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A escola de Jules Ferry: um mito que perdura PDF

152 Pages·2010·20.577 MB·Portuguese
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A Escola de Jules Ferry Um mito que perdura Jean Foucambert Tradução de Lúcia Cherem e Nathalie Dessartre UFPR Jean Foucambert foi professor primário de uma escola rural no começo Je sua carreira. Em seguida, inspetor da educaçâo nacional e responsável pelo Serviço de Pesquisa do INRP (Instituto Nacional de Pesquisa Pedagógica) na França. Atualmente é coordenador pedagógico da AFL (Associação Francesa pela Leitura), editor da Revista Les Actes de Lecture e também autor ou inspirador de obras e de programas de computador para leitura e escrita. Reitor Zaki Akel Sobrinho Vice-Reitor Rogério Mulinari Diretor da Editora UFPR Gilberto de Castro Conselho Editorial Alexander Welker Biondo Carlos Alberto Ubirajara Gontarski Ida Chapaval Pimentel Jose Borges Neto Luiz Edson Fachin Maria de Fatima Mantovani Maria Rita de Assis Cesar Mario Antonio Navarro da Silva Quintino Dalmolin Sérgio Luiz Meister Berleze Sylvio Fausto Gil Filho Ulf Gregor Baranow Jean Foucambert Tradução de Lúcia Cherem e Nathalie Dessartre © Jean Foucambert, L'École de Jules Ferry: Un mythe qui a la vie dure Réédition/AFL/2004 Coordenação editorial Daniele Soares Carneiro Revisão Maria Cristina Perigo Revisão final das Tradutoras Projeto gráfico, capa e editoração eletrônica Rachel Cristina Pavim Imagem da capa École Communale du Petil-Ivry localizada em Ivry-sur-Seine (França). Postal de uma escola construída nos tempos em que Jules Ferry foi Ministro da Instrução Pública da França. Acervo de Marcus Levy Bencostta. Série Pesquisa, n. 163 Coordenação de Processos Técnicos. Sistema de Bibliotecas. UFPR F762e F o u c a m b crt, Jean A escola de Jules Ferry: um mito que perdura / Jean Foucambert; tradução de Lúcia Cherem e Nathalie Dessartrc - Curitiba: Ed. UFPR, 2010. 150p.: il. [algumas color.]; 22 cm. (Série Pesquisa; n. 163). Tradução de: L'école de Jules Ferry: un mythe qui a la vie dure. ISBN 978-85-7335-244-3 1. Ferry, Jules, 1832-1893 - Visão política c social. 2. Educação - Finalidades c objetivos - França. I. Título. II. Série. CDD: 370.1 Arthur Leilis Junior - CRB 9/1548 ISBN 978-85-7335-244-3 Ref. 573 Direitos reservados à Editora UFPR Rua João Negrão, 280, 2.° andar, Centro Tel.: (41) 3360-7489/Fax: (41)3360-7486 www.editora.ufpr.br [email protected] Caixa Postal 17.309 80010-200 - Curitiba - Paraná - Brasil 2010 Apresentação “A Escola de Jules Ferry - um mito que perdura” é o segun­ do livro de Jean Foucambert publicado pela Editora da UFPR. Em 2008, foi lançado Modos de ser leitor, um clássico sobre o ensino da leitura. O autor, atualmente pesquisador da Associação Francesa pela Leitura, é parceiro, ao lado de outros membros dessa associa­ ção, da Universidade Federal do Paraná no projeto de extensão Ação Integrada para o Letramento. Jean Foucambert participou de oficinas e de debates sobre leitura nesses encontros que reúnem professores das Secretarias da Educação do Estado e do Município de Curitiba, professores universitários e estudantes para discutir a importância de se aprender a 1er um texto e não apenas a decodificá-lo, salientando ainda a necessidade de se realizar práticas de leitura na sociedade, envolvendo os alunos do ensino público. Em A Escola de Jules Ferry, o autor se debruça sobre as cir­ cunstâncias do nascimento da escola republicana na França do sé­ culo XIX, mostrando os valores sobre os quais ela se baseou e como muitas vezes eles continuam a permear as práticas escolares sem que se tenha consciência clara disso. A partir do conhecimento dessa história, pode-se estabe­ lecer um paralelo com a da educação brasileira. Apesar de a referên­ cia a Jules Ferry parecer distante no tempo e no espaço, o texto de Foucambert dialoga com o nosso presente, uma vez que discute as relações de poder nos processos relacionados à educação e às impo­ sições que podem passar despercebidas em tempos de confrontações ideológicas mais sutis. Foucambert nos alerta, ainda, que, para que a escola cum­ pra finalmente seu papel, é fundamental que os professores saibam que todo gesto consciente no ensino, por mais simples que seja, terá um peso e fará diferença. É no chão da escola, com o apoio de ou­ tros setores da sociedade, que se pode fazer as mudanças necessárias. Mudanças essas que permitirão ao aluno entender no futuro como se produz o conhecimento e não apenas ver como ele se transmite: “A pedagogia contribui em reforçar um sistema desigual, sobretudo quando visa sucessos individuais ou, ao contrário, ela participa da sua transformação quando permite compreender seu funcionamen­ to. Pois só se compreende o que se transforma...” Esperando que o livro anime nossas ações conjuntas e que nos ajude a lembrar do verdadeiro papel da pedagogia, recebam esta tradução. Queremos agradecer ainda as contribuições dos colegas Suzete de Paula Bornatto, Eduardo Nadalin e, também, a ajuda de João Wanderlei Geraldi e Marcus Levy Bencostta. E à Editora da UFPR por mais uma vez apoiar o nosso projeto1. Lúcia Cherem e Nathalie Dessartre 1 N. T. Nossas opções em relação à colocação pronominal, regência e concor­ dância verbais procuram seguir o padrão contemporâneo do português brasileiro. Prefácio (da edição de 2004) Façamos a aposta de que os anos 80 carregavam ainda cer­ to otimismo, já que se supunha, nas primeiras páginas deste livro, que a escola de Jules Ferry chegava ao fim, abalada por uma pesquisa pedagógica preocupada em responder às ambições democráticas. É surpreendente, não? Por isso a ficção das últimas páginas. Nada se­ guraria o progresso... Como se esperava da Restauração, esse progresso foi in­ terrompido com a sustentação de nossos pensadores midiáticos que julgam a sua capacidade de resignação, no que se refere aos outros, a partir do que consideram inaceitável para si mesmos, capacidade essa bastante exemplar dos modos de pensamento que a escola é intimada a transmitir às novas gerações. A ideia de que a desigualdade tem em primeiro lugar causas econômicas e que as ferramentas intelectuais não saberiam se dissociar da capacidade de pensá-las e de reduzi-las pertence ao passado. A prova de que essas “incômodas” realidades coletivas não estariam ao alcance de nenhum saber, exceto daquele que permite escapar dessas realidades individualmente, teria então sido evidenciada. A reivindicação de justiça em matéria de educação é de agora em diante reduzida à igualdade das oportunidades: reem- baralhar as cartas para cada geração a fim de que os novos pobres, os novos ricos, os novos dominantes, os novos explorados, os novos empanturrados e os novos famintos devem unicamente sua condição apenas ao mérito. Cabe à escola operar a distribuição igualitária do saber que permite o acesso aos diferentes degraus da desigualdade social; e de forma alguma participar do questionamento daquilo que cria a desigualdade. Assim, o saber seria o bem mais urgente a ser compartilha­ do a fim de oferecer a todos chances iguais de se ter acesso aos bens que não o são. Por que esse desvio? Não seria mais fácil trabalhar para compartilhar entre todos os homens as riquezas produzidas por todos os homens, ao invés de fracassar ao compartilhar a única que pretende atribuir o direito de gozar legitimamente da desigualdade? Veriamos realmente então se o saber continuaria a ser recusado aos pobres assim que eles deixassem de ser pobres! Principalmente porque esse saber mudaria seguramente de natureza. Ele só será um bem comum se ele for produzido por todos na perspectiva do Bem comum, na luta contra a raridade de todas as riquezas, portanto também contra a raridade do saber. A igualdade diante das riquezas não depende na realidade de seu modo de distri­ buição, mas do seu modo de produção, das razões de produzi-las, se para “elevar” e satisfazer as necessidades de todos ou se para criar o lucro de que uma minoria se apodera. O que é consternador é o quanto a consciência desses problemas se atenuou. Pensar, depois de Freinet, que “a escola é filha e servidora do capitalismo” soa como algo em desuso em todos os lugares, exceto no Medef2 que, ao con­ siderar indelicado dizê-lo, cerca-se dos meios para calar esse pensa- mento. Também os professores, à imagem do corpo social, ignoram o essencial das lutas sociais do século XIX, quando foi criada a escola que desejava Jules Ferry; e numerosos são os que, sem encontrar a re- 2 N. T. Movimento das empresas francesas.

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