Ao longo do século XX, a esfera econômica e a afetiva, aparentemente
contraditórias, passaram a se mesclar de forma inseparável. Por
influência da psicanálise e do feminismo, criou-se no trabalho, na
família e no modo como lidamos com nós mesmos, uma cultura de intensa
valorização das emoções. Por outro lado, os modelos econômicos passaram a
influenciar a forma como os homens se relacionam. Enquanto as
transações econômicas tornaram-se mais afetivas, os relacionamentos
íntimos passaram a ser definidos em boa parte por modelos econômicos e
políticos de negociação, troca e igualdade. A isso a socióloga Eva
Illouz chama capitalismo afetivo, conceito que discute ao longo desse
livro de ensaios. Para provar sua tese, ela vasculha literatura de
autoajuda, revistas femininas, programas de entrevista e sites de
relacionamento, onde os sentimentos são cada vez mais inspecionados,
discutidos, negociados, quantificados e mercantilizados. Já nas empresas
e negócios, descobriu-se que a atenção aos funcionários como indivíduos
tende a ser um bom investimento. Illouz cerca o tema em diferentes
pontos, analisa causas e consequências, e oferece uma nova interpretação
das razões pelas quais o mundo público e o privado, o econômico e o
afetivo vieram a se entrelaçar.