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A Inquisição de Lisboa PDF

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6 - Introdução.docx Imagem Daniel No rte Giebels A Inquisição de Lisboa. No epicentro da dinâmica inquisitorial (1537-1579) Tese de doutoramento em Altos Estudos em História, no ramo da Época Moderna, orientada pelo Doutor José Pedro Paiva e apresentada ao Departamento de História , Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Setembro / 2016 Imagem Faculdade de Letras Daniel Norte Giebels A Inquisição de Lisboa. No epicentro da dinâmica inquisitorial (1537-1579) Ficha técnica Título: A Inquisição de Lisboa. No epicentro da dinâmica inquisitorial (1537-1579) Autor: Mestre Daniel Norte Giebels Orientador: Doutor José Pedro Paiva Área científica: História Especialidade: História – época moderna Ano de apresentação: 2016 Capa: Palácio dos Estaus (pormenor) em G. Braun & F. Hogenberg – OLISSIPO (1572)…, in Elogio da cidade de Lisboa de Damião de Góis. Lisboa: Guimarães Editores, 2002. Setembro / 2016 Resumo A Inquisição de Lisboa é, entre os vários tribunais inquisitoriais portugueses, o único que não conheceu um estudo monográfico com larga amplitude de conteúdos analisada segundo uma metodologia rigorosa. Abundam, no entanto, os estudos parciais sobre este, geralmente focados no objeto da sua repressão. Esta lacuna contribui para a indefinição das dinâmicas intrínsecas à macroestrutura inquisitorial ou mesmo daquelas que animavam o campo jurisdicional em que o tribunal operava. Este estudo visa, por isso, reconstruir o processo de estabelecimento, organização interna e atividade da Inquisição de Lisboa no período que decorre desde o seu estabelecimento, em 1537, e o ano derradeiro do governo do cardeal D. Henrique enquanto Inquisidor-geral, em 1579, análise que acompanha, em termos geográficos, a evolução do distrito do tribunal assim como a influência e ação deste sobre regiões que estariam ou viriam a estar sob a alçada de outros tribunais. É dada primazia à análise das relações institucionais e pessoais travadas entre este tribunal e outros poderes concorrentes na sua área jurisdicional, com o objetivo de esclarecer os rumos seguidos pela Inquisição durante esta fase de afirmação no panorama político, religioso e social de Portugal do século XVI. Estes rumos refletem-se na formação do seu quadro humano, no investimento em infraestruturas, no exercício da sua tesouraria ou da sua mesa. A investigação recorre a uma visão pluriarticulada, aproveitando os instrumentos da história institucional e dos poderes, da história das ideias e das mentalidades, e da própria história socioeconómica, sendo especialmente valorizados os instrumentos da micro-história aplicados a estudos prosopográficos e à reconstituição de comunidades históricas, permitindo, com esta abordagem, o cruzamento de vários enquadramentos que a complexidade do objeto de estudo bem reclama, criando, finalmente, uma imagem que se quer o mais abrangente possível e compaginada com os caminhos mais recentes e inovadores no âmbito da história da Inquisição. Recorre-se, sobretudo, aos fundos documentais da Inquisição portuguesa disponíveis no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, elegendo como principal fonte os 2.715 processos que o tribunal de Lisboa julgou durante o período em análise, levantamento exaustivo que distingue o presente trabalho. - 3 - Abstract Among the several Portuguese inquisitorial tribunals, the Lisbon Inquisition is the only one that doesn’t have a monographic study with a wide range of content, analyzed accordingly to a rigorous methodology. However, there are a lot of partial studies, usually focused on the object of its repression. The lack of more detailed studies contributes to the uncertainty of the intrinsic dynamics of the inquisitorial macrostructure or even of those existing in fields which the tribunal operated. This study aims therefore to reconstruct the process behind its establishment, the internal organization and the activity of the Lisbon Inquisition since its establishment in 1537, till the last year of the government of Cardinal D. Henrique as the General Inquisitor, in 1579. This study also aims to analyse the evolution of its district court as well as the influence and action of the Lisbon Inquisition on regions that were or were going to be under the jurisdiction of other tribunals. This study gives priority to the analysis of institutional and personal relationships established between this tribunal and other higher powers in the jurisdictional area, with the aim of clarifying the courses of actions followed by the Inquisition during this process of claim in the political, religious and social areas of Portugal in the XVI century. These courses of actions reflected on the human framework, on the investment of infrastructures, on the function of its treasury or its auditorium. The research articulated various points of view, by using the tools of the institutional history and the existing powers, the history of ideas and mentalities, and the socio-economic history. The instruments of micro-history applied to prosopographic studies and to the reconstruction of historical communities were especially valued in this study. This approach allowed the crossing of several frameworks, which the complexity of the subject matter claims, to create finally a wider picture based on the latest and the innovative information of the Inquisition history. This study is based mainly on the documentary funds of the Portuguese Inquisition available at the National Archives of Torre do Tombo, electing as its main source the 2.715 cases that the tribunal of Lisbon held during the period under review, research which distinguishes this work. - 4 - Sumário Introdução……………………………………………………………………………………..9 I PARTE - Estabelecimento da Inquisição de (em) Lisboa……………………………….17 1 Entrada da Inquisição em Portugal - causas e consequências…………………….………....19 1.1 Convertidos na fé: a causa cristã-nova………………………………….………....19 1.2 De Wittenberg a Trento - a causa protestante…..……………………….……..….26 1.3 Do projeto régio à cedência papal……………………………………….……...…31 1.4 As consequências de uma reorganização jurisdicional e social………….……......37 2 Singularidades de um tribunal distrital………………………………………….………..…45 2.1 A precedência da mesa de Lisboa (1537-1544)………………………….……..…45 2.2 A afirmação de uma centralidade (1545-1564)……………………….………...…58 2.3 Um tribunal a par do Conselho Geral (1565-1579)…………………….……..…...64 II PARTE – A organização interna do tribunal…………………………………………...73 3 Ministros e oficiais………………………………………………………….…………….....75 3.1 Evolução do quadro humano……………………………………….…………..….75 3.2 Perfis sociais e prosopografias……………………………………….…………....85 3.3 Compensações financeiras……………………………………………….……..…91 3.4 Privilégios, mercês e esmolas……………………………………………………..99 3.5 Mecanismos de vigilância interna………………………...……….…………..…103 4 Espaços e vivências…………………………………………………………………….….113 4.1 Infraestruturas e implantação urbanística……………………………………..…113 4.2 Espaços de audiência e arquivo……………………………………….…………121 - 5 - 4.3 Espaços de doutrinação………………………………………………...…….…..123 4.4 Espaços de reclusão……………………………………………………...………124 5 Vida económico-financeira……………………………………………………….……..…139 5.1 A edificação de uma tesouraria inquisitorial (1536-1554)…………….……...….140 5.2 Em busca de um novo modelo de financiamento (1554-1568)…………………...147 5.3 O confisco e as expetativas goradas de um novo paradigma (1568-1579)….…...149 5.4 Os trâmites do confisco………………………………………………….…….....159 III PARTE - A Inquisição de Lisboa em ação……………………………………………165 6 Fontes de informação e mecanismos de vigilância…………………….………………......167 6.1 As fontes de informação da Inquisição…………………….…………………….167 6.2 A evolução da rede dos tribunais distritais…………………….…………………169 6.3 Visitas distritais………………………………………………………………….177 6.4 Visitas às livrarias……………………………………………………….…..…...181 6.5 Visitas às naus……………………………………………….………………...…188 7 O processo na mesa de Lisboa…………………………………………………………….193 7.1 Normativa e particularidades do processo inquisitorial…………………………193 7.2 Os trâmites processuais………………………………………………………….202 8 Atividade repressiva……………………………………………………………………….211 8.1 Evolução geral dos índices repressivos……………………….………………….211 8.2 As práticas e crenças perseguidas………………………….….……………...…..219 8.3 Sociologia dos condenados………………………………….…………………...239 8.4 Processos e relações de poderes…………………………….……………………248 a) Ordens militares……………………………………….…………..………248 b) Clero secular………………………………………….……………..…….252 c) Ordens religiosas…………………………………………….……….……254 d) Do poder central aos poderes periféricos e locais………….……….……..264 9 Cobertura territorial e relações de cooperação com outros poderes……………..……..…..269 9.1 Arcebispado de Braga………………………………………………….……...…269 - 6 - 9.2 Bispado de Miranda…………………………………………………….………..273 9.3 Bispado do Porto………………………………………………………….……...276 9.4 Bispado de Lamego…………………………………………….………………...277 9.5 Bispado de Viseu…………………………………………………….………..…278 9.6 Bispado de Coimbra…………………………………………….…….…….……279 9.7 Arcebispado de Lisboa………………………………………….………….…….281 9.8 Bispado da Leiria……………………………………………….…………….….289 9.9 Bispado da Guarda……………………………………………….………………291 9.10 Prelazia de Tomar e o priorado do Crato………………………..………………295 9.11 (Arce)bispado de Évora e Portalegre…………………………………..….……298 9.12 Bispado do Algarve…………………………………………….……….………299 9.13 Espaços do Império…………………………………………….……....……….302 10 As penas cominadas pela Inquisição de Lisboa………………………………….………313 Conclusão……………………………………………………………………………..…….327 Siglas e abreviaturas……………………………………………………………………….337 Medidas de transcrição paleográfica……………….…………………………………….338 Fontes e bibliografia………………………………………………………………………..339 Anexos…………………………………………………………………………...............….371 I – Gráficos……………………………………………………………….………....373 II – Tabelas………………..…………………………………………………….…..379 III – Cronogramas………………………………………………………………….380 - 7 - Introdução A Inquisição de Lisboa é o único dos 4 grandes tribunais da Inquisição portuguesa que até hoje não mereceu um estudo monográfico amplo e consistente1. Apenas em 2010 foi publicada uma síntese muito útil sobre este tribunal distrital, da autoria de Bruno Feitler2. Este autor recorreu a uma longa e dispersa herança historiográfica, cujas referências bibliográficas o autor não esgotou, mas que, mesmo assim, demonstra como o conhecimento que atualmente se tem sobre este tribunal é bastante fragmentário e incipiente. Ainda que se possa considerar que, a respeito de algumas vertentes, o que atualmente se sabe dos tribunais de Évora, Coimbra e Goa - mesas que, tal como a de Lisboa, tiveram maior durabilidade e impacto - tenha limites, estes são bem mais flagrantes no caso do tribunal lisboeta. Desconhece-se, por exemplo, quase por completo a sua vida económico-financeira, o impacto recíproco entre a atividade repressiva e a organização dos tribunais distritais, ou a adaptação da praxis processual às conjunturas e a sua dialética com as disposições normativas3. Estas questões ganham outro relevo quando se colocam para o período de estabelecimento do Santo Ofício, tempo em se processavam as necessárias afinações à máquina inquisitorial, e, nessa matéria, o tribunal de Lisboa impõe-se como um incontornável objeto de estudo, pela sua precedência em relação à rede de tribunais e, sobretudo, pela sua aparente centralidade. A experiência desta mesa poderá ter sido, em muitos aspetos, decisiva para a organização do Santo Ofício. Em última análise, e relembrando Francisco Bethencourt quando diz que o estabelecimento da Inquisição em Portugal veio a criar profundas alterações no campo 1 A Inquisição de Évora foi estudada por António Borges Coelho em A Inquisição de Évora. Dos primórdios a 1668. Lisboa: Editorial Caminho, 1987, 2 vols. A Inquisição de Coimbra foi objeto de análise de Elvira Mea, A Inquisição de Coimbra no século XVI. A instituição, os homens e a sociedade. Porto: Imprensa Portuguesa, 1997. A Inquisição de Goa foi tratada por Ana Cannas Cunhas em A Inquisição no Estado da Índia. Origens (1539-1560). Lisboa: ANTT, 1995. Mais recentemente, foi defendida uma tese sobre o tribunal de Lamego, ver FERREIRA, Maria Manuela de Sousa Vaquero Freitas - O Tribunal da Inquisição de Lamego: Contributo para o Estudo da Inquisição no Norte de Portugal. Tese de doutoramento apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, 2012. Para o tribunal do Porto ver MARCOCCI, Giuseppe; PAIVA, José Pedro, Porto in PROSPERI, Adriano (dir.) - Dizionario storico dell’Inquisizione. Pisa: Editione della Normale, 2010, vol. III, p. 1240-1241. Para o de Tomar ver MARCOCCI, Giuseppe, Tomar in PROSPERI, Adriano (dir.) - Dizionario storico dell’Inquisizione. Pisa: Editione della Normale, 2010, vol. III, p. 1584-1585. 2 Ver FEITLER, Bruno - Lisbona, in PROSPERI, Adriano (dir.) - Dizionario…, cit., vol. II, p. 923-924. 3 No que respeita à vida económico-financeira, já existe, para o caso espanhol, o estudo de MARTÍNEZ MILLÁN, José - La Hacienda de la Inquisición (1478-1700). Madrid: Instituto Enrique Flórez - Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1984. Em Portugal, só mais recentemente se principiou, pelas mãos de Bruno Lopes, um projeto de doutoramento dedicado à tesouraria inquisitorial, embora não se debruce sobre o período desta tese. Esta temática ainda foi abordada, embora superficialmente, em CRUZ, Maria Leonor Garcia da - Relações entre o poder real e a Inquisição (Sécs. XVI-XVII): fontes de renda, realidade social e política financeira, in BARRETO, Luís Filipe et al (coords.) Inquisição Portuguesa: Tempo, Razão e Circunstância. Lisboa-São Paulo: Prefácio, 2007, p. 107-126. Destaque-se ainda o contributo de Ana Isabel López-Salazar e Giuseppe Marcocci em Struttura económica: Inquisizione portoghese, in PROSPERI, Adriano (dir.) - Dizionario…, cit., vol. III, p. 1537-1541. A análise da estrutura processual, embora seja repetida em vários estudos, foi objeto de particular atenção em FARIA, Ana Santiago de - Processo inquisitorial e processo régio: semelhanças e diferenças (o caso português). Revista de História da Sociedade e da Cultura, 13 (2013) 269-289 e MEA, Elvira - O Santo Ofício português: da legislação à prática, in RAMOS, Luís A. de Oliveira; RIBEIRO, Jorge Martins; POLÓNIA, Amélia (coord.) - Estudos em homenagem a João Francisco Marques. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2001, vol. II, p. 165-174. - 9 -

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