em História. This thesis aims to study the historical process of literary consecration of four authors: Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Jorge Amado and Rachel de Queiroz. It starts from their positions in the Brazilian intellectual field since their literary debut in the decade of 1930 and also their intellectual formation. The study goes through their professional’s experiences until the present day when their books are consolidated as Brazilian classic literature, and how the internet has changed the organization of the publishing industry. In Brazil the professionalization process of a writer, consolidation of the literary field and cultural industry of masses occur simultaneously during the decades of 1930 and 1960. In the analysis is given emphasis to the instances of consecration characteristic from the literary field such as publishers, literary awards, the Academia Brasileira de Letras, among others, and their permanent relation from one hand close and in the other conflictions with other fields such as political and economical and also beyond the reception of the readers. It is about searching a specificity in each trajectory and situation and in the same time, reconstitute the general forms of functioning of the Brazilian literary movement. Keywords: culture, literature, modernism, literary consecration and intellectual field, contemporary Brazil. IX SUMÁRIO Introdução 1 Capítulo 1 | Engajamentos políticos e literários 14 1930-1933 | Estreias literárias 14 1941 | Graciliano Ramos e a “Decadência do romance brasileiro” 24 1928-1975 | Erico Verissimo. Editor, tradutor e escritor da Editora Globo 29 1920-1956 | O Partido Comunista. Realismo socialista, prisão, censura e consagração 32 1942-1958 | A Associação Brasileira de Escritores 42 1930 -1960 | De regionais a internacionais 46 1964-1989 | Ditadura, censura e livros 50 1967-1989 | Rachel de Queiroz, o golpe militar e o Conselho Federal de Cultura 54 1961-2003 | Consagração ou desqualificação? A Academia Brasileira de Letras 57 Capítulo 2 | Mercado e crítica 77 Editoras 79 Mercado editorial, indústria cultural e ditadura militar 86 A consagração pelo mercado 89 Livros mais vendidos de 1980 a 2000 100 A crítica literária 101 Considerações sobre o mercado e o conjunto da crítica 124
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