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A ética do desejo estudo etnográfico da formação de psicanalistas em escolas lacanianas de psicanálise PDF

308 Pages·2015·2.134 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS A ética do desejo: estudo etnográfico da formação de psicanalistas em escolas lacanianas de psicanálise Maria Carolina de Araujo Antonio São Carlos 2015 Maria Carolina de Araujo Antonio A ética do desejo: estudo etnográfico da formação de psicanalistas em escolas lacanianas de psicanálise Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de São Carlos como requisito para a obtenção do título de doutora em Antropologia Social. Orientador: Prof. dr. Marcos P. D. Lanna. São Carlos 2015 Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária/UFSCar Antonio, Maria Carolina de Araujo. A635ed A ética do desejo : estudo etnográfico da formação de psicanalistas em escolas lacanianas de psicanálise / Maria Carolina de Araujo Antonio. -- São Carlos : UFSCar, 2015. 297 f. Tese (Doutorado) -- Universidade Federal de São Carlos, 2015. 1. Antropologia social. 2. Pessoa. 3. Produção de conhecimento. 4. Psicanálise lacaniana. 5. Saúde mental. I. Título. CDD: 306 (20a) “inquietante evolução que tende, há alguns anos, a transformar o sistema psicanalítico, de corpo de hipóteses científicas verificáveis experimentalmente em certos casos bem definidos e limitados, em uma espécie de mitologia difusa que embebe a consciência do grupo [...] Ao deixar que se expanda continuamente o recrutamento dos que lhe são passíveis, que, de anormais caracterizados, se tornam paulatinamente amostras do grupo, a psicanálise transforma seus tratamentos em conversões. Pois apenas um doente pode acabar curado; desajustados ou instáveis só podem ser persuadidos. Surge aí um perigo considerável, o de que o tratamento (à revelia do médico, evidentemente), longe de chegar à solução de um distúrbio preciso, sempre respeitosa do contexto, se reduz à reorganização do universo do paciente em função das interpretações psicanalíticas. O que significa que cairíamos, como ponto de chegada, na situação que fornece o ponto de partida e a possibilidade teórica ao sistema mágico-social que analisamos.” Claude Lévi-Strauss AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pela bolsa de estudo, fundamental para prover os recursos materiais necessários para a realização da pesquisa. Aos meus interlocutores (alguns solícitos, tantos resistentes), que possibilitaram, à sua maneira, a realização desta pesquisa. Ao meu orientador, professor Marcos Lanna, pela aposta e pela confiança que depositou nesta pesquisa; e pela liberdade e autonomia que me deu para conduzir o trabalho, sem por isso deixar de exigir rigor tanto teórico quanto textual. O que aprendi com ele, levo comigo, principalmente o respeito pela antropologia e seus princípios fundamentais. Aos professores Jorge Mattar Villela e Luiz Henrique de Toledo: seus questionamentos, direcionamentos, provocações e críticas no exame de qualificação foram cruciais para o rumo que a escrita da tese tomou. Ao Fabio e à Thais, da secretaria do PPGAS-UFSCar, que tantas vezes me auxiliaram, com simpatia e tranquilidade, a colocar em ordem prazos, documentos — enfim, pela ajuda fundamental para uma pessoa com tanta dificuldade com papéis e burocracia como eu. Ao PPGAS-UFSCar como um todo e por tudo, um programa que vi nascer e “crescer”, que me enche de orgulho e do qual já tenho saudades. Aos professores Anna Catarina Vianna, Clarice Cohn, Edmundo Peggion, Felipe Vander Velden, Geraldo Andrello, Igor Renó Machado, Marina Cardoso e Piero Leirner, pelo privilégio de tê-los em minha formação em antropologia. Que o espírito de juventude permaneça inspirando os trabalhos desse programa. Aos companheiros do doutorado, Aline Iubel, Cristina Rodrigues da Silva, Fabiano Alves de Souza, Gil Vicente Lourenção, Júlio Palmiere; aos companheiros do PPGAS, Thais Mantovanelli da Silva, Amanda Marqui, Marília Lourenço, Karina Biondi e muitos outros — com eles compartilhei dúvidas, cervejas, risadas, experiências etnográficas... Em especial, a Flávia Carolina da Costa e Lecy Sartori, pela amizade, pelas loucuras desmedidas, pelas gargalhadas infinitas — com vocês, essa jornada foi mais intensa, insana e incrível do que eu poderia imaginar. A Camila e Gabriela Mainardi, pela hospitalidade carinhosa — e divertidíssima em tantos momentos — em São Paulo, e pela paciência em ouvir as lamúrias e presepadas de uma antropóloga em campo. À Branca, por ajudar a desemaranhar ideias, frases e palavras do texto, e principalmente pela amizade, o que tornou o trabalho de escrita menos árduo e mais divertido. Aos amigos da vida, que de perto ou longe, me acompanharam nesse trabalho: Lucinha, Thomas, Velhinho, Kamy, Thais, Pietro, Talita, Steven, Cris, Marcela, Aninha, Patricia... Aos meus pais, Edma e Odalécio, pelo carinho e pelo apoio incondicional: sem o seu incentivo eu não teria chegado até aqui. À minha irmã, Camila, eterna interlocutora, ao meu cunhado, Marcio, e às duas “coisinhas” que enchem de graça a minha vida: Luís e Letícia. Não posso deixar de mencionar a Luli, pelos passeios matinais fundamentais para arejar a mente em tempos difíceis. E ao Janes, pelo amor e companheirismo com que vivenciou comigo, incontáveis vezes, a angústia e a satisfação suscitadas por um trabalho de pesquisa. Obrigada por tudo, por tanto, e mais ainda. 3 ANTONIO, Maria Carolina de Araujo. [2015] A ética do desejo: estudo etnográfico da formação de psicanalistas em escolas lacanianas de psicanálise. 297f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. RESUMO: Este trabalho aborda a relação entre construção da pessoa e produção de saber operada na/pela psicanálise lacaniana, enquanto teoria e prática terapêutica, através da descrição etnográfica do processo de formação de psicanalistas. O trabalho de campo foi realizado em instituições psicanalíticas que seguem o modelo de Escola (criado por Jacques Lacan), em São Paulo e Buenos Aires, nas quais foi possível observar a organização institucional e seus dispositivos de formação, através do convívio e da interlocução com seus membros e “alunos”. O movimento psicanalítico conjuga centralização e segmentação de poder/saber na produção de suas lideranças, estas constituídas na relação mestre-analista/discípulo-analisante estabelecida na transmissão da expertise clínica. As instituições lacanianas organizam-se hierarquicamente, pautadas na classificação diferencial dos membros, de acordo com a distribuição do título de psicanalista entre estes. Através de um dispositivo ritualístico, o processo de formação é “testemunhado” à “comunidade analítica”, o que confere sentido à experiência associativa e comprova a eficácia terapêutica na construção de novos modelos de subjetivação. A partir da concepção dos interlocutores, de que a descoberta da vocação profissional se da com a submissão à experiência analítica, foi problematizada a articulação entre teoria psicanalítica e prática terapêutica na construção de processos de individuação e de realidades psicológicas no interior da clínica. A psicanálise mescla ciência, crença, filosofia, e a produção de conhecimento pauta-se em dicotomias como natureza/cultura, corpo/alma, objetivo/subjetivo. Embora os lacanianos de Escola reivindiquem um regime de racionalidade que seja específico à psicanálise, e crítico do saber médico-psiquiátrico, eles atualizam, por outros meios, aspectos da hegemonia, do controle e da autoridade desse saber no atendimento, seja público ou privado, de pacientes em saúde mental. Com a proposta de realizar uma antropologia da psicanálise, foram consideradas categorias êmicas como “sujeito desejante”, “causa analítica”, “ética do desejo” e “política da psicanálise” para acessar as relações e os sentidos articulados pelos lacanianos de Escola à experiência profissional, à prática clínica e ao estatuto da psicanálise no campo da saúde mental. PALAVRAS-CHAVE: Pessoa; produção de conhecimento; psicanálise lacaniana; saúde mental. ANTONIO, Maria Carolina de Araújo. 2015. The ethics of desire: etnographic study of the training analysts in lacanianain’s schools of psychoanalysis. 297p. Thesis (Doctorate in Social Anthropology) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. ABSTRACT: These researche approaches the relation between the construction of the person and the production of knowledge operated by/in lacanian psychoanalysis, as theory and therapeutical practice, through etnographic description of the training process of psychoanalisis. The field work was done in psychoanalytic institutions that follows the framework of School (created by Jacques Lacan), in São Paulo and Buenos Aires, in which it was possible to observe the institutional organization, its devices of training and to establish interlocution with its members and its “students”. The psychoanalytic institutional movement conjugates centralization and segmentation of power/knowledge in the production of its leaderships, wich were constituted by a kind of “master-analyst/disciple-analysant” relation set dawn in the transmission of the clinical expertise. The lacanian institutions is organized hierarchically, based in the differential classification of the members, in accordance with the distribution of the title of psychoanalyst between them. Through a ritual procedure, the process of analyst formation is witnessed for al the analytical community, which confers meaning to the associative experience and proves the therapeutical effectiveness in the construction of new models of subjectivation. Taking as reference the conception of the interlocutors about the professional vocation as related with the submission to the analytical experience, was problematized the articulation between psychoanalytic theory and therapeutical practice in the construction of processes of individuation and psychological realities in the terapeutical process. Psychoanalyzes is seen here as mixture of science, belief, philosophy, and guided by dualism thougths as nature/culture, body/soul, conscious/unconscius, subject/object. Although the lacanians members of the School demand a statement of rationality specific to psychoanalysis and critic of the psychiatric knowledge, they updated, on other ways, aspects of the hegemony, control and authority of the medical knowledge in public ou private clinical attendance of yours patients. With the proposal to accomplish an anthropology of psychoanalysis, were considered emic categories as “subject of desire”, “analytic cause”, “ethics of desire” and “politics of psychoanalysis” to understand the relations and the meanings articulated for the professional experience, the clinical practice and the statute of psychoanalysis in the mental health context by the lacanians members of the School. KEY-WORDS: Construction of the person; knowledge production; lacanian psychoanalysis; mental health. SUMÁRIO NOTA O LEITOR ............................................................................................................................ 1 GLOSSÁRIO DAS SIGLAS MAIS UTILIZADAS NO TEXTO .................................................... 2 PRÓLOGO........................................................................................................................................ 3 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 9 PARTE I: ENTRE MESTRES E DISCÍPULOS: O CONTEXTO ETNOGRÁFICO Capítulo 1 - Por uma Antropologia da Psicanálise ........................................................................ 23 1.1 A Construção do Objeto ....................................................................................................... 26 1.2 Os (Des)Caminhos da Relação Etnográfica .......................................................................... 41 1.2.1 As resistências .................................................................................................................. 49 Capítulo 2 - O Movimento Institucional Psicanalítico ................................................................... 61 2.1 IPA versus Lacan ................................................................................................................. 62 2.2 A Escola Lacaniana e seus Desdobramentos ........................................................................ 69 2.3 O Império Milleriano ........................................................................................................... 74 2.3.1 Argentina: “O país da psicanálise” ........................................................................ 77 2.3.2 “E agora, o Brasil!” ......................................................................................................... 81 2.3.3 A cisão de 1998 ................................................................................................................ 86 2.4 Entre Centralização e Segmentaridade ......................................................................... 89 Capítulo 3 - A Escola de Psicanálise e seus Dispositivos Institucionais ......................................... 99 3.1 Organização Institucional................................................................................................... 106 3.1.1 As diferentes titulações ................................................................................................... 109 3.1.2 A seleção de membros .................................................................................................... 112 3.2 O “Complexo de Vira-Lata” ............................................................................................... 121 3.3 Do Gradus à Hierarquia ..................................................................................................... 129 PARTE II: A ÉTICA DO DESEJO Capítulo 4 - O Sujeito Desejante na Clínica do Delírio Generalizado ........................................... 138 4.1 A Construção Psicanalítica da Pessoa ................................................................................. 140 4.2 A Ética da Psicanálise ....................................................................................................... 147 4.2.1 O sujeito desejante como pessoa ..................................................................................... 157 4.3 Singularidade e Responsabilização .................................................................................... 160

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