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A Vida Louca dos Revolucionários PDF

229 Pages·2.656 MB·Portuguese
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ISBN 9788580449334 1. História – Brasil – Século XX 2. Revoluções 3. Biografia I. Título. II. Fraga 13-0904 CDD-909.82 Índices para catálogo sistemático: 1. História moderna – século XX 2013 Todos os direitos desta edição reservados a TEXTO EDITORES LTDA. [Uma editora do Grupo LeYa] Rua Desembargador Paulo Passaláqua, 86 01248-010 – Pacaembu – São Paulo – SP – Brasil www.leya.com.br A Revolução, assim com maiúscula, é uma obsessão do século XX, com raízes fincadas na França de 1789. Mudar radicalmente a sociedade, o mundo, a vida, engendrando um tempo em tudo diferente do presente – eis a ideia revolucionária. Revolução nem sempre foi isso. Na origem, a palavra era utilizada para descrever o movimento orbital dos astros. Ela significava, então, um percurso fechado: o eterno retorno ao ponto de partida. A nova acepção revolucionou a palavra “revolução”, virando-a do avesso de modo a descrever uma fuga veloz para frente. Na base da reinvenção, encontra-se uma consciência da história como marcha rumo ao futuro: a seta, no lugar do ciclo. Revolução é ruptura. Refletindo sobre a modernidade, Octavio Paz definiu ruptura como negação da tradição, isto é, “destruição do vínculo que nos une ao passado”, mas chamou a atenção para a emergência de uma “tradição da ruptura”: a “repetição do ato através de gerações de iconoclastas” que renegam o passado e interrompem a continuidade.1 A nossa era histórica está marcada precisamente pela obsessão moderna com a ruptura, que forma uma curiosa tradição. O culto ao novo é seu traço mais fundamental: desde que caiu a Bastilha, o “antigo” converteu-se em sinônimo de anacrônico ou ultrapassado. “Antigo Regime” – eis o nome do inimigo dos revolucionários. Mas “Antigo Regime” significa coisas diversas para famílias diferentes de revolucionários. Os comunistas falam da exploração de classe; os nacionalistas, do domínio exercido por estrangeiros sobre a nação; os fascistas, das influências deletérias do liberalismo cosmopolita; os terceiro- mundistas, da opressão imperial europeia ou americana; os pan-africanistas, do colonialismo e da subordinação racial; os jihadistas, da cruzada dos infiéis. Todos eles divergem entre si em quase tudo. Não concordam sobre o que é a Bastilha que precisa ser derrubada nem, muito menos, sobre a natureza do “Novo Regime” que enxergam do outro lado do arco-íris. Mas todos estão de acordo sobre a necessidade de uma ruptura radical: as ideias de evolução, adaptação e reforma não fazem parte do universo mental dos revolucionários. Os doze personagens desse livro situam-se fora do círculo mais conhecido de vultos revolucionários. Existe muita coisa escrita sobre Marx, Lenin, Trotsky, Zapata, Mao, Mussolini, Hitler, Fidel, Che... Por outro lado, incontáveis figuras interessantes permanecem relativamente desconhecidas – ou, em certos casos, lembradas apenas por sua participação em algum episódio de forte impacto histórico. Mas a trajetória de cada uma delas propicia vislumbres esclarecedores sobre as aventuras e desventuras das utopias revolucionárias no século XX. Pátria não é um país ou uma nação para a maior parte dos doze. John Reed e Victor Serge, como tantos comunistas, identificaram a “pátria” ao proletariado internacional. “Pátria”, para Marcus Garvey, era uma África imaginária. Frantz Fanon, martinicano, francês e argelino, escolheu o Terceiro Mundo como sua pátria. Cyril L. R. James encontrou um lar ideológico na intersecção das “pátrias” de Serge, Fanon e Garvey. O egípcio Sayyd Qutb, que também desprezava as nações e suas fronteiras, devotou sua lealdade à comunidade mundial dos muçulmanos. Num polo oposto, o italiano Filippo Marinetti, o boliviano Juan Lechín Oquendo e o cambojano Pol Pot representam diferentes facetas do pensamento nacionalista. Serge já militava em um grupo anarquista durante a adolescência e, aos 19 anos, foi expulso de seu país por razões políticas. Reed, Biko e Pol Pot não foram tão precoces, mas tornaram-se revolucionários no início da vida adulta. Em contraste, a chama só se acendeu na alma de Qutb quando ele tinha mais de 40 anos. Contudo, quase todos os doze morreram, jovens ou idosos, como revolucionários – e, nos casos de Qutb, Meinhof, Biko e Pol Pot, a Revolução foi a “causa mortis”. As duas exceções à regra são George Orwell e Juan Lechín, que assumiram a persona de revolucionários durante curtos intervalos de suas vidas: o primeiro, como miliciano de uma brigada do POUM na Guerra Civil Espanhola; o segundo, apenas durante o episódio insurrecional de 1952 na Bolívia. Os líderes revolucionários são, geralmente, intelectuais. No mais das vezes, esses personagens originam-se em famílias de classe média e beneficiam-se de oportunidades educacionais que não estão disponíveis para todos. Reed estudou em Harvard; Marinetti, na Universidade de Gênova; Meinhof fez pós-graduação na Universidade de Munster; Pol Pot cursou um colégio de elite no Camboja colonial antes de desperdiçar a chance de ingressar numa universidade parisiense. É pela palavra escrita que os intelectuais revolucionários difundem a crítica de um presente intolerável e esboçam os contornos de um futuro luminoso. Todos os doze, com as exceções do sindicalista Juan Lechín e do organizador comunista Pol Pot, deixaram textos de alguma relevância. A revolução dos bichos e 1984, de Orwell, assim como Os dez dias que abalaram o mundo, de Reed, figuram entre os grandes best-sellers do século passado. Os condenados da Terra, de Fanon, não chega a ocupar um lugar nessa lista, mas fica perto disso. A obra político-literária e artística de Marinetti causou impacto no movimento internacional do modernismo. Menos conhecidas do grande público, mas não menos significativas, são obras como Memórias de um revolucionário e Meia-noite no século, de Serge, e Os jacobinos negros, de Cyril James. Já Sinalizações na estrada, de Qutb, embora extensamente desconhecido, é um livro de cabeceira dos militantes jihadistas que inauguraram uma era de terror global. Este livro não é uma coleção de biografias. Não é, nem sequer, um conjunto de biografias políticas. Ele é um ensaio político sobre a obsessão revolucionária que toma como balizas as trajetórias de doze revolucionários. Não se pretende decifrar os revolucionários selecionados, mas lançar alguma luz sobre a natureza da utopia revolucionária. Daí decorre que nem tudo o que fizeram ou escreveram os personagens têm interesse para a narrativa – e, ainda, que a “vida privada” deles só emerge quando revela algo que não se circunscreve ao domínio privado. A paixão trágica de Reed, o celibato voluntário de Qutb, o conturbado romance militante de James com a feminista Constance Webb, a ruptura do “casamento burguês” de Meinhof e o longo caso subterrâneo entre Biko e Mamphela Ramphele situam-se nessa larga faixa de contato entre o público e o privado. Os indivíduos fazem a história, mas em circunstâncias que não escolheram e não controlam, como argumentou Marx. A Revolução Russa provavelmente seria narrada de outra forma, não fosse o célebre livro de reportagens de Reed. Sem Marinetti, talvez jamais existisse o futurismo italiano. Sem Orwell, pode-se apostar que uma parcela muito menor da humanidade tomasse consciência da natureza do totalitarismo. Ninguém pode saber como seria a Bolívia se Juan Lechín não liderasse os mineiros armados até o Palácio Quemado, em abril de 1952. Osama Bin Laden e a Al-Qaeda são frutos da árvore plantada por Qutb. O poder absoluto de Pol Pot, o Irmão Número Um, é a fonte indiscutível do genocídio do Camboja, uma das maiores catástrofes humanas de que se tem notícia. De alguma forma, os doze vultos desse livro continuam entre nós. Demétrio Magnoli Setembro de 2013 1 PAZ, Octavio. Os filhos do barro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984, p. 17.

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