«Grande sala. Ambiente geral discreto e severo. Mesa comprida, cadeirões, cofre, telex, vários telefones, um terminal de computador. (...) Está reunido um conselho. Assim se entra no mundo da política, segundo José Saramago. A Segunda Vida de Francisco de Assis é mais uma incursão no drama, desta vez à volta de um tema bem actual: o capitalismo, a qualidade, as chefias, a política, as eleições, a bolsa, as valorizações e desvalorizações dos produtos e das pessoas. E uma luta entre a razão e a força. Estamos em 1986, já há computadores, mas muita coisa mudou. «As coisas já não são o que eram», diz a certa altura uma das personagens. «Houve muitas mudanças e nem todas estão à vista. Algumas nunca saem daquele cofre. São as que convém manter em segredo. E Francisco? Também mudou, claro. Nesta segunda vida, aprendeu algumas lições e aparece a lutar contra a pobreza. É a pobreza que deve ser eliminada do mundo», diz. Mais uma vez Saramago usa a ironia para fazer as suas críticas....