Quando o homem branco ocupa o território africano, os rituais diários e religiosos das populações nativas são necessariamente modificados, muitas vezes de maneira dramática. É o que acontece na pequena aldeia de Umuaro, na Nigéria, cenário deste A flecha de Deus.
O sumo sacerdote Ezeulu é o porta-voz do deus Ulu e governante da aldeia, e terá de enfrentar não só o homem branco e sua ameaça, mas também os próprios habitantes de Umuaro, que não sabem mais se devem apoiá-lo. O elemento desencadeador dessa situação de instabilidade vem da decisão de Ezeulu de enviar seu filho Oduche à igreja do homem branco para que ele se familiarize com a nova religião e assim possa alertar a aldeia sobre seus perigos. Mas, depois que Oduche mata uma jiboia sagrada, as divisões internas se acirram e Ezeulu, desgostoso, se vê cada vez mais isolado.
Enquanto isso, na cidade de Okperi, os colonizadores ingleses preocupam-se em construir estradas e entender como lidar com os colonos da aldeia. É preciso decifrar a língua (pouquíssimos são capazes de aprendê-la), adaptar-se ao terrível calor africano e enfrentar as doenças da região.
O romance se constrói nessa alternância entre a visão dos ocidentais e a visão interna de Umuaro, com detalhes sobre os rituais, as cerimônias e o processo político de adaptação a uma dura realidade que ameaça todas as tradições. Ezeulu tenta guiar sua aldeia da melhor maneira possível, mas isso o coloca diante de um dilema trágico: proteger sua aldeia significa guardá-la e isolá-la de todos ou, ao contrário, a melhor opção seria expor os seus problemas e confiar na ajuda de estranhos?