Este livro procura investigar os desdobramentos temáticos existentes na obra da Legião Urbana, assim como o processo de recepção pelo público da banda brasiliense. Para tanto, discute a participação de alguns movimentos juvenis em torno do rock ao longo da segunda metade do século XX, haja vista a associação do estilo musical com a juventude, inerente à trajetória de Renato Russo em Brasília, onde seus contatos com a cultura punk, seu círculo social e a formação de bandas de garagem culminaram no surgimento da Legião Urbana. Posteriormente, a pesquisa analisa a experiência do grupo dentro do mercado fonográfico e da mídia, observando as tensões enfrentadas pela banda para manter-se ativa no mercado de bens culturais. Após esse percurso inicial, busca-se uma interpretação, entre várias possíveis, no que tange às continuidades e mutações na discografia do grupo produzida em estúdio. Essa, ao exclamar fragmentos da visão de mundo de Renato Russo, com forte direcionamento à juventude de seu tempo, permite à pesquisa discutir o consumo e a recepção de suas canções, por uma parcela de seu público, em meio a um conjunto de possibilidades oferecidas no cotidiano. As fontes utilizadas são entrevistas de Renato Russo, músicas e imagens contidas em todos os álbuns gravados em estúdio e depoimentos orais de sujeitos que eram jovens durante os anos 80 e 90 e acompanharam a carreira dos jovens de Brasília. O labor com essa diversidade de fontes, além de problematizar a rigidez imposta por parte da literatura do rock nacional dos anos 80 que credita a repercussão do estilo, somente, a produtores e gravadoras, interpretando o movimento roqueiro de forma estática, abre caminho para algumas vias interpretativas, seja para a análise da obra da Legião Urbana, seja para exame dos processos de recepção e consumo realizados pelo seu público.