EGORIA vO E INTERPRETACAo DA META FORA■ 2* .V-i ATI tfc » Blllpino Lippi, Alegoria k 1485-1490) M0gori«i transparente. N«i m '[w riit:- rjiu* um dos irnt.'io - <• ll••rrorlAl > . .>11! i htli|im> i hppi Ogurii.) pesie. A t.-l.i -icimile out ms sigmiu .k.o* >. tomo .t da invej.t queopd? (.uni <• Abel. \ ium . I.nm.i d.i i.nx.i di/ irit'nnt pc\ris |<■^.!| qfu.iml t.imih.irh tniriii' </■> ;v.ir • 'Nc-ulium.l r |)|or qui- .1 dl-- Oldi.i l.uinli.ir Alegoria ronslru^ao «* inlorprota^ilo cla mptafora Joao Adolfo Hansen |t O I T Q H *) U M I C A M » hedra *£? t MM.Ks:nAnFrsiAnrAU It(-llOT josf;TAi)»d jnniiF l.'<MrJp!«^rf-rfr«t ril \ H-HNAXTH) ramyjRA oosI'A » c ■ * V«nsr1)i9Wnori*! PrMidrntr P.UXO J-'RANCHirm ALCIR PftCORA - ARLEY RA.\}OS MORENO JOS£ A. R. «OXTUO- JOSft ROHMHTO 7*-U\ Ul? JHPuNAXDOCEfUBEU.1 MAD1 - .MARCKLO K,NOBEL Seiji hirano - Wilson cano Os agradceem a colabora^ao de Leon Kossovitch OadwintmuoMiib deCatnlo^a^So n.'i Piililica^io (CIPj l.CAm«r» BrvUem do Lsvro.SP, Rnuil) e uiterpnnAfio da mctAfora / ] {an»'it, Jo3o Adolfo— S.‘n Pmio. SP-.Hi-dr*; Campinas. SP:£divaradft Cnicamp. 2006. IhBN PV77ISj(13-X {HfdraJ ISBN -^Rj07>*.2 (Editora da L'nicamp) ; ’for^tnifinc interprew^oda meu'dhra — I. Hansen, JoSo Adolfo. IfL i.rn:-. CDD-608 Direitoe sutorais de Joao Adolfo Hansert, 2006 fiin-itos desJa ediQao Hedra / Editora da Unicamp, 2006 sumAkio J „ Alcgoria - Estado da Que^liio 7 II - A Alcgoria coma Espressao ou Alegoria Hel^rica ou “Alcgoria dos Poetas” 27 a) Toladllcgoria ou Alegoria Perfeita ou Enigma 54 b) PcrmixtaApertis/fllegoria ou Alcgoria Impcrfeita 66 c) Mala affcct&tia ou Jnconsequentia Rerum ou Incoerencia 67 Tjj — A Alcgoria como Interprefe^T^ou Alcgoria Hcrmeneutica ou “Alegoria dos Teologos” 9* Santo Agostinbo 109 Beda n3 Santo Tom6s de Aquino 118 A Carta XHI 124 IV — Alcgoria de Renascimentc >39 A Experiencia Florentina 140 Axistoteles, Cesare Ripa e outras formas alegoricas: Divisa, Empresa, Emblema, Rebus J78 Cesare Ripa e o Iconologia 181 Emblemas e Divisas 190 Divisa/Empresa >94 Emblema 200 Rebus 207 Bibliografxa comentada 215 Glossirio 225 Alggoria - Esiado da qurstAo A alegoria (grego all6s = outro\ agourein — falar) diz b para significar a. A Retorica antiga assim a constitui, teorizando-a como modaltdade da elocugao, isto e, como ornatus ou ornamenlo do discuiso. Ret.omando defini- §oes de Aristoteles, Cicero e Quintiliano, entre maitos, Lausberg assim a redefine: A alegoria e a metAfora continuada como tropo de pensa- mento, e consiste na substitu^ao do pensamento era cau* sa por outro pensamento, que esta Ugado, numa rela^ao de semelhan^a, a esse mesmo pensamento1. Nesse sentido, ela k urn procedimento construtivo, constituindo o que a Antigiiidade greco-latina e crista, continuada pela Idade Media, chamou de “alegoria dos poet as1’: expressao alegdrica, t6cnica metaforica de re- presentar e personificar abstra§6es. Escrever sobre ela implica, pois, retomar a oposigao retorica sentido pr6- prio/sentido figurado, nao para valid4-la, mas para reconstitui-la em algtms pontos de seu funcionamento antigo e de suas retomadas. Segundo este, a metAfora 4 1 Heinrich Lausberg, Manuaf de re«5nca /rterar/a ffundjmwWS de una dencia de la literatura), Madrid, Credos, 1976,1.1!, pp. 283 e ss. -„„i.«p1r‘><>u,uler,n0l ° “P"5’ Crtniericamcnto, a alegona dos poetas h uma semAn - «, «»• ^ tnancira. nos .ex.os an.igos quo lira de pala\Tas, apcnas, ao passo que a dos teologos ^ 0“ '^LS-cnn- aiegorixan.es, HA «m pres- Pr pno uma "semAntira’ de realidades supostamente reveladas ^ lanfMHmaodep^ ^ item isolar a rstrutura e a por coisas, hotnens e acontccinientos nomeados por pa* < r-TaTei-t* da °r<,Pm ^ repre- lavras. Por isso, (rente a um texto quo se sup6e &leg6rico, ^ fun^ao da «* P ^mclhanga o leitor tern dupla op^So: analisar os procedimentos for EJ n5°sero'ifund<'ro,Ha . mais que produzrm a siguificagAo figurada, leudo a ape H1'rLa,.romanosemedies-ajsnemcom ados I nas como conven^Ao Ungulstica quo ornamenta um dis L l^CTZi^do (r/to Tcsmnvntn. R a quo .se ci.a.nou < curso proprvo, ou analisar a significa^ao Tigurada nela -aWn, d« .cologos”, nxxtendo .nnhas .-exes as denonn- | pesquisando sen sentido primciro, tido romo preexistcnte I npn'°^n'eXen'ph- A nas coisas, nos homens e nos acontecimentos e, assim, ■§ .-gi^ados le^ogos” nao^ummododeexpressaowrbal revelado na alegoria. £ rehirieo-poerica. mas de inleipreU^ao religiosa de coisas, ho- Pensada como dispositivo ret6rico para a expressAo, a 5 mpnsees-oiwsfiguradosemtextossagrados. alegoria faz parte de um conjunto de preceitos t^cnicos A rigor, portanto, nSo se pode falar simplesmente de que regulameutain as ocasioes ern que o discurso pode S “a alegoha’’. porque ha duos-, uraa alegoria construtiva ou ser ornamentado. As regras fornecem lugarcs-comum - 5 reldnca, uma al^oria interpretativa ou hermeneutica. topoi (grego) ou loci (latim) — e vocabulario para substi Eias sao complemeutares, podendo-se dizer que simetri- tui$ao figurada de determinado discurso, tido como aim- camente m%’ersas: como exprvssSo, a alegoria dos poetas pies ou proprio, tratando de determinado campo tem&tico. e uma m&neira de falar e escre\rer; como interpretagdo, a Assim, estatica ou dinamica, descritiva ou narrativa, a alegoria dos teologos e um modo de entender e decifrax. alegoria e procedimento intencional do autor do discur Nos seus estudos sobre Dante, C. S. Singleton escreve so; sua interpreta^ao, ato do receptor, tamb6m esti pre- que a alegoria expressiva e intencionalmente tecida na vista por regras que estabelecem sua maior ou rnenor «trutura da propna obra de fiojao - ou, como diz R. clareza, de acordo com o genero e a circunstAncia do dis Hollander, ela ^ ‘•criativa”, ao passo que a de interpreta- curso. Veja*se um exemplo: no Canto VI da Eneida, qiuin- ^ao k “critica'’*0 , verbo dUegorein, por exemplo, do Virgilio escreve: “Anquisea e diva estirpe,/ Descer a sigmfica “falar alegoricamente” quanto “interpre- Dite e facil; dia e noite/Seus cancelos o ’rArtaro fran ^ "figoricameme”. queia;/Tornar atr4s e A luz, eis todo o ponto,/ Kis todo o ala” (tradu^ao de Odorico Mendes), Eneias acaba de che* 196S, ILHAndeT^ ^ gar a ItAlia, fugindo de Tr6ia, Vem manchado da culpa Cambridge, ***&*? n D*ne t Commedia. Princeton, 1969 do envolvimento com Dido, rainha de Cartago, e da - ■ Poussin, Et in Arcadia ego (1638-1640). Citagao das Bucolicas deVirgilio, a alegoriade Poussin eenigmatica e elegiaca, aludindo pnncipalmente ao tempo e a mode. O classicismo fiances do s&ulo XVII n§o inclui o enigma. ra0rte a°s companheitoa Miscno e Palinuro. Husrando purifica§aot dirigiu-se A Sibila de Comas, cuja fala o trc oho reproduz, a quern pediu intercessao para des cer ao Hades e obter informagoes sobre o futuro. A n&kyia, ou descida aos Infernos, foi lida - ja na Antigtiidade - como metAfora contmuada do mito de Orfeu, que desce ern busca de Eurldice. Orficamente, a viagem de Enfeias pelo mundo inferior seria alegoria do percurso da ahna hu- mana pela vida ativa, enquanto se prepara para lornar- se instrumeuto da a9§o divina e atingir a beatitude da vida contemplativa. Segundo seus intArpretes, Virgilto teria usado de um discuxso figurado para ocultar outro, proprio e sagrado, de olhos profanos. Nessa mesma linha, a Antigiiidade viu na alegoria um modo de ornamental discursos propondo-os a interpreta- gao — mas sempre mantendo a distingao retbrica de sent) • do prdprio/figurado. Por exemplo, Platao, Republica II, 378; HerAclito, Questoes homericas^ 5,2; Salustio, Sobix. os deuses e o mundo% III, IV; Artemidoro de iifeso, Interprc- tacao dos sonhos\ e, principalmente, os autores que se ocu- param de Retorica, como Aristbteles, Cicero, Quintiliano e o anonimo que escreveu a RetdricaaHerenio. fe eviden- te que a leitura “critica” de Virgilio supoe que o poeta tenha realmente escrito alegoricamente—o que nem sem pre e fAcil de determinar. 0 ixnportante a manter da dis* tingao, porbm, 6 que a alegoria greco-latina, tanto cons- trugao quanto interpretagao, era essenciabnentc lingiilsticu, Quanto a ‘‘alegoria dos teologos", hermenbutira on “critica”, 6 crista e medieval, tendo por pressuposto estranho a Retorica da Antigiiidade greco romaur;. a essencialismO) ou a crenga nos dois livros cscritos pur f k : 2 ouiundocft dos os acres cr sua I" tote *«»**' (is in Deurn. II. I-)- a causa’' '..tp ,1c regras mr.-rprcimivas. a 4 Forinawlo mn ■*• , pricta ioma dpturminada passngcm do / ,- J !Cl“"1•>^||dos "s d“Km"1": m avemplo - c propoe quo. ntima passa ^ por Moises, pt” spm dcrcnninada do Noiv Tc^nu-nm, sc-ja a rcsaun-,., | cno do Cnsto, hi uma rtpetimo. No caso. nSo se m.erpre ? lam aspalavras do texto. mas as coisas. os aconlocunrn j 4 los e os seres hfetiricos nomeados por elas. Moises. o ho 1 ,= mem.e iuterpretadocomooeremp/o [/igztra ou ripo) quo J prfytin Cristo em seu tempo. Como Cristo 6 Deus. so : i gundo o Cnstiauismo. Moises tambem posfigiin, o (h is i s to eterno. Corao sua figura. Moises e unihra futurorum. ; “Spmbra das coisas futuras". Aqui, o sentido proprio das '!• coisas coinparadas e a vida eterna: a historia. sua fjg11ra. $ o que implica circularidade erepetigao. Dame fez da aim 2 goria dos leologos um prineipio constrmivo da Duma i Comidia, eomo se vera. Assnn, ao passo que a Ketorica j greco-laiina teorizou a alegoria coino simbolismo lin- guistico. os padres primitivos da Igreja e a Idade Media a adaptaram, pensaudo-a eomo simbolismo linguistico revelador de umsimbolismo iiaiuraJ. das coisas, escnto desde rempre por Deus na Biblia e no mundo. Por outros term os. ospadres fizeram a disUnqao de sentido literal, expresso por “letras^ de palavrashumaraas eomo senti- do literal propno e sentido literal figurado e sentido es- ptntml, revelado por coisas, homens e acontecimentos das Esaituras.