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ALEXANDRE COZER PDF

157 Pages·2017·1.3 MB·English
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ALEXANDRE COZER OS FALOS DE PRIAPO E AS MASCULINIDADES ROMANAS: SEXO, HUMOR E RELIGIÃO NA PRIAPEIA (CIRCA SÉC. I D.C.) CURITIBA 2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ALEXANDRE COZER OS FALOS DE PRIAPO E AS MASCULINIDADES ROMANAS: SEXO, HUMOR E RELIGIÃO NA PRIAPEIA (CIRCA SÉC. I D.C.) Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em História, no Curso de Pós-Graduação em História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Profa. Dra. Renata Senna Garraffoni CURITIBA 2018 RESUMO Essa pesquisa objetiva analisar a masculinidade do deus Priapo e suas relações com a própria percepção romana do falo e do comportamento sexual masculinos. Para tanto, operamos um estudo da Priapeia, livro dedicado a esse deus e composto de 86 poemas escritos em latim. Para cercar a obra, realizamos um estudo interdisciplinar no qual tentamos entender essa poética de três maneiras: como ligada a tradições de culto e de relacionar-se com o deus, como vinculada a tradições romanas de riso e de celebrações religiosas, e como inspirada nas maneiras de se performar o sexo e a masculinidade a fim de criar ambientes sagrados ou comemorativos. Argumentaremos, ainda, que os romanos não possuíam uma maneira monolítica e estruturada de perceber o sexo ou o masculino, nem tampouco uma única maneira de atribuir significado às estátuas e ao culto de Priapo. Ao contrário, eram atribuídos sentidos diferentes ao deus conforme suas funções oscilariam, na vida cotidiana, entre paternidade, agressão fálica e vergonha do comportamento sexual exagerado. Assim, intencionamos apontar a possibilidade de criarmos sentidos mais diversos sobre a hombridade e mundos mais plurais. Palavras-chave: Masculinidade, Priapo, Religião Romana, Riso Romano, Epigramas. ABSTRACT This research aims to analyze the masculinity of the god Priapus and its relations with the romans’ own views of the male phallus and sexual behavior. To accomplish it, we studied the Priapea, book dedicated to this god and composed of 86 poems written in Latin. We decided to create an interdisciplinary study, trying to understand this poetry in three different forms: as related to religious traditions of cult and of relating to the god, as related to a roman tradition of laughter and religious celebration, and as related to a way of performing sex and masculinity in order to create a commemoratory and sacred environment. We shall argue that romans did not create a structured and monolithic way of understanding sex or masculinity and not even one way of attributing meaning to the statues or the cult of Priapus. Romans, instead, would rather create different meanings to the god as his functions would shift, in the daily life, between paternity, phallic aggression and shame of the exaggerated sexual behavior of the great-penis deity. Thus, we hope to point out the possibility of creating more diverse worlds and meanings for the male. Key-words: Masculinity, Priapus, Roman Religion, Roman Laughter, Epigrams. AGRADECIMENTOS Nossa dissertação é fruto de um trabalho que não seria possível não fossem os inúmeros auxílios que recebemos de diversas fontes. Em primeiro lugar agradecemos à CAPES pela bolsa concedida para a realização dessa pesquisa. Não fosse esse auxílio, não poderíamos garantir a mesma quantia de estudo e todas as horas de dedicação, bem como as viagens e eventos onde pudemos compartilhar nossas ideias e ouvir opiniões e sugestões de professores e alunos que foram tão enriquecedoras para nosso trabalho. Em segundo lugar agradecemos a nossa orientadora, Profa. Dra. Renata Senna Garraffoni pela paciente orientação, pelas sugestões e conselhos essenciais, pela parceria no desenvolvimento da pesquisa, pelo exemplar respeito que sempre mostrou aos seus estudantes. Somos gratos também a todos os professores da Linha de Pesquisa Intersubjetividade e Pluralidade: Reflexão e Sentimento na História. Ao longo das disciplinas, pudemos debater, junto com textos, nossos projetos e reflexões sobre o modo de fazer história, o que nos foi muitíssimo enriquecedor e determinante para muitas das opções que fizemos – ainda que a responsabilidade das escolhas, já anunciamos, é toda nossa. Ainda, agradecemos aos professores Dra. Ana Paula Vosne Martins, Dr. Guilherme Gontijo Flores, Dr. Rodrigo Tadeu Gonçalves, Dra. Pérola de Paula Sanfelice, Dra. Priscila Vieira, os quais participaram de nossas bancas de defesa e qualificação do mestrado, leram nosso trabalho e apontaram qualidades e defeitos, sugeriram caminhos que foram essenciais para a conformação desse trabalho. Por fim, expressamos nossa gratidão à Maria Cristina Parzwski por todo o auxílio com a burocracia e o trabalho que permite o funcionamento do departamento onde estudamos. Somos gratos também a nossa família, Dario, Edina, Luiza e Stella, por todo o apoio que recebemos ao longo dessa trajetória. e à nossa nova família, Inah, Jussara, Jael e Mara, pela acolhida e carinho constante. Aos nossos colegas de turma de mestrado, em especial ao Matheus Vieira, ao Gilvani Araújo, à Naiara Krachenski Stadler, com os quais compartilhamos muitos de nossos anseios e cujos conhecimentos nos auxiliaram enormemente. Pelo mesmo motivo, agradecemos também aos colegas de pós-graduação: Evander Ruthieri, Fabiane Furquim, Anne da Rocha, Alice Freyesleben, Willian Funke, Ivan Araújo, Gabriela Larocca, Flávia Rosa de Melo. Aos nossos colegas do grupo de estudos liderado por Garraffoni e que compartilham conosco a mesma atenciosa orientação: Ingrid Franji, Camila Miranda Martins, Ana Luisa, Yonara, Lorena Silva, Martha Becker, Mariana Fujikawa, Bárbara Fonseca e Natascha Eggers. Em especial, somos gratos à Pérola Sanfelice que, além de tudo, possui um importante trabalho em Antiguidade e quem sempre participou em nossa vida com sugestões, empréstimos de livro, convites para trabalhos em conjunto, sugestões e leituras importantíssimas. Aos nossos colegas pesquisadores e também importantes amigos e colaboradores, Carlos Eduardo Campos, Wendell dos Reis Veloso, Prof. Anderson Martins, Prof. Fábio Vergara Cerqueira e Profa. Semíramis Corsi. Nos tornamos mais próximos devido a encontros em eventos: suas contribuições e seus modos de encarar a História Antiga não somente nos auxiliaram como também nos inspiram a perseguir o trabalho. Aos nossos professores de línguas clássicas, pelos quais nutrimos grande carinho e admiração, Prof. Bernardo Lins Brandão, Prof. Pedro Ipiranga Júnior, Prof. Guilherme Gontijo Flores e Prof. Rodrigo Tadeu Gonçalves. Queremos também agradecer em conjunto todo o grupo Pecora Loca. Entre as aulas, os encontros, as traduções e as apresentações que participei, aprendi não apenas sobre línguas clássicas, mas também sobre tradução, poesia, estética e, por que não, também a pensar o mundo de maneira inovadora. Aos nossos amigos Raul Deparis, Jailton Nóbrega, Max Valarezo, Naiara Correia, Sérgio Mucknika, Breno Palhares, Fernanda Flores, Natália Koslov, Raphael Lautenschlager, Diego Pancier, Maria do Socorro Gonçalvez Gabriel e Angélica Neri, pelo divertimento e riso, pelas experiências inovadoras, pelo convívio com o qual tanto aprendemos e pela ponderação da vida. E que o Thomaz, que o fado fez meu companheiro de vida, seja sempre agradecido por alegrar meus dias. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1 CAPÍTULO 1 SEXO, RELIGIÃO E HUMOR NA HISTORIOGRAFIA SOBRE ROMA: A CONSTRUÇÃO DE UM IDEAL DE HOMEM ROMANO ..................................... 11 1.1 UM PAGANISMO DESSEXUALIZADO, UM HOMEM SÉRIO ................... 14 1.2. SEXUALIDADE E MASCULINIDADE NA HISTÓRIA ANTIGA ................ 23 1.2.1 O SEXO E O MASCULINO EM LATIM ........................................................ 33 1.3. HUMOR, RELIGIÃO E OS SEXOS: CRUZAMENTOS HISTORIOGRÁFICOS .................................................................................................................................... 42 CAPÍTULO 2 LOGOS, LITERATURA E HISTÓRIA: DEFINIÇÕES DA PRIAPEIA ........................................................................................................................................ 52 2.1 DOIS PARADIGMAS SOBRE OS TEXTOS ..................................................... 54 2.2 PRIAPEIA ENTRE A PEDRA E O LIVRO ........................................................ 67 2.3 EPIGRAMÁTICA ARTE PEDRESTE, ARTE SALGADA ............................... 70 2.4 FRAGMENTOS DOS DISCURSOS PRIÁPICOS .............................................. 76 2.5 UNINDO OS CACOS .......................................................................................... 91 CAPÍTULO 3 QUANTO PESA O FALO: OS SENTIDOS RELIGIOSOS DE PRIAPO E SUAS SIGNIFICAÇÕES NA PRIAPEIA .................................................................. 95 3.1 PRIAPO TRIPHALIS E SUA RELAÇÃO COM A PRODUÇÃO E A FERTILIDADE. ......................................................................................................... 98 3.2 O FALO E O OLHO .......................................................................................... 106 3.3 DO OLHO À SOBRANCELHA OU O FALO DEPRECIADO ....................... 117 3.3.1 PRIAPO NA FESTA ....................................................................................... 117 3.3.2 OS JOGOS COM A MASCULINIDADE ...................................................... 126 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 136 OBRAS CITADAS ...................................................................................................... 140 DOCUMENTAÇÃO LITERÁRIA .......................................................................... 140 OBRAS DE REFERÊNCIA ..................................................................................... 141 BIBLIOGRAFIA MODERNA ................................................................................. 141 INTRODUÇÃO Encontramos a Priapeia em uma feira do livro em 2011, durante o primeiro ano de nossa graduação, sem nunca termos ouvido falar de Priapo. À época, História de Roma não nos soava como uma preferência absoluta. Quando abrimos o livro, Falo no Jardim, contendo traduções dos poemas gregos e romanos a Priapo feitas por João Ângelo Oliva Neto (2006), nos deparamos com outras de nossas urgências. O interesse em fazer uma pesquisa já nos preocupava, como a muitos, desde o começo da graduação; a necessidade de escolher um tema de estudo se impunha para os participantes do PET-História, programa ao qual fomos filiados durante todos os anos de curso; a vontade, íntima, de refletir mais sobre a sexualidade e sobre questões de gênero incomodava desde nossa entrada na Universidade e, sobretudo, acreditávamos que a pesquisa sobre o passado poderia nos auxiliar a pensar o presente por meio da diferença – o que havíamos aprendido nas aulas de História Antiga I com nossa orientadora. Desde que havíamos entendido que o estudo da sexualidade no passado poderia servir para questionar padrões do presente, bem como para incitar a reflexão e desnaturalizar conceitos, decidimos que estudaríamos essa temática. A Priapeia foi, então, um desses achados nubilosos e excitantes. Não sabíamos bem com o que lidávamos, mas as imagens do deus do falo, as letras gregas e as palavras latinas recobriam o livro de uma misteriosa certeza: tratava-se de um livro sobre um deus e sobre o sexo, em dois sentidos desse termo. Nossa documentação de estudo, no entanto, é apenas parte do livro de Oliva Neto: a poesia relacionada ao deus Priapo é inventada na Grécia, de onde o deus é originário, passa por Roma, onde Priapo ganha culto e também um livro, a Priapeia, mas o deus segue tema de poemas durante o Renascimento, o Barroco e mesmo durante a Modernidade. De certa forma, Priapo parece fascinar vários artistas de tempos diversos. Para a pesquisa, resolvemos trabalhar com a Priapeia, o livro romano que, na edição de Oliva Neto consta de 86 poemas – seguimos sempre essa edição, apesar de termos consultado diversas outras. Obra de poesia cômica, as peças do recolho de poesia são sempre pequenas, de gênero epigramático, e tratam de assuntos, no mínimo, surpreendentes para um leitor moderno. Priapo é deus-falo e o principal tema da obra dedicada a ele é o sexo. Tomado de um tom agressivo, esse deus, que também protegia as propriedades e garantia a fertilidade, é personagem principal da obra, ganha voz nos poemas, encarna suas funções fálicas e místicas, agride seus interlocutores, reclama de ser muito desejado, ganha oferendas e chega mesmo a ser ridicularizado em algumas 1

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de criar ambientes sagrados ou comemorativos. Argumentaremos from this, mean that language is and is not translatable, always and never.
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