OBRAS DO AUTOR PUBLICADAS PELA EDITORA RECORD O avesso e o direito Estado de sítio O estrangeiro O exílio e o reino O homem revoltado A inteligência e o cadafalso A morte feliz A peste A queda O mito de Sísifo Diário de viagem CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Camus, Albert C218p A peste [recurso eletrônico] / Albert Camus ; tradução Valerie Rumjanek. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Record, 2019. recurso digital ; epub Tradução de: La chute Formato: epub Requisitos do sistema: adobe digital editions Modo de acesso: world wide web ISBN 978-85-01-11744-1 (recurso eletrônico) 1. Romance francês. 2. Livros eletrônicos. I. Rumjanek, Valerie. II. Título. 19-56884 CDD: 843 CDU: 82-31(44) Leandra Felix da Cruz - Bibliotecária - CRB-7/6135 Título original La peste Copyright © 1947 by Éditions Gallimard, 1958 Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer meios. Os direitos morais do autor foram assegurados. Direitos exclusivos de publicação em língua portuguesa para o Brasil adquiridos pela EDITORA RECORD LTDA. Rua Argentina, 171 – Rio de Janeiro, RJ – 20921-380 – Tel.: (21) 2585-2000, que se reserva a propriedade literária desta tradução. Produzido no Brasil ISBN 978-85-01-11744-1 Seja um leitor preferencial Record. Cadastre-se no site www.record.com.br e receba informações sobre nossos lançamentos e nossas promoções. Atendimento e venda direta ao leitor: [email protected] Il est aussi raisonnable de représenter une espèce d’emprisonnement par une autre que de représenter n’importe quelle chose qui existe réellement par quelque chose qui n’existe pas. Daniel Defoe (Tradução para o francês de Albert Camus) (É tão válido representar um modo de aprisionamento por outro quanto representar qualquer coisa que de fato existe por alguma coisa que não existe.) Sumário I II III IV V I O s curiosos acontecimentos que são o objeto desta crô nica ocorreram em 194... em Orã. Segundo a opinião geral, estavam deslocados, já que fugiam um pouco à norma. À primeira vista, Orã é, na verdade, uma cidade comum e não passa de uma prefeitura francesa na costa argelina. A própria cidade, vamos admitir, é feia. Com o seu aspecto tranquilo, é preciso algum tempo para se perceber o que a torna diferente de tantas outras vilas comerciais em todas as latitudes. Como imaginar, por exemplo, uma cidade sem pombos, sem árvores e sem jardins, onde não se encontra o rumor de asas nem de folhas quebradas? Em resumo: um lugar neutro. Apenas no céu se lê a mudança das estações. A primavera só se anuncia pela qualidade do ar ou pelas cestas de flores que os pequenos vendedores trazem dos subúrbios: é uma primavera que se vende nos mercados. Durante o verão, o sol incendeia as casas muito secas e cobre as paredes de uma poeira cinzenta; então só é possível viver à sombra das persianas fechadas. No outono, ao contrário, é um dilúvio de lama. Os dias bonitos só chegam no inverno. Uma forma conveniente de travar conhecimento com uma cidade é procurar saber como se trabalha, como se ama e como se morre. Na nossa pequena cidade, talvez por efeito do clima, tudo se faz ao mesmo tempo, com o mesmo ar frenético e distante. Isto é: aqui, as pessoas se entediam e se dedicam a criar hábitos. Nossos concidadãos trabalham muito, mas apenas para enriquecer. Interessam-se sobretudo pelo comércio e ocupam-se, em primeiro lugar, segundo a sua própria expressão, de fazer negócios. Naturalmente, apreciam prazeres simples, gostam de mulheres, de cinema e de banhos de mar. Muito sensatamente, porém, reservam os prazeres para os