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A Guerra na Grécia Antiga PDF

88 Pages·1988·14.283 MB·Portuguese
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Marcos Alvito Pereira de Souza, À GUERRA NA GRECIA ANTIGA Direção Benjamin Abdala Junior Samita Youssef Campedelli Preparação de texto Ivany Ficasso Batista Coordenação de composição (Produção/Paginação em video) Neide Hiromi Toyota Capa Ary Normanha Antonio Ubirajara Domiencio ISBN &5 08 03078 9 T 1988 Todos os direitos reservados Editora Ática S.A. — Rua Barão de Iguape. 110 Tel.: (PABX) 278-9322 — Caixa Postal 8656 End. Telegrafico “Bomlivro” — São Paulo Sumário 1. A guerra em um mundo diferente. 7 A presença da violência 7 Fatores econômicos 10 À aceitação da guerra. À questão da religião 13 A dimensão politica 17 2. Dos heróis aos hoplitas 21 Houve uma Guerra de Troia? 21 A guerra como fundamento do valor aristocrático... 23... A “revolução hoplitica”' e a conquista da cidadania 26 Armamento, forma de luta e táticas hoplíticas 30 O papel diminuto da cavalaria 33 Repercussões sociais da falange hoplitica. 34 3. Esparta — o mito da sociedade guerreira 38 A “miragem espartana” 38 A Segunda Guerra da Messênia e a transformação de Esparta 39 À educação 41 O exército 44 4. As guerras pérsicas 49 A revolta da Jônia 49 Maratona 52 A grandiosa expedição de Xerxe s 54 Termópilas e Artemision - 56 Salamina — as trirremes e o combate naval 57 Causas da vitória grega 61 5. O declínio das póleis 63 A Guerra do Peloponeso 63 Os mercenários e as modificações na arte da guerra. 67 6. Macedônia Filipe e Alexand re Cercos. engenhos de guerra e fortifi cações f. Conclusão 8. Vocabulário crítico 9. Bibliografia comentada Ilustrações: Figura |: A mais antiga representação de uma falange hoplitica Figura 2: Trirreme do sécul o V (possivel reconstituição) 62 Figura 3: À falange mace dônica = f Para Fernanda, Dario e Nã, com todo o amor. Um agradecimento especial ao amigo e eterno mestre, Ciro. ] A guerra em um mundo diferente A guerra é o pai de todas as coisas e de todas O rei: de uns fez deuses, de outros, homens; de uns, escravos, de outros, homens livres. (Heráchto de Efeso) A presença da violência i O historiador Arnaldo Momigliano ”, observou certa vez b o que os gregos aceitavam a guerra como um fato natural, as- dan sim como o nascimento ou a morte, acerca do qual nada po- E deria ser feito. Como explicar isto? Inicialmente, é preciso delimitar as diferenças. O mun- ma do em que vivemos condena ideológica e moralmente o uso da violência como um meio para atingir determinado objeti- m e vo, individual ou coletivo. O mundo antigo não O fazia (Isto q também vale para Roma), pois a violência era uma condição a inerente ao seu funcionamento (cf. FinLEY, 1985, p. 70-1). ! On causes of war in ancient historiography. In: MOMIGLIANO, A. Studies in historiography. Londres, Weidenfeld & Nicolson, 1966. Apud FINLEY, 1985, p. 70. titdmdnetnedieuiã emd nc ooeioh orp sfabirpsomrdeaoenr ioàned, msgdssu aápetáçm-serevãsaalrm e oifooolefdos.ddqe irr i oti asasnacal Eeo moopo mp agmca rdotoprttec rnua eroosa çaluaccptbãtsçoidraaroããamêlamo oon shed c tonufoi.tsotçnfpa earoíãaãu lçs o loaiMa dc -eceeavdneo risdtpcmaesr(mrqo s celéuo,níe -eti p ôoc oarsuams- aol pasisfb oiee cita ,tsular latctóashlArrisvbio,raaloias i vifbotlsoozalahtessaolêsra i ,çhna,pdã q ca ooocuid: rcoeaoo ee b)omrmdst meoa é i os ndc, qeoa fa u Soroefórsas ie çcacecmattranma reateiartiinpevisedoadruésso-asaas- dcrcsemuSiaoa eme Onn nmdfCtfhuo eragoRs iozrtAreqlei ouTnlasseo admE oc lS-opdun oaerqgã rsuraoa ra— ev e linpsddqctaa e*uoa s'se.mdns.ecre daj a roNaroo o -isin. onnf descgoeefC?lesum i otceénpunr?maEaosa çrdvioã eEosdoq r snu eqi eelrua(rinededm v eehm r smuaootamtsmtsei anr itasdire at ctmir rocppe aoopmse.birco edaserm leaNga hmsãuvSo? oeois sçud)aaecEeé o svomcpcirseaapmo orsr omuiaadb r gamatodrpeazuae seam mpdlrt uar eqxnauhumno-dúoe.s -e . | camentos? Senão. vejamos. o que fazes quando descobres ter alguém assim entre os teus escravos?” ARISTIPO — “Eu o submeto a todos os castigos possíveis. até conseguir forçá-lo a servir adequadamente." (XENOFONTE, Me- moraveis, 11, 1. 15-7.) Decerto que também havia maneiras mais “sutis” (em termos) de controlar os escravos: Xenofonte (Oikonomicus, IN. 5) aconselhava os senhores q trancar a porta que separa- va as acomodações de escravos e escravas, mantendo em seu poder a única chave — uma maneira de recompensar ou pu- nir Os escravos. De qualquer forma, a violência está na base do sistema escravista. Outras formas de trabalho também repousavam na uti- lização da força. O caso mais fomoso é o dos hilotas, popu- lações vencidas pelos espartanos, a quem sustentavam com o seu trabalho. Os hilotas não eram escravos: f ormavam fa- mílias e viviam em comunidades, não pertencendo individual- mente a nenhum espartano, mas ao conjunto de cidadãos. e Os vinculos familiares e comunitários (inexistentes no caso dos escravos-mercadoria) faziam dos hilotas revoltosos em potencial — eles, de fato, revoltaram-se inúmeras vezes em Esparta. Além disto, em número eram pelo menos o dobro dos espartanos. Para quebrantar-lhes a vontade e mantê-los submissos, os espartanos faziam-nos viver sob um regime de terror constante, em que o ritual da criptia — abaixo descri- to por Plutarco — desempenhava importante papel: ... periodicamente, os magistrados espalhavam pelo país, mu- nidos de punhais, de suprimentos necessárics e mais nada, os jovens reputados mais inteligentes; durante o dia, estes per- - . maneciam ocultos e quietos, distribuídos em locais fora das ie ]= )E vistas; à noite, desciam para os caminhos e degolavam todo em d hilota que apanhassem. (Vida de Licurgo, XXVII. Trad. de Jai- a d R o me Bruna. São Paulo, Cultrix, 1963. p. 38.) A As duas obras mais Importantes da literatura grega (se- gundo os próprios helenos), e também as mais antigas, estão carregadas de violência: a Ilíada e a Odisséia. A primeira é um verdadeiro desfile de cenas sangrentas no decorrer de lu- tas e duelos, narradas com o maior detalhe. Mesmo a Odis- séia, bem mais -pacífica, tem também um bom grau de violência, como no momento em que os pretendentes são mor- tos, encharcando de sangue o chão (de terra) do palácio m de Odisseus, para a alegria da velha ama Euricléia (XXII, m 380-410), que põe-se a gritar, feliz com a vingança; ou, em seguida a este incidente, quando o jovem Telêmaco enforca as escravas que haviam traído a casa de Ulisses (“'misturando- se aos pretendentes em conúbio amoroso”, XXII, 420-73). Logo depois, pune-se um escravo arrancando-lhe o nariz, a orelha e os genitais, e lançando tudo aos cães. Lembremos que os primeiros livros a serem lidos pelas crianças gregas eram exatamente os poemas homéricos... Nesta atmosfera violenta, a guerra só podia ser vista com naturalidade. Era parte da sociedade humana e, quando pra- ticada contra homens inferiores — isto é, os bárbaros —, vista como um meio natural de aquisição para Aristóteles (Politi- Cu 1256b. 23-6). ao lado do pastoreio, da caça, e da agricul- tura. Aliás, o próprio autor da Política inclui sem problemas a pirataria como um dos tipos de caça. Pirataria que grassa- va como um mal endêmico no Mediterrâneo, tornando as via- eens marítimas muito perigosas. Uma história ocorrida com Platão é um exemplo disso: ao voltar da Sicília, depois de uma infrutifera tentativa de transformar o poderoso tirano de Siracusa em um rei-filósofo. Platão é raptado e vendido como escravo pela tripulação do barco en que viajava. E sal- vo por um amigo, que paga o seu preço e lhe devolve a liber- dade. Nem todos podiam esperar ter a mesma sorte. Fatores econômicos Com a ironia e a inteligência habituais. o historiador americano Moses 1. Finley (1985, p. 78 et segs.) faz uma cri- Lica incisiva à muioria dos estudos realizados sobre a guerra na Antiguidade, segundo ele demais preocupados com ““jo- gos de adivinhação”. voltados para “supostos insights da psi- cologia e do pensamento dos principais sujeitos” — o que O se explicaria por uma fé exagerada nas fontes antigas. O que Finley propõe é uma espécie de modelo para o estudo das guerras antigas, a partir dos lucros gerados pela guerra e da sua distribuição. As duas questões fundamentais seriam: À quem a guerra beneficiava e quais os setores da população prejudicados? Quais eram as suas consequências politicas? Dentre as variáveis explicativas ele aconselha a dis- tinção entre pequenos e grandes Estados, pois somente os uúl- timos lançavam-se de fato às guerras. já que as pequenas poteis (como Egina. por exemplo) evitavam ao máximo os combates, a não ser para defenderem sua existência autôno- ma. Quanto ao lucro, distingue entre o lucro imediato e O fucro posterior e continuado. A pirataria, as pequenas expe-

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