PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP ANA LUISA PROSPERI LEITE NATUROLOGIA, RELIGIÃO E CIÊNCIA: ENTREMEARES DA CONSTRUÇÃO DE UM CAMPO MESTRADO EM CIÊNCIA DA RELIGIÃO São Paulo 2017 2 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP ANA LUISA PROSPERI LEITE NATUROLOGIA, RELIGIÃO E CIÊNCIA: ENTREMEARES DA CONSTRUÇÃO DE UM CAMPO Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de mestra em Ciência da Religião, sob orientação do prof. Dr. Silas Guerriero. MESTRADO EM CIÊNCIA DA RELIGIÃO São Paulo 2017 ERRATA _________________________________________________________________________ LEITE, Ana Luisa Prosperi. Naturologia, Religião e Ciência: entremeares da construção de um campo. 2017. 184 f. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017. Folha Linha Onde se Lê Leia-se WEDEKIN, 2008, p. LELOUP, 1998 apud 140 34 112 apud LELOUP, WEDEKIN, 2008, p. 1998 112. Ainda assim, vimos a Ainda assim, vimos a abertura do primeiro abertura do primeiro 22 22 bacharelado em bacharelado em Naturologia em 1994 Naturologia em 1998 pela UNISUL pela UNISUL (Universidade do Sul (Universidade do Sul de Santa Catarina), de Santa Catarina), seguido pela UAM seguido pela UAM (Universidade (Universidade Anhembi Morumbi) Anhembi Morumbi) em 1998 [...]. em 2002 [...]. Referências de obras a serem incluídas a errata ALBUQUERQUE, Leila Marrach Basto de. Religião, ciência e invenção no filme Quem somos nós. Revista Nures, v. 4, n. 8, p. 1-8, 2008. CRUZ, Eduardo R. Religião e Ciência. São Paulo: Paulinas, 2014. LEFÈVRE, Fernando. O medicamento como mercadoria simbólica. São Paulo: Cortez, 1991. GOMES, João Carlos Lino. Nota sobre o conceito de epistéme em Michel Foucault. Síntese Nova Fase, v. 18, n. 3, p. 225-231, 1991. ROSE, Isabel S de. Tata endy rekoe – Fogo Sagrado: encontros entre os Guarani, a ayahuasca e o Caminho Vermelho. 2010. 435 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. SOUZA, Eduardo F. Alexander Amaral de; LUZ, Madel Therezinha. Bases socioculturais das práticas terapêuticas alternativas. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 16, n. 2, p. 393-405, 2009. 3 Banca Examinadora: _________________________ _________________________ _________________________ 4 AGRADECIMENTOS A tarefa de escrever os agradecimentos para um trabalho que vem sendo realizado há dois anos nos faz parar em frente ao teclado e refletir sobre esse tempo, tudo que veio anterior a ele, e também o que está por vir. Pensando nisso, sei que tenho agradecimentos a distribuir para diversas pessoas que me auxiliaram na construção dessa dissertação, mesmo que não tenham consciência disso. Em primeiro lugar agradeço à minha família, fonte de todo meu amor pela leitura, onde desde sempre em casa tivemos o hábito de compartilhar histórias engraçadas, macabras ou políticas – que intencionalmente ou não eram espaços de reflexão. Em casa também sempre foi lugar de estímulo ao entendimento e aceitação das diferenças, de questionamentos, de saber que pensar criticamente é bom. Agradeço e sei que assim também quero criar meus filhos. À minha mãe Marisa, meu pai Tarcísio, meu irmão Tatá, grata por tudo sempre! Agradeço aos meus padrinhos, tia Stella e tio Jean, por estarem sempre presentes como se também fossem meus pais, e também são. Ao Péki, antes de tudo meu amigo, agradeço por vibrar comigo, por me apoiar tão verdadeiramente, por querer me ver feliz fazendo o que me faz feliz. Parece simples mas não é, e por isso agradeço, e quero sempre o mesmo para você. À Dra. Luana M. Wedekin, a primeira pessoa a falar que eu deveria seguir pesquisando, e quem me estimulou muito a entrar no mestrado em Ciência da Religião após a faculdade. Admiro a pessoa que você é e sou muito grata por todos os ensinamentos. E, sem dúvidas, tenho muito a agradecer ao meu colega naturólogo e cientista da religião, Fábio L. Stern. Desde a sua presença na defesa do meu trabalho de conclusão de curso da Naturologia, quando começamos a conversar, o Fábio sempre se mostrou extremamente disponível para me auxiliar com qualquer tipo de dúvida em relação ao mestrado, além de em todo este tempo sempre me incentivar e convidar para escrever ou desenvolver projetos em parceria. Sua ajuda e proximidade foram fundamentais. Agradeço também os colegas do NEO, as leituras e discussões destes últimos dois anos e meio foram muito significativas para minha entrada no mestrado, para o desenvolvimento do projeto de pesquisa e o produto final que é essa dissertação. Assim como para outros temas de pesquisa sobre Nova Era que tenho em mente e aos quais quero me dedicar de agora em diante. 5 Ao prof. Dr. Silas Guerriero pela calma e confiança, pelo incentivo, pela disponibilidade, e por todas as aulas e produtivas discussões durante o mestrado. Sou grata por ter sido sua orientanda, e espero que o possa ser novamente no doutorado mais à frente. Agradeço às pessoas que conheci no Programa de Ciência da Religião. À Gigi, pela amizade. À Claudinha, Alden, Ornella, Sabrina e Matheus, pelas ricas contribuições que recebi de cada um em diferentes momentos. Aos professores Edin, Zeca, Ênio e Londoño, cujas disciplinas e debates em sala, mesmo que nem sempre se relacionassem diretamente com meu tema de pesquisa, foram muito importantes para mim pessoalmente. À Gabriela Yanomani, por ter dividido o lar comigo em Florianópolis, por ser minha parceira incondicional, minha terapeuta e por me fazer rir tanto! Parceira de todos os tipos de eventos, inclusive de seminários em Ciência da Religião, agradeço pelo apoio, pela preocupação, pelo interesse. Agradeço por ter me acolhido semanalmente nesse último ano em sua casa, lugar onde eu sempre me sinto em casa também. Agradeço ao CNPq, à CAPES e à FUNDASP pelo auxílio financeiro para o desenvolvimento desta pesquisa. E, certamente, agradeço à Naturologia por tantos ensinamentos que levarei sempre na minha vida, pelos anos maravilhosos, pelas pessoas que conheci, e por ser um campo cujas reivindicações eu verdadeiramente acredito, e por isso a escolhi como objeto dessa pesquisa. 6 RESUMO LEITE, Ana Luisa P. Naturologia, religião e ciência: entremeares da construção de um campo. 2017. 184 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017. Fundamentada nas reinvindicações contraculturais e na amálgama entre saberes religiosos e científicos que são a base do Movimento Nova Era, a Naturologia se institui como curso acadêmico na área da saúde no Brasil no final da década de 1990. Alguns anos depois se inicia um processo de produção e tentativa de legitimação acadêmica. Suas bases novaeristas provocam um movimento pendular: conquanto a legitimação buscada pelo campo e a regulamentação da profissão demandam a correspondência de suas práticas e pesquisas com aquela instituída pela ciência oficial, elementos oriundos de tradições religiosas são também indissociáveis da proposta terapêutica oferecida pela Naturologia. O presente estudo objetiva debater a interface religiosa das práticas em Naturologia, perscrutando como estão sendo dialogadas com os axiomas científicos nas produções acadêmicas do campo. Foram investigadas as visões de mundo religiosas e seculares que embasaram a noção de saúde utilizada pela Naturologia. As produções acadêmicas tidas como representativas dos protagonistas do campo foram analisadas buscando verificar como estes saberes religiosos estão correlacionados à Naturologia e sob quais termos são elaborados por seus interlocutores na construção de um enunciado próprio à área. Observou-se que a interface religiosa das práticas em Naturologia não são contempladas no discurso da área, que nega que sua prática dê continuidade à saberes esotéricos. Por outro lado, à medida que a Naturologia amadurece academicamente, percebe-se o estreitamento do campo com enunciados e metodologias de pesquisa próprios à ciência e à medicina oficial, assim como a apropriação de premissas cientificas utilizadas para explicar conceitos amparados em cosmologias religiosas. Desta maneira, infere-se que em sua construção epistemológica a Naturologia tem buscado associar- se a um discurso cientifico que possa dar sentido aos pressupostos da área. 7 ABSTRACT LEITE, Ana Luisa P. Naturology, religion and science: the interwoven construction of a field. 2017. 184 p. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017. Substantiated on counterculture claims and the amalgam between religious and scientific knowledges which are the foundation of New Era Movement, Naturology is instituted as an academic course on medical field by the end of the 1990’s in Brazil. A few years later initiates a path of academical production attempting to reach academical legitimacy. Its New Era foundations make Naturology to move in a pendular movement: although legitimation sought by the field and the activity regulation demand of its practices and researches a strict relation with official science, elements originated from religious traditions are inseparable of the therapeutics proposal offered by Naturology. Starting from this premise, the present study aims to reason how religious practices in Naturology communicate with scientific axiom on academic productions of the field. For such, were investigated the religious and secular world views on which the health concept used by Naturology were based on, differentiating what is in fact religious on the health practices used by the field. The academic productions considered as representative of the protagonists of the field were analyzed seeking to verify how these religious knowledge are correlated to Naturology, and under which terms were elaborated by its collocutor on the construction of an area own statement. It was observed that the religious aspects of Naturology are not mentioned on the area speech, which denies its practices as a continuation to esoteric knowledges. On the other way, as Naturology matures academically speaking, it is noticed the narrowing of the field with statements and research methodologies inherent to science and to official medicine, as well as the appropriation of scientific premises used to explain concepts protected by religious cosmologies. In this way, concludes that in its epistemological construction, Naturology is searching to be associated to a scientific speech that may explain the area assumptions, especially those controversial for been considered mystics or esoteric by common sense. 8 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABRANA – Associação Brasileira de Naturologia APANAT – Associação Paulista de Naturologia CBO – Classificação Brasileira de Ocupações cf. – confere, “confira”. CNTC – Cadernos de Naturologia e Terapias Complementares CONBRANATU – Congresso Brasileiro de Naturologia CPN – Centro de Práticas Naturais et al. – et alii, “e outros”. etc. – et cetera, “e outras coisas”. FCN – Fórum conceitual de Naturologia MEC – Ministério da Educação MTE – Ministério do Trabalho e Emprego ONU – Organização das Nações Unidas OMS – Organização Mundial da Saúde p. ex. – por exemplo. PIC – Práticas integrativas e complementares PL – Projeto de lei PNPIC – Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares SBNAT – Sociedade Brasileira de Naturologia SUS – Sistema Único de Saúde UAM – Universidade Anhembi Morumbi UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina 9 SUMÁRIO Introdução...............................................................................................................................11 Objetivos............................................................................................................................16 Procedimentos Metodológicos e Técnicos........................................................................18 1. Interfaces da relação entre ciência e terapias holísticas...................................................................................................................................22 1.1 Ciência e medicina: um caminho de relações e transformações..................................23 1.1.1 Racionalidade ou irracionalidade?.......................................................................23 1.1.2 Uma breve historia da ciência..............................................................................26 1.2 Sobre a oficialidade científica.....................................................................................35 1.3 As terapias holísticas...................................................................................................41 1.3.1 Holismo e Nova Era.............................................................................................45 1.3.2 A institucionalização das terapias holísticas no Brasil: a Política de Práticas Integrativas e Complementares.................................................................................................49 2. Naturologia..........................................................................................................................53 2.1 Histórico da área..........................................................................................................53 2.2 Trajetória política.........................................................................................................66 2.3 A Naturologia fala de si...............................................................................................69 3. Cosmologias religiosas e seculares: visões de mundo que influenciaram a Naturologia..............................................................................................................................84 3.1 Āyurveda......................................................................................................................86 3.2 Medicina Chinesa, Daoísmo e Confucionismo............................................................93 3.3 Xamanismo e Neoxamanismo...................................................................................100 3.4 Ciência na Nova Era..................................................................................................109 3.5 Esoterismo e Nova Era..............................................................................................118 4. Naturologia: movimento pendular..................................................................................129 4.1 Análise das produções em Naturologia......................................................................132 4.1.1 Esoterismo e Nova Era....................................................................................137
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