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A sociologia Economica PDF

141 Pages·2006·5.369 MB·Portuguese
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Philippe Steiner A Sociologia Econômica Tradução Maria Helena C. V. Trylinski SÃO PAULO EDITORA ATLAS S.A. - 2006 © 2005 by EDITORA ATLAS S.A. Traduzido para o português de La sociologie économique Copyright © Editions LA DÉCOUVERTE, Paris, France, 1999, 2005-10-08 Todos os direitos reservados. Tradução autorizada da edição no idioma francês, publicada por Editions La Découverte Capa: Leo Hermano Composição: Lino-Jato Editoração Gráfica Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do livro, SP, Brasil) Steiner, Philippe A sociologia econômica / Philippe Steiner; tradução Maria Helena C. V. Trylinski. - São Paulo: Atlas, 2006. Título original: La sociologie économique Bibliografia. ISBN 85-224-4403-X 1. Economia - Aspectos sociológicos I. Título. 06-2344 CDD-306.3 índice para catálogo sistemático: 1. Sociologia econômica 306.3 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor (Lei ns 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto ns 1.825, de 20 de dezembro de 1907. Impresso no Brasil/Pririted in Brazil Sumário Apresentação à Edição Brasileira, ix Introdução, 1 1 Da antiga à nova sociologia econômica, 7 Origem da sociologia econômica, 7 Pareto: a imprescindível necessidade de tomar mais complexa a eco­ nomia, 8 Durkheim: a substituição da economia pela sociologia econômica, 9 Weber: a complementaridade da economia e da sociologia econômica, 13 Instituições e comportamentos econômicos, 14 Divisão do trabalho e troca, 14 Consumo e comportamentos de compra, 17 Teorias da ação econômica, 20 As ações econômicas racionais e seus fantasmas, 20 O caso do empreendedor, 25 A nova sociologia econômica, 27 Definição da nova sociologia econômica, 27 2 A sociologia econômica do mercado, 31 Comportamento racional e sistema de mercados, 31 Abstrações úteis..., 32 ... porém não suficientes, 35 A contribuição da sociologia econômica, 36 vi A Sociologia Econômica • Steiner A inserção social das relações mercantis, 39 A inserção histórica das relações mercantis, 39 A inserção estrutural das relações mercantis, 41 As diversas formas de inserção, 42 A démarche da sociologia econômica, 43 Origens das relações mercantis, 43 O funcionamento das relações mercantis, 44 A significação cultural das relações mercantis, 45 3 A construção social das relações mercantis, 47 A construção social dos mercados, 47 O mercado de morango em Sologne, 48 O setor da indústria de energia elétrica nos EUA, 50 O comércio varejista: o contraste França/Japão, 52 Construção social das relações mercantis e neo-institucionalismo, 55 A construção de megamercados de seguros, 58 A moeda e a finança enquanto instituições sociais, 59 Os usos sociais da moeda, 60 Os mercados financeiros, 63 Mercado de trabalho e relações sociais, 65 Como se encontra um emprego?, 65 O mercado de trabalho enquanto instituição social, 69 A construção social da concorrência, 71 A concorrência enquanto sistema de relações sociais, 72 Conclusão, 75 4 Redes sociais e funcionamento dos mercados, 76 Rede social e inserção estrutural, 77 O que é uma rede social?, 77 Inserção social e capital social, 80 Rede social, emprego e carreira, 84 Os amigos, a confiança e o emprego, 84 Os colegas e a carreira, 89 Força dos vínculos frágeis ou buraco estrutural?, 90 Confiança, oportunismo e relações entre indústrias, 94 Sumário vii Redes e funcionamento social dos mercados, 98 Tamanho dos mercados e volatilidade dos preços, 98 Equivalência estrutural e reprodução da estrutura do mercado, 102 Conclusão, 106 5 A inserção cognitiva e o mercado, 108 Que conhecimentos de economia são relevantes?, 109 Crenças coletivas e mercados financeiros, 113 Sociologia econômica e conhecimento de economia, 116 Conclusão, 117 Conclusão, 119 Referências, 123 Apresentação à Edição Brasileira Este é um dos poucos livros disponíveis em português que apresentam, de forma sintética e ao mesmo tempo aprofundada, os principais te­ mas e abordagens da Sociologia Econômica. Seu autor, Philippe Steiner, é economista e sociólogo, professor de uma importante universidade francesa, a Paris IX - Dauphine. Originalmente publicado na França pela editora La Découverte no final dos anos 90, este é um trabalho importante não apenas para estudantes de Ciências Sociais, mas, so­ bretudo, para os de Economia, porque lhes permite entrar em contato com outra maneira de analisar a atividade econômica, enriquecendo assim sua capacidade de entender o comportamento dos indivíduos e a dinâmica dos mercados. O livro mostra, desde as primeiras páginas, as dificuldades e os limites das abordagens econômicas convencionais para explicar de modo satisfatório os fenômenos de que tratam. Desta perspectiva crítica não escapa sequer a “nova economia institucional”, também presa aos paradigmas neodássicos que supõem um Homo oeco- nomicus em abstrato, que orienta sua ação - em toda parte e em toda época - pelo cálculo racional, maximizador de sua utilidade. Depois de várias décadas em que a Sociologia Econômica ficou pra­ ticamente marginal, ela é retomada nos últimos anos de forma muito forte tanto na Europa como nos Estados Unidos. Como já se observou, “o fenômeno mais importante das Ciências Sociais contemporâ­ neas reside na aproximação de suas duas disciplinas básicas (a X A Sociologia Econômica • Steiner Economia e a Sociologia), que passaram a maior parte do século XX - desde a morte de Max Weber, até o início dos anos 1980 - de costas tuna para a outra. As diferenças de estilo discursivo, de métodos de trabalho, de formas de organização comunitária e de fundamentos teóricos não devem obscurecer uma convergên­ cia temática que vem levando ao surgimento de problemas de pesquisa comuns. Assimetria de informações, confiança, ins­ tituições, organizações formais e informais, capacidade de exigir o cumprimento de contratos, representações mentais dos atores como base de sua interação social, são temas que pertencem hoje às duas disciplinas e em cuja abordagem cada tuna usa, de maneira crescente, os recursos da outra” (Abramovay, 2005:1). A Sociologia Econômica, como se sabe, é um campo do conheci­ mento que pretende investigar os fenômenos econômicos utilizando-se de instrumentos e abordagens da Sociologia. De acordo com Steiner, o objetivo mais específico da Sociologia Econômica é analisar a constru­ ção social das relações de mercado (concebido de maneira ampla) e a origem (histórica) social dos fenômenos econômicos. Portanto, embora ambas tomem os fenômenos econômicos por objeto, a Sociologia Eco­ nômica se diferencia da Economia em vários aspectos, mas espedal- mente na abordagem e na metodologia. Enquanto na Economia domina a análise abstrata formal, na Sociologia a abordagem histórica, empíri­ ca e o método indutivo são aplicados de maneira generalizada. O Prof. Steiner inicia seu livro apresentando - com concisão e rigor analítico - as origens da Sociologia Econômica, especialmente identifi­ cadas nas obras dos autores clássicos da Sociologia, Durkheim, Weber e Pareto, para em seguida abordar os temas de interesse mais recente dos pesquisadores: construção social do mercado, o papel das instituições e das redes sociais no funcionamento da vida econômica. Estes temas, emergentes a partir dos anos 70, irão revigorar o debate entre as duas áreas do conhecimento e ajudar a configurar a chamada Nova Sociolo­ gia Econômica, que, de acordo com Mark Granovetter, tem duas idéias básicas como ponto de partida: (a) a ação econômica é socialmente situada e não pode ser explicada apenas por motivos individuais; (b) Apresentação à edição brasileira xi as instituições econômicas são socialmente construídas. Nesta mesma perspectiva, Steiner dedica especial atenção aos mercados, analisando- os como construções sociais e contrastando suas conclusões com pres­ supostos básicos da teoria da escolha racional e da teoria do equilíbrio geral. A análise dos mercados traz, ainda, um rico diálogo com a teoria do próprio Granovetter sobre a imersão (embeddedness) dos agentes econômicos, conformando as relações de mercado. De fato, a análise sobre os mercados pode ser tomada como exem­ plar para identificar, com clareza, as diferenças entre a perspectiva so­ ciológica e a perspectiva da Economia frente a este fenômeno. De que maneira estas duas disciplinas lidam com este mesmo objeto? O merca­ do da teoria econômica é, antes de tudo, um ponto de equilíbrio entre oferta e procura ao qual se chega pela ação independente, soberana e atomizada de indivíduos que não guardam qualquer tipo de relação permanente uns com os outros. Em outras palavras, a Economia fala, no singular, do mercado supondo uma situação em que ele funciona sem nenhum entrave ou constrangimento, moral, religioso ou legal. De forma distinta, a Sociologia mostra, desde o início, as relações sociais que estruturam a troca entre os agentes presentes nos mercados. Mercados são, para a Sociologia, estruturas sociais, formas mais ou me­ nos permanentes de interação em que os indivíduos estabilizam seus laços sociais e submetem-se, por aí, a recompensas e sanções. Mostrar que os mercados são produtos históricos significa que nem toda eco­ nomia se organiza através das relações mercantis. Portanto, do ponto de vista histórico, economia e mercados não são uma única e mesma coisa: a mentalidade mercantil ou a “propensão à barganha” não é um traço natural do homem e válido em toda época. Em outras palavras, a Sociologia Econômica tem como tarefa examinar como as relações econômicas são inseparáveis do contexto social, observando o conjunto de regras sociais (e não apenas “econômicas”, como a maximização do lucro) que organizam os mercados, sejam eles financeiros, agrícolas, de trabalho etc. É exatamente por isso que, ao inserir os mercados em seus contextos sociais, a Sociologia Econômica procura abrir a “caixa-preta” em que se escondem as estruturas e os mecanismos de seu funcionamento. Se os XÜ A Sociologia Econômica • Steiner mercados são estruturas sociais, então eles devem ser estudados com base nas particularidades históricas e sociais que regem seu funciona­ mento. Não existe uma categoria abstrata, mágica, opressiva ou eman- cipadora chamada “o mercado”: o que existe são mercados, construídos com base na tentativa permanente de seus protagonistas de estabilizar suas relações uns com os outros. E é exatamente pelo fato de os mer­ cados serem tributários das relações sociais e das regulações públicas que eles não estão acima da vida da sociedade e de seus preceitos e exigências éticas. Esta abordagem abre um caminho muito promissor para a compreensão crítica de temas contemporâneos como a respon­ sabilidade social, os mercados solidários e o comportamento ambiental das empresas. Uma última observação, mas não menos importante. Além da Eco­ nomia, a Sociologia Econômica oferece um aparato crítico, teórico e conceituai que permite subsidiar outras áreas das Ciências Sociais. Re- ferimo-nos especialmente à Sociologia do Trabalho e Sindicalismo, So­ ciologia das Organizações e Estudos Organizacionais e, em particular, à teoria institucional. Autores como Paul DiMaggio, Walter Powell, Ni- tin Nohria, dentre outros, que trabalham com temas tais como firmas, cultura e organizações etc., vêm construindo um frutífero campo de intersecção entre a área de organizações e Sociologia Econômica. Por isso, este livro pode ser de grande interesse também para o aluno de Administração de Empresas. Assim, esperamos que os alunos dos cursos de Ciências Sociais, Economia e Administração de Empresas, tanto da graduação quanto da pós-graduação, possam tomar este livro como referência básica e fundamental para a compreensão de questões “de ponta” nas Ciências Sociais hoje. São Paulo, março de 2006. Ana Cristina Baga Martes Maria Rita Loureiro Durand Ricardo Abramovay Introdução A sociologia econômica estuda os fatos econômicos, considerando-os como fatos sociais. Ela se dirige aos economistas e sociólogos, aconse­ lhando-os a estudar estes fatos levando em conta sua dimensão de rela­ ção social sem esquecer, no entanto, a dimensão comportamento egoísta, questão central nessa problemática (SWEDBERG, 2003).1 Ao contrário do movimento que leva as ciências sociais a decompor o trabalho inte­ lectual, a particularizar as pesquisas, a sociologia econômica sugere que é preciso e vantajoso fazer com que as teorias econômicas e sociológicas se aproximem de modo a fornecer melhores explicações para os fatos econômicos, o que não faz o saber de uma ou da outra quando empre­ gado de maneira isolada, ou, pior ainda, de maneira contraditória. Tal idéia não pertence ao fim do século XX. O primeiro movimen­ to de envergadura que levou diversos teóricos em direção à sociologia econômica aconteceu nas décadas 1890-1920. Este período, aliás, pos­ sui certas particularidades interessantes, que ajudam a compreender o presente. Com efeito, só a partir dos anos 1870 a teoria econômica marginalista logrou impor-se sem encontrar resistência, para acabar de- saguando na teoria econômica mainstream contemporânea. O margina- lismo deparou-se com grandes dificuldades porque precisava enfrentar o que restava da escola clássica inglesa e os diversos economistas que reivindicavam uma abordagem mais histórica e mais institucional da 1 As referências entre parênteses remetem à bibliografia apresentada no fim do volume.

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