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A Revolta da Vacina e o Negacionismo dos Positivistas PDF

112 Pages·2021·8.291 MB·Portuguese
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1 2 Janeiro de 2021 Nossa fé é na ciência. Uma produção independente da Zelig. 3 A situação do combate ao coronavírus e as patuscadas federais em relação à imunização da população em 2020 e 2021, agravadas pelo negacionismo bolsonarista, trazem comparações inevitáveis com a Revolta da Vacina de 1904. Mas há uma diferença crucial: à época, quem lutava pela vacinação era o próprio governo; oposição e boa parte da imprensa que era contrária acabaram desinformando e incitando a população. A obrigatoriedade da vacinação deu um nó na cabeça dos positivistas, que se voltaram contra a ciência. Oswaldo Cruz, hoje elevado a patrono da saúde pública nacional, era enxovalhado diariamente nos jornais e precisou ser laureado na Europa, anos depois, para apenas então receber reconhecimento do povo e da mídia. Este e-book traz uma seleção de cartuns da época, publicados em sua maioria durante o ano de 1904, que revelam os bastidores políticos e ajudam a entender um pouco mais do contexto social que levou à famosa Revolta. 4 1904 Rio, - Doutor Oswaldo Cruz, esta cidade, o Rio de Janeiro, nossa capital federal, é um verdadeiro desastre. Essas ruas estreitas e fedorentas, essas favelas, esses grupos de bêbados bloqueando o acesso às passagens públicas... Essa multidão de vendedores ambulantes, camponeses pobres, ladrões, prostitutas: você chama isso de capital? E todas essas doenças: febre amarela, peste, varíola, tuberculose, sífilis... O que pensa- rão desta cidade os estrangeiros que visi- tam nosso país? Uma pausa e o tom de voz do presidente Rodrigues Alves se torna mais confidencial: - O que o emissário Rothschild vai pensar? Trecho do livro “Oswaldo Cruz & Carlos Chagas –o nascimento da Ciência no Brasil” Moacir Scliar, 2002 6 (O Malho, 19de março de 1904) 7 Na passagem do século XIX para o XX, a capital do Brasil era uma sucursal do inferno. Áreas totalmente insalubres, cheiro insuportável, ratos, baratas, mosquitos e todos os tipos de bactérias e vírus.Enquantoa cidade fedia, o povo adoecia. Quinze anos após a proclamação da República, em 1904 São Sebastião do Rio de Janeiro já tinha uma população de quase 900 mil habitantes. Só não havia saneamento pra toda essa gente. O início da preocupação com a saúde pública, na verdade, não se traduzia necessariamente pela questão do direito social ou da dignidade humana; estava ligado ao interesse econômico de se manter o trabalhador sadio para a garantia da produção, principalmente naquele contexto agrário. No entanto, muitas epidemias de doenças transmissíveis como febre amarela, peste bubônica e malária eram letais e produziram um impacto dramático de mortalidade nas cidades. O Rio chegou a ganhar a alcunha de “túmulo dos estrangeiros” devido ao grande percentual de óbitos por febre amarela dentre seus visitantes. Ciente da importância de mudar esse quadro, o presidente Rodrigues Alves estabeleceu como prioridade as reformas urbanas e do saneamento. Para a primeira missão, contou com o prefeito Francisco Pereira Passos, engenheiro nomeado para o cargo em 1902. Para a segunda, convidou o jovem sanitarista e bacteriologista Oswaldo Cruz para a Diretoria Geral de Saúde Pública (cargo que corresponde ao atual de ministro da Saúde) – o que representaria uma nova era para a higiene nacional. A reforma da saúde instituída por ele foi severa. Criou, entre outros, o Serviço de Profilaxia da Febre Amarela e a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção. 6 O embrião da revolta: na mensagem ao Congresso na abertura do ano legislativo, o presidente da República exaltava os trabalhos do Instituto Manguinhos e já anunciava a necessidade de se decretar a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, uma proposta que partiu de Oswaldo Cruz. (Jornal do Brasil, 4 de maio de 1904) 7 Monarquistas e positivistas

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