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Ana Paula Quintela PDF

198 Pages·2009·1.8 MB·Portuguese
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Estudos em homenagem a Ana Paula Quintela Organização Marta Várzeas Belmiro Fernandes Pereira As Artes de Prometeu FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO Porto 2009 Ficha Técnica Título: As Artes de Prometeu: Estudos em Homenagem a Ana Paula Quintela Organização: Belmiro Fernandes Pereira/ Marta Várzeas Edição: Faculdade de Letras da Universidade do Porto Ano de edição: 2009 Concepção Gráfica: Maria Adão Composição e impressão: Sereer – Soluções Editoriais N.º de exemplares: 150 Deposito Legal: 288834/09 ISBN: 978-972-8932-42-8 ISSN: 1646-0820 Os artigos publicados são inteiramente da responsabilidade dos seus autores Índice Geral Intervenção da Presidente do DEPER Ana Maria Brito ................................................ 7 Intervenção da Comissão Organizadora Marta Várzeas.................................................. 9 “As combinações com as letras, memória de tudo, trabalho criador das Musas” Maria Helena da Rocha Pereira..................................... 11 A poética da tragédia sofocliana Marta Várzeas.................................................. 17 A retórica da visão na Poética Clássica Joana Matos Frias............................................... 25 A exaltação da cidade – da Antiguidade à Idade Média António Manuel Ribeiro Rebelo .................................... 43 Ainda Aquila em Cataldo Américo da Costa Ramalho........................................ 65 «Cessou de alçar Sisifo o grave canto»: os «supliciados dos infernos» na Lírica de Camões Jorge Alves Osório.............................................. 71 Inês de Castro: da tragédia ao melodrama Nair Nazaré Castro Soares......................................... 83 Entre Proteu e Prometeu: lugar da arte retórica na pedagogia humanista Belmiro Fernandes Pereira ........................................ 105 As artes de gramática ex Clenardo para o ensino do Grego em Portugal Carlos Morais.................................................. 117 Nótulas sobre as gramáticas latinas de Amaro de Roboredo: Edições da mesma obra ou obras diferentes? Rogelio Ponce de León Romeo..................................... 135 A presença da herança clássica na narrativa de viagem a Itália Fátima Outeirinho .............................................. 149 «O amigo do homem por amor dos deuses» Celina Silva ................................................... 159 A figura de Prometeu em poetas portugueses contemporâneos José Ribeiro Ferreira............................................. 173 O caminho desviado do comum dos homens – Parménides em Maria Gabriela Llansol Pedro Eiras.................................................... 183 O fascínio de um mito Ana Paula Quintela ............................................. 193 Ana Maria Brito Intervenção da Presidente do Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos Exmo. Senhor Vice-Reitor Exma. Senhora Presidente do Conselho Directivo Exmo. Senhor Presidente da Assembleia de Representantes Exma. Senhora Presidente do Conselho Científico Exmo. Senhor Presidente do Conselho Pedagógico Querida Ana Paula Quintela Caros Colegas e amigos Em nome do Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos, quero saudar de modo muito amigo a colega Ana Paula Quintela e agradecer-lhe a dedicação, o trabalho, o empenhamento manifestado em mais de trinta anos de docência na FLUP. Desde a criação do curso de Filologia Românica em 1969, a Faculdade de Letras mudou muito, como todos sabemos, vivendo hoje dias de incerteza, mas também de esperança, dados os desafios que nos impõem a todos as reformas que se avizinham no Ensino Superior. Os estudos românicos e os estudos clássicos têm hoje, indiscutivelmente, um lugar de menor importância do que há três décadas, tanto na Universidade do Porto como no mundo em geral. Há novas ideias e novas formas de encarar as línguas, as literaturas e as culturas que não podem deixar indiferentes os docentes e investigadores universitários. Mas os grandes valores da cultura clássica continuam a constituir importantes pontos de referência que moldam o nosso modo de pensar a vida, a criação estética, a democracia. Por isso, as Faculdades de Letras têm de continuar a ser um lugar de resistência a uma cultura do medíocre, do vulgar, que vemos progredir à nossa volta. E devem ser lugares onde a memória da humanidade, inscrita nos mitos e nas culturas, se mantenha actual, porque o presente é também feito de passado. Obrigada, Ana Paula, pelo exemplo de profissionalismo, de rigor, de qualidade que sempre impôs ao seu trabalho. Muito obrigada a todos!  Marta Isabel de Oliveira Várzeas Intervenção da Comissão Organizadora Decidiu a Comissão Organizadora do Colóquio com que hoje homenageamos a Dr.ª Ana Paula Quintela dar-lhe o nome As Artes de Prometeu. Foram duas as razões que nos levaram a essa escolha: a primeira, porque sabíamos quanto esta figura mítica, símbolo da liberdade, do inconformismo e da resistência ao poder despótico, é grata à homenageada; a segunda, porque o tema nos pareceu suficientemente aglutinador de áreas de investigação diversificadas, abrindo assim as portas a todos aqueles que, não pertencendo à área dos Estudos Clássicos, manifestavam o desejo de se juntarem a esta homenagem. As artes referidas no tema do Colóquio não são, obviamente, todas aquelas que Prometeu, na tragédia geralmente atribuída a Ésquilo, afirma ter dado aos mortais, mas apenas as que estão contidas na referência à invenção das “combinações com as letras” que o Titã se orgulha de ter realizado. São, portanto, as artes em sentido clássico, ciceroniano, as humanae artes, isto é, a Poesia, a Retórica, a Gramática, a Filosofia. Para a realização deste Colóquio contámos com o inestimável apoio da Reitoria da Universidade do Porto, da Faculdade de Letras, e do Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos a quem dirigimos sinceros agradecimentos. Um agradecimento especial nos merecem também os oradores que amavelmente se prontificaram a participar, de entre os quais nos permitimos destacar os Senhores Professores Doutores Maria Helena da Rocha Pereira e Américo da Costa Ramalho da Universidade de Coimbra. Por último, não queríamos deixar de, em nome dos colegas de Estudos Clássicos, dirigir algumas palavras à Ana Paula, palavras de reconhecimento e de gratidão pelo excelente e alegre convívio que nos proporcionou ao longo de vários anos, e pela forma generosa e amiga com que, por vezes sem o saber, nos orientou nos primeiros anos da nossa carreira de docentes nesta Faculdade. É com muito apreço e admiração que lembramos a face verdadeiramente prometeica do seu magistério na área do Latim e da Cultura Clássica, que, nos tempos que correm, é já um acto de resistência. A todos os presentes o nosso obrigado.  Maria Helena da Rocha Pereira Universidade de Coimbra As combinações com as letras, memória de tudo, trabalho criador das Musas Partimos de dois versos da tragédia Prometeu Agrilhoado, como os classicistas presentes já reconheceram, pertencentes àquelas duas longas tiradas em que o Titã enumera os benefícios que proporcionou à humanidade. Este é o mito do prîtoj eØret»j, o primeiro inventor, que principia na descoberta do fogo e daí parte para as diversas invenções com que presenteou os homens. Mostra-nos um Prometeu bem diferente do que conhecíamos das duas epopeias conservadas de Hesíodo. Aí ele é sobretudo o embusteiro – ou melhor, o trickster, para usar a palavra consagrada pelos historiadores da religião. Na Teogonia (521-616) o seu primeiro dolo situa-se no tempo da querela entre deuses e homens, que leva à instauração de sacrifícios. É então que o filho de Jápeto prepara um enorme boi, divide-o em duas partes e apresenta-o a Zeus, para que, em nome dos deuses, escolha a que lhes convier. Zeus prefere a que está coberta de gordura, mas que, na verdade, apenas encobre um montão de ossos, pelo que daí em diante será essa a parte das vítimas que os homens hão-de sacrificar às divindades. Hesíodo tem o cuidado de acentuar que Zeus percebeu o engano, o que tem levado os melhores especialistas1 a supor que teria havido uma versão mais primitiva que punha em causa a omnisciência do deus. Daí resulta que Zeus deixa de enviar o raio sobre os freixos, e de assim proporcionar aos mortais o uso do fogo. É aqui que se insere o segundo expediente do Titã: roubar o fogo no recesso de uma cana, para o dar aos homens. A esta segunda infracção respondeu Zeus ordenando a Hefestos que criasse a primeira mulher. Os traços essenciais deste mito são retomados em Os Trabalhos e Dias (42-105), com mais ênfase na colaboração de todos os deuses, que a enriquecem com os seus dons (de onde o nome de Pandora). É um desses deuses, precisamente Hermes, aquele que também é exemplo de criador de embustes (veja-se o Hino Homérico a 1 Nomeadamente W. Burkert, Griechische Religion der archaischen und klassischen Epoche (Stuttgart, 1977), p. 104, ao dar como possível a teoria de M.L.West na sua edição comentada da Teogonia (Oxford, 1966).  Maria Helena da rocHa Pereira ele dedicado), o que infunde no peito da nova criatura “mentiras, palavras enganosas, coração ardiloso.” As ciladas sucedem-se: Hermes é encarregado de levar essa sedutora figura a Epimeteu, que a recebe como mulher, não obstante o seu irmão Prometeu tê-lo advertido do perigo de aceitar presentes do deus supremo. A esse mal se junta um outro, que é o de Pandora destapar a vasilha2 que continha todos os males, deixando-os escapar pelo mundo. Como todos sabem, fica dentro apenas a Esperança. Se demorámos um pouco na referência a este mito tão conhecido, é porque ele tem sido objecto de múltiplas interpretações, desde as fantasias psicanalíticas até às do pós-estruturalismo e às da actual ideologia.3 Uma das teorias que, essa sim, nos parece ser aplicável neste caso é a de Jung, a qual permite ver aqui um exemplo de um arquétipo que nos ajuda a explicar a razão de histórias semelhantes ocorrerem em mais do que um povo. E, se pode ser verosímil que a origem do mito grego esteja relacionada com o de Atraharsis, que figura na XI tabuínha do poema babilónico de Enuma Elish (como sabem, à Egiptomania do séc. XIX sucedeu a da Babiloniomania em voga), é sempre difícil esclarecer qual o modo de transmissão.4 Também é forçoso reconhecer que é das versões gregas – as de Hesíodo e, sobretudo, a do Prometeu Agrilhoado – que descendem as muitas obras literárias (em que se contam nomes tão grandes como Goethe e Shelley), plásticas ou musicais (como a cantata de Carl Orff, no grego original, estreada em 1968). Aqui temos de fazer um parêntesis, porquanto certamente nesta altura já todos os ouvintes repararam que ainda não mencionámos vez nenhuma o nome do autor da famosa tragédia. É que, se os Antigos nunca puseram em dúvida, tanto quanto sabemos, que ela fosse de Ésquilo,5 a questão levantou-se, em 1929, com Schmid, e reacendeu-se a partir de 1977, com Mark Griffith, The Authenticity of the Prometheus Bound, renovada em 1993 com a de R. Bees, Zur Datierung des Prometheus Desmothes, sem contar que o autor de uma das melhores edições críticas de Ésquilo, M.L.West (1990) continua, desde o seu primeiro artigo sobre a matéria, publicado onze anos antes, a negar-lhe a autenticidade, com base na métrica, técnica dramática, vocabulário, sintaxe, estilo. Não vamos examinar a questão, que daria lugar a um curso inteiro, excepto num único aspecto: saber se o drama em causa é anterior ou posterior ao mito que Platão, no Protágoras, atribui ao sofista homónimo. A grande dificuldade reside, como escreveu 2 A vasilha ou jarra de Pandora é habitualmente designada como “caixa” ou “boceta”, devido ao facto de Erasmo a ter assim interpretado, certamente pensando na caixa que Psyche abre, apesar de prevenida, em Apuleio, Metamorfoses 6. 19-20 (segundo A.S.F. Gow in Essays and Studies Presented to W. Ridgeway (Cambridge, 1913), p. 99). M.L.West, que esclareceu esta questão na sua edição comentada do poema (Oxford, 1978), p. 168, remete para a obra de D. E. Panofsky, Pandora’s Box, 21962. 3 Pode ver-se uma análise objectiva das várias hipóteses em Eric Csapo, Theories of Mythology (Oxford, 2005). 4 Um caso especialmente evidente, pela negativa, é o de uma lenda semelhante entre os índios norte-americanos. 5 Aristóteles faz referência ao Prometeu na Poética 1456a 2, mas sem dizer o nome do autor. O manuscrito mais antigo de Ésquilo, o Mediceus, do séc. X-XI, menciona-o no catálogo das obras do dramaturgo. 

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advertido do perigo de aceitar presentes do deus supremo o número; a escrita; a domesticação dos animais; a navegação; a arte de todos os motivos por que se deve elogiar uma cidade ou uma terra, uma .. pedido, preservando, assim, o prestígio ímpar da velha metrópole e a popularidade.
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