PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP RODOLFO COSTA MACHADO Alfredo Buzaid e a contrarrevolução burguesa de 1964: Crítica histórico-imanente da ideologia do direito, da política e do Estado de Justiça Mestrado em História São Paulo 2015 1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP RODOLFO COSTA MACHADO Alfredo Buzaid e a contrarrevolução burguesa de 1964: Crítica histórico-imanente da ideologia do direito, da política e do Estado de Justiça Mestrado em História Dissertação apresentada à banca examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em História Social, sob a orientação do Prof. Dr. Antonio Rago Filho São Paulo 2015 2 Banca Examinadora: 3 Agradecimentos Agradeço a todos amigos e amigas com quem convivo ao longo desses anos de universidade, dentro e fora dela. Em primeiro lugar, àqueles e àquelas com quem tive o primeiro contato crítico em relação ao universo jurídico, prático e ideológico, os amigos e amigas do Liberta, da Toga da Mironga do Kabuletê e da Construção Coletiva. Encontrá-los foi reconhecer a potencialidade crítica ao direito e à política, em regra, esfacelada e pulverizada pelo ―término‖ da Faculdade. Essa montanha, conjuntamente, precisaríamos escalar. Aos principais professores que fizeram parte fundamental desse caminho universitário, o Professor Marcio Pugliesi, que nos permitiu uma extensa e aprofundada visão histórico-filosófica em suas aulas sobre a complexidade social e ardilosidade de classe do direito burguês, o Professor Ivan Llamazares, que nos forçou e estimulou ao estudo imanente dos clássicos da política moderna e contemporânea, o Professor Antonio Romera Valverde, cujas aulas dialógicas de filosofia nos fortalece a todos em formação e erudição, as Professoras Vera Lúcia Viera, pelo estímulo de seguir investigando a ineliminável organicidade entre história, direito e violência de classe e de Estado, e Livia Cotrim, pela competente orientação acerca da crítica marxiana à politicidade e, especialmente, o Professor Antonio Rago Filho, parâmetro máximo de historiador-filósofo humanista, que orienta e desorienta entusiasticamente as novas gerações, esclarecendo o obscurantismo universitário e partidário a grassar sem piedade. Acompanhando-o junto ao NEHTIPO (Núcleo de Estudos de História: Trabalho, Ideologia e Poder) após a graduação em direito, devemos ao Professor Antonio Rago Filho, registre-se, a sugestão do tema deste trabalho sobre o jurista Alfredo Buzaid. Embora tivesse estudado o Codex Buzaid e sua estrutura interna ao longo de quatro anos nos bancos jurídico- escolares, bem como me interessasse pelas coisas da história e do direito, desconhecia a relação do exímio técnico jurista com o terrorismo oficial do Estado bonapartista brasileiro. Agradeço aos jornalistas Haroldo Ceravolo Sereza, Joana de Moraes Monteleone, Vitor Loureiro Sion e Felipe Colla de Amorim, com os quais pude colaborar na Comissão Nacional da Verdade (CNV). A eles, o agradecimento pelo trabalho na agitada redação e, sobretudo, pela competente edição de textos e sistematização de ideias, bem como pela difusão jornalística de conteúdos aqui sistematizados, especialmente, sobre os juristas da repressão militar durante a ―descomemoração‖ dos 50 anos do golpe de Estado de 1964. Contribuir para os especiais À espera da verdade e Nas entranhas do relatório da CNV enriqueceu, inestimavelmente, consolidações fundamentais deste trabalho que por ora se 4 apresenta ao público interessado, comprovando que história e jornalismo devem, sempre, andar juntos. A contrafação jornalística, geralmente, anda junto com a adulteração da história e, assim, vice-versa. Agradeço na especialíssima figura de Sebastião Neto, exemplo-máximo de trabalhador-pesquisador coletivo formado nas lutas de classes contra o despotismo do capital e seus pelegos sindicais, de ontem e de hoje, bem como nas queridas pessoas de Fabíola Andrade, Milena Fonseca Fontes, Pedro Dotto, Carolina Alvim Freitas, Vanessa Miyashiro e Gabriel Dayoub, o essencial IIEP (Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas), centro de memória dos trabalhadores e trabalhadoras a relembrar o tão esquecido quanto necessário sindicalismo classista, tendo em vista a ruína ruidosa do ―vitorioso‖ sindicalismo de resultados e sua aposta exclusiva na política parlamentar-institucional. A dita ―Academia‖ não é capaz (e nem está disposta) de produzir o que produziram os trabalhadores-intelectuais do IIEP, especialmente, o livro coletivo A Investigação Operária: empresários, militares e pelegos contra os trabalhadores. Agradeço ter podido colaborar com eles na edição da redação final do capítulo temático referente a Violações de Direitos Humanos dos Trabalhadores, estruturalmente constituindo esta classe social o alvo prioritário da contrarrevolução burguesa de 1964. Participando por curto mas intenso período de aprendizagem com o grupo encarregado das pesquisas e redação final, o extinto Grupo de Trabalho n.º 13 da CNV, Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical, agradeço a inestimável oportunidade de conhecer trabalhadores-pesquisadores coletivos que lutaram contra a ditadura bonapartista do Estado brasileiro e, conscientemente, contra sua base, o despotismo fabril do capital que lhes caçou policial e militarmente como ―animais‖ perigosos. Agradeço, em reconhecimento de sua seriedade inabalável, a advogada Rosa Maria Cardoso, sem cuja firmeza as entidades representantes das classes trabalhadoras e seus sindicatos não teriam publicado o que escreveram. Por isso, incomodou o coro dos contentes ―Comissários‖, cevadores de visões historiográficas ―pacificadoras‖ da recente história ditatorial brasileira, pressurosos em omitirem e não indicarem cabalmente a participação criminosa do capital e de seus agentes empresariais no campo e na cidade, perpetrando graves e sistemáticas violações – público- privadas – de direitos humanos dos trabalhadores de 1964 a 1985. Encerrando estas páginas, infelizmente, soubemos do falecimento de Vito Giannotti, exemplo de radicalidade operária comunista que, na atual conjuntura, vai fazer falta em demasia. Que sua luta e ensinamentos revivam, cotidiamente, com o antigo e sábio grupo da Oposição Sindical Metalúrgica e no grupo de jovens por seus membros inspirados, prática e ideologicamente. Agradeço ao CNPq pela bolsa concedida. 5 Agradeçao aos amigos tradutores do alemão, francês e italiano, respectivamente, Vinicius Lopes Mateucci, Rafael Tubone Magdaleno e Mario Santin Frugiueli, cuja ajuda me foi imprescindível para entender extratos nessas línguas não traduzidos por Buzaid. Os três, não por acaso experts em outras línguas, e apesar de todas as dificuldades materiais que se lhes impõe por tal decisão, me inspiram para o fato de que também há caminhos para além do direito, e pra hoje. Agradeço ao senão eterno (uma vez só existir o outro lado do mistério apenas nas Memórias Póstumas de Brás Cubas), amigo Felipe Ramos Musetti, filósofo que sempre problematiza com rigor crítico questões de peso e de alta dificuldade da filosofia marxiana, responsável pelas principais aquisições deste autor acerca do bonapartismo, após 1848, como a nova ―religião‖ da burguesia contrarrevolucionária, no dizer filosofante, sua nova e particular determinação histórico-universal. Ao lado deste, os amigos de todas as horas e todas as noites Pedro Iris Paulin e Felipe Marques Rodella (agora com Gabriel Rodella empuxando-o à frente), especialmente no campo jurídico, não deixaram de acompanhar com entusiasmado interesse nossas pesquisas sobre Buzaid. Sem o debate quase diuturno travado com todos esses, a atual forma deste trabalho não teria sido possível. Agradeço, ainda, ao antropólogo Daniel Faggiano, especialmente, por nos alertar para o insuportável silêncio branco-etnocêntrico em relação ao genocídio de populações autóctones inteiras, ontem e hoje, motivado pela incontrolável dinâmica exterminista do capital, do Estado e das classes proprietárias no Brasil. Sua práxis com as populações nativas a todos nos inspira, demostrando que o inimigo de classe dessas populações – por mais que assim não entendam os antropólogos de gabinete, perdulários de bolsas de estudos em nome dos indígenas – continua a ser a autocracia dos proprietários do capital e de seus representantes de Estado. Agradeço ao professor de história Waldeir Moreno Rosa, por nos ensinar que mesmo contra todo o bom senso, e apesar da boamente rentável ordem mercantil universitária, precisa seguir e finalizar sua investigação sobre os ideólogos economistas da ditadura militar do grande capital. Sobretudo quando estes, como é o caso de Delfim Netto, permanece pesadamente vivo e forte, influentíssimo sobre supostas ―esquerdas governistas‖, reconciliadas com a autocracia do capital como inevitabilidade ou inelutabilidade histórica. Agradeço a Vitor Sartori, cuja obra antes do primeiro contato pessoal já nos supreendera e influenciara pela devastadora crítica ontológica da ideologia do direito burguês – insuportável e irrespirável sob as Arcadas que cultuam as ditas ―ciências‖ jurídica e política de Estado –, bem como a Claudinei Rezende, pela qualificada e necessária análise do 6 processo de exaurição da esquerda comunista etapista no Brasil, exemplos recentes do que pode ser a produção filosófico-científica crítica, radical e de alto nível neste país, disposta nos interesses das classes trabalhadoras, apesar e muito acima da delinquência acadêmica hegemônica. Agradeço a Luiz Felipe Foresti, estudioso de fôlego e especialista no pensamento arquiconservador da Sociedade de Defesa da Tradição, Propriedade e Família, especialmente, tendo nos auxiliado de perto com sua análise da totalidade da ideologia do arauto da contrarrevolução tfpista, Plínio Correa de Oliveira, bem como havendo nos ajudado a compreender as interlocuções, aproximações e diferenças básicas de Buzaid com os tfpistas. No plano ontológico-religioso, Buzaid compartilha com Plínio Correa de Oliveira, por exemplo, seu elogio à Idade Média como a idealizada unidade político-teológica rompida pela burguesia europeia e sua pleonexia ou crematística. Agradeço a ele, ainda, o convite para debatermos, orientados pelo Professor Antonio Rago Filho, no Centro de Documentação e Memória (CEDEM) da UNESP, as linhagens contemporâneas do pensamento arquiconservador brasileiro, com ―pedagógico‖ monitoramento tfpista a demonstrar a atualidade viva dos arautos tradicionalistas do capital e, daí, a relevância de suas pesquisas históricas sobre a extrema-direita brasileira e sua ideologia reacionária. Agradeço a Professora Marijane Vieira Lisboa e ao Professor Reginaldo Nasser pela excepcional oportunidade de participar da Comissão Organizadora das Jornadas Brasil- Alemanha: 50 anos do Golpe de 1964, entre 05 e 08 de maio de 2014, mobilizando-se a Faculdade de Ciências Sociais, o Departamento de Relações Internacionais e o Programa de Estudos Pós-Graduados em Geografia da PUC-SP, bem como o Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (UNESP, PUC-SP e UNICAMP). Não me lembro de ter tido melhor presente de aniversário na universidade, agradecendo a eles e ao jornalista de refinado faro histórico-arquivístico, responsável por minha instrução no Arquivo Público estadual paulista, Vitor Sion, por participar da organização e, especialmente, pela elaboração e apresentação conjunta, no Colégio de Altos Estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, de conferência sobre Empresas Alemãs (Governo Alemão) e a Ditadura: apoio, envolvimento e repressão interna. A participação do capital alemão no Ipês e no Grupo Permanente de Mobilização Industrial da FIESP (o GPMI da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Agradeço à incrível oportunidade de participar das Jornadas na PUC-SP, especialmente, da Mesa Redonda Amigos e Adversários do regime militar brasileiro na Alemanha: Ministro da Justiça Médici na República Federal Alemã: A defesa instransigente da Ditadura. Agradeço ao Professor Luiz Ramalho, especialmente, pelos boletins fornecidos da Sociedade Teuto-Brasileira fundada pelo cristão- 7 anticomunista Professor Hermann Görgen, nos quais se registrou o teor de palestra que Buzaid queria ter proferido na Alemanha, impedido de discursar em favor da ditadura militar pelos corajosos estudantes alemães que denunciavam à época o terrorismo do Estado brasileiro. Agradeço, igualmente, a Clemens Schrage, senão por sua exposição A atuação dos refugiados/exilados e entidades alemães na denúncia dos crimes da ditadura e no acolhimento de novos refugiados, especialmente, por ser um dos articuladores, ao lado de Miguel Arraes, da chamada FBI, a Frente Brasileira de Infomração que denunciava a ditadura brasileira a partir do exterior. A FBI é, raivosamente, retratada pelo Livro da Verdade de Buzaid como uma das principais fontes caluniosas da suposta e nunca comprovada campanha difamatória anti-Brasil programada pelo Movimento Comunista Internacional. Agradeço a Haydée Fiorino pelo convite para apresentarmos palestra ao público crítico de criminologia e do direito, o que é raro em qualquer caso e lugar, no Grupo de Estudos do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais): Ciências Criminais e Direitos Humanos, intitulada Juristas de Exceção e a institucionalização da ditadura militar. Agradeço a Professora Livia Cotrim pelo convite para nossa participação na Semana de Ciências Sociais da Fundação Santo André, em setembro de 2014, intitulada 1964 – 50 anos depois – Novas e Velhas Lutas, oportunidade em que apresentamos exposição sobre Alfredo Buzaid e o desmentido oficial da tortura: o “Livro da Verdade” sobre os crimes de lesa-humanidade da ditadura bonapartista. Agradeço a André Javier Payar, codinome ―História‖ por toda graduação e pós- graduação em direito, historiador e pesquisador de fôlego dos contratos sobre a Res escravo dos proprietários do século XIX e sua segurança jurídica. Não bastasse nos inspirar e ensinar com sua dissertação A escravidão entre os seguros: as seguradoras de escravos na província do Rio de Janeiro (1831-1888), nos compulsou acesso a seu acervo de pesquisas de revistas jurídicas, nos beneficiando de sua compilação de décadas de variadas publicações técnico- jurídicas. Contribuiu, assim, para que aqui se situasse Buzaid, historicamente, no interior de seu nicho ideológico e interlocutores nacionais. Agradeço, enfim, a todos familiares paternos, meus inúmeros tios e tias, meus diversos primos e primas machadianos, na pessoa de meu avô Nestor Machado, dignidade camponesa do interior paulista que na dura cidade construiu sua família ao lado de minha avó Teodomira Ramos Machado, cuja bondade e entusiasmo só conheci através daqueles, agradecendo especialmente a minha avó materna Maria dos Santos Costa, a ―vó Lu‖, exemplo de mulher trabalhadora na enfermagem e no cuidado de crianças e, hoje, de idosos, aos 8 educadores tia Rosa Filomena da Costa Banhe e tio José Carlos da Costa e a meu primo Ronan da Costa Banhe, nova gentileza a nos lembrar cotidianamente o nosso velho ―vô Zé‖. Agradeço, enfim, a minha querida e sábia professora de história Yolanda Albertoni, quem me apresentou Eric Hobsbawm no colegial e com a qual muito conversei e aprendi durante nossos almoços cotidianos no antigo Colégio São Luís, e a sua filha jornalista, minha amiga desde o colegial Natália Albertoni, por conhecê-las e cantar o parabéns menos gringo do mundo, até hoje, ao lado da Mario de Andrade. A meu pai, inteligência safa sem a qual não existiria base pra nada, meu orgulho e estímulo de trabalho fáustico, planejamento e perseverança, e a minha mãe, primeira orientadora sobre a conscientização acerca das coisas do mundo, da história e das lutas sociais, força de esperança crítica norteadora, ou melhor, ―suleadora‖ de todos nós, seus indisciplinados alunos. O que é triste, vai rápido – o trabalho vai em memória de meu avô José da Costa Neto, o ―vô Zé‖, ternura que não nos deixou, parece, mas partiu antes de ver chafurdar seus velhos sonhos sindicalistas pelos quais lutou; a Mariana Rodella, Faísca que, por onde passou, nos deixou saudades – lastimando ela no carnaval carioca que não pudera eu ir à Alemanha encontrar seu irmão Gabriel para, nas Jornadas acadêmicas, apresentar-lhe a defesa oficial da ditadura brasileira que Buzaid intentara realizara no ―velho‖ continente, em 1970 – ; e a Bea (Beatriz Pimentel), a quem só prometemos visitá-la em sua pousada na praia. Dos três, durante este trabalho, não pude me despedir. A eles, portanto, que isto valha de algo. Enfim, dedico este trabalho, sobretudo, a minha companheira Amanda Simardi Blanco Lopez, inspiração de vida cujo olhar e risos demostram porque há amor em seu nome e no mundo. A ela, meu amor, não fosse por isso, sagaz elaboradora intelectual, responsabiliza-se sobretudo pelo o que não há de prolixo neste mestrado. 9 Em verdade, a história só surpreende aos que de história nada entendem. José Chasin, As máquinas param, germina a democracia, em A miséria brasileira Alfredo Buzaid, Ministro da Justiça e Negócios Interiores do Governo Médici (1969-1974): A Revolução está em marcha e nesse sentido ela não tem limites. Depois que ela consegue realizar os seus objetivos, institucionaliza-se, de modo que todas as normas que criou se tornam normas permanentes. A Revolução, cumprido o seu objetivo, passa a ser uma constante no pensamento político. Veja, Edição 65, 03 de dezembro de 1969. Ninguém duvida que é preciso alterar a forma de representação, de modo que permita selecionar os mais capazes para exercerem o poder em nome do povo. A Revolução Democrática Brasileira, em seu terceiro Governo, enceta agora, no plano das instituições políticas, a racionalização dos Poderes, em que se exprime a soberania nacional. Esta concepção de democracia contém o chamado Estado de Direito, mas o supera porque tende a constituir-se em Estado de Justiça, que organizará a produção, manterá a ordem, realizará o equilíbrio dos interesses e assegurará a liberdade. Porém, num Estado de Justiça ninguém pode admitir uma liberdade individual que gere desassossego coletivo, uma liberdade de terroristas que infunda o pânico na sociedade, uma liberdade de facínoras que assaltam a economia alheia, matam guardas, roubam metralhadoras e desafiam a autoridade constituída. Rumos Políticos da Revolução Brasileira, 1º de abril de 1970. O trabalho que se segue foi elaborado com o objetivo de propiciar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) vasta documentação sobre todos os aspectos da tenebrosa campanha difamatória injustamente desencadeada contra o Povo e o Governo do Brasil, no momento exato em que este País colhe os frutos da renovação política e do desenvolvimento econômico e social que lhe trouxe a Revolução Democrática de 31 de Março de 1964. Livro da Verdade, Divisão de Segurança e Informações do Ministério da Justiça (DSI/MJ), 30 de setembro de 1970. Organizar um povo significa determinar-lhe a ordem jurídica. As relações sociais hão de ser disciplinadas por normas legais. A Revolução tem necessidade de legislar. O direito não é apenas a voz que transmite seus anseios; é especialmente a consolidação dos seus ideais. Ao estabelecer o novo sistema jurídico, realiza a Revolução não só o progresso material, conforme a política do desenvolvimento, mas também o progresso moral, dignificando a pessoa humana. As grandes obras legislativas se assemelham às pirâmides. Os que as constroem, levantando pedra sobre pedra, não tem a visão da grandeza de suas dimensões. Força é distanciar delas no tempo e no espaço para lhes compreender a beleza e para lhes apreciar o merecimento. Os que as fazem não podem julgá-las; os que as julgam não podem fazê-las. Um dia a história proferirá julgamento sereno, objetivo e imparcial. É a sentença da posteridade. A Renovação da Ordem Jurídica Positiva, 1º de junho de 1971 Para a formação de legítimos representantes do povo, peço licença para sugerir a criação de uma Academia de Ciências Políticas, cuja função consiste em preparar administradores e legisladores no plano federal, estadual e municipal. A Academia visa a substituir os políticos empíricos por políticos adestrados no trato da coisa pública. Memorando ao General-Presidente Médici, s/d. É indispensável racionalizar os dois outros Poderes do mesmo modo como a democracia o fizera em relação ao Poder Judiciário Democracia y Proceso, 1970 Assim como na vida privada se diferencia o que um homem pensa e diz de si mesmo do que ele realmente é e faz, nas lutas históricas deve-se distinguir mais ainda as frases e fantasias de si do que são na realidade. Karl Marx. O 18 Brumário de Luís Bonaparte 10
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