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Alguém Viu a Mona Lisa? PDF

247 Pages·2015·4 MB·Portuguese
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Tradução de ALESSANDRA BONRRUQUER 1ª edição 2015 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Gekoski, Rick, 1944- G276a Alguém viu a Mona Lisa? [recurso eletrônico] / Rick Gekoski; tradução Alessandra Bonrruquer. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Record, 2015. recurso digital Tradução de: Lost, stolen or shredded Formato: epub Requisitos do sistema: adobe digital editions Modo de acesso: world wide web Inclui índice ISBN 978-85-01-10498-4 (recurso eletrônico) 1. Del Gioconda, Lisa, n. 1479 - - História. 2. Leonardo, da Vinci, 1452-1519. 3. Arte renascentista. 4. Livros eletrônicos. I. Título. 15-22014 CDD: 741.2 CDU: 741.02 Título original em inglês: LOST, STOLEN OR SHREDDED Copyright © Rick Gekoski, 2013 Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro através de quaisquer meios sem prévia autorização por escrito. Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Direitos exclusivos de publicação em língua portuguesa para o Brasil adquiridos pela ED ITORA RE CORD LTDA. Rua Argentina, 171 – 20921-380 – Rio de Janeiro, RJ – Tel.: 2585-2000, que se reserva a propriedade literária desta tradução. Produzido no Brasil ISBN 978-85-01-10498-4 Seja um leitor preferencial Record. Cadastre-se e receba informações sobre nossos lançamentos e nossas promoções. Atendimento direto ao leitor: [email protected] ou (21) 2585-2002. Para Steve Broome Sumário Prefácio 1. Alguém viu a Mona Lisa? 2. Posse e desapossamento na Nova Zelândia: o roubo do mural de Urewera 3. “Débil mental”: o retrato de Winston Churchill feito por Graham Sutherland 4. Uma história de fantasmas: Et Tu, Healy, de James Joyce 5. Faça você mesmo: Oath of a Freeman 6. Auto de fé: a queima das Memórias de Lord Byron 7. Questão de vida ou morte: os diários de Philip Larkin 8. Déjà vu novamente: O processo em Israel 9. O arquivo do Penetralium do mistério 10. Morte pela água: o Grande Omar 11. Perdida para o mundo: a biblioteca de Guido Adler 12. Pedaços de carvão: a destruição da biblioteca de Herculano 13. Tantos vasos: o berço da civilização 14. Ataque à África: saque ao reino perdido de Benin 15. Nascidos para não serem vistos: os prédios perdidos de Charles Rennie Mackintosh Posfácio Agradecimentos Índice Prefácio Ele colecionava ausências. Para ele, as ausências eram mais intensas, vibrantes e reais do que as presenças que as acompanhavam. E esta — ele acabara de ouvir sobre o mais audacioso roubo de arte de todos os tempos — era assombrosa o bastante para merecer uma mudança em seus planos de viagem. Assim, ele e o amigo Max partiram de Milão em direção a Paris, a cena do crime. No início de setembro de 1911, quando chegaram ao Louvre ligeiramente atrasados, a fila já era longa, fazendo aumentar sua expectativa. Quando conseguiram entrar no Salon Carré, eles se aproximaram do lugar onde a Mona Lisa estivera exposta durante gerações. A multidão — que viera para a mesma peregrinação — empurrava, e o baixinho, acotovelado por ela, mal conseguia ver. Pegando o amigo pelo ombro, Max abriu caminho até a frente. Outros espectadores paravam para depositar flores no chão, com mensagens amarradas com fitas de seda. Ele ficou parado em frente à parede, com os olhos de obsidiana observando, absortos. A pintura desaparecera. Era por isso que ele estava ali. Ela fora roubada uma semana antes e o museu acabara de reabrir ao público. A multidão comparecera de maneira expressiva para ver onde ela estivera — e já não estava. Para Franz Kafka, a ausente Mona Lisa estava no processo de se unir à coleção interior que ele chamava de suas “curiosidades invisíveis”: locais, monumentos e obras de arte que não pudera ver. A expressão, como muitas de suas deduções, é tanto enigmática quanto provocativa. Ela ocorre várias vezes em seus textos, quase sempre no contexto de filmes. Max Brod se refere a ela (não está claro qual dos dois a usou primeiro) ao descrever uma cena na qual uma jovem está em um táxi em alta velocidade em Munique, durante a noite: “De todos os edifícios, vemos apenas o primeiro andar, já que o grande visor do carro bloqueia nossa visão. Fantásticas imagens mentais da altura de palácios e igrejas.” Kafka, pensando sobre a cena e com seu imaginário envolvido pelo que não é visto, expande a imagem, quando o “motorista diz o nome dos locais invisíveis”. O que o fascina é que algo importante está lá fora, movendo-se rápido demais para ser apreendido, como nos poucos segundos de exposição de um filme. Viajar sobre pneus que zunem, no banco de trás de um táxi durante uma noite chuvosa, com a paisagem urbana se revelando parcialmente quando o veículo se aproxima em alta velocidade pode ser interpretado como metáfora para a jornada humana. O ato de atenção concentrada através da janela consegue apenas frustrar, com sua sugestão de ocultas presenças mais amplas. O que se revela imperfeitamente é um obscuro simulacro do que certamente está lá fora e poderia ser visto, com luz, tempo e o ponto certo de observação. Existe uma semelhança entre essa imagem e a da alegoria das cavernas de Platão, na qual um mundo completamente realizado lança na parede sua sombra, tomada por tudo que existe. Na reestruturação da metáfora por Kafka, contudo, há um centro duplamente problemático: novamente, ocorre uma difusa aproximação do real, mas, na imagem do táxi, o observador está consciente de sua alienação daquele mundo transitório, ao passo que, em Platão, as sombras são tidas como tudo que há. Assim, estaríamos todos vagando por aí em táxis, esticando o pescoço na direção de ruas mal iluminadas? De modo algum: nem sempre pegamos um táxi. O que temos aqui — e que é tão típico de Kafka — é um momento sugestivo que parece ter algumas aplicações gerais, mas resiste a elas. Há muitas experiências em que caminhamos pelas ruas na presença do familiar: edifícios, pessoas e paisagens vistos em plena luz. O imaginário de Kafka, contudo, está mais comprometido com o que é entrevisto, sugerido, perdido. Afinal, há algo de desgastante, previsível e banal em conhecer as coisas. Esse fascínio com o que está presente de forma incompleta e bruxuleante assombra a imaginação de Kafka e permeia sua obra. Ele é o observador perfeito para uma presença ausente, não da Mona Lisa em si, mas do local onde ela costumava estar. Ela teria sido roubada ou, digamos, sequestrada? Mas por que a multidão? O número dos que compareceram para ver onde ela costumava ficar era maior que o dos que a visitaram enquanto estava exposta em seu local habitual. Para o que olhavam, o que esperavam? Porque tudo o que viam era uma escura faixa de sujeira na parede que marcava os contornos da tela ausente e ao mesmo tempo parecia enquadrar as possibilidades de um novo imaginário. Será que a multidão reunida — a maioria conhecia o retrato — conseguia projetá-lo naquele espaço aparentemente vazio? Por alguns momentos, isso quase os transformava em artistas. Evoquei a figura de Franz Kafka, nervoso na fila para acrescentar um item a seu catálogo de ausências, não porque haja algo de surreal — kafkiano — em sua busca, mas porque, excepcionalmente, ele é típico. Não há nada de excêntrico em sua obsessão por objetos ausentes e oportunidades perdidas. Aqui, Kafka representa tanto a mim quanto, espero, a meus leitores. Somos todos curiosos em relação a nossas curiosidades invisíveis. Alguém viu a Mona Lisa? consiste em uma série de capítulos geralmente baseados em histórias de obras de arte e literatura perdidas, em que “perdidas” significa, como Humpty Dumpty observou firmemente em relação a sua escolha de palavras, “exatamente o que quero dizer”. Os capítulos podem ser lidos isoladamente, pois não é meu objetivo escrever de modo geral sobre a natureza da perda ou oferecer uma história resumida de obras de arte perdidas. Isso não tem graça. Quando examinamos a destruição premeditada de uma obra, intrincados problemas morais podem se apresentar. A secretária de Philip Larkin tinha o direito de destruir seus diários logo após sua morte? Ou os testamenteiros de Byron de queimar suas Memórias? Max Brod estava certo ao ignorar a instrução final de Kafka para queimar todos os seus manuscritos inéditos? Para mim, as histórias de Byron, Larkin e Kafka estão associadas, iluminando-se mutuamente, forçando à distinção e à discriminação, tanto confundindo quanto ilustrando e conduzindo inevitavelmente à reflexão filosófica, moral e psicológica. Histórias de perda se agrupam como átomos instáveis, engrossando e crescendo até se transformarem em algo mais complexo e atraente do que as entidades individuais. Para entender a conexão engendrada pelas obras de arte, seria melhor ler Utz, de Bruce Chatwin, ou Os espólios de Poynton, de Henry James, do que um tratado sobre o assunto. Em geral, aprendemos mais com uma história envolvente do que com volumes inteiros de Sociologia ou História da Arte. As histórias são mais divertidas, instrutivas e memoráveis. Elas grudam na mente e umas às outras: elas constroem um mundo. Estas histórias foram escolhidas porque fazem parte de meu próprio museu interior de perdas. Ao contá-las, inevitavelmente escrevo também sobre mim mesmo. É fato que toda escrita é uma forma de autobiografia, por mais impessoal e “objetiva” que pareça. A maneira de ver e avaliar as coisas, de reuni-las e expressar seus significados e relações, inevitavelmente, revela algo sobre a mente e a voz do observador, seja ele romancista ou matemático. Wordsworth afirmou que o mundo, como o conhecemos, é algo “metade percebido e metade criado” e, ao escrever estes capítulos, que são parte ensaio e parte memória, senti necessidade de revelar e interrogar ambos os elementos desse processo. O que existe lá fora? Por que e como eu me importo com isso? No curso dos capítulos que se seguem, ocasionalmente pareço me encontrar em ambos os lados do problema, aparentemente incapaz ou sem vontade de escolher, tão complexas e espinhosas são as questões. Decerto há perigo nisso. Parece oferecer uma opção mais suave e poupar o trabalho de se pensar cuidadosamente o bastante sobre um tópico para, finalmente, escolher um ou outro lado. É lamentável que objetos culturais sejam retirados à força de seu solo nativo e transportados para museus no exterior? Sim. É uma dádiva e um prazer podermos visitar esses museus e aprender sobre outras civilizações? Certamente. É correto destruir uma importante obra de arte, como fez a esposa de Winston Churchill ao queimar um retrato do marido feito por Graham Sutherland? Parece um precedente hediondo, que fornece credibilidade a

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A curiosa história do desaparecimento de obras de arte e de tesouros literários. Alguém viu a Mona Lisa? conta as histórias e curiosidades por trás de algumas das maiores perdas da cultura artística mundial – incluindo obras que jamais existiram. O bibliófilo Rick Gekoski nos instiga a desv
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