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A Redescoberta da Cultura PDF

170 Pages·1997·13.3 MB·Portuguese
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I " A REDESCOBERTA DA CULTURA .. Simon Schwanzman . , \ • Cultura, fiO 1:150 comum da palavra, significa as'sociedª,des se estruturam, Para os primeiros, o acúmulo de conhecimentos e a cãpacidade de as ciências sociaisdevem buscar a'abstração, fá entender sen\idos complatos nas ciências, nas zendo uso da' razão e-dos números; para os se artes e na literatura, Éa lgo que se adquire e se gundos, ela deve buscar o concreto, pela via da das cultiva, sobretudo pela educação -dizemos que intuição e desctições literárias. uma pessoa culta é uma pessoa -"cultivada", Os . Os ens,a ios reunidos neste livro têm em co- antropólogos dera{fl a efiSa palavra u~ outro mum o terem sido e.scritos no calor dos deba· , sentido: c'u.!tura, para eles, é tudo aquilo que é tes sobre a questão cultural, e tomam posição específico e peculiar a uma sociedade -sua lí~ sobre, esses três temas, explorando e 'aprofun gua, suas tradições, suas técnicas e formas de or·,' . dando suas implicações. Primeiro, o terp.a do . .ganização do trabalho, seus \~lores e preferên. desenvolvimc'mo da cultura, da ciência e da cias. A cultura dos antropólogos também .se ~ducação continuam cada vez mais importan-• aprende, já qlje;ninguém ·nasc.e com era, .mas tes, e nesse sc.ntidQ não é possível abandonar' náo'existem peSS()as ou povos mais ou menos uma postura modernista, por contraposição cultivados, apenas culturas diferentes. aos diversos pps-modernismos que. circulam. O tell!a da cultura sempre eSlt",e presente, Segundo, a in'corp?ração dos temás da cultura: causando polémicas no mundo das ciências pode e deve ser feita pelas ciências sociais, sell! sociais. Usado no sentido tradicional, ele é uni que isso signifique cair novoço sem fundo das componente centrãI, das teodas evolucionistàs intuições ~ das experiências vivenciadas, como do desen\!olvimento'e da modernização. Usa substitutos do trabalho 'inteleaual'~rgani~ado do no ~ntido àntropológico,.ele serve de de e sistem~tiéo ..T erceiro, a utilização adequada fésa dos valores do pluralismo, do respeito às dali conceilQs de cultura permite entender em diferenças. e da igualdade entre povos e pe.s- maior profunqidadc, e de forma clÍtica, o pro-' 50),5. A questão da cultura também entra no jeto modernista e iluminista, do qu~l.a ativida- ãmago das discussões sobr,e como conhecer . de científica e educacional é parte central, sem melhor a reaiidade social e humana. Para uns, precisar renunciar à ele. o objetivo"d'a ciência é.buscar os fenômenos' mais gerais, que nos permi~ entender a rea·· Sl.\to~ Sa;I\).Rl'Z.\IAN é presidelll~ da Fund~ção Insti lidade cm todos os seus aspectos; lJara oulfOS, LUto Brasileiro de Geografia e EstaúStiCl (FIBGE) e esses procedimentos não permitem compreen 'prof~ss6r do Departamento de Ciência Política da der como as pessoas realmente vivem, e como FFLCH·USP. A REDESCOBERTA DA CULTURA Simon Schwartzman leà_UPS ~JIIIUP Cop)'right I'CI 19<)1 by SmlQll Schwanlllwn Dados InlCrn~cionJis dc CatJloga~>iio na Publica~ão lCIP) (Câmara Bmsileira do Livro. SP. Rr.l5ill Sehwam.man. Sirnon A Redescoberta d~ Cultura I Simon Schwar1lman. - São Paulo: Editora ria Universidade de São Paulo : F~pcsp, 1997. - (Ensaios deCullunl', [O) [SBN 85-314-0379-0 l. Cultura 2. Ensuio$ L Titulo. II. Sérlc. 96-5474 COO·306 Indiccs pam clI.tálogo slstemáUco: I. Cultura : SóCio[ogi~ 106 &!Ulp - Editor~ da Un;vcuidad~ de SãG Paulo Av. Pwf. Luei.nG GUllbeno. TravuSil J. 374 6~ H!\dar - Ed. da AntIga ReItoria -Cid~de Un;vcI!;tária O~~OS·900 - S!o Paulo - SI' - Bmil Fax (01 I) 211-69&8 Tcl.(O\ I) Sll-~S37 I, '2J6 Printed in Rrnzil 1991 SUMÁRIO Aprcsentnção ........ 9 Pnf/f I AS Crf1\CIAS SOCIAiS EA C ULTURA 1. A Tmnsiçiio Mineira ... ,... . ...... . ......... 13 2. Os Par:ldigmas c o Espnço das Ciêncins Socinis ... 17 J. O Lugnr dns Ciências Sociais ..... .29 4. A RcdescoberUl da Cultur<l .... ... •. ... •.. ... . .45 Pnrt~ li FRAGMENTOS DE SQCIOLOCJA 00 CONHECIMENTO 5. O Sentido d<l Inlerdisciplinaridade .. .59 6. O,~ Dinossauros de Roraima ... . .69 7. Os Paradoxos da Ciência c da Tecnologia .. . ... 79 PO/'!e /1/ MODERNIDADE EP ÓS·MODERNIOADE 8. A Forço do Novo ....... . ..... ..... ............ , .95 9. NO\las Profissões, Novas Universidades ...... . .127 16. O Espelho de Morse ......... .•. . .. 149 II. Educ<1çiiO e Modernidade. . .. ... . ..... 169 APRESENTAÇÃO Niío deve ser por <lca~o que o temn da clIlwra, que :lcompanh:) ai: cicncH1S soei"ls desde was origens. esteja sendo redescoberta lias IHlimos anos c 'lprcsem'ldo como II grflnde soluç.50 ]ln!"::! os impasse!> e ;lS diriculdadcs dos projetos <Ie (lesc,nvolvimcIlIO c 1l1otlerni7:aç50 cOIllelllporilnl!os. Aplicado 115 c,iências como um todo, o tcm" d:1 cuhunl le ... " ;tO qucslionfllllcnw das pre tensões de ohjelividndc dos cientistas e il desconstrução de $CUS projetos tet nocJ"l1Iicos; nplicndo lls dêllcim; sociais, cotoca cm qucsliio ii utilidade do!: eswdos com[lnrado~, o valor d,tS teorill~ c a cOlllillbilidndc dos dndos e decln m ri superioridade da intuição c tln literatura, quantia nã(~ da rnçn c do. rcli giiio; l1plic<ldo aos sistemas educacionaiS e de finmaç:'ío proJission;ll, o tema cJa cultura sustenta a crítica iI educaçiio rormal, <lO vnlor dos títulos e dipl() lllrlS c ~IO sentido das espcci:lliz~ç(ies profissiofl<lis, (3a!;!am eS!)llS OhSCI'Vll\'Vcs p<lra perce~rmos que O tcma da CUltllnl se <lpóia cm terreno firme. I)orqlle o projeto iluminist<l de descnvólvimcntú, (kl q\1<11 a expansão da educllçi\o e o dcscnv('Ilvimcllto (\;'IS ciências fazem parle. é, (Ic falO, problcm:ílico. por razoes que vão do uso milililr dos conhecimen tos cienlíllcos 11 de~erion:l(;ii0 progressiva do meio ambiente, passando pclns desig.ualdades soci"is c pelo clcscl11prego estrutural, que pnrecem irrechui veis mesmo mlS sociedades nU1I5 ricas. At. dificuldauCS com o tem:1 da cul tUfa ni'io silo os Ljucstion<llrlclltos que ele lnw., IIH1S o que elc pretende <.Jpre sentar COlHO nltel'n:ltiva. No p;lss<.Jdo. os lcmos de religião. naç.lo, I'''ça c classc jlnreciam ofereccr re~poSI~S ~61idas, mns gcrar.lIn horrores piorci' do " II REDF.SCORU,TA 1M tULlUA que os que bt1~C,l\Iilm resolver, Hoje lIluitos <.ksses l{'mas ressurgem, 11<; vezes Cl1llluflndos. iis vezes cm CC11llhi!w\'Jo com diferelllCS formas de niilis mo c ohs.cunll11iSIllO intcll:!Clunl. Mas o tcm:! dn clIlturD nâo tem por (rue se mauife':.Hlr somente CQlnO ílrlna illlelettunl no combate no iluminismo c aO 1ll0del'l1ismll, ou ele luta por IHCSlígiu e recQnhcómenlQ cm diSpUl;\S dcrarlall1enlf\i~ ou por cSIJ(I~O nos suplementos 1ilcr:irios dos jornnis. Despidu de Sllas ambiçOcs ideológiclis, a rcdescobcnn dn culturn permite reintroduzir, !las ciênt"i:ls socinis, as questôes de conteúdo c de );cnlldo (l,1 vida em comum que eranl centrais na ohm de um Ma;.:; Weher c que acaharnm sendo postas de Indo pelo formnlismo da ~ociologin do p(is-guerrn, Aplic:Jdu ilS ciências COIllO um todo, ela PCl'!l1l\(;' reCnCOnlrflr :l Il:L(urelll IlI"ofundomenle social, ou cuhurnl (aqui o!> lermos se e(luivnlcm), dos processos de elahoraç50 e institucionaliZ;JçiiO do conhcci~ mellll). que o projeto 'iluminista tratou, cm viio, de ocultarl, Escritos ;}olongo de volrios anos com diferentes propósi!Os, os ensaios reunidos neste volume devem ser vistos como ll[lrOXillli\ÇÕCS sucessivas <lo tcm:! geral do p:!pcl do conhecimeJlto nus ~oeiedades modernas. desde a pel'spectivil JIIS crítica..,;, 1l10S tamhém dus irnpOl'tflnleS contrihuiçõcs 'III\! o tema dn cullllra Ir,rl. ,lO seu entcnctimento1, Esse denominador comum não roi Intencional, lI1a~ resultou de uma releitura do~ tC);to.\ c <lenhou por proporclll t1nr um critério p:\r:l a org:miznçiio do livro. A esperança ê qlle ele pO$~n ser vir tamocm de tio rOllclllWr para o cn1Cndimcllto de muitos OUlI'OS trabalhos produ7,idos ncs~cs anos e niio reprodul.idm; aqui. I. Pun, cnh.'ulll'l' c~~t: JO~o de oeullnlllc'Ho. 1l:I(ln melhor fIlie o bnlhlllle e".~:'Uo (\e H'W\{l L~IO\lr. NIIII'< "'110·",,,1 jl'(lJ{/I,< ';," 1II1II11."/W1; C,.w,.\· 1(1111,1/1'1'11(,1"):1(' 1\'''"lijÔr,-j'/H'', Pai"", L:1 [NeO\lve"t:. 199t. 1I':,d"z,do l'l:cenICI'k.'nl~ par.1 u rO'I".!lIê~. 2. Este li"ro rC"lI1"'. cm eCrlo .,,,,,Ii<.lo. o' ICI\1~S 1I';,'mlo~ CIn $. SthlY~l'Izlll~". Ciii!l("l/l. Ulli,'er.lii!ml. .. f lde/lI".~I'; A "lIlr,,..,, d" CIPI"'f{'lIIlfl"IJ. Riu de J~nei1lJ. ZnMr. 1981. 3 o LUGAR DAS CIÊNCIAS SOCIAIS! A "crise" recorrente das ciências sociais Ninguém cSlâ wnterltc COlll as ciências SOCillis. Para algulls, elas silo muito teóricas, abstraias c n3.o contribuem par'" resolver o.', problemas do país, pam outros, predomina ;J pobreza teórica, ;:1 (alta de rigor analltico, <l preocupa ção desordennd<J com questões imediotisl:lS. Existem os que se qucixnm da secura dos cunceito..,: abSlralOS. da frieza dos nlímcro$, bU$c,lIldo resgatar li rorça da sensibilidade (mística t.! lilcrál'ia: outros deploram o vale-tudo da intui çfío e dos bons Senlimentos. H,í os que criticarn o elitismo dos cursos de pós-graduaçi'io. suas leses inlerrllimiveis e incompreensíveis, e os que lamentam a mnssific:lçilo dos cursos de graclua,:lio, com a indigência dos currículos c <I mú qualidade dos estudantcs. Há ()~ quc critic[ln! o lISO nbusivo do ínglês, o jnr. g~o lecnocdtico, n proliferação das cilações, c os que lamentam o provincin nismo de uma ciência social q\IC se isola cm uma língun seclJlldfil'ül, usn idéins de segunda mão sem conhecer as fontes c niio dinlogn com o reStO do mundo. Ê provável que a inS;JlisrllÇ50 scj!! mniof hoje (10 que em outros 1cm pos e mais intens(l no Brusil do que mi Europn ou nos ESlados Unidos. Mas ê óbvio que ni'io se 11111:1 de um fenômeno novo nel11 exclusivamente nneionn!. " Tmb:llho :lpfc.~<!nl~do il UIC~a-l'cdon.J~ '"TC Ol'm c M~l<ldo c a, CienCl~S $06ai.< I'h";\slleij'lI~ tI~ AHI~lidndc·'. CI\1 XIV E""oml'(I I<""ul dil ,11l/lIl('f. Cnl\:lIl1bu. u",- 1990. c 110 ~cn\ln51',o "Cién~ios Sodnis HOJc", Univcl~ida(lc do E,I~do do RIO de JonclI<>. 29 novo 1990. Farte / AS CIÊNCIAS SOCIA1S 6 A CULTURA j AT RANSiÇÃO MINEIRA* Carlos DnlInmond de Amlmde viveu \l sulll:Ícnte, física c intelectual mente, p;'1J"a !"cchar O cido de trés cm:;. da vid;l inlCkctunl mineira, (l tempo dos literatos, o tempo das ciêl1.:ias socittís c o de lIinil nova fu!>cin'lç5o com os tempos d:J literatura. De forOl:! imperfeita c confusn, este I'oi lamnérn o ócio da cOlltemplação, do engajal11ento IlQ política c dn volla ao dlsl;lI1cia mentQ literário; ou aind;l, se quisermos, do illtlividunlislllo, da imcrsllo na l1lili!6nciêl coleliva e da recuperaçIio <lo cu, com Ioda a sua possível riquezn, Illas também com !>ua fl~lgilid:lIJe. No começo cr.:l o jovem Drummond, culti vado nos círculos a("ralltcs<! dos dos literatos mineiros. qllCIll dialogavn com Mlirio ue Andrade, lral;wa de conhecer ('I lllllll(to pela via tI:1 [)Oc:;ia e buscava pcln rcvoIUI.;iio da pnlavra a tr<lnsforl1l<l\fio da I11cnwlidndc e da rc,didadc de seu país, Derois são os lcmpos eonlr"dilórios da proximidade com o poder, DrUI111l1OIId assiStindo ç pnnicipnlldo, 11 sua !11ilncira, (I" grande n,'.voluçiio eclucaciorK11 o.! cultumllcll I:ida Jlor Gustavo C:1p'lI1cm:J :. I'I(:nll: do Ministério dil Edueaçfio de Gelúlio Vnrgns, Mnis tarde é o Drul1llllond engajado, redalor dn Tribmw POJ.mfo!', qunse (':lI1oi(l::Ito n dCPlIlilclo pelo Pnnido Comunista; finnllllcnLe, é a I'rU$II,I çj'io com a politicn e <I volla ii crónica, ii litcrntur:l, pritneil'O talvez como UI\1 Tc~U] esnilO tOt1\O COJl>t'""inU:lO I,.~b:lthc de' FI~nd,<OC(l 19:)csb~'. H/mi,.,,,, PIl/frinl ~ Millcirid"dl' ~III 01'111/1'11111111. pr~pnl'nll{) pnl'n apr~s~1I1~~~u no deli' tio: t'<lllt'<:r~nçi"" "1)"umlrIOJl(!: Atj;U1\l3 P~';in", Rio (k. Jn,lei(o, f7"'H!:I\'flO ClIllUfllt !hllm do Br:l~rl. ::.'1 nrn' 1990,

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