A Matemática do Ensino Médio Volume 3 Elon Lages Lima Paulo Cezar Pinto Carvalho Eduardo Wagner Augusto Cézar Morgado COLEÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA A Matemática do Ensino Médio Volume 3 COMPRA Quinta Edição Elon Lages Lima Paulo Cezar Pinto Carvalho Eduardo Wagner Augusto César Morgado Ir SOCIEDADE BRASILEIRA DE MATEMÁTICA umverstdade de Fortaleza iáTECA CENTRAL RIRL Copyright 2005, 2004, 2001, 1999, 1998 by Élon Lages Lima, Paulo Cezar Pinto Carvalho, Eduardo Wagner e Augusto Cesar Morgado Direitos reservados, 1998 pela Sociedade Brasileira de Matemática Estrada Dona Castorina, 110 - Horto 22460-320, Rio de Janeiro - RJ Impresso no Brasil / Printed in Brazil Coleção do Professor de Matemática Capa: Rodolfo Capeto Distribuição e vendas: Sociedade Brasileira de Matemática e-mail: [email protected] Tel.: (21) 2529-5073 www.sbm.org.br UMWERZ:51.»z7;:fE C'E FORWki_E2A ? ISBN: 85-85818- 12-3 (3$13LrOTECA CENTRAI 91,..,/lo CniU, C Prefácio Com este terceiro volume da série "A Matemática do Ensino Médio", completamos a apresentação dos principais temas matemáticos que se ensinam nesses três anos finais da Educação Básica em nosso país. Os quatro capítulos iniciais são dedicados ao uso de coordenadas no plano e no espaço, fazendo uma introdução à Geometria Analítica a duas e três dimensões, seguida de um estudo de sistemas de equações lineares, matrizes e determinantes. Procuramos sempre pôr em relevo as conexões entre os métodos algébricos e os conceitos geométricos. Este ponto de vista prossegue no capítulo de números complexos, onde é dada uma ênfase especial ao significado geométrico das operações com aqueles números, inclu- sive com uma aplicação às transformações geométricas de inversão. O capítulo final retoma o estudo dos polinômios iniciado no Volume 1, ad- mitindo agora polinômios complexos e abordando mais detalhadamente as equações algébricas de grau qualquer. O material exposto nestes três volumes foi apresentado no pro- grama de aperfeiçoamento para professores de Matemática do Ensino Médio, que se vem realizando no IMPA desde 1996, com o apoio da CAPES e da FAPERJ. Os quatro primeiros capítulos do presente livro foram redigidos por Elon Lages Lima e Eduardo Wagner, o quinto por Augusto César Mor- gado e o sexto por Paulo Cezar P. Carvalho. Na realidade, porém, todos nós discutimos longamente os assuntos tratados nos três volumes e so- mos igualmente responsáveis por todos eles. Rio de Janeiro, setembro, 1998 Elon Lages Lima Paulo Cezar P. Carvalho Eduardo Wagner Augusto César Morgado Universidade de Fortaleza BIBLIOTECA CENTRAI. Conteúdo Capítulo 1 - Geometria Analítica Plana 1. Introdução 1 2. Coordenadas na reta 1 3. Coordenadas no plano 5 4. A distância entre dois pontos 13 5. Escolhendo o sistema de coordenadas 19 6. As equações da reta 23 7. Ângulo entre duas retas 32 8. Distância de um ponto a uma reta 33 9. Área de um triângulo 39 10. Equação da circunferência 40 11. Vetores no plano 54 Exercícios 67 Capítulo 2 - Geometria Analítica Espacial 1. Introdução 73 2. Coordenadas no espaço 73 3. As equações paramétricas de uma reta 75 4. Distância entre dois pontos no espaço 77 5. Vetores no espaço 83 6. Equação do plano 87 7. Distância de um ponto a um plano 90 Exercícios 91 Capítulo 3 - Sistemas de Equações Lineares 1. Sistemas com duas incógnitas 97 2. Duas equações com três incógnitas 100 3. Três equações com três incógnitas 104 4. Escalonamento (eliminação gaussiana) 117 Exercício 126 Capítulo 4 - Matrizes e Determinantes 1. Introdução 130 2. Multiplicação de matrizes 131 3. Determinantes 137 4. A regra de Cramer 143 5. O determinante do produto de duas matrizes 146 6. Caracterização das matrizes invertíveis 152 Exercícios Capítulo 5 - Números Complexos 1. Introdução 160 2. A forma algébrica 161 3. A forma trigonométrica 168 4. Raízes da unidade 182 5. Inversão 190 Capítulo 6— Equações Algébricas 1. Introdução 198 2. Polinômios complexos 200 3. Divisão de polinômios 204 4. Divisão de um polinômio por x- a 210 5. Reduzindo o grau de uma equação algébrica 215 6. O teorema fundamental da Álgebra 218 7. Relações entre coeficientes e raízes 221 8. Equações algébricas com coeficientes reais 225 9. Demonstrando o Teorema Fundamental da Álgebra 229 10. Resolução numérica de equações 239 Exercícios 244 Capítulo 1 Geometria Analítica Plana 1. Introdução Neste capítulo é feita uma breve apresentação da Geometria Ana- lí tica do plano, com ênfase nos princípios básicos que determinam o uso de coordenadas. Não há nenhuma preocupação de comple- teza. Para um tratamento mais extenso, o leitor pode consultar o livro "Coordenadas no Plano", da Coleção do Professor de Ma- temática da SBM. 2. Coordenadas na reta Admitimos fixada, de uma vez por todas, uma unidade de com- primento. Dados os pontos A, B quaisquer, o comprimento do segmento de reta AB chama-se a distância entre os pontos A e B. Escrevemos d(A, B) para indicar essa distância, que é um número real. Convencionaremos pôr d(A, A) = O. Se A B, tem-se d(A, B) > O. Além disso, vale d(A, C) + d(C,B) = d(A, B) se, e somente se, o ponto C pertence ao segmento de reta AB. É claro também que d(A, B) = d(B, A). A noção de distância permite introduzir coordenadas sobre uma reta, ou seja, representar os pontos da reta por meio de números reais. Para fazer isto, será necessário orientar a reta e escolher um dos seus pontos como origem. Seguem-se os detalhes desse procedimento. 2 Geometria Analítica Plana Uma reta diz-se orientada quando sobre ela se escolheu um sentido de percurso, chamado positivo; o sentido inverso chama-se negativo. Numa reta orientada, diz-se que o ponto B está à direita do ponto A (portanto A está à esquerda de B) quando o sentido de percurso de A para B é positivo. Um eixo é uma reta orientada na qual se fixou um ponto O, chamado a origem. Todo eixo E pode ser posto, de modo natural, em correspon- dência biunívoca com o conjunto IR dos números reais, do seguinte modo. À origem O do eixo faz-se corresponder o número zero. A cada ponto X de E situado à direita de O corresponde o número real positivo x = d( O, X) = distância de X à origem = comprimento do segmento de reta OX. Aos pontos situados à esquerda de O correspondem números _reais negativos, cujos valores absolutos medem as distâncias deses pontos à origem. Portanto, a cada ponto X no eixo E corresponde o número real x = d( O , X) se X está à direita de O e x —d( O, X) se X está à esquerda de O. O número real x, que corresponde ao ponto X do eixo E da maneira acima indicada, chama-se a coordenada desse ponto. XI X xl o Figura 1: x = d(0, X) x' = —d(0, X') Se x e y são respectivamente as coordenadas dos pontos X e Y do eixo E então tem-se x < y se, e somente se, X está à esquerda de Y. Além disso, tem-se d(X, Y) = Ix — y I. A importante igualdade d(X, Y) = I se demonstra usando (além da relação evidente d(A, B) = d(B, A)) o fato de que se A, B, C são pontos de uma reta tais que C está situado entre A e B então d(A, B) = d(A, C) + d(C, B). Com efeito, dados os pontos X e Y sobre o eixo E, com coordena- A Matemática do Ensino Médio, Volume 3 3 das respectivas x e y, sem perda de generalidade podemos supor. que X esteja à esquerda de Y. Então há 3 casos possíveis: (a) O está entre X e Y (logo x < O < y); (b) Y está entre X e O (logo x < y <O); (c) X está entre O e Y (logo O < x < y). No primeiro caso, tem-se d(X,Y) = d(X, O) d(0,Y) =—x+bJ = No segundo caso, d(0, X) = d(0,Y) + d(Y, X), ou seja, —x = + d(X, Y), donde Finalmente, no terceiro caso, d(0,Y) = d(0, X) + d(X,Y), isto é, y = x + d(X, Y), donde d(X,Y)=ij—x=x—j. Y X Y d(X,Y), d(X,0)±d(0,Y) d(0,X)=d(0,Y)-Ed(Y,X) O X d(0,Y), d(0,X)±d(X,Y) Figura 2 Se A e B são pontos do eixo E, com A à esquerda de B, e suas coordenadas respectivas são a e b, então a coordenada x de um ponto arbitrário X do segmento de reta AB é um número x tal que a(x(b. Noutras palavras, ao segmento de reta AB c E corres- ponde o intervalo [a, b] c R. 4 Geometria Analítica Plana Para cada ponto X do segmento de reta AB, tem-se eviden- temente d(A, X)cd(A, B), logo a razão t = d(A, X)/d(A, B) é um número real compreendido entre O e 1. Quando X = A tem-se t = O e, quando X = B, vale t = 1. Se, para cada t E [O, 1], chamarmos de X. o ponto do segmento de reta AB tal que d(A, Xt)/d(A, B) =t, veremos que a coordenada xt do ponto Xt está relacionada com as coordenadas a e b dos pontos A e B pela igualdade (xt— a)/ (b — a) = t, ou seja, xt = (1 — t)a + tb = a + t(b — a). A Xt a xt T=d (A, Xt) /d(A,B)=(xt —a)/(b—a) Figura 3 Quando t = 1/2, Xt = Xi /2 é o ponto médio do segmento AB e sua coordenada 1 1 x112= - a+ —b 2 2 é a média aritmética entre as coordenadas a e b dos pontos A e B. Noutro exemplo, tomando t = 1/3, obtemos o ponto X =- X1 /3 cuja coordenada 3 3 3 3 é o número que separa o intervalo [a, b] em dois subintervalos [a, x] e [x, b] com (x— a)/(b — a) = 1/3. Observação 1. Quando, no Volume 1, estudamos os números reais, fizemos a cada x E IR corresponder um ponto X sobre o eixo E. Em Geometria Analítica, o processo é inverso: procura-se associar a cada ponto do eixo E um número, chamado sua coordenada. Para isso, estamos admitindo que exista a noção de distância entre dois