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Análise Aplicada e Campos de Força PDF

569 Pages·1988·54.83 MB·Portuguese
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ANÁLISE APLICADA E CAMPOS DE FORÇA Luís Manuel Braga da Costa Campos Nasceu em Lisboa em 1950. Licenciado em Engenharia Mecânica pelo I.S.T. em 1972. Doutorado pela Universidade de Cambridge com a tese "Ondas em Fluidos" em 1978. Foi vice-presidente do Conselho Científico do I.S.T. (1981-82), secretário do Centro de Automática da Universidade Técnica de Lisboa (1984-85), onde dirige a linha de Matemática e Mecânica Aplicada. É actual- mente professor catedrático do I.S.T.. A sua actividade científica estende-se pelos campos da matemática aplicada, magnetohidrodinâ- mica e acústica e engenharia mecânica e aeronáutica. Membro de várias associações estrangeiras. Tem publicada vasta bibliogra- fia em revistas nacionais e estrangeiras sobre assuntos da sua especialidade. ANÁLISE APLICADA E CAMPOS DE FORÇA LU~SM ANUEL BRAGA DA COSTA CAMPOS ANÁLISE APLICADA E CAMPOS DE FORÇA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULRENKIAN / LISBOA Reservados todos os direitos de harmonia com a lei Edição da FUNDAÇAO CALOUSTE GULBENKIAN Av. de Berna I Lisboa MÉTODOS MATEMÁTICOS EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA , Uma Introdução aos métodos da matemática aplicada à ciência e tecnologia apresenta os temas e desenvolvimento dentro da teoria de matemática que se revelaram mais Úteis ou profícuos na descrição de fendmenos físicos e no projecto e cálculo de obras de engenharia. O estu- do quantitativo -de umf enómeno ou projecto envolve três fases sucessi- vas: (i) o estabelecimento das equações fundamentais que descrevem ou modelam o problema real; (?i) a resolução do problema matemático, deduzindo as propriedades da solução; (iii) a interpretação destas em termos do problema inicial, ver~candoa validade dos resultados. Na elaboração de um livro sobre uma Ciência Exacta como a Matemática, com aplicação a vastos domínios da Física e numerosas especialidades dentro da Engenharia, é necessário fazer um certo número de opções, que decidem: (i) do conjunto de tópicos a serem abordados, e do grau depormenor e desenvolvimento; (ii) do nível de rigor e de gene- ralidade com que as matérias escolhidas são tratadas; (iii) da importân- cia que se atribui a aspectos formativos e didácticos, tendo em vista a função do ensino universitário; (iv) da utilidade e valor informativo como preparação de base prévia para a investigação especializada. A finali- dade deste prefácio é expor sucintamente as opções tomadas no livro com relação a cada um destes quatro critérios.' MATÉRIAS ABRANGIDAS E SUA APRESENTAÇ~ A primeira parte de um Curso da Matemática Aplicada é, natu- ralmente, um texto sobre a teoria das funções, que deve ser acompa- nhado de exemplos práticos desde o início. Escolhemos portanto as funções complexas de preferência às fuições reais, visto que as primei- ras são mais gerais, e têm propriedades de derivação (holomorfia e ana- liticidade), integração (cálculo de resíduos) e transformação (mapa con- forme) mais potentes, além de unificarem as funções transcendentes elementares (exponencial, logaritmo, circulares e hiperbólicas), e forne- cerem uma maior variedade de representações de funções arbitrdrias (séries de potências e fracções, produtos infinitos, fracções continuadas). As funções complexas permitem resolver com uma só variável proble- mas planos, tais como trajectórias de partículas em campos de força, e facilitam a undlise de circuitos e da estabilidade de sistemas. As funções analíticas fornecem soluções da equação de Laplace no plano, que des- creve o escoamento potencial do fluido e tensões em meios elásticos, os campos gravítico, electro e magnetoestático e a condução de calor esta- cionária. Os problemas correspondentes a três dimensões, que envolvem a resolução das equações de Laplace e Poisson no espaço, resolvem-se recorrendo a funções harmónicas e funções de Green. Estas últimas são frequentemente funções generalizadas. que permitem representar singu- laridades e surgem em muitos outros problemas, como a deflexão de cordas e vigas por forças ou momentos concentrados. Assim, optamos por um livro sobre funções complexas e generalizadas com aplicações em mecânica dos corpos rígidos e de$ormáveis, circuitos e campos eléc- tricos e magnéticos, carnpos gravíticos e órbitas, escoamento de fluidos e transferência de culor. APLPCAÇÕS A CI~NCIAE TECNOLOGIA Dadas as numerosas e variadas aplicações de cada uma das teorias matemáticas abordadas no curso, é possível e desejável apresentar exemplos simples mas elucidativos da sua aplicação. Assim, cada capí- tulo consiste de secções alternadas: (i) uma secção que apresenta a teo- ria matemática sob forma relevanre para a generalidade das aplicações; (ii) a secção seguinte contim um ou alguns exemplos simples do uso da teoria na desiriçao ou solução de um problema de física ou engenharia. Devo acrescentar que se procurou sempre o exemplo significativo mais simples, e que em geral a teoria seria e3caz em situizções muito mais complexas. NQo há, portanto, qualquer pretensão de tratar a nível da especialidade as várias aplicações, que servem meramente de exemplos, para: (i)m ostrar como a teoria se utiliza na resolução de problemas práticos; (ii) sugerir a gama de aplicações mais elaboradas ou complexas em que a teoria, na sua forma mais geral exposta no texto, é útil. A Q U E S T D~O RIGOR M A T E M A ~ O Como a mais exacta das ciências exactas, a matemática aspira ao rigor nos exemplos, nas dejkições, deduções, teorernas e métodos, que devem desfrutar de certos atributos: (i) de3nições claras e inequfvocas, cobrindo classes de conceitos tão gerais quanto possível; (ii)d eduções lógicas não requerendo mais hipóteses do que as estritamente necessá- rias para validar o resultado; (iii) teoremas explícitos que exprimam correctamente as propriedades dos conceitos, e não induzam em suposi- ções falsas; (iv) métodos suficientemente potentes para tratar a maioria grande parte dos problemas. No caso em que a dedução rigorosa de OU um teorema interromperia a sequência do raciocínio, o enunciado é citado, e a demonstrap70 colocada na secção final do capitulo. Deste modo procuram-se conciliar num Curso de Matemática Aplicada algum do rigor e elegdncia da matemática pura, mantendo o sentido de utilidade e finalidade da fisica e engenharia em que se descrevem os fenómenos do mundo natural que nos rodeia e as obras que nele o homem constrói. Tentamos dentro destes critérios evitar temas obscuros e remotos a que a procura meramente formal da "generalidade" destacada da apli- cação real conduz, rejeitando: (i) os "novos" conceitos que têm pouco mais utilidade prática que aqueles que pretendem generalizar; (ii) as deduções longas em cuja sequência tortuosa se perde de vista a finali- dade; (iii) teoremas com restrições que lhes limitem seriamente a utili- dade prática; (iv) métodos complicados que não fornecem mais infor- mações que processos de resolução mais directos. Nada do que se disse obsta a que tenham sido incluidos no curso alguns tópicos cujo poten- cial de aplicaçi?~a inda não foi, na opinião do autor, devidamente explorado. Trata-se de indicar algumas matérias, ainda relativamente pouco conhecidas, que podem constituir extensões frutuosas de méto- dos bem estabelecidos. DIDACTICDAE UM CURSO UNIVERSITARIO A preparação prévia para este curso é constkuída por aqueles rudimentos de análise, incluindo derivadas totais, parciais e integrais, e de álgebra e geometria analíticas, ministrados na primeira parte de um curso universitário, quer na fase preparatória quer no primeiro ano (ou segundo). A finalidade do curso de Matemática Aplicada é de, situando- -se no principio da fase intermédia do currículo universitário, entre os segundo e o quarto anos, fazer a transição desde as matemáticas gerais (análise e geometria) elementares (que nQo se demora em repetir) até às cadeiras da especialidade (que não pretende duplicar). Assim, uma cadei- ra de Matemática Aplicada tem por finalidade fornecer os conhecirnen- tos de análise e geometria que permitam o ingresso, com preparação de base adequada, nas cadeiras da especialidade em engenharia ou cursos detalhados sobre os ramos da fisica. BASES PARA A ESPECIALIDADE E INVESTIGA ÇÃO Há algumas décadas era possível ensinar ao especialista, na Uni- versidade, quase tudo o que ele precisaria de saber na vida profissional, bastando-lhe um curto estágio para se familiarizar com as circunstdn- cias do seu trabalho. A medida que a sociedade se foi desenvolvendo, as especialidades e técnicas foram-se tornando tão numerosas e variadas, que a função do curso universitário passou a ser a de fornecer os colrhecimentos de base comuns e a introdução de conjunto às várias especialidades, que permitissem ao engenheiro tornar-se competente no seu ramo espec$co, fosse ele qual fosse, ao fim de um ou dois anos de prática. Actualmente o ritmo do progresso tecnológico é tão rápido que, a meio de uma vida profissional de 30-40 anos, o engenheiro pode encontrar-se perante técnicas e processos desconhecidas 15-20 anos antes quando saíra da Universidade. Dai a importância de que se reveste na Universidade, a preparação de base que permita assimilar as consequências da investigação actual, no que respeita a técnicas de con- cepção, projecto e produção. Uma proporção pequena mas importante dos engenheiros poderá seguir uma carreira de investigação, participando a par com os jlkicos teóricos e matemáticos aplicados na descoberta e descrição de novos fenómenos que alargam o conhecimento cientzpco e abrem as vias de inovação tecnológica. Para os engenheiros investigadores e fisicos-mate- máticos a matemática aplicada é a linguagem em que se descrevem quantitativamente os seus estudos e conclusões. Tal como a gramática se insere no estilo de obra literária de um escritor, a matemática apli- cada será gradualmente assimilada no teor de obra cientSfica do investi- gador. O curso de Matemática Aplicada será neste caso, uma primeira introdução a temas que serão subsequentemente desenvolvidos em maior pormenor consoante os interesses pessoais ou aplicações da espe- cialidade. Os cursos gerais de matemática aplicada que servem a função didáctica inicial poderão ainda ter alguma utilidade como consulta oca- sional, ou revisão antes de alargar o campo de estudo detalhado a mais uma monografa. Lisboa, 1 1 de Fevereiro de 1979 L. M. B. C. Campos

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