L i v i o S a n s o n e ( O r g . ) A Livio Sansone (Org.) p o A política do l í t intangível i c a d museus e patrimônios em novas perspectivas o i n t a n g í v e l politica_intangivel_CAPA_CS6.indd 1 17/08/2015 16:01:09 Book 1.indb 353 17/08/2015 15:51:58 A política do intangível: museus e patrimônios em nova perspectiva Book 1.indb 1 17/08/2015 15:51:05 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA reitor Dora Leal Rosa vice-reitor Luiz Rogério Bastos Leal editora da universidade federal da bahia diretora Flávia Goulart Mota Garcia Rosa Conselho Editorial Alberto Brum Novaes Angelo Szaniecki Perret Serpa Caiuby Alves da Costa Charbel Ninõ El-Hani Cleise Furtado Mendes Dante Eustachio Lucchesi Ramacciotti Evelina de Carvalho Sá Hoisel José Teixeira Cavalcante Filho Maria Vidal de Negreiros Camargo Book 1.indb 2 17/08/2015 15:51:05 LIVIO SANSONE (Org.) A política do intangível: museus e patrimônios em nova perspectiva Salvador EDUFBA 2012 Book 1.indb 3 17/08/2015 15:51:05 2012, Autores Direitos para esta edição cedidos à Edufba. Feito o Depósito Legal. Capa Raquel Noronha Projeto gráfico Gabriel Cayres Revisão e Normalização Susane Barros Sistema de Bibliotecas - UFBA P769 A política do intangível: museus e patrimônios em nova perspectiva / Livio Sansone (Organizador). – Salvador: Edufba, 2012. 352 p.: il. ISBN: 978-85-232-0998-8 1. Museus – Patrimônio. 2.Cultura. 3. Memória. I. SANSONE, Livio. II. Título. CDD – 061:572 Editora filiada a EDUFBA Rua Barão de Jeremoabo, s/n Campus de Ondina 40.170-115 Salvador – Bahia – Brasil Telefax: 0055 (71) 3283-6160/6164 [email protected] www.edufba.ufba.br ElementosPreTextuais.indd 4 17/08/2015 16:13:59 Sumário 7 Apresentação Livio Sansone 13 Ao ritmo dos Bumbas: obliterações e desigualdades na construção de um patrimônio festivo brasileiro (c. 1900-1950) Antonio Evaldo Almeida Barros 47 Batuko de Cabo Verde: percurso histórico-musical Gláucia Nogueira 71 A capoeira como patrimônio cultural: na roda da memória quem inscreve identidades? Gabriel da Silva Vidal Cid 93 Novas configurações e narrativas sobre o lugar das “manifestações culturais” numa localidade do recôncavo baiano Agrimaria Nascimento Matos 107 Bembé do mercado de Santo Amaro: o patrimônio afro imprime as cores da festa Ana Rita Araújo Machado 139 Legados artísticos e culturais afro-colombianos: em memória de Delia, Juan e Manuel Zapata Olivella Sergio Andrés Sandoval 167 Os papéis de Juan Gualberto Gómez no arquivo nacional de Cuba: ensaio experimental sobre a memória histórica dos negros e mulatos Pedro Alexander Cubas Hernández Book 1.indb 5 17/08/2015 15:51:06 197 El patrimonio que tenemos y el que ellos quieren ver. Destinos indígenas y políticas de turismo y patrimonio cultural inmaterial en Colombia Margarita Chaves e Giselle Nova 219 Patrimonializaciones y emprendimientos culturales del afropacífico: el festival Petronio Álvarez de Cali como plataforma para la promoción de los etnicismos Carlos Andrés Meza 241 Algumas considerações sobre museus digitais Marcelo Nascimento Bernardo da Cunha 263 Museus on-line: longevidade e conservação digital da memória Jamile Borges da Silva 277 Museu digital da memória afro-brasileira: um ato de resistência Myrian Sepúlveda dos Santos 293 Global african hair: representação e recepção do cabelo crespo numa exposição fotográfica Angela Figueiredo 313 Las memorias rebeldes: museo itinerante arte por la memoria Karen Bernedo Morales 327 Patrimonio.Org e os dilemas da patrimonialização do intangível: da invisibilidade á hipervisibilidade de alguns aspectos da cultura afro-brasileira Livio Sansone 347 Sobre os autores Book 1.indb 6 17/08/2015 15:51:06 7 Apresentação Até alguns anos atrás, poucos e certamente pouquíssimos empresários e po- líticos poderiam ter imaginado que em países da America latina e da África pudesse se ganhar dinheiro ou eleições na base da cultura. Quem diria que museus, patrimônio, arquivos, arqueologia, memória e tradições pudessem se transformar em instrumento de luta ou em argumentos para a construção de operações comerciais como aquelas que percebemos hoje. De fato, a construção tanto de identidades de cunho étnico-racial como de estratégias comerciais que visam o consumo de cultura e/ou o turismo está hoje baseada em bancos de símbolos mais amplos que nunca, não so- mente por intermédio dos novos meios de comunicação da era digital, que encurtando a relação entre espaço e tempo, fazem circular imagens, desejos e projetos para além de qualquer território físico, mas também por efeito da incorporação aos fluxos e forças da globalização das categorias do novo pro- cesso de patrimonialização da(s) cultura(s) tangíveis e intangíveis. É evidente a progressiva globalização dos processos de preservação e pa- trimonialização, assim como das categorias e critérios que os norteiam. Estes pressupõem a utilização em lugares diversos das mesmas formas, métodos e prioridades de indexação e registros dos artefatos ou traços culturais (tan- gíveis ou não) que merecem ser reconhecidos, preservados e eventualmente exibidos. Muita mais “cultura” antiga ou presente precisaria ser resgatada e preservada, seja quando há demandas por parte das populações interessa- das, seja quando algum projeto de desenvolvimento de uma determinada re- gião na base do turismo cultural o exige. (COMAROFF; COMAROFF, 2009) Ou ainda quando há efetivamente um interesse internacional (por exemplo, da UNESCO) na preservação de algum artefato que localmente tem pouco valor ou até mesmo quando para a população local deveria ser esquecido ou deixa- do ruir. (MESKELL, 2009) Este aspecto da globalização, em combinação com Book 1.indb 7 17/08/2015 15:51:06 8 Livio Sansone as novas tecnologias comunicacionais, cria um novo contexto de possibili- dades tanto para a produção de identidade quanto para seu aproveitamento comercial ou político assim como novas tensões. É a partir desse contexto que o livro ora apresentado busca refletir. Tenciona ainda entender como a criação de novos museus, por exemplos moveis ou virtuais, permite pesquisar a riqueza deste duplo processo de globalização e do fincar da memória de grupos subalternos, assim como de demandas até então silenciadas porque impossíveis de serem celebradas. Um interessante exemplo neste segundo sentido é o museu da memória da tortura no Peru, que torna visível o resgate dessa memória graças as perfor- mances do museu-teatro, quiçá uma forma do museu parangole, pensado por Helio Oiticica. É disto que trata o capitulo de Karen Bernedo. Angela Figueiredo nos mostra como o cabelo pode ser um elemento cen- tral na nova discussão sobre a musealização do racismo e da forma pela qual no Brasil e no Atlântico Negro mais em geral se articula um novo projeto de museu em torno do racismo e da norma somática. A criação de museus em formato digital é o tema de cinco capítulos. Jamile Borges, em sua ênfase positiva procura o justo meio entre tecno-en- tusiasmo e o ceticismo que se origina na consciência que nossa política nem sempre acha automaticamente um aliado na nossa poética – já que nossa fantasia anda mais rápida do que o avanço tecnológico. Marcelo da Cunha, que escreve a partir do ponto de vista de um curador de museu presencial, in- teressado no meio digital, aponta com detalhes como um museu digital pre- cisa de muita da infraestrutura e profissionalismo que são próprios ao museu presencial. Gabriel Cid se debruça sobre os problemas, mas também as novas possibilidades, que a musealização da capoeira pelo meio digital proporcio- na. O ensaio de Myrian Santos traz algumas questões e propostas relacionadas ao projeto Museu Digital da Memória Afro-Brasileira – Galeria Rio de Janeiro, que tem por objetivo criar arquivos digitais e exposições virtuais sobre a memória dos brasileiros que se identificam à memória africana. A construção de uma iden- tidade afro-brasileira ainda é polêmica em um país que não se identifica em termos raciais, mas a partir de um imenso leque de características relativas à cor da pele e traços faciais. Defendendo a proposta de criação do museu digital da memória afro-brasileira como uma política de resistência a ser travada em um dos mais poderosos meios de comunicação e não como o resgate de uma identidade racial, o ensaio de Myrian Santos traz à tona algumas das facetas da relação entre poder e representação, crucial para o desenvolvimento do projeto. Book 1.indb 8 17/08/2015 15:51:06